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UFCD: CLC7 – Fundamentos da
Língua Cultura e Comunicação
Mr.ª Judite Carvalho- “George”
Formadora . Profª Claúdia Tavares
Formanda: Rute Pancha
Mediadora: Dr.ª Claúdia Lameiras
Coordenadora: Dr.ª Susana Carvalho
Questionário:
1.1-A ação do conto está centrada em George, uma personagem feminina focada em três momentos distintos (juventude, maturidade e velhice), que
representam as três idades da sua vida. …”George encontra-se a caminhar numa “larga rua”, num dia de muito calor, rua essa que já percorrera há
vinte anos.” A dupla comparação («Andam lentamente, mais do que se pode, como quem luta sem forças contra o vento, ou como quem caminha,
também é possível, na pesada e espessa e dura água do mar.») traduz a lentidão da aproximação das duas personagens e, mais ainda, a dificuldade, o
esforço para prosseguir o caminho. Por outro lado, sugere o quão difícil é caminhar contra elementos adversos e prepara a atmosfera pesada da
vivência para a qual se encaminha a personagem.
2.1- Retrato da personagem: jovem, rosto vago e sem contornos; feições incertas e pálidas (comparação com os mortos). De facto, as feições de GI
começam por ser pouco nítidas e esfumadas, mas a sua voz «é muito real e viva". Como o encontro com GI ocorre no espaço interior da memória, a
figura dificilmente aparece como visão, mas vai-se desmaterializando, permanecendo apenas como voz que possibilita o estabelecimento de um diálogo,
à medida que esse contacto interior se prolonga. As duas personagens vestem vestidos brancos e caminham em sentido contrário, o que significa que se
irão encontrar como num espelho. É esta característica física que aproxima o retrato de ambas.
2.2- Referência à “fotografia que tem corrido mundo numa mala qualquer, que tem morado no fundo de muitas gavetas”: personagem muito viajada.
Retrato da personagem:- físico: olhos largos, semicerrados; boca fina; cabelos escuros e lisos; pescoço alto de Modigliani;- socioeconómico: pobre,
origens humildes…”O rosto da jovem que se aproxima é vago e sem contornos, uma pincelada clara, e quando os tiver, a esses contornos, ele será o
rosto de uma fotografia que tem corrido mundo numa mala qualquer, que tem morado no fundo de mutias gavetas, o único fetiche de George.”
3.-As duas personagens vestem vestidos brancos e caminham em sentido contrário, o que
significa que se irão encontrar como num espelho. É esta característica física que aproxima
o retrato de ambas.
A fotografia:
→ ligação ao passado;
→ fixação da juventude perdida;
→ imagem ideal da juventude intocada e dos sonhos por cumprir.
4.-Expressividade –Evidenciar a ideia de dor ou felicidade sentida pelo sujeito poético, …”Sorriam um
pouco com a superioridade dessa mesma ignorância”.
5.-George era filha de uma família sem grande cultura e vivia numa pequena vila do interior, com as
perspetivas próprias de tal contexto: casar, ter uma casa e família/filhos, ser uma esposa e uma mãe
exemplares (“… que hei de um dia ser uma boa senhora da vila, uma esposa exemplar, uma mãe
perfeita…”) – ou seja, encarnar o papel tradicional reservado às mulheres –, mas sacrificar o gosto pela
pintura e desenho que desde sempre manifestara e que a família sempre desvalorizara. Daí a sua decisão de
partir, deixando para trás os pais, o noivo, as perspetivas de casamento e a própria vila, indo para longe e
desligando-se de tudo. A vida de George acaba por se tornar vertiginosa, o que fica bem visível na sucessão
de verbos (“casou-se, divorciou-se, partiu, chegou, voltou a partir e a chegar”), que nos dá a ideia de
movimento constante, de procura também constante, de instabilidade emocional.
6.-Motivo do regresso de George: vender a casa dos pais. Simbolismo da venda da casa: a rutura
definitiva com o passado. Este desapego das coisas é o mesmo que justifica o abandono da família e
a manutenção com ela de contactos superficiais (as escassas cartas escritas à mãe) e que a leva a
vender a casa dos pais, mesmo que GI «talvez ainda [lá] more», isto é, mesmo que a própria George
ainda mantenha ligações afetivas com ela e a venda comporte algum sofrimento. Em suma, a
personagem (GI) deseja ser livre, por isso evita criar vínculos com objetos e lugares, o que nos
permite concluir que as perdas na sua vida serão deliberadas.
7.-George quis distanciar-se da sua juventude, da sua vida com os pais, do seu primeiro
namorado (Carlos), isto é, de tudo o que a ligava àquela terra, daí ter partido à descoberta da
cidade grande «por além terra, por além mar». A revelação dos projetos é feita através da
memória de George, que, face à imagem de si mesma enquanto jovem, relembra os projetos
que então tinha: deixar tudo, partir e pintar. Esses projetos colidem com os do seu namorado de
então, Carlos, que deseja comprar uma terra e construir uma casa, financiados por uma herança
recebida…”-Que pensas fazer GI?-Partir, não é ?Em que se pode pensar aqui, neste cu de
Judas, senão em partir? Ainda não me fui embora e por causa do Carlos, mas…O Carlos
pertence a isto, nunca se irá embora. Só a ideia o apavorava, não é ?-Sim. Só a ideia. Ri-se de
partir, como nós rimos de uma coisa impossível, de uma ideia louca. Quer comprar uma terra,
construir uma casa a seu modo. Recebeu uma herança e só sonha com isso. Creio que é a altura
de eu…”
8.1- No comboio, George tem consciência de que o passado ficou definitivamente
para trás. Ao vender a casa dos pais, não lhe resta qualquer motivo para
regressar. Nem ela o quer. No entanto, sente uma certa nostalgia pelo seu
passado, por tudo o que ficou para trás na sua vida. Não obstante, uma parte de
si mantém-se distante, livre de emoções: “uma simples lágrima no olho direito, o
outro, que esquisito, sempre se recusa a chorar. É como se se negasse a
compartilhar os seus problemas, não e não. "as lágrimas simbolizam
precisamente essa fragmentação de George: a lágrima nostálgica do olho direito
e a recusa dessa nostalgia através do olho esquerdo, que recusa a emoção.
9.1-Este segundo encontro é semelhante ao primeiro: gradual, pouco nítido, visto que ambas surgem com contornos indefinidos
e difusos que, gradualmente, se tornam mais nítidos. Note-se que George resiste ao aparecimento de Georgina, dado que fecha
os olhos e tenta dormir. Parece mesmo encará-la com alguma hostilidade, visível nas expressões «velha» e «atirar à cara», bem
como na forma como decide terminar o encontro, aludindo a uma dor de cabeça. Retrato da figura misteriosa
(Georgina):senhora de idade (eufemismo), uma mulher velha;- mãos enrugadas;- uma carteira preta, cara, italiana – sinal
exterior de riqueza;- sorri, um sorriso diferente do de Gi- cabelo pintado de acaju;- rosto pintado de vários tons de rosa,
discretamente mas sem grande perfeição;- boca esborratada;
10.- Retrato de Georgina:,- quase 70 anos;- só;- vive de recordações;- sabe que George vive numa casa mobilada;- adivinha o
que George sente;
Caracterização de George: 45 anos;- sente-se velha por vezes;- está a chorar;- gosta do seu trabalho;- irritada, não quer
assumir a tristeza que, involuntariamente, sente ;
Simbologia de Georgina e do encontro com George:
1.º) Georgina é fruto da imaginação de George. Aparece do nada e, quando George abre os olhos, já lá não está,
“desapareceu”. Fala sem ter voz, mas George consegue ouvi-la. Estes dados permitem concluir que Georgina não existe, é
imaginada por George, pelo que corresponde ao que ela supõe que poderá ser no futuro, daí a cerca de vinte e cinco anos.
2.º) Georgina, enquanto projeção da personagem, sabe tudo sobre George: (a) que só vive em casas mobiladas, (b) que está
triste, (c) mas no dia seguinte terá esquecido o encontro com o passado, (d) que um dia será velha e sentir-se-á só, € que sentirá a
falta de ligação à família e aos amigos, (f) que irá sentir a falta do afeto de que fugiu durante toda a vida, como simples
fotografias, por exemplo.
A interrogação “porque havia de ter?” aponta para a metamorfose da figura feminina,
salientando a sua evolução e transformação: o sorriso de uma mulher velha não é igual
ao seu enquanto jovem.
Simbologia de Georgina e do encontro com George:
1.º) Georgina é fruto da imaginação de George. Aparece do nada e, quando George abre os olhos, já lá não está, “desapareceu”.
Fala sem ter voz, mas George consegue ouvi-la. Estes dados permitem concluir que Georgina não existe, é imaginada por George,
pelo que corresponde ao que ela supõe que poderá ser no futuro, daí a cerca de vinte e cinco anos.
2.º) Georgina, enquanto projeção da personagem, sabe tudo sobre George: (a) que só vive em casas mobiladas, (b) que está triste,
(c) mas no dia seguinte terá esquecido o encontro com o passado, (d) que um dia será velha e sentir-se-á só, € que sentirá a falta
de ligação à família e aos amigos, (f) que irá sentir a falta do afeto de que fugiu durante toda a vida, como simples fotografias, por
exemplo.
3.º) Georgina simboliza a voz da experiência, o saber empírico que alerta George para os problemas com que se deparará no
futuro, quando for velha. Dado que é um produto da imaginação de George, podemos considerar que a figura de Georgina
representa o medo inconsciente do futuro por parte da protagonista do conto.
4.º) Georgina lembra a George que, embora as pessoas novas não pensem no assunto, a velhice chegará inevitavelmente e com ela
os sentimentos de perda, solidão e abandono. É então, nesse momento, que se valorizam a família, os amigos e tudo aquilo que se
perdeu ou abandonou. Daí que Georgina tenha tentado obter as fotografias que George nunca guardou.
11.-Estes parágrafos continuam a focar-se na temática habitacional, focalizando
o facto de George só habitar casas mobiladas, como já havia sido referido no
parágrafo anterior. Nesta passagem do conto, destaca-se a necessidade ou o
desejo de a personagem não criar ligações, afetos, não estar presa a nada
emocionalmente. Só assim é completamente livre para viver, “senhora de si”. No
entanto, esta forma de vida tem consequências negativas para a personagem. Por
exemplo, causa-lhe sofrimento e dor (“fazes isso, enfim, toda essa desertificação,
com esforço, com sofrimento”). No fundo, estamos perante uma forma de vida que
propicia o vazio, a solidão, o desencanto (“os amigos que julga sinceros, sê-lo-
ão?”).
12.- George e Gi reencontram-se à saída da estação, quando a primeira vem para vender a casa de família (os seus pais já
tinham falecido). Trata-se de um diálogo imaginado que mostra ao leitor a menina de outrora, indecisa entre ficar na terra e
sair de casa. Faz referência a um namorado antigo, chamado Carlos, e ao enxoval que mãe lhe andava a fazer para ser uma
mulher igual a tantas outras, votada à lida da casa. Gi finaliza este diálogo e “sorri o seu lindo sorriso branco de 18 anos.
Depois ambas dão um beijo rápido, breve, no ar, não se tocam, nem tal seria possível, começam a mover-se ao mesmo
tempo, devagar (…). Vão ficando longe, mais longe. E nenhuma delas olha para trás.”. Este diálogo imaginado, prenhe de
memórias, está sempre rodeado de um “ar queimado”, que George continuamente sente. De regresso ao comboio para
voltar a Amesterdão, George relembra memórias e afasta-se desse passado, à medida que o veículo se afasta fisicamente da
estação: “Agora está à janela a ver o comboio fugir de dantes, perder para todo o sempre árvores e casas da sua
juventude". No comboio, fecha os olhos e pensa. Quando os abre, vê sentada à sua frente “uma mulher velha”, Georgina
(outra das figuras desdobradas de George, neste caso na terceira idade), 70 anos e segura de que a vida passa rapidamente,
aconselhando George a não ser dramática, pois viverá feliz na sua casa até morrer. Esta confirma o retrato dela mesma
enquanto “rapariguinha”, conservado na mala a vida inteira. Georgina fecha os olhos de novo e, quando os reabre, a
“mulher velha” desaparecera. Confiada na pertença do ainda tempo presente, “Georgina suspira, tranquilizada. Amanhã
estará em Amesterdão na bela casa mobilada, durante quanto tempo?, vai morar com o último dos seus amores.”.
13.-George não é um nome que pertença tradicionalmente à língua portuguesa. Nessa compreensão, temos já a condição de ser
ambos, de um local ou de outro. Ser, sem exclusão, local, global. A seleção vocabular na nomeação da personagem expressa o
rompimento de barreiras linguísticas. Expõe a alteridade e fragmentação totalizante, no sentido já comentado. Ao referir-se,
nomear o conto (ou) e a personagem, o estrangeirismo desfaz a separação lá – cá, expõe a alteridade em condição contígua ao eu,
integraliza e permite o trânsito também a nível vocabular. Na busca de elementos vocabulares relevantes à proposta na função de
integrar como marca de paralelismo e equivalência, encontra-se o conector, a conjunção ou, vocábulo que aqui não tem força de
alternância, mas antes propõe composição, equivalência entre valores, enfim, proximidade do outro. Já incorporada à realidade
textual, George, estrangeirismo, enquanto vocábulo, conduz-nos a outros encontros que permitem a perceção de indícios de
alteridade como recurso de fragmentação. Nessa função, retoma-se ao título ou ao nome que tem expressão do paralelismo, da
equivalência, agregando o rompimento de fronteiras também em relação ao conector que, sendo de outro idioma, tem função
gramatical equivalente. Uma observação nesse sentido nos permite percebê-lo: Ge or ge. Uma trabalhada construção de nome
que, mesmo linguisticamente outro, apresenta o conector or com mesma significação de ou, e, assim, mantém as partes Ge – ge em
par e equivalência. O outro resulta mesmo, Ge = ge, equivalem, alterizam, totalizam, integram pelo or, Ge ou ge. É a palavra,
fonte ficcional que constrói texto e personagem e os referencia ao mundo não ficcional.
14.-Em George, conto ou personagem, o múltiplo e o diverso que identificam o contemporâneo têm o seu ponto de partida no
duplo, no ambos. O outro mais próximo está no eu, compondo o inteiro, não necessariamente único, quando se parte da visão
ampla que enxerga que no “ambos” está o único, não como singularidade, mas como identidade que consegue perceber a
pluralidade de elementos. É como um leque que se abre e mostra os seus componentes. Sendo a nomeação uma marca forte de
identidade, os nomes são palavras de especial importância. A alteridade no campo da nomeação ganha destaque. Nesse aspeto,
a flexibilização de fronteiras pode ser apontada Na leitura do conto, sobressai a apresentação da personagem, de tal maneira
pluralizada que, de certa forma, conduziu-me à proposta de análise desse trabalho. Uma personagem tão diversa remete
imediatamente à fragmentação que caracteriza o sujeito contemporâneo. Nessa compreensão, Maria Judite de Carvalho insere
em sua produção literária aspetos de seu tempo e, nesse caso, um mundo de valores em transformação, que vai perdendo a
rigidez de conceitos, que acomoda a flexibilidade em relação a si e ao sujeito confirmando a fragmentação e o deslocamento do
sujeito, na qual singularidade pauta-se pelo plural, pelo diverso, pelo múltiplo. Em “George”, observa-se que “O sujeito
previamente vivido como tendo uma identidade unificada e estável, está se tornando fragmentado; composto não de uma única,
mas de várias identidades, algumas vezes contraditórias ou não resolvidas.
15.-A metáfora da bússola significa o seguinte: George sente que perdeu o rumo, o sentido orientador da sua vida, bem como
muitas outras coisas, o que sugere que a personagem se sente desorientada, perdida. Na necessidade de delimitar uma
abordagem, dentro da diversidade de possibilidades que o texto sugere, nessa leitura, a fragmentação do sujeito será
compreendida na faceta da alteridade que, no texto, é apresentada de forma ampla e abrangente possibilitando variadas
identificações, reconhecimentos e manifestações da identidade fragmentada tornando-a totalizante. Com tal direcionamento, a
análise buscará em George(s), título e personagem, os encontros. Na personagem, o encontro com elas, ela mesma e ela outros.
No conto, a alteridade é o caminho de construção da personagem ficcional que também contém o outro do mundo fora da
realidade textual. O contemporâneo conjuga tempos presente, passado, futuro. Sua singularidade está em facetas múltiplas, e,
tudo, em um trânsito constante. Como o momento, a personagem não está fixa em um tempo, um lugar, um rosto. Temos George,
personagem-título, encontrando-se com suas outras do passado e do futuro, com a jovem Gi e com a velha Georgina que são ela
mesma e com outras elas que são suas existências paralelas, com seus rostos, em viagens transversal zantes por si, por espaços e
tempos interiores e exteriores. Tratando-se de ficção literária, a construção da personagem está comprometida com a palavra,
elemento obrigatoriamente ligado a sua materialidade. A palavra é ponto fundamental de criação do universo ficcional,
conforme, “A sensibilidade de um escritor, a sua capacidade de enxergar o mundo e pinçar nos seus movimentos a
complexidade dos seres que o habitam realizam-se na articulação verbal”
15.1- A realidade ficcional literária tece-se de palavra em palavra, de oração em oração. Contudo, não se isola de
um contexto não ficcional. Na expressão do sujeito na personagem, ganhará relevância observar o trabalho
com a palavra enquanto seja um fator revelador de características do sujeito contemporâneo na
personagem, sobretudo na abordagem foco da análise, a alteridade. Haverá especial atenção à palavra em
sua versão significante. Em George, personagem ou texto, a palavra recolhe partes do sujeito (fragmentos)
para identificá-lo em sua totalidade, compor uma identidade. Compreendamos que totalidade não quer
expressar completude, mas um acréscimo de outro no eu, demonstrando a impossibilidade de ser único
nesses tempos. O trabalho linguístico apresenta recursos que, em diversos níveis verbais: morfológico,
sintático, semântico, contribuem efetivamente para construir o paralelismo que equilibre George e suas
alteridades sem que haja exclusão de uma/outra, possibilitando a plenitude da conceção de ser ambas com
equivalência, sem exclusividade ou exclusão ou alternância, mas teatralizando a possibilidade de
coexistência.
16.1- Estes parágrafos continuam a focar-se na temática habitacional, focalizando o facto de George só habitar
casas mobiladas, como já havia sido referido no parágrafo anterior. Nesta passagem do conto, destaca-se a
necessidade ou o desejo de a personagem não criar ligações, afetos, não estar presa a nada
emocionalmente. Só assim é completamente livre para viver, “senhora de si". No entanto, esta forma de vida
tem consequências negativas para a personagem. Por exemplo, causa-lhe sofrimento e dor (“fazes isso,
enfim, toda essa desertificação, com esforço, com sofrimento”). No fundo, estamos perante uma forma de
vida que propicia o vazio, a solidão, o desencanto (“os amigos que julga sinceros, sê-lo-ão?”). O desejo de
ser livre subordina tudo o mais: “Queria estar sempre pronta para partir sem que os objetos a envolvessem,
a segurassem, a obrigassem a demorar-se mais um dia que fosse. Disponível, pensava. Senhora de si. Para
partir, para chegar.”.
17.a-…”outro dia vai reparar(…)que as mãos lhe treme". Velhice.
b….”George não abre mão da sua liberdade. "juventude
c-…”Para entender os textos, é necessário ter à mão um dicionário. "Maturidade
17.1-…”George não abre mão da sua liberdade”
17,2-”…George não abre porção da sua liberdade”
18.-George fecha os olhos e procura pensamentos mais agradáveis para fugir a essa dor: uma nova exposição, o
quadro vendido que lhe rendeu muito dinheiro, a próxima viagem. George crê que a fuga a essa dor, a essa preocupação
com o futuro, a esse vazio que tanto teme, reside no dinheiro e no êxito enquanto pintora, que lhe trará mais dinheiro.
Para ela, quem tem dinheiro nunca está só. George tenta convencer Georgina, o seu «eu» futuro dessa verdade, porém
ela já lá não está. Esfumou-se. Só nesta parte do conto se fica a conhecer o nome de George com quase 70 anos:
Georgina. Desta forma, o narrador clarifica a dinâmica do conto, entre a realidade da personagem, a sua memória e a
sua imaginação
• Este conto constitui uma profunda reflexão sobre a complexidade da natureza humana, centrada na figura de George: (sobre) o fracasso do amor, a
separação, a dificuldade de atingir a realização profissional, a condição feminina, a efemérida da vida, a solidão, o vazio e a morte. Por outro lado, o
conto compreende uma reflexão sobre a intemporalidade da arte e a imortalização do artista. Através do desdobramento da protagonista, bem como
pela duplicidade do seu nome (entre feminino e masculino), o conto possibilita uma reflexão sobre as diferentes fases da vida e sobre os caminhos que
o ser humano trilha, uma vez por opção, outras por imposição das circunstâncias que o rodeiam. Quando jovem, vivia inconformada com as limitações
da conceção de vida que a família e a sociedade local lhe ofereciam, por isso decidiu partir, sozinha, para uma cidade e um país desconhecidos. O seu
enorme desejo de liberdade e de independência, bem como a vontade de diversificar ao máximo as suas experiências de vida, levaram-na a alterar
constantemente o seu aspeto físico, a viver os afetos e o amor com grande desprendimento e até superficialidade e a mudar frequentemente de local de
residência. Além disso, vivia sempre em quartos alugados ou casas arrendadas mobiladas para que não se apegasse aos objetos. O desejo de ser livre
e independente predominava. Apesar de conservar uma fotografia sua da juventude (de quando era Gi), prefere o esquecimento e não chora pelo
passado. Em suma, George tornou-se uma pintora de sucesso, famosa e rica. Perante a imagem (antecipada) da sua velhice e da solidão que a espera,
mostra-se incomodada e arrogante, preferindo os pensamentos agradáveis e confiante de que o dinheiro constituirá a sua tábua de salvação.
Relacionado com esta questão estão os nomes da protagonista. De facto, a evolução da sua vida reflete a complexidade humana, também espelhada no
nome. Assim, a abreviatura Gi, que constituía o tratamento carinhoso que lhe foi dado durante a infância e a juventude, está associada a uma fase de
submissão aos ditames familiares e sociais. Já George, o nome correspondente ao presente, à vida adulta da protagonista, representa a rutura que ela
pretendia, marcada pelo desejo de liberdade e independência. Note-se que o nome não é português, o que evidencia o cosmopolitismo que tanto
procurava e sugere alguma ambiguidade relativa ao género (o nome é masculino), indiciado também pelo facto de o narrador se referir ao(s) seu(s)
amor(es), sem especificar se se trata do género masculino ou feminino (excluindo a figura do primeiro namorado, Carlos). Georgina é o nome de
registo da personagem, assumido pelo narrador quando ela imagina como será a sua velhice, numa atitude aparente de resignação, de assunção de
uma identidade inteira e final. Uma terceira questão respeitante ao problema da complexidade da natureza humana neste conto tem a ver com a falta
de amor, tema recorrente na obra de Maria Judite de Carvalho. No texto, por exemplo, George, em vez de amor, tem amores, isto é, relações frágeis e
efémeras, passageiras, todas provisórias, como provisórias são as casas e as cidades onde mora.
• Essa ausência de afeto e a solidão que afeta as personagens da obra da escritora – tanto homens como mulheres – têm como consequência, se não a morte, uma espécie de morte
em vida, «uma existência desprovida de sentido que, ao longo dos anos que nas suas memórias se vão confundindo, se arrasta e pesa mais do que a própria morte.". A vida,
metaforicamente vista como uma viagem, é complexa, tanto na juventude como na velhice. Famosa além-fronteiras, George configura o protótipo da mulher independente e
profissionalmente realizada, aparente sem razões para lamentar o passado e, ainda medos, recear o futuro. No entanto, esse medo assalta-a de forma imprevista e cruel no
momento em que regressa à sua terra natal e que vai suscitar um confronto quer com o passado quer com o futuro. Em relação a George, não por acaso, é personagem-título, o
que já confere aspeto de alteridade e paralelismo, possibilidade de ser ambas, compor-se por outro. No trabalho da autora com a palavra, revelam-se um momento e um sujeito
em que uma ou outra condição, resulta igual, complementa o todo, distingue sem trazer diferenciações que afastem possibilidades de ser. Um texto que trabalha o encontro, o
reencontro a partir das palavras. Na condição de composta a palavra, George, sendo nome, vem, de certa forma, pondo a questão de identidade equalizada, já resolvida pela
aceitação do múltiplo, sem problematização ou conflitos em relação a essa condição sem individualidade. Ou, pelo contrário, reafirmando um ser isolado. Esse aspeto será
apontado ao final Comentadas as questões referentes à nomeação de texto e de personagem, na mesma proposta, os comentários prosseguem para a abordagem voltada para-
George, com atenção ao encontro com ela, ela mesma e com ela, outra/o(s). O nome George, como já observado, flexiona a fronteira de nacionalidade. O nome desfaz a marca
identitária que prende ser à nação de origem e, assim, põe em pauta no texto mais esse aspeto que já perde a rigidez fora do ficcional. Um país ou outro país resulta em espaço
sem rígidas fronteiras para o sujeito. Desfaz-se, linguisticamente, um padrão identitário. Uma nomeação que o vincule a um, excluindo o outro, é produto de valores culturais já
abalados. Outra faceta de alteridade, que flexibiliza fronteiras, liga-se à definição de gênero pelo nome. O nome George acomoda os ambos. A marca de identidade
tradicionalmente masculina se dilui ao nomear uma mulher. George, ela ou ele, possibilidade de alteridade, de nomeação de ambos. Em relação à nomeação da personagem, o
trabalho com a palavra é demonstração excecional de que a fragmentação, literalmente, totaliza o ser. George, a personagem, sendo uma, admite três nomes: Gi, George e
Georgina. George, vocábulo, se desfaz para acomodar as outras, elas mesmas. O nome acomoda, por variação, seja pelo acréscimo, seja pela redução, as possibilidades de ser.
Ela, George, é no tempo textual, Gi, a jovem, é Georgina, a velha. Na expressão vocabular da jovem, há a construção pela supressão de elementos formais, denotando ser
completo, mas não totalizado frente a si mesma. Tempo anterior, passado incompleto, ainda faltando vivências, apenas GI. Por outro lado, em Georgina, se pode reconhecer o
acréscimo Ina, em que a posição sufixal acomoda a condição de ser mais completo e também a significação de tempo final, a velhice.
Concluindo-se, com este trabalho, uma breve análise do conto George, da ficcionista portuguesa
contemporânea Maria Judite de Carvalho. Este texto está inserido no último livro publicado em vida pela
escritora: Seta despedida (1995). Pretendendo-se focalizar uma questão que parece fundamental nesse
conto: a identidade, que se constitui, aqui, fragmentada, descentrada, delirante de momento para momento,
verdadeira celebração móvel, ao abordar a identidade do sujeito pós-moderno. A partir deste tema central,
surgem outros, igualmente importantes na análise e compreensão do conto citado, como a dissolução de
posições cristalizadas atribuídas aos gêneros (George, termo ambíguo, aparentemente masculino, constitui
o nome de uma personagem feminina que protagoniza o conto), a trajetória da personagem, que
emblemaria simbolicamente a sociedade do simulacro e caracteriza-se pela constante deriva, e fuga
interminável de um sujeito que erra pelo mundo e pelo interior de si mesmo, conflituando –se num
monologo aparentemente por desapego a materialismos pouco ou nada relevantes duma penumbra de ser
ansiado pela leveza subtil e suave da liberdade!

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UFCD Clc7 - George .pptx

  • 1. UFCD: CLC7 – Fundamentos da Língua Cultura e Comunicação Mr.ª Judite Carvalho- “George” Formadora . Profª Claúdia Tavares Formanda: Rute Pancha Mediadora: Dr.ª Claúdia Lameiras Coordenadora: Dr.ª Susana Carvalho
  • 2. Questionário: 1.1-A ação do conto está centrada em George, uma personagem feminina focada em três momentos distintos (juventude, maturidade e velhice), que representam as três idades da sua vida. …”George encontra-se a caminhar numa “larga rua”, num dia de muito calor, rua essa que já percorrera há vinte anos.” A dupla comparação («Andam lentamente, mais do que se pode, como quem luta sem forças contra o vento, ou como quem caminha, também é possível, na pesada e espessa e dura água do mar.») traduz a lentidão da aproximação das duas personagens e, mais ainda, a dificuldade, o esforço para prosseguir o caminho. Por outro lado, sugere o quão difícil é caminhar contra elementos adversos e prepara a atmosfera pesada da vivência para a qual se encaminha a personagem. 2.1- Retrato da personagem: jovem, rosto vago e sem contornos; feições incertas e pálidas (comparação com os mortos). De facto, as feições de GI começam por ser pouco nítidas e esfumadas, mas a sua voz «é muito real e viva". Como o encontro com GI ocorre no espaço interior da memória, a figura dificilmente aparece como visão, mas vai-se desmaterializando, permanecendo apenas como voz que possibilita o estabelecimento de um diálogo, à medida que esse contacto interior se prolonga. As duas personagens vestem vestidos brancos e caminham em sentido contrário, o que significa que se irão encontrar como num espelho. É esta característica física que aproxima o retrato de ambas. 2.2- Referência à “fotografia que tem corrido mundo numa mala qualquer, que tem morado no fundo de muitas gavetas”: personagem muito viajada. Retrato da personagem:- físico: olhos largos, semicerrados; boca fina; cabelos escuros e lisos; pescoço alto de Modigliani;- socioeconómico: pobre, origens humildes…”O rosto da jovem que se aproxima é vago e sem contornos, uma pincelada clara, e quando os tiver, a esses contornos, ele será o rosto de uma fotografia que tem corrido mundo numa mala qualquer, que tem morado no fundo de mutias gavetas, o único fetiche de George.”
  • 3. 3.-As duas personagens vestem vestidos brancos e caminham em sentido contrário, o que significa que se irão encontrar como num espelho. É esta característica física que aproxima o retrato de ambas. A fotografia: → ligação ao passado; → fixação da juventude perdida; → imagem ideal da juventude intocada e dos sonhos por cumprir.
  • 4. 4.-Expressividade –Evidenciar a ideia de dor ou felicidade sentida pelo sujeito poético, …”Sorriam um pouco com a superioridade dessa mesma ignorância”. 5.-George era filha de uma família sem grande cultura e vivia numa pequena vila do interior, com as perspetivas próprias de tal contexto: casar, ter uma casa e família/filhos, ser uma esposa e uma mãe exemplares (“… que hei de um dia ser uma boa senhora da vila, uma esposa exemplar, uma mãe perfeita…”) – ou seja, encarnar o papel tradicional reservado às mulheres –, mas sacrificar o gosto pela pintura e desenho que desde sempre manifestara e que a família sempre desvalorizara. Daí a sua decisão de partir, deixando para trás os pais, o noivo, as perspetivas de casamento e a própria vila, indo para longe e desligando-se de tudo. A vida de George acaba por se tornar vertiginosa, o que fica bem visível na sucessão de verbos (“casou-se, divorciou-se, partiu, chegou, voltou a partir e a chegar”), que nos dá a ideia de movimento constante, de procura também constante, de instabilidade emocional.
  • 5. 6.-Motivo do regresso de George: vender a casa dos pais. Simbolismo da venda da casa: a rutura definitiva com o passado. Este desapego das coisas é o mesmo que justifica o abandono da família e a manutenção com ela de contactos superficiais (as escassas cartas escritas à mãe) e que a leva a vender a casa dos pais, mesmo que GI «talvez ainda [lá] more», isto é, mesmo que a própria George ainda mantenha ligações afetivas com ela e a venda comporte algum sofrimento. Em suma, a personagem (GI) deseja ser livre, por isso evita criar vínculos com objetos e lugares, o que nos permite concluir que as perdas na sua vida serão deliberadas.
  • 6. 7.-George quis distanciar-se da sua juventude, da sua vida com os pais, do seu primeiro namorado (Carlos), isto é, de tudo o que a ligava àquela terra, daí ter partido à descoberta da cidade grande «por além terra, por além mar». A revelação dos projetos é feita através da memória de George, que, face à imagem de si mesma enquanto jovem, relembra os projetos que então tinha: deixar tudo, partir e pintar. Esses projetos colidem com os do seu namorado de então, Carlos, que deseja comprar uma terra e construir uma casa, financiados por uma herança recebida…”-Que pensas fazer GI?-Partir, não é ?Em que se pode pensar aqui, neste cu de Judas, senão em partir? Ainda não me fui embora e por causa do Carlos, mas…O Carlos pertence a isto, nunca se irá embora. Só a ideia o apavorava, não é ?-Sim. Só a ideia. Ri-se de partir, como nós rimos de uma coisa impossível, de uma ideia louca. Quer comprar uma terra, construir uma casa a seu modo. Recebeu uma herança e só sonha com isso. Creio que é a altura de eu…”
  • 7. 8.1- No comboio, George tem consciência de que o passado ficou definitivamente para trás. Ao vender a casa dos pais, não lhe resta qualquer motivo para regressar. Nem ela o quer. No entanto, sente uma certa nostalgia pelo seu passado, por tudo o que ficou para trás na sua vida. Não obstante, uma parte de si mantém-se distante, livre de emoções: “uma simples lágrima no olho direito, o outro, que esquisito, sempre se recusa a chorar. É como se se negasse a compartilhar os seus problemas, não e não. "as lágrimas simbolizam precisamente essa fragmentação de George: a lágrima nostálgica do olho direito e a recusa dessa nostalgia através do olho esquerdo, que recusa a emoção.
  • 8. 9.1-Este segundo encontro é semelhante ao primeiro: gradual, pouco nítido, visto que ambas surgem com contornos indefinidos e difusos que, gradualmente, se tornam mais nítidos. Note-se que George resiste ao aparecimento de Georgina, dado que fecha os olhos e tenta dormir. Parece mesmo encará-la com alguma hostilidade, visível nas expressões «velha» e «atirar à cara», bem como na forma como decide terminar o encontro, aludindo a uma dor de cabeça. Retrato da figura misteriosa (Georgina):senhora de idade (eufemismo), uma mulher velha;- mãos enrugadas;- uma carteira preta, cara, italiana – sinal exterior de riqueza;- sorri, um sorriso diferente do de Gi- cabelo pintado de acaju;- rosto pintado de vários tons de rosa, discretamente mas sem grande perfeição;- boca esborratada;
  • 9. 10.- Retrato de Georgina:,- quase 70 anos;- só;- vive de recordações;- sabe que George vive numa casa mobilada;- adivinha o que George sente; Caracterização de George: 45 anos;- sente-se velha por vezes;- está a chorar;- gosta do seu trabalho;- irritada, não quer assumir a tristeza que, involuntariamente, sente ; Simbologia de Georgina e do encontro com George: 1.º) Georgina é fruto da imaginação de George. Aparece do nada e, quando George abre os olhos, já lá não está, “desapareceu”. Fala sem ter voz, mas George consegue ouvi-la. Estes dados permitem concluir que Georgina não existe, é imaginada por George, pelo que corresponde ao que ela supõe que poderá ser no futuro, daí a cerca de vinte e cinco anos. 2.º) Georgina, enquanto projeção da personagem, sabe tudo sobre George: (a) que só vive em casas mobiladas, (b) que está triste, (c) mas no dia seguinte terá esquecido o encontro com o passado, (d) que um dia será velha e sentir-se-á só, € que sentirá a falta de ligação à família e aos amigos, (f) que irá sentir a falta do afeto de que fugiu durante toda a vida, como simples fotografias, por exemplo. A interrogação “porque havia de ter?” aponta para a metamorfose da figura feminina, salientando a sua evolução e transformação: o sorriso de uma mulher velha não é igual ao seu enquanto jovem.
  • 10. Simbologia de Georgina e do encontro com George: 1.º) Georgina é fruto da imaginação de George. Aparece do nada e, quando George abre os olhos, já lá não está, “desapareceu”. Fala sem ter voz, mas George consegue ouvi-la. Estes dados permitem concluir que Georgina não existe, é imaginada por George, pelo que corresponde ao que ela supõe que poderá ser no futuro, daí a cerca de vinte e cinco anos. 2.º) Georgina, enquanto projeção da personagem, sabe tudo sobre George: (a) que só vive em casas mobiladas, (b) que está triste, (c) mas no dia seguinte terá esquecido o encontro com o passado, (d) que um dia será velha e sentir-se-á só, € que sentirá a falta de ligação à família e aos amigos, (f) que irá sentir a falta do afeto de que fugiu durante toda a vida, como simples fotografias, por exemplo. 3.º) Georgina simboliza a voz da experiência, o saber empírico que alerta George para os problemas com que se deparará no futuro, quando for velha. Dado que é um produto da imaginação de George, podemos considerar que a figura de Georgina representa o medo inconsciente do futuro por parte da protagonista do conto. 4.º) Georgina lembra a George que, embora as pessoas novas não pensem no assunto, a velhice chegará inevitavelmente e com ela os sentimentos de perda, solidão e abandono. É então, nesse momento, que se valorizam a família, os amigos e tudo aquilo que se perdeu ou abandonou. Daí que Georgina tenha tentado obter as fotografias que George nunca guardou.
  • 11. 11.-Estes parágrafos continuam a focar-se na temática habitacional, focalizando o facto de George só habitar casas mobiladas, como já havia sido referido no parágrafo anterior. Nesta passagem do conto, destaca-se a necessidade ou o desejo de a personagem não criar ligações, afetos, não estar presa a nada emocionalmente. Só assim é completamente livre para viver, “senhora de si”. No entanto, esta forma de vida tem consequências negativas para a personagem. Por exemplo, causa-lhe sofrimento e dor (“fazes isso, enfim, toda essa desertificação, com esforço, com sofrimento”). No fundo, estamos perante uma forma de vida que propicia o vazio, a solidão, o desencanto (“os amigos que julga sinceros, sê-lo- ão?”).
  • 12. 12.- George e Gi reencontram-se à saída da estação, quando a primeira vem para vender a casa de família (os seus pais já tinham falecido). Trata-se de um diálogo imaginado que mostra ao leitor a menina de outrora, indecisa entre ficar na terra e sair de casa. Faz referência a um namorado antigo, chamado Carlos, e ao enxoval que mãe lhe andava a fazer para ser uma mulher igual a tantas outras, votada à lida da casa. Gi finaliza este diálogo e “sorri o seu lindo sorriso branco de 18 anos. Depois ambas dão um beijo rápido, breve, no ar, não se tocam, nem tal seria possível, começam a mover-se ao mesmo tempo, devagar (…). Vão ficando longe, mais longe. E nenhuma delas olha para trás.”. Este diálogo imaginado, prenhe de memórias, está sempre rodeado de um “ar queimado”, que George continuamente sente. De regresso ao comboio para voltar a Amesterdão, George relembra memórias e afasta-se desse passado, à medida que o veículo se afasta fisicamente da estação: “Agora está à janela a ver o comboio fugir de dantes, perder para todo o sempre árvores e casas da sua juventude". No comboio, fecha os olhos e pensa. Quando os abre, vê sentada à sua frente “uma mulher velha”, Georgina (outra das figuras desdobradas de George, neste caso na terceira idade), 70 anos e segura de que a vida passa rapidamente, aconselhando George a não ser dramática, pois viverá feliz na sua casa até morrer. Esta confirma o retrato dela mesma enquanto “rapariguinha”, conservado na mala a vida inteira. Georgina fecha os olhos de novo e, quando os reabre, a “mulher velha” desaparecera. Confiada na pertença do ainda tempo presente, “Georgina suspira, tranquilizada. Amanhã estará em Amesterdão na bela casa mobilada, durante quanto tempo?, vai morar com o último dos seus amores.”.
  • 13. 13.-George não é um nome que pertença tradicionalmente à língua portuguesa. Nessa compreensão, temos já a condição de ser ambos, de um local ou de outro. Ser, sem exclusão, local, global. A seleção vocabular na nomeação da personagem expressa o rompimento de barreiras linguísticas. Expõe a alteridade e fragmentação totalizante, no sentido já comentado. Ao referir-se, nomear o conto (ou) e a personagem, o estrangeirismo desfaz a separação lá – cá, expõe a alteridade em condição contígua ao eu, integraliza e permite o trânsito também a nível vocabular. Na busca de elementos vocabulares relevantes à proposta na função de integrar como marca de paralelismo e equivalência, encontra-se o conector, a conjunção ou, vocábulo que aqui não tem força de alternância, mas antes propõe composição, equivalência entre valores, enfim, proximidade do outro. Já incorporada à realidade textual, George, estrangeirismo, enquanto vocábulo, conduz-nos a outros encontros que permitem a perceção de indícios de alteridade como recurso de fragmentação. Nessa função, retoma-se ao título ou ao nome que tem expressão do paralelismo, da equivalência, agregando o rompimento de fronteiras também em relação ao conector que, sendo de outro idioma, tem função gramatical equivalente. Uma observação nesse sentido nos permite percebê-lo: Ge or ge. Uma trabalhada construção de nome que, mesmo linguisticamente outro, apresenta o conector or com mesma significação de ou, e, assim, mantém as partes Ge – ge em par e equivalência. O outro resulta mesmo, Ge = ge, equivalem, alterizam, totalizam, integram pelo or, Ge ou ge. É a palavra, fonte ficcional que constrói texto e personagem e os referencia ao mundo não ficcional.
  • 14. 14.-Em George, conto ou personagem, o múltiplo e o diverso que identificam o contemporâneo têm o seu ponto de partida no duplo, no ambos. O outro mais próximo está no eu, compondo o inteiro, não necessariamente único, quando se parte da visão ampla que enxerga que no “ambos” está o único, não como singularidade, mas como identidade que consegue perceber a pluralidade de elementos. É como um leque que se abre e mostra os seus componentes. Sendo a nomeação uma marca forte de identidade, os nomes são palavras de especial importância. A alteridade no campo da nomeação ganha destaque. Nesse aspeto, a flexibilização de fronteiras pode ser apontada Na leitura do conto, sobressai a apresentação da personagem, de tal maneira pluralizada que, de certa forma, conduziu-me à proposta de análise desse trabalho. Uma personagem tão diversa remete imediatamente à fragmentação que caracteriza o sujeito contemporâneo. Nessa compreensão, Maria Judite de Carvalho insere em sua produção literária aspetos de seu tempo e, nesse caso, um mundo de valores em transformação, que vai perdendo a rigidez de conceitos, que acomoda a flexibilidade em relação a si e ao sujeito confirmando a fragmentação e o deslocamento do sujeito, na qual singularidade pauta-se pelo plural, pelo diverso, pelo múltiplo. Em “George”, observa-se que “O sujeito previamente vivido como tendo uma identidade unificada e estável, está se tornando fragmentado; composto não de uma única, mas de várias identidades, algumas vezes contraditórias ou não resolvidas.
  • 15. 15.-A metáfora da bússola significa o seguinte: George sente que perdeu o rumo, o sentido orientador da sua vida, bem como muitas outras coisas, o que sugere que a personagem se sente desorientada, perdida. Na necessidade de delimitar uma abordagem, dentro da diversidade de possibilidades que o texto sugere, nessa leitura, a fragmentação do sujeito será compreendida na faceta da alteridade que, no texto, é apresentada de forma ampla e abrangente possibilitando variadas identificações, reconhecimentos e manifestações da identidade fragmentada tornando-a totalizante. Com tal direcionamento, a análise buscará em George(s), título e personagem, os encontros. Na personagem, o encontro com elas, ela mesma e ela outros. No conto, a alteridade é o caminho de construção da personagem ficcional que também contém o outro do mundo fora da realidade textual. O contemporâneo conjuga tempos presente, passado, futuro. Sua singularidade está em facetas múltiplas, e, tudo, em um trânsito constante. Como o momento, a personagem não está fixa em um tempo, um lugar, um rosto. Temos George, personagem-título, encontrando-se com suas outras do passado e do futuro, com a jovem Gi e com a velha Georgina que são ela mesma e com outras elas que são suas existências paralelas, com seus rostos, em viagens transversal zantes por si, por espaços e tempos interiores e exteriores. Tratando-se de ficção literária, a construção da personagem está comprometida com a palavra, elemento obrigatoriamente ligado a sua materialidade. A palavra é ponto fundamental de criação do universo ficcional, conforme, “A sensibilidade de um escritor, a sua capacidade de enxergar o mundo e pinçar nos seus movimentos a complexidade dos seres que o habitam realizam-se na articulação verbal”
  • 16. 15.1- A realidade ficcional literária tece-se de palavra em palavra, de oração em oração. Contudo, não se isola de um contexto não ficcional. Na expressão do sujeito na personagem, ganhará relevância observar o trabalho com a palavra enquanto seja um fator revelador de características do sujeito contemporâneo na personagem, sobretudo na abordagem foco da análise, a alteridade. Haverá especial atenção à palavra em sua versão significante. Em George, personagem ou texto, a palavra recolhe partes do sujeito (fragmentos) para identificá-lo em sua totalidade, compor uma identidade. Compreendamos que totalidade não quer expressar completude, mas um acréscimo de outro no eu, demonstrando a impossibilidade de ser único nesses tempos. O trabalho linguístico apresenta recursos que, em diversos níveis verbais: morfológico, sintático, semântico, contribuem efetivamente para construir o paralelismo que equilibre George e suas alteridades sem que haja exclusão de uma/outra, possibilitando a plenitude da conceção de ser ambas com equivalência, sem exclusividade ou exclusão ou alternância, mas teatralizando a possibilidade de coexistência.
  • 17. 16.1- Estes parágrafos continuam a focar-se na temática habitacional, focalizando o facto de George só habitar casas mobiladas, como já havia sido referido no parágrafo anterior. Nesta passagem do conto, destaca-se a necessidade ou o desejo de a personagem não criar ligações, afetos, não estar presa a nada emocionalmente. Só assim é completamente livre para viver, “senhora de si". No entanto, esta forma de vida tem consequências negativas para a personagem. Por exemplo, causa-lhe sofrimento e dor (“fazes isso, enfim, toda essa desertificação, com esforço, com sofrimento”). No fundo, estamos perante uma forma de vida que propicia o vazio, a solidão, o desencanto (“os amigos que julga sinceros, sê-lo-ão?”). O desejo de ser livre subordina tudo o mais: “Queria estar sempre pronta para partir sem que os objetos a envolvessem, a segurassem, a obrigassem a demorar-se mais um dia que fosse. Disponível, pensava. Senhora de si. Para partir, para chegar.”.
  • 18. 17.a-…”outro dia vai reparar(…)que as mãos lhe treme". Velhice. b….”George não abre mão da sua liberdade. "juventude c-…”Para entender os textos, é necessário ter à mão um dicionário. "Maturidade 17.1-…”George não abre mão da sua liberdade” 17,2-”…George não abre porção da sua liberdade” 18.-George fecha os olhos e procura pensamentos mais agradáveis para fugir a essa dor: uma nova exposição, o quadro vendido que lhe rendeu muito dinheiro, a próxima viagem. George crê que a fuga a essa dor, a essa preocupação com o futuro, a esse vazio que tanto teme, reside no dinheiro e no êxito enquanto pintora, que lhe trará mais dinheiro. Para ela, quem tem dinheiro nunca está só. George tenta convencer Georgina, o seu «eu» futuro dessa verdade, porém ela já lá não está. Esfumou-se. Só nesta parte do conto se fica a conhecer o nome de George com quase 70 anos: Georgina. Desta forma, o narrador clarifica a dinâmica do conto, entre a realidade da personagem, a sua memória e a sua imaginação
  • 19. • Este conto constitui uma profunda reflexão sobre a complexidade da natureza humana, centrada na figura de George: (sobre) o fracasso do amor, a separação, a dificuldade de atingir a realização profissional, a condição feminina, a efemérida da vida, a solidão, o vazio e a morte. Por outro lado, o conto compreende uma reflexão sobre a intemporalidade da arte e a imortalização do artista. Através do desdobramento da protagonista, bem como pela duplicidade do seu nome (entre feminino e masculino), o conto possibilita uma reflexão sobre as diferentes fases da vida e sobre os caminhos que o ser humano trilha, uma vez por opção, outras por imposição das circunstâncias que o rodeiam. Quando jovem, vivia inconformada com as limitações da conceção de vida que a família e a sociedade local lhe ofereciam, por isso decidiu partir, sozinha, para uma cidade e um país desconhecidos. O seu enorme desejo de liberdade e de independência, bem como a vontade de diversificar ao máximo as suas experiências de vida, levaram-na a alterar constantemente o seu aspeto físico, a viver os afetos e o amor com grande desprendimento e até superficialidade e a mudar frequentemente de local de residência. Além disso, vivia sempre em quartos alugados ou casas arrendadas mobiladas para que não se apegasse aos objetos. O desejo de ser livre e independente predominava. Apesar de conservar uma fotografia sua da juventude (de quando era Gi), prefere o esquecimento e não chora pelo passado. Em suma, George tornou-se uma pintora de sucesso, famosa e rica. Perante a imagem (antecipada) da sua velhice e da solidão que a espera, mostra-se incomodada e arrogante, preferindo os pensamentos agradáveis e confiante de que o dinheiro constituirá a sua tábua de salvação. Relacionado com esta questão estão os nomes da protagonista. De facto, a evolução da sua vida reflete a complexidade humana, também espelhada no nome. Assim, a abreviatura Gi, que constituía o tratamento carinhoso que lhe foi dado durante a infância e a juventude, está associada a uma fase de submissão aos ditames familiares e sociais. Já George, o nome correspondente ao presente, à vida adulta da protagonista, representa a rutura que ela pretendia, marcada pelo desejo de liberdade e independência. Note-se que o nome não é português, o que evidencia o cosmopolitismo que tanto procurava e sugere alguma ambiguidade relativa ao género (o nome é masculino), indiciado também pelo facto de o narrador se referir ao(s) seu(s) amor(es), sem especificar se se trata do género masculino ou feminino (excluindo a figura do primeiro namorado, Carlos). Georgina é o nome de registo da personagem, assumido pelo narrador quando ela imagina como será a sua velhice, numa atitude aparente de resignação, de assunção de uma identidade inteira e final. Uma terceira questão respeitante ao problema da complexidade da natureza humana neste conto tem a ver com a falta de amor, tema recorrente na obra de Maria Judite de Carvalho. No texto, por exemplo, George, em vez de amor, tem amores, isto é, relações frágeis e efémeras, passageiras, todas provisórias, como provisórias são as casas e as cidades onde mora.
  • 20. • Essa ausência de afeto e a solidão que afeta as personagens da obra da escritora – tanto homens como mulheres – têm como consequência, se não a morte, uma espécie de morte em vida, «uma existência desprovida de sentido que, ao longo dos anos que nas suas memórias se vão confundindo, se arrasta e pesa mais do que a própria morte.". A vida, metaforicamente vista como uma viagem, é complexa, tanto na juventude como na velhice. Famosa além-fronteiras, George configura o protótipo da mulher independente e profissionalmente realizada, aparente sem razões para lamentar o passado e, ainda medos, recear o futuro. No entanto, esse medo assalta-a de forma imprevista e cruel no momento em que regressa à sua terra natal e que vai suscitar um confronto quer com o passado quer com o futuro. Em relação a George, não por acaso, é personagem-título, o que já confere aspeto de alteridade e paralelismo, possibilidade de ser ambas, compor-se por outro. No trabalho da autora com a palavra, revelam-se um momento e um sujeito em que uma ou outra condição, resulta igual, complementa o todo, distingue sem trazer diferenciações que afastem possibilidades de ser. Um texto que trabalha o encontro, o reencontro a partir das palavras. Na condição de composta a palavra, George, sendo nome, vem, de certa forma, pondo a questão de identidade equalizada, já resolvida pela aceitação do múltiplo, sem problematização ou conflitos em relação a essa condição sem individualidade. Ou, pelo contrário, reafirmando um ser isolado. Esse aspeto será apontado ao final Comentadas as questões referentes à nomeação de texto e de personagem, na mesma proposta, os comentários prosseguem para a abordagem voltada para- George, com atenção ao encontro com ela, ela mesma e com ela, outra/o(s). O nome George, como já observado, flexiona a fronteira de nacionalidade. O nome desfaz a marca identitária que prende ser à nação de origem e, assim, põe em pauta no texto mais esse aspeto que já perde a rigidez fora do ficcional. Um país ou outro país resulta em espaço sem rígidas fronteiras para o sujeito. Desfaz-se, linguisticamente, um padrão identitário. Uma nomeação que o vincule a um, excluindo o outro, é produto de valores culturais já abalados. Outra faceta de alteridade, que flexibiliza fronteiras, liga-se à definição de gênero pelo nome. O nome George acomoda os ambos. A marca de identidade tradicionalmente masculina se dilui ao nomear uma mulher. George, ela ou ele, possibilidade de alteridade, de nomeação de ambos. Em relação à nomeação da personagem, o trabalho com a palavra é demonstração excecional de que a fragmentação, literalmente, totaliza o ser. George, a personagem, sendo uma, admite três nomes: Gi, George e Georgina. George, vocábulo, se desfaz para acomodar as outras, elas mesmas. O nome acomoda, por variação, seja pelo acréscimo, seja pela redução, as possibilidades de ser. Ela, George, é no tempo textual, Gi, a jovem, é Georgina, a velha. Na expressão vocabular da jovem, há a construção pela supressão de elementos formais, denotando ser completo, mas não totalizado frente a si mesma. Tempo anterior, passado incompleto, ainda faltando vivências, apenas GI. Por outro lado, em Georgina, se pode reconhecer o acréscimo Ina, em que a posição sufixal acomoda a condição de ser mais completo e também a significação de tempo final, a velhice.
  • 21. Concluindo-se, com este trabalho, uma breve análise do conto George, da ficcionista portuguesa contemporânea Maria Judite de Carvalho. Este texto está inserido no último livro publicado em vida pela escritora: Seta despedida (1995). Pretendendo-se focalizar uma questão que parece fundamental nesse conto: a identidade, que se constitui, aqui, fragmentada, descentrada, delirante de momento para momento, verdadeira celebração móvel, ao abordar a identidade do sujeito pós-moderno. A partir deste tema central, surgem outros, igualmente importantes na análise e compreensão do conto citado, como a dissolução de posições cristalizadas atribuídas aos gêneros (George, termo ambíguo, aparentemente masculino, constitui o nome de uma personagem feminina que protagoniza o conto), a trajetória da personagem, que emblemaria simbolicamente a sociedade do simulacro e caracteriza-se pela constante deriva, e fuga interminável de um sujeito que erra pelo mundo e pelo interior de si mesmo, conflituando –se num monologo aparentemente por desapego a materialismos pouco ou nada relevantes duma penumbra de ser ansiado pela leveza subtil e suave da liberdade!