Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Proposta pedagógica do EDI Aníbal Machado
1. ESPAÇO DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL 02.09.802 ANÍBAL MACHADO
PROJETO PEDAGÓGICO ANUAL
RIO DE JANEIRO
2022
2. Nosso conhecimento não era de estudar
em livros. Era de pegar de apalpar de
ouvir e de outros sentidos. Seria um
saber primordial?
João Manoel de Barros
1. NOSSO EDI EM 2022
Somos um EDI (Espaço de Desenvolvimento Infantil) que atende a 217 crianças
nas modalidades creche e pré-escola, subordinados à E/2ª CRE - Coordenadoria
Regional de Educação.
Estamos instalados na Rua Ernesto de Souza, 149 – Andaraí. Pertencemos a um
complexo composto por três escolas municipais vizinhas: Aníbal Machado - Educação
Infantil, Rodrigo Mello Franco Andrade - 1º segmento do Ensino Fundamental e
Epitácio Pessoa - 2º Segmento do Ensino Fundamental.
Nossa escola está inserida em uma área de risco social, rodeada por
comunidades vulneráveis em que a violência e conflitos armados são frequentes. Nossas
crianças são oriundas dessas comunidades do entorno, do bairro do Andaraí e bairros
vizinhos e até mesmo de bairros mais distantes, mostrando-se diversificada em questões
como moradia, emprego e acesso a bens materiais e culturais. Algumas famílias contam
com benefícios sociais do governo (bolsa família, entre outros).
Mantemos parceria permanente com as escolas da rede municipal vizinhas no
tocante à utilização de espaços; troca de informações; além de ações conjuntas de
planejamento, avaliação e formação. Mantém, ainda, a parceria com CREARTE para o
qual encaminhamos as crianças que necessitam de atendimento específico com
profissionais de psicologia, fonoaudiologia e prática de esportes. No que se refere a
questões relacionadas à saúde das crianças, a Clínica da Família Odalea Firmo Dutra
continua sendo uma parceira frequente.
1.1 O ESPAÇO FÍSICO
Constitui-se por dois prédios, sendo no primeiro alocados um almoxarifado; uma
secretaria, uma sala de direção, uma sala de coordenação pedagógica, um banheiro
interno; uma cozinha, um refeitório, uma despensa. O prédio dos fundos aloca cinco
salas de atividades climatizadas com banheiro infantil e mobiliário próprio; uma sala de
3. leitura; dois pequenos depósitos e um pátio coberto. Nossa área externa compõe-se por
um corredor de entrada com arquibancada, uma área descoberta com palco; um
parquinho infantil com grama sintética e brinquedos e um banheiro externo para
visitantes.
Nos últimos anos temos empenhado grandes esforços na manutenção de nossas
instalações, que precisam reparos e revitalizações. Na impossibilidade de realizar estas
reformas, procuramos investir em pequenos consertos e pinturas, de forma a amenizar o
desgaste do prédio. Um espaço que nos incomodava, em especial, era a área externa,
que carecia de maiores atrativos e estímulos para as crianças. No ano de 2019
participamos do Projeto Vila Sésamo elegemos, como nosso sonho coletivo, a
revitalização dessa área, que recebeu carretéis gigantes com diferentes propostas de
jogos, pinturas de circuitos e quadra de futebol no chão, além de uma grande parede
com pintura especial para desenho com giz. Nosso espaço externo se tornou, então, um
grande atrativo para as crianças, que se sentem estimuladas a experimentar as propostas
oferecidas.
1.2 NOSSA EQUIPE
Contamos, atualmente, com uma equipe composta por 1 diretora, 1 diretora
adjunta, 1 professora articuladora, 1 professora II que atuam em apenas um turno, 4
professoras de educação infantil que atuam nos dois turnos, 2 professoras de educação
física, 1 professora de artes que atua em Literaturas na infância, 1 merendeira
readaptada, 3 funcionárias responsáveis pela merenda escolar (preparadoras de
alimentos) e duas funcionárias responsáveis pela limpeza, 1 professora de Educação
Infantil itinerante que atua semanalmente, acompanhando as crianças público-alvo da
Educação Especial.
1.3 NOSSOS GRUPAMENTOS E HORÁRIOS
No horário integral:
1 turma de Maternal II - 8:00 às 16:00
No turno da Manhã - 7:30h às 12h
2 turmas de pré-escola I
2 turmas de pré-escola II
4. No turno da Tarde - 13:00 às 17:30
2 turmas de pré-escola I
2 turmas de pré-escola II
1.4 NOSSO EDI ENQUANTO ESPAÇO DE FORMAÇÃO
Desde o ano de 2018, integramos o “Complexo de Formação”, uma parceria da
UFRJ com quarenta escolas da nossa rede, cujo projeto está voltado para o acolhimento
dos estagiários da Faculdade de Educação e para o fortalecimento da relação
escola/universidade, por meio do acompanhamento e da formação de nossos
profissionais.
No ano de 2020 fomos a primeira escola municipal a participar do PIBID
(Programa Institucional de Bolsas de Incentivo à Docência), tendo como professora
supervisora, Carolina Sales, Professora de Educação Infantil em nosso EDI desde 2016.
Nesse programa recebemos inicialmente de forma remota, nove licenciandas da UFRJ
que acompanhadas pela professora Carolina, observaram, refletiram e dialogaram sobre
questões relacionadas ao nosso cotidiano. Em 2022 as alunas puderam se despedir do
programa de forma presencial e vivenciar, ainda que por pouquinho tempo, propostas
planejadas para o grupo do Maternal II.
2. NOSSA PROPOSTA PEDAGÓGICA
2.1 Influências teóricas
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (1999) preceituam
que a criança é um sujeito que se constitui historicamente e possui direitos. Nas
interações, relações e práticas cotidianas ela vivencia e constrói sua identidade pessoal e
coletivamente, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra,
questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura.
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (Brasília, 1998),
afirma, nesse sentido, que "as crianças possuem uma natureza singular, que as
caracterizam como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio".
Segundo Vygotsky (1988), o homem se constitui através das interações sociais.
Em sua visão, o organismo (ser biológico) e meio exercem influência recíproca um
5. sobre o outro. Aprendizagem e desenvolvimento estão inter-relacionados desde o
primeiro dia de vida da criança. O papel do outro é fundamental para o desenvolvimento
e aprendizagem, pois a criança fará sozinha, amanhã o que faz hoje com ajuda (conceito
de zona de desenvolvimento proximal).
Corsaro (2011) afirma que as crianças são agentes sociais, ativos e criativos, que
produzem suas próprias e exclusivas culturas infantis, enquanto, simultaneamente,
contribuem para a produção das sociedades adultas.
Para Kramer e Leite (1996) a criança é concebida na sua condição de sujeito
histórico que verte e subverte a ordem e a vida social. As autoras compreendem a
infância na sua dimensão não-infantilizada, desnaturalizando-a e destacando a
centralidade da linguagem no interior de uma concepção que encara as crianças como
produzidas na e produtoras de cultura.
Entendemos assim, que as referências acima citadas se complementam e
oferecem os subsídios que permitem a compreensão da criança, da infância em si e de
seu processo de desenvolvimento e aprendizagem. Desta forma, cabe à escola a função
de proporcionar a elas experiências significativas ao seu processo de desenvolvimento e
aprendizagem, permitindo que se reconheçam como integrantes de uma comunidade
que tem características próprias, direitos, deveres e responsabilidades, com vistas ao
bem comum e à construção de uma sociedade democrática e igualitária.
2.2 Estrutura Curricular
A forma de organização curricular deve corresponder às exigências atuais de
uma educação que seja capaz de formar cidadãos críticos e participativos na sociedade
em que vivem. A partir desta perspectiva, segundo Faria e Salles (2007) o currículo na
Educação Infantil deve garantir experiências culturais a serem vivenciadas pelas
crianças, de cuidado e educação, relacionadas aos saberes e conhecimentos
intencionalmente selecionados e organizados pelos professores.
Enquanto instituição de Educação Infantil, nosso grande desafio consiste em
superar um modelo de currículo estático, tão enraizado em nosso sistema escolar e
buscar, em nossa prática pedagógica, relacionar as experiências de vida das crianças ao
conhecimento sistematizado que desejamos que eles adquiram, pois, segundo as DCNEI
(2009), currículo é definido como:
6. Conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os
saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do
patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e
tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral de
crianças de 0 a 5 anos de idade. (p.12).
Também as DCNEI (2009) apontam como eixos centrais da organização
curricular para a Educação Infantil as Interações e Brincadeiras e nestes temos buscado
organizar a nossa própria prática, incorporando, portanto, o respeito às condições
histórico-sociais das crianças e da escola, sua autonomia e sua dignidade, fazendo da
escola um espaço onde caibam a alegria, a ousadia, a criatividade, os diferentes sonhos,
as diferentes falas, a esperança e o afeto.
Desde o ano de 2017, com o início das discussões acerca da BNCC, que já na
sua primeira versão, ainda preliminar, já apontava para a organização curricular na
educação infantil por campos de experiência, temos buscado estudar e nos apropriar das
concepções e preceitos dessa organização.
Para nossa equipe, a ideia de um alargamento da abrangência das experiências
vivenciadas pelas crianças e um maior afastamento da ideia de disciplinarização dos
“conteúdos” e de “habilidade” é muito bem vista, por considerarmos que tal
organização possibilita diversas possibilidades de aprendizagem significativa para
nossas crianças e prioriza, fundamentalmente, os processos vivenciados e não os seus
resultados. Acreditamos, também, que toda a criança tem o direito de aprender e se
desenvolver. No entanto, nós adultos (profissionais da educação), não temos o direito de
conduzir de forma restrita esses processos, pré-determinando o que a criança tem o
“direito de aprender”.
Seguindo este caminho, temos priorizado em nossa proposta pedagógica a
realização de projetos de trabalho que valorizem o cotidiano da criança, as suas
curiosidades e o próprio ambiente escolar, pretendendo mostrar a cada uma delas e a
cada membro da comunidade escolar que elas têm lugar no mundo e que neste mundo
elas têm o direito de interferir. Pretendemos mostrar ser possível pensar e realizar um
currículo cujo protagonismo esteja na criança e no seu desenvolvimento integral, assim
como o respeito e a valorização desta enquanto ser único, pertencente a uma
comunidade que tem características próprias.
7. Ao realizarmos os Projetos de Trabalho, não deixamos de considerar, também os
pressupostos constantes nas Orientações Curriculares para a Educação Infantil, nosso
documento curricular oficial.
3.ORGANIZAÇÃO DOS TEMPOS, ESPAÇOS E RECURSOS
Ao organizarmos nosso tempo/rotina, procuramos considerar o equilíbrio entre
os momentos diversos do dia a dia, tal como o respeito aos ritmos individuais das
crianças, a faixa etária de cada turma, a capacidade de interesse e concentração destas,
de modo a assegurar a educação em sua integralidade. Por isso, as propostas são
planejadas em tempos de cerca de trinta ou quarenta minutos cada, incluídos o tempo de
locomoção pela escola. Desta forma, durante um dia as crianças vivenciam vários
momentos, ora com a turma toda, como as refeições, as atividades externas no
pátio/parque e a educação física, além de terem garantido um tempo em sua sala que
possibilite a vivência de momentos individuais e/ou em pequenos grupos, nos “cantos”
diferenciados.
Ao pensarmos na utilização dos espaços, procuramos organizá-los de forma que
estes reflitam as concepções e crenças que norteiam o nosso trabalho. Nessa
organização, como recomenda as Orientações Curriculares para a Educação Infantil,
procuramos garantir espaços que respeitem as crianças, que permitam sua saúde e
segurança, construindo relações positivas e criando oportunidades para a aprendizagem,
além de momentos em que as turmas possam usufruir de todos os espaços disponíveis
na escola e que possam, também, conviver com os outros grupos/turmas.
O parque/pátio externo é utilizado, geralmente, por duas turmas
concomitantemente, assim como o refeitório. O planejamento semanal de cada turma
contempla o uso da Sala de Leitura pelo menos uma vez na semana, ficando o uso
facultativo nos outros dias. É garantida, também, a utilização do pátio externo duas
vezes na semana por uma turma de cada vez, para que possam ser realizadas
brincadeiras dirigidas.
Possuímos uma ampla área externa, sendo uma parte coberta, onde são
realizadas as aulas de Educação Física, as atividades dirigidas externas e as contações
de histórias/teatro/fantoches para toda a escola e uma área descoberta, com traves de
futebol onde, além do futebol e piques são realizadas outras atividades coletivas.
Dispomos de recursos audiovisuais, como televisão, aparelhos de DVD, projetor
de imagem, radio gravadores e caixa amplificadora, além de variado acervo de gibis,
8. livros infantis, CDs e DVDs. Possuímos, ainda, de materiais de consumo, como tintas,
papéis, painéis ilustrados, entre outros, além de material didático-pedagógico, como
jogos, brinquedos e fantasias. Todos esses recursos são disponibilizados para todas as
turmas, cujas salas de atividades não têm uma arrumação fixa e semelhante para todas.
Cada grupo organiza seu espaço e seus materiais de acordo com seus
interesses/necessidades, o que colabora com o desenvolvimento da autonomia, com as
interações e com a construção da identidade de cada grupo, conforme preceitua o
documento de “Orientações para Organização da sala na Educação Infantil: ambiente
para a criança criar. mexer, interagir e aprender.”
Embora tenhamos uma organização preliminar de nossa rotina diária, a fim de
facilitar a utilização de nossos espaços e de nossos recursos, esta é constantemente
revista e negociada entre os grupos, de modo a favorecer os processos de cada um.
4. POR UMA EDUCAÇÃO ETNOCENTRADA
Há alguns anos a temática das Relações Étnico-raciais vem
atravessando nossos encontros, como Conselhos de Classe, Centros de
Estudo, quando membros da nossa equipe trouxeram relatos e falas das
crianças que nos possibilitaram identificar que comportamentos racistas,
discriminatórios e preconceituosos também estão presentes na Educação
Infantil. Tais acontecimentos comprovam a urgência em abordar em nosso
cotidiano as relações étnico-raciais. Sobretudo, cumprir a lei 11.645/08, que
torna obrigatório o ensino da história e cultura do povo negro e povos
originários na Educação básica.
Compreendemos que, como Espaço de Desenvolvimento Infantil e de
formação de educadores, somos um lugar privilegiado para promover a
eliminação de toda e qualquer forma de racismo e preconceitos desde os
primeiros anos de vida e desenvolver práticas que valorizem as matrizes
culturais que formam nosso País. Com o objetivo de levar essas reflexões
também para os demais membros da comunidade escolar, assumindo o nosso
compromisso com a educação antirracista.
É na infância que a criança inicia seu processo de formação de
identidade, através do ato de brincar, elas aprendem e exploram o mundo em
que vivem. É também através das brincadeiras, da ludicidade, que aprendem
como se estabelecem as relações entre as pessoas. Quanto maior a
9. representatividade nas brincadeiras, literatura, brinquedos, mais as crianças
terão a oportunidade de se sentirem inseridas na sociedade e sentir empatia
entre elas. Nesse contexto identificamos os eixos estruturantes da educação
infantil, interações e brincadeiras, e pretendemos a partir deles, trazer
propostas que contribuam para a cidadania desde o início da vida e ajudem as
crianças, os profissionais do EDI, os familiares e os membros da comunidade a
compreenderem e valorizarem as suas raízes, suas diferenças, a partir da
história e diversidade da cultura étnico-racial do Brasil.
5. .EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Consideramos que pessoas carregam em si a diversidade e a diferença. As
diferenças sociais, econômicas e familiares, físicas, cognitivas e psicológicas, são, para
nós, componentes do coletivo que contribuem para as formas criativas de viver em
grupo, além de ampliar e enriquecer, significativamente, as experiências sociais,
afetivas e cognitivas das crianças.
Atualmente atendemos a 09 crianças público-alvo da Educação Especial,
diagnosticadas com TEA, Transtorno do Espectro Autista e Transtorno Global de
Desenvolvimento. Para acompanha-las recebemos 3 estagiários da Educação Especial e
contamos com uma professora itinerante, que acompanha as crianças, o planejamento, o
PEI e realiza entrevistas e conversas com as famílias sempre necessário.
6. MARCOS TEMPORAIS
Julgamos necessário eleger alguns “marcos temporais” em nosso ano letivo que
promovam a integração de nossa comunidade escolar e que suscitem a aproximação
entre familiares e crianças em torno de propostas festivas que celebrem ocasiões muito
importantes para nós. Tais celebrações em nada se aproximam do calendário religioso
e/ou das datas comerciais. Ao contrário, celebram as conquistas, os avanços, e as
descobertas de nossas crianças. São eventos que congregam valiosas oportunidades de
darmos visibilidade externa ao trabalho que realizamos, nos quais são apresentadas
mostras de registros, exposições e apresentações à comunidade dos projetos de trabalho
de cada turma. Envolvendo toda a escola e a comunidade temos, no primeiro semestre, a
Cerimônia de nomeação das turmas e o Dia da Família na Escola. No segundo semestre
temos a Semana de Educação Infantil, a FLAM (Festa Literária Aníbal Machado) e,
10. para encerrar o ano letivo, temos um evento de confraternização entre as crianças e
famílias com a apresentação em vídeo dos melhores momentos do ano e um festa de
despedida para as turmas de pré-escola 2, que estão indo para a Ensino Fundamental..
7..PLANEJAMENTO/AVALIAÇÃO/REGISTRO
No ano de 2020 houve uma alteração no calendário escolar oficial, de forma a
garantir o número mínimo de dias e horas diárias letivas. Desde então não contamos
mais com dias/horários para realizarmos, coletivamente, estudo ou planejamento.
Somente um dia a cada bimestre tem sido dedicado à avaliação. Desta forma, temos o
grande desafio de mantermos nosso constante diálogo que envolve as questões relativas
ao planejamento/projetos do grupo; planejamentos de nossos momentos coletivos e
discussões acerca do cotidiano de nossa escola sem momentos em que possamos reunir
todo o grupo e profissionais.
Ainda assim, procuramos garantir momentos de planejamento e avaliação para
cada profissional da Educação Infantil individualmente e/ou em pequenos grupos,
semanalmente, durante os horários de Educação Física e Leituras na educação infantil,
nos quais cada profissional tem a oportunidade de externar as suas impressões,
conquistas do grupo, suas dificuldades, seus anseios em relação aos seus Projetos de
Trabalho e alternativas de ação pertinentes a cada turma são traçadas, atendendo às suas
especificidades.
A cada criança que entra na escola, no início ou ao longo do ano letivo, é
realizada pela direção, uma conversa/entrevista com um familiar da criança. No
formulário fica registrada também a autorização para o uso da imagem/voz/produções
das crianças e familiares.
As observações realizadas pelas professoras acerca do trabalho com as crianças e
o seu desenvolvimento são reunidas em um Relatório de Observação bimestral.
Conforme orientação do documento Avaliação na Educação Infantil, entregamos no 1º e
3º bimestres a avaliação do grupo e no 2º e 4º bimestres, a avaliação individual. O
professor de Educação Física e professora de Leituras na Infância realizam os seus
registros de acompanhamento da turma e de cada criança, que são anexados aos
relatórios da turma e das crianças. As crianças participam desse relatório de observação,
onde refletem sobre todo o percurso que caminharam.
11. A frequência dos alunos e as atividades realizadas são registradas diariamente,
pelas professoras, no Registro de Classe, que contém também uma parte dedicada ao
registro do diagnóstico da turma, a proposta geral do trabalho e ao replanejamento.
Murais, fotografias e filmagens, também são utilizados como forma de registro
das vivências realizadas. As informações dos registros e observações são utilizadas
periodicamente, com o objetivo de reavaliar as práticas pedagógicas, enumerar as
conquistas realizadas e traçar ações pertinentes em relação ao PPA e aos projetos de
trabalho de cada turma.
O nosso EDI promove, anualmente, pelo menos quatro encontros com as
famílias e uma reunião geral antes do início do ano letivo para orientações gerais,
apresentações e normas de funcionamento da escola e frequência das crianças. Nos
encontros com a família são compartilhadas as experiências de cada turma, as
descobertas relativas aos seus projetos e os avanços e conquistas das crianças. Além de
serem convidadas a vivenciarem junto com as crianças, propostas significativas.
As famílias são estimuladas a acompanharem de perto o trabalho da escola e o
desenvolvimento das crianças. A agenda, antes do período pandêmico, nosso principal
meio de comunicação entre a escola e a família nesse ano foi utilizada apenas pelo
grupo do Maternal II. Para as demais turmas, os grupos no WhatsApp têm sido
constantemente utilizados para o envio de informes do nosso EDI e comunicados
oficiais da SME. Para casos de contatos e avisos urgentes por parte das famílias,
incentivamos que telefonem para o EDI. Por meio dessa ferramenta, as famílias também
podem acompanhar registros de nossas experiências através de fotos e relatos que
também são disponibilizamos em nosso blog e canal do YouTube. Os murais também
expressam as experiências vividas por cada grupo.
A equipe gestora tem seu trabalho acompanhado diariamente pela comunidade
interna (professores e funcionários) e externa (famílias e instituições próximas).
O acompanhamento aos docentes é feito internamente, nas Reuniões de
Avaliação previstas no calendário oficial da SME e nas Consultorias Individuais. Os
professores participam, regularmente, de ações de formação promovidas diretamente
pela E/SUB/CED/GEI e pela E/2ª CRE, como a Jornada Pedagógica e os Seminários
diversos.
12. NOSSO PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO ANUAL
Para quê/Por quê um PPA?
Desde o ano letivo de 2007, quando concluímos a elaboração de nosso Projeto
Político-Pedagógico, temos adotado, a cada ano, um Projeto Norteador, que teria, como
objetivo principal, tornar-se um elemento agregador das ações da escola e, também, um
fio condutor dos projetos de trabalho a serem desenvolvidos por cada turma, garantindo,
por um lado, a unidade esperada em uma escola que trabalha de forma integrada e, por
outro, a diversidade desejável a uma escola que procura atender às diferenças de cada
turma, de cada criança e de cada professor. Nestes projetos, adotamos sempre temáticas
amplas, que nos permitam explorar diversos assuntos/conteúdos, de acordo com os
interesses e necessidades de cada turma.
No entanto, já desde o ano de 2018 temos discutindo bastante acerca da
pertinência, ou não, de elegermos um tema para nosso projeto norteador, uma vez que
percebemos que o trabalho com projetos nos grupamentos foi incorporado por todos os
nossos professores e que cada grupo tem desenvolvido projetos autorais, de forma que
um tema unificador tem perdido a importância para nosso grupo. Sendo assim, neste
ano de 2020 assumiremos a ausência do título/tema para nosso projeto norteador e
esperamos que as propostas de cada grupamento sejam olhadas com mais atenção.
Apesar de ainda muito pequenas, nossas crianças são inseridas em um mundo de
hábitos, costumes e referências culturais, ou seja, possuem conhecimentos de mundo
que construíram em sua vida cotidiana. Cabe a nós, escola, proporcionar a elas a
possibilidade de organizarem esses conhecimentos e ampliá-los, de modo a garantir-lhes
a inserção na sociedade em que vivem de forma efetiva e crítica, oportunizando
experiências significativas que possibilitem formar seres criativos e reflexivos,
estimulando a criança a conquistar novos saberes e se apropriar de seu conhecimento.
Realizamos, desde o ano de 2010, o projeto de leitura “Só mais uma História!”,
que prevê, dentre outras atividades de leitura integradas ao planejamento anual, o
empréstimo semanal de livros a todas as crianças. Cada criança escolhe o livro que vai
levar para casa.
Também com o objetivo de incentivar a leitura e favorecer maior integração de
todos os grupamentos da escola, começamos deste ano de 2015, o Encontro do Conto,
que é uma contação de história no pátio, que acontece na última quinta-feira do mês,
13. com todos os grupamentos da escola. Cada encontro é dinamizado por um professor
diferente a cada mês, que utiliza recursos variados para esse momento.
No início de cada ano, cada turma é estimulada a escolher um nome para o
grupo, estabelecendo, assim, a sua identidade perante as outras turmas e à comunidade
escolar.
Para além do tema...
Ao final de cada ano letivo, toda a equipe de nossa escola realiza uma criteriosa
avaliação dos processos/experiências vivenciados e a contribuição destes para as
crianças, professores, familiares e toda a comunidade escolar. Nesta avaliação
observamos, também, os avanços obtidos pelas crianças e, principalmente, os avanços
em relação à instituição, no que tange aos objetivos e propostas elencados para aquele
período.
Findado o ano de 2018, focamos nosso “olhar” nos seguintes aspectos:
Nosso percurso
Avaliamos que o nosso percurso vem se constituindo a partir de atitudes
observadoras e questionadoras por parte de nossa equipe, compreendendo que
somos uma unidade escolar com características e necessidades próprias não
esquecendo, no entanto, que integramos a rede pública municipal do Rio de
Janeiro. Deste modo, buscamos acompanhar os debates atuais na área da
educação e, em especial, da educação infantil, sempre com vistas à melhoria de
nossa organização interna e na oferta de propostas pedagógicas adequadas às
nossas crianças, buscando desconstruir práticas e concepções que julgamos
inadequadas às concepções atuais de currículo para a educação infantil.
Percebemos em nós uma atitude “ousada” e de resistência diante do cenário
educacional e político atual, que se torna possível por conta do constante diálogo
e organização entre a equipe e desta com a comunidade, assim como pela clareza
com que planejamos e expomos a nossa intencionalidade
educacional/pedagógica.
Quem é nosso protagonista
A cada ano, recebemos um grupo de crianças que, embora com características
comuns como idade, creches frequentadas anteriormente e proximidades do
local de moradia são indivíduos com percursos, possibilidades e interesses
14. diversos, assim como advindas de famílias também com características diversas.
Sendo assim, não acreditamos que experiências consideradas exitosas possam
ser repetidas, a cada ano, sem considerar a individualidade de cada criança. A
cada ano e para cada grupo, experiências são vivenciadas, sendo a nossa criança,
com suas individualidades, sujeito e protagonista de seu processo de
desenvolvimento/aprendizagem/desenvolvimento.
Rotinas
Temos buscado que as nossas rotinas internas sejam adequadas às
possibilidades/necessidades de nosso tempo/espaço. No entanto, consideramos
que ainda é possível um maior protagonismo das crianças na organização e
reinvenção de nossos tempos/espaços que podem se tornar mais provocativos e
dinâmicos.
Relação escola/família/comunidade
Neste aspecto avaliamos que nos últimos anos essa relação vem se construindo
com base numa parceria, mediadas por conversas francas que visam o
acolhimento das famílias. No entanto, avaliamos que devemos buscar mais
“seriedade” nessa relação, pois percebemos que, em alguns casos, esse
acolhimento é percebido como “permissividade”. Por isso, investiremos no
registro dos diferentes momentos individuais e coletivos de encontro com as
famílias, assim como no acompanhamento dos acordos feitos com as famílias,
buscando estreitar cada vez mais os vínculos família/escola. Além de
priorizamos momentos em que as famílias possam estar presentes participando
ativamente do processo de socialização e desenvolvimento das crianças, estamos
sempre dispostos a ouvir e atender aos familiares, os quais têm se mostrado
bastante receptivos ao trabalho pedagógico e administrativo desenvolvido,
mostrando-se participativos e comprometidos com as propostas sugeridas. No
entanto, observamos sempre alguns casos de famílias que enfrentam
dificuldades de se organizarem nos cuidados necessários às suas crianças e no
acompanhamento de seu desenvolvimento em nossa unidade. Nesses casos,
buscamos manter uma relação ainda mais estreita, de modo a pontuar para a
família o seu papel na vida da criança e ajudar, no que for possível, no
fortalecimento dessa família.
15. Documentação pedagógica
Avaliamos que temos avançado na confecção de diferentes registros que revelem
as experiências vivenciadas por nossas crianças, familiares e equipe. No entanto,
precisamos investir mais nos registros dos encontros com as famílias,
principalmente nos individuais. Temos buscado que os relatórios de observação
dos grupos e das crianças, individualmente esteja sempre vinculado ao
planejamento, ou seja, que revele o percurso do grupo e das crianças dentro das
vivências que tiveram. Investiremos na publicização de nossas ações por meio
da exposição de fotos das experiências e na atualização de nosso blog.
Em 2022
Diante do que avaliamos de nosso percurso, julgamos importante que neste ano,
no que se refere à nossa equipe, nossas atenções se voltem, com mais
especificidade, para nosso estudo, planejamento e otimização/organização dos
tempos/espaços/materiais que temos para esse fim. Também priorizaremos, na
medida do possível, que os momentos de estudos possam ser momentos de
ampliação das vivências culturais de nossa equipe, com visitações a outros
espaços, por exemplo. No que tange às crianças e seus familiares, buscaremos
uma participação e envolvimento cada vez mais próximo em nosso cotidiano.
Buscaremos, também, ressignificar, por meio de brinquedos, materiais e ações, a
nossa área externa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Educação Infantil. Porto Alegre: ARTMED, 2008.
BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÂO E DO DESPORTO/ Secretaria de Educação
Fundamental. Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil. Brasília:
MEC/SEF, 1998.
BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÂO E DO DESPORTO/ Secretaria de Educação
Fundamental. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/SEB, 2018.
16. BRASIL, CECIP/UNICEF. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil. Rio de Janeiro: Centro de Criação de Imagem Popular, 1999.
CORSARO, W. A. Sociologia da Infância. São Paulo: Artmed, 2011.
FARIA, Vitória & SALLES, Fátima. Currículo na Educação Infantil – diálogos com
os demais elementos da proposta pedagógica. Coleção Percursos. São Paulo: Editora
Scipione, 2007.
HOFFMAN, Jussara. Avaliação na pré-escola: um olhar sensível e reflexivo sobre a
criança. Porto alegre: Mediação, 2006.
RIO DE JANEIRO. Orientações Curriculares para a Educação Infantil. Secretaria
Municipal de educação do Município do rio de Janeiro, 2010.
RIO DE JANEIRO. Orientações para organização da sala na Educação Infantil:
ambiente para a criança criar, mexer, interagir e aprender. Secretaria Municipal de
educação do Município do rio de Janeiro, 2010
RIO DE JANEIRO. Planejamento na Educação Infantil. Cadernos Pedagógicos;
Vol. 1. Secretaria Municipal de educação do Município do rio de Janeiro, 2010.
RIO DE JANEIRO. Orientações ao professor de pré-escola I e II. Secretaria
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VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente. São Paulo: Martins
Fontes, 1988.