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ISSN 1808-3757
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Investigando a promoção da leitura em ambientes escolares
Patrícia de Sousa Borges
pati.patriciadesousaborges@gmail.com
Pibid/Capes/UERGS
Ranielly Boff Scheffer
Pibid/Capes/UERGS
Cristina Rolim Wolffenbüttel
Pibid/Capes/UERGS
Resumo: esta comunicação apresenta uma pesquisa em andamento originada da realização do
projeto de extensão “A Arte de Ler”, aprovado no Edital Interno de Financiamento de Projetos de
Extensão 03/2012/Uergs. Vincula-se, também, às atividades desenvolvidas junto ao Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência (Pibid/Capes/Uergs), como as visitas dos estudantes
bolsistas à biblioteca de uma das escolas em que o projeto é desenvolvido. O convívio com este
cotidiano escolar originou alguns questionamentos relacionados à leitura, como: Os livros desta
biblioteca são trabalhados em sala de aula? Quais são as obras literárias trabalhadas em sala de
aula? De que forma é trabalhada a literatura pelos professores de português? Como as artes
poderiam colaborar para o incentivo da leitura? Assim, esta pesquisa objetiva investigar práticas
pedagógicas relacionadas à leitura realizadas na escola e, posteriormente, construir estratégias
pedagógico-artísticas para ampliar os índices de leitura da escola. Durante as visitas à escola foram
realizadas entrevistas com três professoras responsáveis pela disciplina de Língua Portuguesa. Além
das entrevistas foram realizadas observações do cotidiano escolar. Apesar de ainda não estar
concluída a investigação, a coleta dos dados realizada até o momento permite inferir que as ações de
leitura no ambiente escolar são insuficientes e, muitas vezes, ineficazes, dificultando a formação de
leitores e, assim, dificultando a ampliação dos Índices de Desenvolvimento da Educação Básica
(IDEB).
Palavras-chave: promoção da leitura; atividades literárias escolares; proposta artístico pedagógica.
Introdução
Esta comunicação apresenta uma pesquisa em andamento originada da
realização do projeto de extensão “A Arte de Ler”, aprovado no Edital Interno de
Financiamento de Projetos de Extensão 03/2012/Uergs. Vincula-se, também, às
atividades desenvolvidas junto ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a
Docência (Pibid/Capes/Uergs), como as visitas dos estudantes bolsistas à biblioteca
de uma das escolas em que o projeto é desenvolvido.
O projeto “A Arte de Ler” constitui-se um conjunto de ações pedagógico-
artísticas de cunho interdisciplinar, envolvendo ensino, pesquisa e extensão, com
vistas à promoção da leitura junto a professores, estudantes e comunidades
escolares de escolas públicas da cidade de Montenegro. É desenvolvido por
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estudantes dos cursos de Graduação: Licenciatura, nas áreas de Artes Visuais,
Dança, Música e Teatro, integrantes do Pibid/Capes/Uergs.
A partir do projeto “A Arte de Ler”, das visitas feitas à biblioteca da escola,
bem como do convívio com o cotidiano escolar desta escola originaram alguns
questionamentos relacionados à leitura, como: Os livros desta biblioteca são
trabalhados em sala de aula? Quais são as obras literárias trabalhadas em sala de
aula? De que forma é trabalhada a literatura pelos professores de português? Como
as artes poderiam colaborar para o incentivo da leitura?
Partindo destas questões, a presente pesquisa objetiva investigar práticas
pedagógicas relacionadas à leitura realizadas em uma escola na cidde de
Montenegro, e construir estratégias pedagógico-artísticas para contribuir com a
ampliação dos índices de leitura e do IDEB da escola.
Pressupostos Teóricos
A leitura é o caminho mais importante para se chegar ao conhecimento.
Portanto, a necessidade da familiarização das pessoas com os livros desde o
primeiro ano de vida é primordial.
Ninguém nasce um leitor, é preciso aprender a gostar da leitura. O hábito de
ler histórias ajuda a colocar crianças, jovens e adultos em contato com o mundo da
leitura, aumentando seu vocabulário e a sequência de ideias. De acordo com Jolibert
(1994):
É lendo que nos tornamos leitores e não aprendendo primeiro para poder ler
depois: não é legítima instaurar uma defasagem nem no tempo, nem na
natureza da atividade entre “aprender a ler” e “ler”... não se ensina a ler com
a nossa ajuda... a ajuda lhe vem do confronto com as proporções dos
colegas com quem está trabalhando, porém é ela quem desempenha a
parte inicial de seu aprendizado. (JOLIBERT, 1994, p.14).
A leitura participa ativamente do processo educativo, sendo importante que
seja desenvolvida com base, também, em práticas prazerosas. Por conseguinte,
para que se desenvolva o gosto pela leitura, faz-se necessário desenvolvê-la como
alternativa de lazer desde a infância. De acordo com Souza (2009), os adultos fazem
o papel de intermediários entre os livros e as crianças. Desse modo, já no ambiente
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familiar os pais, como educadores, possibilitam o primeiro contato com a leitura que
desperta a curiosidade e o imaginário da criança por meio da contação de histórias,
por exemplo.
De acordo com Freire (1989), a leitura deve ser apresentada minuciosamente
para as crianças, decifrando-a, trabalhando-a de modo a incentivá-la para o ato de
ler. Para tanto se faz necessário apresentar o que foi descrito por tal palavra, de
forma que esse objeto possa proporcionar-lhe sentido, pois dessa maneira a busca e
o gosto pelo mundo das palavras, isto é, da leitura e da escrita, se intensifica. Assim,
a leitura ganha vida e as pessoas tornam sua prática um hábito.
Ao entrar para a escola e, tendo certa familiaridade com o livro, a criança
potencializará o trabalho dos professores e bibliotecários, que passarão a ser,
também, responsáveis pelo processo de formação de leitores (SOUZA, 2009).
Todavia, nem sempre é possível que, nos lares, os estudantes tenham este contato
inicial com a leitura. Mesmo assim, Hoffmann (1996) enfatiza a importância da
leitura. Para a autora,
ensinar a gostar de ler deve ser a preocupação de todos os educadores
que, em nossa sociedade se dão conta de que a alfabetização não pode ser
uma atividade apenas mecânica e didática desligada do contexto cultural e
das motivações mais profundas que o ato de ler pode despertar no eventual
ou potencial leitor, em especial na criança. (HOFFMANN, 1996, p.19).
Outro fator preponderante para a formação do hábito da leitura, em se
tratando do ambiente escolar, é o espaço da biblioteca.
Para Carvalho (2006), a biblioteca é “um dos mais antigos sistemas de
informação existentes na história da humanidade, é considerada pólo de irradiação
cultural de grande significação. Inerente à sua própria condição tem o papel de
motivar o leitor para o livro e a leitura” (p. 11).
De acordo com Amato (1989), a biblioteca escolar é um setor na escola que
dedica cuidados especiais à criança e ao adolescente. Assim, as bibliotecas são um
dos meios educativos, um recurso indispensável para o desenvolvimento do
processo de ensino e aprendizagem, bem como para a formação do estudante.
O conceito e as explicações para a palavra biblioteca vêm se transformando e
se ajustando por meio da própria história do desenvolvimento das bibliotecas. De
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acordo com Fonseca (1992) o conceito de biblioteca é “menos como coleção de
livros e outros documentos, devidamente classificados e catalogados do que como
assembléia de usuários da informação” (p.60). Nesse sentido e, conforme Pimentel,
Bernardes e Santana (2007), “as bibliotecas não devem ser vistas como simples
depósitos de livros. Elas devem ter seu foco voltado para as pessoas no uso que
essas fazem da informação oferecendo meios para que esta circule da forma mais
dinâmica possível” (p.22).
Desse modo, conforme explicam Pimentel, Bernardes e Santana (2007):
É importante entender que a tipologia de cada biblioteca nos ajuda não só a
perceber a função social de cada uma, como também requer um
conhecimento mais apurado da comunidade na qual a biblioteca está
inserida, evidenciando principalmente suas necessidades e seus anseios
por informação e hábitos culturais. Ter conhecimento das necessidades da
comunidade é que propiciará o estabelecimento de diretrizes e ações que
permitirão alcançar os resultados almejados com o fazer cultural e
educacional. (PIMENTEL, BERNARDES, SANTANA, 2007, p.23).
Entendendo, portanto, a importância da leitura para a escolarização e da
função essencial da biblioteca escolar neste processo, apresenta-se a metodologia
que está sendo desenvolvida para a realização desta investigação sobre as práticas
pedagógicas relacionadas à leitura realizadas em um escola da cidade de
Montenegro e a construção de estratégias pedagógico-artísticas para a ampliação
dos índices de leitura e do IDEB da escola.
Percursos metodológicos
Para a realização desta investigação organizou-se uma metodologia que
permita alcançar os objetivos da mesma. Optou-se pela abordagem qualitativa e
pelas técnicas de coleta dos dados baseadas na realização de entrevistas e
observações.
Durante as visitas à escola foram realizadas entrevistas com três professoras
responsáveis pela disciplina de Língua Portuguesa junto à 8ª série do Ensino
Fundamental.
Ao tratar da entrevista DeMarrais (2004) utiliza o termo entrevista qualitativa
para os métodos nos quais os pesquisadores obtêm informações com os
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participantes, através de conversas longas e focadas. De acordo com a autora, as
entrevistas qualitativas são utilizadas quando se pretende empreender pesquisas
com o objetivo de aprofundar conhecimentos sobre os participantes, relacionados a
fenômenos particulares, experiências, ou conjuntos de experiências.
Além das entrevistas foram realizadas observações do cotidiano escolar.
Durante as observações foram registradas situações presenciadas na coleta dos
dados em um Caderno de Campo. A autora Belei (2008) alerta para o fato de que
uma observação só é fidedigna quando
o observador é preciso e seus registros são confiáveis. Não basta apenas
colocar-se próximo ao objeto de estudo e olhá-lo. Deve-se olhar e registrar.
Muitas vezes é preciso mais de uma pessoa para observar e registrar ao
mesmo tempo, devendo haver concordância entre os registros. Como prova
de fidedignidade, as anotações são comparadas entre o tempo, tamanho e
tipo de anotação por cada um. (BELEI, 2008, p. 191-192)
Com base neste alerta de Belei (2008) e planejando do percurso
metodológico desta pesquisa, os dados foram coletados e organizados com vistas à
categorização e posterior análise (BARDIN, 2009). O próximo passo consiste na
análise dos dados, etapa que está em fase de andamento no momento. Todavia,
apresentam-se alguns dos dados já coletados até a etapa atual sendo possível
apresentar algumas análises e possíveis inferências.
Alguns resultados e análises preliminares
Apesar de a pesquisa ainda não estar concluída, os dados coletados e
analisados até o presente momento permitem inferir algumas conclusões para a
pesquisa, como a constatação da realização de ações insuficientes e ineficazes de
leitura no ambiente escolar.
A partir dos relatos apresentados nas entrevistas das três professoras da
disciplina de Língua Portuguesa destacou-se a falta de um profissional presente na
biblioteca da escola até o final do ano de 2012, impossibilitando os estudantes de
retirar livros e visitar este espaço.
As retiradas de livros na biblioteca dependiam dos próprios professores, que
eram os únicos autorizados a fazer retiradas, sendo eles os responsáveis pelo
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material. Em 2013 a situação mudou, pois a escola passou a dispor de uma
bibliotecária de segunda-feira à sexta-feira durante o turno da tarde.
Outro problema que apareceu foi a falta de acervo literário adequado na
biblioteca e a falta de organização deste acervo, o que dificulta o trabalho do
professor quando este decide desenvolver uma atividade relacionada à leitura. Além
disso, obras que poderiam ser trabalhadas em sala de aula têm poucos exemplares
à disposição, incapacitando o desenvolvimento de um estudo coletivo por parte da
turma.
Uma das professoras entrevistadas convidou-nos a observar uma de suas
aulas, na qual seriam feitas apresentações de livros cuja leitura foi proposta para a
turma. A turma foi dividida em quatro grupos, sendo que apenas dois dos grupos
tinham efetuado a tarefa solicitada pela professora.
Este tipo de ocorrência parece demonstrar, de certo modo, um pouco das
dificuldades pelas quais algumas proposições de incentivo à leitura podem passar
em ambientes escolares. Todavia, não deveria ser algo para desestimular práticas
ou proposições desta natureza.
A questão da falta de motivação para a leitura não é algo sentido, apenas, na
escola pesquisada. Diversas instituições escolares têm relatado, em todo o Brasil,
problemas desta natureza. Os dados originados desta observação remetem ao que
explicam Pimental, Bernardes e Santana (2007):
Cabe também ao mediador de leitura preparar o local e acolher a
comunidade escolar. Ele deve estar preparado para receber os diversos
tipos de leitores e os não-leitores. Seu trabalho pode ser comparado ao do
agricultor que consiste em preparar a terra, adubar, jogar as sementes,
irrigar e mais tarde colher. O mediador prepara o local, deixa-o agradável e
receptivo. Depois o enche de livros e textos. E começa a jogar as sementes:
lê, conta, dramatiza histórias, declama poesias, explora as ilustrações e
realiza outras atividades criativas. Então, precisa cuidar, irrigar o
pensamento periodicamente, não deixar secar o imaginário e a fantasia. É o
momento de estar sempre seduzindo, chamando para novas atividades. E,
enfim, o mais gostoso, compartilhar os frutos daqueles que foram
germinados e, deste momento em diante, passam a ser autônomos e
buscam livremente suas leituras. Pode parecer árduo o trabalho do
mediador de leitura, mas, com certeza, se ele for um leitor apaixonado,
essas tarefas serão prazerosas, pois a cada dia novas descobertas vão
surgindo (PIMENTEL, BERNARDES, SANTANA, 2007, p.85-86).
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Em continuidade à proposta desta professora, a mesma decidiu que todos os
grupos deveriam apresentar o trabalho na próxima aula. Na aula seguinte observou-
se a apresentação dos grupos sendo que os integrantes apenas faziam a leitura de
uma síntese do livro. Sendo uma proposição da professora analisa-se que estes
livros poderiam ser de realidades distantes dos estudantes e seu conteúdo, talvez,
não instigasse seus desejos de leitura. Não se postula, aqui, que todas as leituras e
todo o trabalho na escola tenha de ser prazeroso. Entende-se que, muitas vezes,
algumas atividades sejam até desinteressantes. Todavia, quando se quer iniciar o
inventivo a alguma temática ou trabalho – neste caso, o incentivo à leitura – talvez
este aspecto deva ser melhor analisado e planejado.
Pareceu, além de tudo, que a professora, talvez, não tivesse planejado
adequadamente a atividade de leitura. Talvez este tenha sido um dos fatores de não
ter alcançado êxito na proposta.
É importante que a leitura assuma uma
concepção dialética do conhecimento para a qual o pensamento é uma
etapa do processo de conformação da realidade objetiva e representa um
retorno reflexivo que interioriza o objeto. A dicotomia sujeito-objeto supera-
se no conceito que, apesar de próprio da subjetividade, também supõe e
inclui a objetividade: é um concreto pensado. O processo de conhecimento
obedece, então, ao movimento de agir sobre a realidade e recompor, no
plano do pensamento, a substantivação da realidade por meio da volta
reflexiva. Assim uma vez formulada uma série de proposições sobre a
realidade, estas orientam o sujeito na transformação dessa realidade por
meio da práxis, terceiro momento do processo do conhecimento. (...) Ao
dialogar sobre sua própria realidade, ao revisar seu contexto existencial, o
analfabeto não recebe conteúdos externos a si mesmo. O método se faz
consciência de um mundo que o alfabetizando começa a admirar e no qual
começa a admirar-se. A recomposição da objetividade (o concreto pensado)
é sempre um reencontro do alfabetizando consigo mesmo. (TORRES, 1981,
p.28-29).
Outra professora que foi entrevistada, ainda no ano de 2012, destacou a
dificuldade que sentia para desenvolver um trabalho com literatura, devido à falta de
uma bibliotecária na escola, já que os alunos não podiam retirar os livros. Além
disso, destacou a falta de acervo literário disponível na biblioteca, pois quando ela
desejava desenvolver um trabalho com um determinado livro, não havia exemplares
suficientes para toda a turma.
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Talvez o pensamento em torno de uma única proposta de leitura possa ser
um fator limitador para a ampliação das práticas de leitura no ambiente escolar.
Freire (1990) aponta que os ambientes escolares não têm oportunizado
movimentos de leitura sem ruptura entre o ato de ler o mundo e o ato de ler a
palavra causando, assim, uma dicotomia. De acordo com o autor,
a escola está aumentando a distância entre as palavras que lemos e o
mundo em que vivemos. Nessa dicotomia, o mundo da leitura é só o mundo
do processo de escolarização, um mundo fechado, isolado do mundo onde
vivemos experiências sobre as quais não lemos. Ao ler palavras, a escola
se torna um lugar especial que nos ensina a ler apenas as “palavras da
escola”, e não as “palavras da realidade”. O outro mundo, o mundo dos
fatos, o mundo da vida, o mundo no quais os eventos estão muito vivos, o
mundo das lutas, o mundo da discriminação e da crise econômica (todas
essas coisas estão aí), não tem contato algum com os alunos na escola
através das palavras que a escola exige que eles leiam. Você pode pensar
nessa dicotomia como uma espécie de “cultura do silêncio” imposta aos
estudantes. A leitura da escola mantém silêncio a respeito do mundo da
experiência, e o mundo da experiência é silenciado sem seus textos críticos
próprios. (FREIRE, 1990, p. 164).
O objetivo com relação à coleta dos dados desta professora era, também,
realizar observações, com vistas à complementação dos dados originados da
entrevista. Todavia, isso não foi possível. No entanto, este será um procedimento
que ainda será realizado.
A terceira professora de Língua Portuguesa entrevistada revelou não
desenvolver nenhum trabalho avaliativo relacionado à leitura em sala de aula. De
acordo com suas informações os estudantes têm contato com a leitura somente nos
momentos em que são levados à biblioteca e, neste momento, para fazerem leituras
livres.
Refletindo sobre a leitura e suas diversas possibilidades, talvez seja
pertinente pensar que, para além das leituras livres, também sejam oportunizadas
leitura orientadas, complementando este processo educativo da leitura. Sobre a
leitura a importância de um maior aprofundamento, Freire (1989) explica:
A insistência na quantidade de leituras sem o devido adentramento dos
textos a serem compreendidos, e não mecanicamente memorizados, revela
uma visão mágica da palavra escrita. Visão que urge ser superada. A
mesma, ainda que encarnada desde outro ângulo, que se encontra, por
exemplo, em quem escreve, quando identifica a possível qualidade de seu
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trabalho, ou não, com a quantidade de páginas escritas. (FREIRE, 1989,
p.12).
A partir de duas observações realizadas nos momentos em que a professora
ministrava sua aula constatou-se que em uma delas a professora levou os
estudantes à biblioteca, incentivando-os a escolherem livros aleatoriamente. Feita a
escolha por parte dos estudantes, estes tinham a possibilidade de lê-los na
biblioteca ou no pátio da escola; mas, como não havia uma proposta concreta de
atividade, os estudantes não realizaram a leitura ficando, apenas, folheando as
páginas dos livros, para não terem de voltar à sala de aula e fazerem exercícios de
gramática.
Refletindo sobre a importância do planejamento em qualquer atividade e,
principalmente na educação, este processo torna-se criucial no sentido de atingir os
verdadeiros propósitos da educação, primeiramente, o planejamento busca
direcionar a educação considerando o contexto nacional, regional, local e
comunitário que o indivíduo está inserido. Neste sentido, Oliveira (2007) colabora
elucidando:
Uma educação que, pelo processo dinâmico, possa ser criadora e
libertadora do homem. Planejar uma educação que não limite, mas que
liberte que conscientize e comprometa o homem diante do seu mundo. Esta
é o teor que se deve inserir em qualquer planejamento educacional.
(OLIVEIRA, 2007 p.27).
Considerações finais
Conforme dito anteriormente, esta pesquisa iniciou no segundo semestre de
2012 e encontra-se em andamento; mas, a partir dos dados já coletados, pudemos
observar que a trabalho literário desenvolvido na escola na qual estão sendo
realizadas as inserções, ainda carece de maior planejamento.
Apesar de, no ano de 2013, a escola ter passado a dispor de uma
bibliotecária no turno da tarde de segunda à sexta-feira, ainda necessita debruçar-
me mais nas questões de planejamento e estratégias para a promoção da leitura.
Ainda observou-se, mesmo com a inserção de profissional da biblioteca, que esta
prática, quando ofertada, apresenta-se tênue e parcamente, originando-se da falta
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de um acervo literário adequado, de orientações aos professores bem como de
disponibilidade dos estudantes para adentrarem no mundo da leitura.
Espera-se que, a partir este estudo, possamos contribuir para a promoção da
leitura nesta e em outras escolas. Do mesmo modo entendemos que esta pesquisa
abriu horizontes de trabalho pedagógico em nossas áreas de conhecimento, as
artes. Esta é uma continuidade do trabalho, além da finalização desta pesquisa.
Entende-se que as artes possam participar dessa promoção sem, contudo, perder
sua especificidade. Concordamos, assim, que ler e escrever são compromissos de
todas as áreas (NEVES, et al., 2000).
Referências
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa, Portugal: Edições 70, LDA, 2009.
BELEI, R. A., PASCHOAL, S. R. G., NASCIMENTO, E. N., MATSUMOTO, P. H. V.
R. O uso de entrevista, observação e videogravação em entrevista qualitativa.
Cadernos de Educação, Pelotas, v.30, p.187-199, jun. 2008.
CARVALHO, Kátia de. Disseminação da informação e biblioteca: passado, presente
e futuro. In: CARVALHO, Kátia de; SCHWARZELMÜLLER, Anna Fredericka. (Orgs.).
O ideal de disseminar: novas perspectivas, outras percepções. Salvador: EDUFBA,
2006. p. 9-27.
DEMARRAIS, K. Qualitative interview studies: learning through experience. In:
DEMARRAIS, K.; LAPAN, S. D. (ed.). Foundations for research methods of inquiry in
education and the social sciences. London, Mahwah, New Jersey: Lawrece Erlbaum
Associates, 2004.
FONSECA, Edson Nery da. Introdução à biblioteconomia. São Paulo: Pioneira, 1992.
FREIRE, P. Medo e ousadia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
ISSN 1808-3757
11
____. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo:
Cortez, 1989.
HOFFMANN, Rosemira da Silva. A aprendizagem da criança pela leitura.
Florianópolis: UFSC, 1996.
JOLIBERT, J. Formando crianças leitoras. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
NEVES, Iara C. B. et al (Org). Ler e escrever: compromisso de todas as áreas. 3 ed.,
Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2000.
OLIVEIRA, Dalila de Andrade. Gestão democrática da educação: desafios
contemporâneos. 7ª edição. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.
PIMENTEL, Graça; BERNARDES, Liliane; SANTANA, Marcelo. Biblioteca escolar.
Brasília: Universidade de Brasília, 2007.
SOUZA, Juliana Daura de. A biblioteca e o bibliotecário escolar no processo de
incentivo à leitura: uma pesquisa bibliográfica. Trabalho de Conclusão do Curso de
Graduação em Biblioteconomia, do Centro de Ciências da Educação da
Universidade Federal de Santa Catarina. 2009.
TORRES, Carlos Alberto. Gramsci e a Educação Popular na América Latina.
Percepções do debate brasileiro. In: Currículo sem fronteiras. Vol 4. nº 2. pgs. 33-50.
jul-dez de 2004.

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  • 1. ISSN 1808-3757 1 Investigando a promoção da leitura em ambientes escolares Patrícia de Sousa Borges pati.patriciadesousaborges@gmail.com Pibid/Capes/UERGS Ranielly Boff Scheffer Pibid/Capes/UERGS Cristina Rolim Wolffenbüttel Pibid/Capes/UERGS Resumo: esta comunicação apresenta uma pesquisa em andamento originada da realização do projeto de extensão “A Arte de Ler”, aprovado no Edital Interno de Financiamento de Projetos de Extensão 03/2012/Uergs. Vincula-se, também, às atividades desenvolvidas junto ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência (Pibid/Capes/Uergs), como as visitas dos estudantes bolsistas à biblioteca de uma das escolas em que o projeto é desenvolvido. O convívio com este cotidiano escolar originou alguns questionamentos relacionados à leitura, como: Os livros desta biblioteca são trabalhados em sala de aula? Quais são as obras literárias trabalhadas em sala de aula? De que forma é trabalhada a literatura pelos professores de português? Como as artes poderiam colaborar para o incentivo da leitura? Assim, esta pesquisa objetiva investigar práticas pedagógicas relacionadas à leitura realizadas na escola e, posteriormente, construir estratégias pedagógico-artísticas para ampliar os índices de leitura da escola. Durante as visitas à escola foram realizadas entrevistas com três professoras responsáveis pela disciplina de Língua Portuguesa. Além das entrevistas foram realizadas observações do cotidiano escolar. Apesar de ainda não estar concluída a investigação, a coleta dos dados realizada até o momento permite inferir que as ações de leitura no ambiente escolar são insuficientes e, muitas vezes, ineficazes, dificultando a formação de leitores e, assim, dificultando a ampliação dos Índices de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). Palavras-chave: promoção da leitura; atividades literárias escolares; proposta artístico pedagógica. Introdução Esta comunicação apresenta uma pesquisa em andamento originada da realização do projeto de extensão “A Arte de Ler”, aprovado no Edital Interno de Financiamento de Projetos de Extensão 03/2012/Uergs. Vincula-se, também, às atividades desenvolvidas junto ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência (Pibid/Capes/Uergs), como as visitas dos estudantes bolsistas à biblioteca de uma das escolas em que o projeto é desenvolvido. O projeto “A Arte de Ler” constitui-se um conjunto de ações pedagógico- artísticas de cunho interdisciplinar, envolvendo ensino, pesquisa e extensão, com vistas à promoção da leitura junto a professores, estudantes e comunidades escolares de escolas públicas da cidade de Montenegro. É desenvolvido por
  • 2. ISSN 1808-3757 2 estudantes dos cursos de Graduação: Licenciatura, nas áreas de Artes Visuais, Dança, Música e Teatro, integrantes do Pibid/Capes/Uergs. A partir do projeto “A Arte de Ler”, das visitas feitas à biblioteca da escola, bem como do convívio com o cotidiano escolar desta escola originaram alguns questionamentos relacionados à leitura, como: Os livros desta biblioteca são trabalhados em sala de aula? Quais são as obras literárias trabalhadas em sala de aula? De que forma é trabalhada a literatura pelos professores de português? Como as artes poderiam colaborar para o incentivo da leitura? Partindo destas questões, a presente pesquisa objetiva investigar práticas pedagógicas relacionadas à leitura realizadas em uma escola na cidde de Montenegro, e construir estratégias pedagógico-artísticas para contribuir com a ampliação dos índices de leitura e do IDEB da escola. Pressupostos Teóricos A leitura é o caminho mais importante para se chegar ao conhecimento. Portanto, a necessidade da familiarização das pessoas com os livros desde o primeiro ano de vida é primordial. Ninguém nasce um leitor, é preciso aprender a gostar da leitura. O hábito de ler histórias ajuda a colocar crianças, jovens e adultos em contato com o mundo da leitura, aumentando seu vocabulário e a sequência de ideias. De acordo com Jolibert (1994): É lendo que nos tornamos leitores e não aprendendo primeiro para poder ler depois: não é legítima instaurar uma defasagem nem no tempo, nem na natureza da atividade entre “aprender a ler” e “ler”... não se ensina a ler com a nossa ajuda... a ajuda lhe vem do confronto com as proporções dos colegas com quem está trabalhando, porém é ela quem desempenha a parte inicial de seu aprendizado. (JOLIBERT, 1994, p.14). A leitura participa ativamente do processo educativo, sendo importante que seja desenvolvida com base, também, em práticas prazerosas. Por conseguinte, para que se desenvolva o gosto pela leitura, faz-se necessário desenvolvê-la como alternativa de lazer desde a infância. De acordo com Souza (2009), os adultos fazem o papel de intermediários entre os livros e as crianças. Desse modo, já no ambiente
  • 3. ISSN 1808-3757 3 familiar os pais, como educadores, possibilitam o primeiro contato com a leitura que desperta a curiosidade e o imaginário da criança por meio da contação de histórias, por exemplo. De acordo com Freire (1989), a leitura deve ser apresentada minuciosamente para as crianças, decifrando-a, trabalhando-a de modo a incentivá-la para o ato de ler. Para tanto se faz necessário apresentar o que foi descrito por tal palavra, de forma que esse objeto possa proporcionar-lhe sentido, pois dessa maneira a busca e o gosto pelo mundo das palavras, isto é, da leitura e da escrita, se intensifica. Assim, a leitura ganha vida e as pessoas tornam sua prática um hábito. Ao entrar para a escola e, tendo certa familiaridade com o livro, a criança potencializará o trabalho dos professores e bibliotecários, que passarão a ser, também, responsáveis pelo processo de formação de leitores (SOUZA, 2009). Todavia, nem sempre é possível que, nos lares, os estudantes tenham este contato inicial com a leitura. Mesmo assim, Hoffmann (1996) enfatiza a importância da leitura. Para a autora, ensinar a gostar de ler deve ser a preocupação de todos os educadores que, em nossa sociedade se dão conta de que a alfabetização não pode ser uma atividade apenas mecânica e didática desligada do contexto cultural e das motivações mais profundas que o ato de ler pode despertar no eventual ou potencial leitor, em especial na criança. (HOFFMANN, 1996, p.19). Outro fator preponderante para a formação do hábito da leitura, em se tratando do ambiente escolar, é o espaço da biblioteca. Para Carvalho (2006), a biblioteca é “um dos mais antigos sistemas de informação existentes na história da humanidade, é considerada pólo de irradiação cultural de grande significação. Inerente à sua própria condição tem o papel de motivar o leitor para o livro e a leitura” (p. 11). De acordo com Amato (1989), a biblioteca escolar é um setor na escola que dedica cuidados especiais à criança e ao adolescente. Assim, as bibliotecas são um dos meios educativos, um recurso indispensável para o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem, bem como para a formação do estudante. O conceito e as explicações para a palavra biblioteca vêm se transformando e se ajustando por meio da própria história do desenvolvimento das bibliotecas. De
  • 4. ISSN 1808-3757 4 acordo com Fonseca (1992) o conceito de biblioteca é “menos como coleção de livros e outros documentos, devidamente classificados e catalogados do que como assembléia de usuários da informação” (p.60). Nesse sentido e, conforme Pimentel, Bernardes e Santana (2007), “as bibliotecas não devem ser vistas como simples depósitos de livros. Elas devem ter seu foco voltado para as pessoas no uso que essas fazem da informação oferecendo meios para que esta circule da forma mais dinâmica possível” (p.22). Desse modo, conforme explicam Pimentel, Bernardes e Santana (2007): É importante entender que a tipologia de cada biblioteca nos ajuda não só a perceber a função social de cada uma, como também requer um conhecimento mais apurado da comunidade na qual a biblioteca está inserida, evidenciando principalmente suas necessidades e seus anseios por informação e hábitos culturais. Ter conhecimento das necessidades da comunidade é que propiciará o estabelecimento de diretrizes e ações que permitirão alcançar os resultados almejados com o fazer cultural e educacional. (PIMENTEL, BERNARDES, SANTANA, 2007, p.23). Entendendo, portanto, a importância da leitura para a escolarização e da função essencial da biblioteca escolar neste processo, apresenta-se a metodologia que está sendo desenvolvida para a realização desta investigação sobre as práticas pedagógicas relacionadas à leitura realizadas em um escola da cidade de Montenegro e a construção de estratégias pedagógico-artísticas para a ampliação dos índices de leitura e do IDEB da escola. Percursos metodológicos Para a realização desta investigação organizou-se uma metodologia que permita alcançar os objetivos da mesma. Optou-se pela abordagem qualitativa e pelas técnicas de coleta dos dados baseadas na realização de entrevistas e observações. Durante as visitas à escola foram realizadas entrevistas com três professoras responsáveis pela disciplina de Língua Portuguesa junto à 8ª série do Ensino Fundamental. Ao tratar da entrevista DeMarrais (2004) utiliza o termo entrevista qualitativa para os métodos nos quais os pesquisadores obtêm informações com os
  • 5. ISSN 1808-3757 5 participantes, através de conversas longas e focadas. De acordo com a autora, as entrevistas qualitativas são utilizadas quando se pretende empreender pesquisas com o objetivo de aprofundar conhecimentos sobre os participantes, relacionados a fenômenos particulares, experiências, ou conjuntos de experiências. Além das entrevistas foram realizadas observações do cotidiano escolar. Durante as observações foram registradas situações presenciadas na coleta dos dados em um Caderno de Campo. A autora Belei (2008) alerta para o fato de que uma observação só é fidedigna quando o observador é preciso e seus registros são confiáveis. Não basta apenas colocar-se próximo ao objeto de estudo e olhá-lo. Deve-se olhar e registrar. Muitas vezes é preciso mais de uma pessoa para observar e registrar ao mesmo tempo, devendo haver concordância entre os registros. Como prova de fidedignidade, as anotações são comparadas entre o tempo, tamanho e tipo de anotação por cada um. (BELEI, 2008, p. 191-192) Com base neste alerta de Belei (2008) e planejando do percurso metodológico desta pesquisa, os dados foram coletados e organizados com vistas à categorização e posterior análise (BARDIN, 2009). O próximo passo consiste na análise dos dados, etapa que está em fase de andamento no momento. Todavia, apresentam-se alguns dos dados já coletados até a etapa atual sendo possível apresentar algumas análises e possíveis inferências. Alguns resultados e análises preliminares Apesar de a pesquisa ainda não estar concluída, os dados coletados e analisados até o presente momento permitem inferir algumas conclusões para a pesquisa, como a constatação da realização de ações insuficientes e ineficazes de leitura no ambiente escolar. A partir dos relatos apresentados nas entrevistas das três professoras da disciplina de Língua Portuguesa destacou-se a falta de um profissional presente na biblioteca da escola até o final do ano de 2012, impossibilitando os estudantes de retirar livros e visitar este espaço. As retiradas de livros na biblioteca dependiam dos próprios professores, que eram os únicos autorizados a fazer retiradas, sendo eles os responsáveis pelo
  • 6. ISSN 1808-3757 6 material. Em 2013 a situação mudou, pois a escola passou a dispor de uma bibliotecária de segunda-feira à sexta-feira durante o turno da tarde. Outro problema que apareceu foi a falta de acervo literário adequado na biblioteca e a falta de organização deste acervo, o que dificulta o trabalho do professor quando este decide desenvolver uma atividade relacionada à leitura. Além disso, obras que poderiam ser trabalhadas em sala de aula têm poucos exemplares à disposição, incapacitando o desenvolvimento de um estudo coletivo por parte da turma. Uma das professoras entrevistadas convidou-nos a observar uma de suas aulas, na qual seriam feitas apresentações de livros cuja leitura foi proposta para a turma. A turma foi dividida em quatro grupos, sendo que apenas dois dos grupos tinham efetuado a tarefa solicitada pela professora. Este tipo de ocorrência parece demonstrar, de certo modo, um pouco das dificuldades pelas quais algumas proposições de incentivo à leitura podem passar em ambientes escolares. Todavia, não deveria ser algo para desestimular práticas ou proposições desta natureza. A questão da falta de motivação para a leitura não é algo sentido, apenas, na escola pesquisada. Diversas instituições escolares têm relatado, em todo o Brasil, problemas desta natureza. Os dados originados desta observação remetem ao que explicam Pimental, Bernardes e Santana (2007): Cabe também ao mediador de leitura preparar o local e acolher a comunidade escolar. Ele deve estar preparado para receber os diversos tipos de leitores e os não-leitores. Seu trabalho pode ser comparado ao do agricultor que consiste em preparar a terra, adubar, jogar as sementes, irrigar e mais tarde colher. O mediador prepara o local, deixa-o agradável e receptivo. Depois o enche de livros e textos. E começa a jogar as sementes: lê, conta, dramatiza histórias, declama poesias, explora as ilustrações e realiza outras atividades criativas. Então, precisa cuidar, irrigar o pensamento periodicamente, não deixar secar o imaginário e a fantasia. É o momento de estar sempre seduzindo, chamando para novas atividades. E, enfim, o mais gostoso, compartilhar os frutos daqueles que foram germinados e, deste momento em diante, passam a ser autônomos e buscam livremente suas leituras. Pode parecer árduo o trabalho do mediador de leitura, mas, com certeza, se ele for um leitor apaixonado, essas tarefas serão prazerosas, pois a cada dia novas descobertas vão surgindo (PIMENTEL, BERNARDES, SANTANA, 2007, p.85-86).
  • 7. ISSN 1808-3757 7 Em continuidade à proposta desta professora, a mesma decidiu que todos os grupos deveriam apresentar o trabalho na próxima aula. Na aula seguinte observou- se a apresentação dos grupos sendo que os integrantes apenas faziam a leitura de uma síntese do livro. Sendo uma proposição da professora analisa-se que estes livros poderiam ser de realidades distantes dos estudantes e seu conteúdo, talvez, não instigasse seus desejos de leitura. Não se postula, aqui, que todas as leituras e todo o trabalho na escola tenha de ser prazeroso. Entende-se que, muitas vezes, algumas atividades sejam até desinteressantes. Todavia, quando se quer iniciar o inventivo a alguma temática ou trabalho – neste caso, o incentivo à leitura – talvez este aspecto deva ser melhor analisado e planejado. Pareceu, além de tudo, que a professora, talvez, não tivesse planejado adequadamente a atividade de leitura. Talvez este tenha sido um dos fatores de não ter alcançado êxito na proposta. É importante que a leitura assuma uma concepção dialética do conhecimento para a qual o pensamento é uma etapa do processo de conformação da realidade objetiva e representa um retorno reflexivo que interioriza o objeto. A dicotomia sujeito-objeto supera- se no conceito que, apesar de próprio da subjetividade, também supõe e inclui a objetividade: é um concreto pensado. O processo de conhecimento obedece, então, ao movimento de agir sobre a realidade e recompor, no plano do pensamento, a substantivação da realidade por meio da volta reflexiva. Assim uma vez formulada uma série de proposições sobre a realidade, estas orientam o sujeito na transformação dessa realidade por meio da práxis, terceiro momento do processo do conhecimento. (...) Ao dialogar sobre sua própria realidade, ao revisar seu contexto existencial, o analfabeto não recebe conteúdos externos a si mesmo. O método se faz consciência de um mundo que o alfabetizando começa a admirar e no qual começa a admirar-se. A recomposição da objetividade (o concreto pensado) é sempre um reencontro do alfabetizando consigo mesmo. (TORRES, 1981, p.28-29). Outra professora que foi entrevistada, ainda no ano de 2012, destacou a dificuldade que sentia para desenvolver um trabalho com literatura, devido à falta de uma bibliotecária na escola, já que os alunos não podiam retirar os livros. Além disso, destacou a falta de acervo literário disponível na biblioteca, pois quando ela desejava desenvolver um trabalho com um determinado livro, não havia exemplares suficientes para toda a turma.
  • 8. ISSN 1808-3757 8 Talvez o pensamento em torno de uma única proposta de leitura possa ser um fator limitador para a ampliação das práticas de leitura no ambiente escolar. Freire (1990) aponta que os ambientes escolares não têm oportunizado movimentos de leitura sem ruptura entre o ato de ler o mundo e o ato de ler a palavra causando, assim, uma dicotomia. De acordo com o autor, a escola está aumentando a distância entre as palavras que lemos e o mundo em que vivemos. Nessa dicotomia, o mundo da leitura é só o mundo do processo de escolarização, um mundo fechado, isolado do mundo onde vivemos experiências sobre as quais não lemos. Ao ler palavras, a escola se torna um lugar especial que nos ensina a ler apenas as “palavras da escola”, e não as “palavras da realidade”. O outro mundo, o mundo dos fatos, o mundo da vida, o mundo no quais os eventos estão muito vivos, o mundo das lutas, o mundo da discriminação e da crise econômica (todas essas coisas estão aí), não tem contato algum com os alunos na escola através das palavras que a escola exige que eles leiam. Você pode pensar nessa dicotomia como uma espécie de “cultura do silêncio” imposta aos estudantes. A leitura da escola mantém silêncio a respeito do mundo da experiência, e o mundo da experiência é silenciado sem seus textos críticos próprios. (FREIRE, 1990, p. 164). O objetivo com relação à coleta dos dados desta professora era, também, realizar observações, com vistas à complementação dos dados originados da entrevista. Todavia, isso não foi possível. No entanto, este será um procedimento que ainda será realizado. A terceira professora de Língua Portuguesa entrevistada revelou não desenvolver nenhum trabalho avaliativo relacionado à leitura em sala de aula. De acordo com suas informações os estudantes têm contato com a leitura somente nos momentos em que são levados à biblioteca e, neste momento, para fazerem leituras livres. Refletindo sobre a leitura e suas diversas possibilidades, talvez seja pertinente pensar que, para além das leituras livres, também sejam oportunizadas leitura orientadas, complementando este processo educativo da leitura. Sobre a leitura a importância de um maior aprofundamento, Freire (1989) explica: A insistência na quantidade de leituras sem o devido adentramento dos textos a serem compreendidos, e não mecanicamente memorizados, revela uma visão mágica da palavra escrita. Visão que urge ser superada. A mesma, ainda que encarnada desde outro ângulo, que se encontra, por exemplo, em quem escreve, quando identifica a possível qualidade de seu
  • 9. ISSN 1808-3757 9 trabalho, ou não, com a quantidade de páginas escritas. (FREIRE, 1989, p.12). A partir de duas observações realizadas nos momentos em que a professora ministrava sua aula constatou-se que em uma delas a professora levou os estudantes à biblioteca, incentivando-os a escolherem livros aleatoriamente. Feita a escolha por parte dos estudantes, estes tinham a possibilidade de lê-los na biblioteca ou no pátio da escola; mas, como não havia uma proposta concreta de atividade, os estudantes não realizaram a leitura ficando, apenas, folheando as páginas dos livros, para não terem de voltar à sala de aula e fazerem exercícios de gramática. Refletindo sobre a importância do planejamento em qualquer atividade e, principalmente na educação, este processo torna-se criucial no sentido de atingir os verdadeiros propósitos da educação, primeiramente, o planejamento busca direcionar a educação considerando o contexto nacional, regional, local e comunitário que o indivíduo está inserido. Neste sentido, Oliveira (2007) colabora elucidando: Uma educação que, pelo processo dinâmico, possa ser criadora e libertadora do homem. Planejar uma educação que não limite, mas que liberte que conscientize e comprometa o homem diante do seu mundo. Esta é o teor que se deve inserir em qualquer planejamento educacional. (OLIVEIRA, 2007 p.27). Considerações finais Conforme dito anteriormente, esta pesquisa iniciou no segundo semestre de 2012 e encontra-se em andamento; mas, a partir dos dados já coletados, pudemos observar que a trabalho literário desenvolvido na escola na qual estão sendo realizadas as inserções, ainda carece de maior planejamento. Apesar de, no ano de 2013, a escola ter passado a dispor de uma bibliotecária no turno da tarde de segunda à sexta-feira, ainda necessita debruçar- me mais nas questões de planejamento e estratégias para a promoção da leitura. Ainda observou-se, mesmo com a inserção de profissional da biblioteca, que esta prática, quando ofertada, apresenta-se tênue e parcamente, originando-se da falta
  • 10. ISSN 1808-3757 10 de um acervo literário adequado, de orientações aos professores bem como de disponibilidade dos estudantes para adentrarem no mundo da leitura. Espera-se que, a partir este estudo, possamos contribuir para a promoção da leitura nesta e em outras escolas. Do mesmo modo entendemos que esta pesquisa abriu horizontes de trabalho pedagógico em nossas áreas de conhecimento, as artes. Esta é uma continuidade do trabalho, além da finalização desta pesquisa. Entende-se que as artes possam participar dessa promoção sem, contudo, perder sua especificidade. Concordamos, assim, que ler e escrever são compromissos de todas as áreas (NEVES, et al., 2000). Referências BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa, Portugal: Edições 70, LDA, 2009. BELEI, R. A., PASCHOAL, S. R. G., NASCIMENTO, E. N., MATSUMOTO, P. H. V. R. O uso de entrevista, observação e videogravação em entrevista qualitativa. Cadernos de Educação, Pelotas, v.30, p.187-199, jun. 2008. CARVALHO, Kátia de. Disseminação da informação e biblioteca: passado, presente e futuro. In: CARVALHO, Kátia de; SCHWARZELMÜLLER, Anna Fredericka. (Orgs.). O ideal de disseminar: novas perspectivas, outras percepções. Salvador: EDUFBA, 2006. p. 9-27. DEMARRAIS, K. Qualitative interview studies: learning through experience. In: DEMARRAIS, K.; LAPAN, S. D. (ed.). Foundations for research methods of inquiry in education and the social sciences. London, Mahwah, New Jersey: Lawrece Erlbaum Associates, 2004. FONSECA, Edson Nery da. Introdução à biblioteconomia. São Paulo: Pioneira, 1992. FREIRE, P. Medo e ousadia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
  • 11. ISSN 1808-3757 11 ____. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1989. HOFFMANN, Rosemira da Silva. A aprendizagem da criança pela leitura. Florianópolis: UFSC, 1996. JOLIBERT, J. Formando crianças leitoras. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. NEVES, Iara C. B. et al (Org). Ler e escrever: compromisso de todas as áreas. 3 ed., Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2000. OLIVEIRA, Dalila de Andrade. Gestão democrática da educação: desafios contemporâneos. 7ª edição. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. PIMENTEL, Graça; BERNARDES, Liliane; SANTANA, Marcelo. Biblioteca escolar. Brasília: Universidade de Brasília, 2007. SOUZA, Juliana Daura de. A biblioteca e o bibliotecário escolar no processo de incentivo à leitura: uma pesquisa bibliográfica. Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Biblioteconomia, do Centro de Ciências da Educação da Universidade Federal de Santa Catarina. 2009. TORRES, Carlos Alberto. Gramsci e a Educação Popular na América Latina. Percepções do debate brasileiro. In: Currículo sem fronteiras. Vol 4. nº 2. pgs. 33-50. jul-dez de 2004.