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A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
       RELATO DE EXPERIÊNCIA EM UM CEI DE CURITIBA-PR

                                                  CASTRO, Gisele Yumi Freitas de – PUCPR
                                                                   gisele.castro@pucpr.br

                                                  WINKELER, Maria Sílvia Bacila - PUCPR
                                                                silvia.bacila@gmail.com


                                    Eixo Temático: Didática: Teorias, Metodologias e Práticas
                                        Agência Financiadora: não contou com financiamento


Resumo

As crianças aprendem por meio da imitação fazendo-se necessário um bom trabalho para que
possamos formar bons cidadãos e mais do que isso, bons cidadãos-leitores. A leitura como
prática social na Educação Infantil, com crianças de 2 a 5 anos, foi objeto de estudo deste
trabalho. Para tanto a vivência de três meses em um Centro de Educação Infantil (CEI) foi de
suma importância para compor esse relato. A observação possibilitou a análise da proposta da
escola sobre a leitura e a prática pedagógica nesta dimensão. Também foi aplicado um
questionário aos professores e entrevistas a algumas crianças de cinco anos, a fim de relatar a
percepção dos mesmos sobre a importância da leitura. Para a pesquisa foi utilizado da
abordagem qualitativa apontadas por Bogdan e Biklen. A utilização dos instrumentos de
coleta de informações foi baseada em Ens. Para fundamentação teórica deste estudo foram
utilizados os autores: Ferreiro, Goodman, Rego e Teberosky, os quais possibilitaram a
fundamentação sobre a leitura. Por meio das práticas capazes de proporcionar às crianças
momentos de construção do saber, a leitura nessa etapa sugere de forma prazerosa,
possibilitando às crianças o desenvolvimento de vários fatores como: imaginação, emoções,
sentimentos, ampliação contínua do vocabulário além de lhe permitir entrar em um universo
que ela irá se apropriando aos poucos: o universo letrado.


Palavras-chave: Prática Pedagógica. Leitura.Educação Infantil.



Introdução


       O presente artigo é produto de uma pesquisa realizada em um Centro de Educação
Infantil que atende crianças de 2 a 5 anos na região de Curitiba, com a finalidade de conhecer
14026



a importância da leitura para as crianças, a investigação através dessa vivência é relevante
para o aprimoramento das práticas educadoras enquanto estudantes universitárias de
Pedagogia. A vivência divide-se em momentos significativos para a estruturação do processo
evolutivo da pesquisa, bem como a organização do relatório. Esses momentos foram divididos
em: fundamentação teórica, metodologia e apresentação de análise de dados. O mesmo
apresenta os resultados de uma pesquisa realizada em duas visitas a um Centro de Educação
Infantil (CEI) de Curitiba onde foram observadas crianças de 2 a 5 anos. Observamos o
quanto à leitura pode ser prazerosa e enriquecedora quando o profissional da área da
Educação usa da criatividade e afetividade para compor a sua organização em sala de aula.
       Os resultados desta pesquisa podem permitir, em um curto espaço de tempo (foi
utilizado de três meses de vivência em ambiente escolar), uma melhor avaliação da
importância da leitura para os pequeninos. Sendo assim, a pesquisa faz-se importante à
medida que servirá de auxílio aos docentes para que possam aperfeiçoar sua prática com as
crianças, orientando-as e estimulando-as nesse processo que pode ser prazeroso para os
primeiros contatos com a linguagem escrita.
       Nosso primeiro passo foi concentrar os esforços na atualização de dados, observando a
interação, aluno, professor, recursos e a leitura de mundo, ou seja, a vivência das crianças.
Inicialmente, imaginamos que seria possível partir de planos convencionais como a roda da
leitura, que atualmente é prática diária no âmbito escolar de Educação Infantil. Utilizamos de
instrumentos para a pesquisa a realização de entrevista com as crianças e questionário para o
educador, a fim de analisarmos a importância da leitura para crianças de 2 a 5 anos em um
CEI em Curitiba – PR.
       Visando determinar um diferencial no trabalho realizado nesta escola, foram
observados: a sala de aula, o comportamento das crianças diante das atividades de leitura, os
recursos utilizados, e a satisfação das crianças e professores frente aos desafios. Realizamos
também a análise documental do Projeto Pedagógico da Escola na qual pouco se refere
especificamente à leitura.
       Contribuíram para fundamentação da pesquisa autores importantes como: Ferreiro, a
qual muito contribuiu para nos auxiliar na pesquisa; Goodman que nos trouxe uma ideia
inicial de como é trabalhada a questão da leitura nas escolas; Teberosky (1996), que relata
como o professor é importante nesse processo de leitura inicial, além desses ainda podemos
contar com Rego (1987), Sandroni (1991) entre outros. Aos quais nos possibilitaram fazer
14027



uma excelente pesquisa, que vem contribuir para a importância da leitura na Educação
Infantil.

A importância da preparação do: educador, dos recursos e da criança para o ensino e
aquisição da leitura


        Os estudos sobre a aquisição, adequação e práticas de leitura tem sido cada vez mais
recorrentes, fazendo com que o desenvolvimento de projetos nessa área tenha sustentáveis e
competentes obras de autores que elaboram pesquisas a cerca da temática “importância da
leitura”.     Conforme Ferreiro (1987) para ensinar a ler precisamos aprender técnicas e
desenvolver situações para compor o desenvolvimento da leitura. É percebido que os recursos
utilizados para a concepção da leitura interferem nos objetivos a serem alcançados. A criança
estabelece um contato com a leitura segundo a criação de uma nova realidade e em seguida
aprende a ler e desenvolve o gosto por tal atividade.
        Como exemplo, podemos citar a leitura de embalagens de alimentos, as placas nas
ruas e com o tempo adquirem percepção e leitura de mundo. De acordo com Ferreiro (1987, p.
21) “... aprender a ler começa com o desenvolvimento do sentido das funções da linguagem
escrita. Ler é buscar significado, e o leitor deve ter um propósito para buscar significado no
texto”. A leitura e escrita são práticas sociais. Sendo assim, a criança desenvolve a linguagem
falada, lida e escrita pela interação com o meio social e também fazendo ligação com o que
ela já sabe.

Como formar leitores


            Um dos projetos analisados é o projeto “Contador de histórias”, que consiste em uma
caixinha com diferentes livros de histórias, selecionados de acordo com a idade e interesse
dos alunos. O aluno escolherá o seu livro preferido dentre os que estão na caixinha, levará
para casa para ler com os pais e fazer o registro sobre a história, que poderá ser através da
escrita, de desenhos, montagem, colagem ou alguma outra forma criativa que ele preferir. Na
sala de aula, o aluno poderá apresentar para os colegas o livro que leu.
        Segundo Sandroni e Machado (1991, p.12) “a criança percebe desde muito cedo, que
livro é uma coisa boa, que dá prazer”. As crianças bem pequenas interessam-se pelas cores,
formas e figuras que os livros possuem e que mais tarde, darão significados a elas,
14028



identificando-as e nomeando-as. A partir disso, ela começa a gostar dos livros, percebe que
eles fazem parte de um mundo atraente, onde a fantasia apresenta-se por meio de palavras e
desenhos. De acordo com Sandroni e Machado (1991, p.16) “o amor pelos livros não é coisa
que apareça de repente”. É preciso ajudar a criança a descobrir o que eles podem oferecer.
Assim, pais e professores têm um papel fundamental nesta descoberta: serem estimuladores e
incentivadores da leitura. Nesse sentido pode-se dizer que a capacidade e a curiosidade pela
leitura está intimamente ligada a motivação e aos modelos de leitor ao qual as crianças vão
seguir.

A proposta do CEI sobre leitura



          Através da análise da Proposta Pedagógica do CEI podemos perceber que os
professores realmente se preocupam e trabalham com a leitura independentemente da faixa
etária das crianças, apresentando a leitura como trabalho diário realizado em sala. A proposta
apresenta como práticas de leitura:



                       •       Participação nas situações em que os adultos lêem textos de diferentes
                       gêneros como contos, poemas, notícias de jornal, informativos, parlendas, trava
                       línguas etc;
                       •       Participação em situações em que as crianças leiam, ainda que não façam de
                       maneira convencional;
                       •       Reconhecimento do próprio nome dentro do conjunto de nomes do grupo nas
                       situações em que isso se fizer necessário;
                       •       Observação e manuseio de materiais impressos como livros, revistas,
                       histórias em quadrinhos, previamente apresentado ao grupo;
                       •       Valorização da leitura como fonte de prazer e entretenimento (Projeto
                       Político Pedagógico,2009, p. 67)




          Também podemos confirmar essa informação por meio da análise do caderno de
planejamento das professoras, que apresenta todo dia a leitura de uma história diferente para
as crianças, uma vez por semana visita a biblioteca e diariamente elas trabalham com o
cantinho da leitura, onde as crianças podem manipular livros, revistas, jornais, gibis conforme
a sua preferência demonstrando cuidado pelos mesmos. Segundo Teberosky (1996, p. 25) “a
leitura diária permite às crianças um contato com a linguagem formal dos livros e com o texto
14029



escrito que as motiva a aprender, ao mesmo tempo em que condiciona suas aprendizagens
posteriores”.



A percepção de professores sobre a leitura



       Para realizar a pesquisa, o grupo utilizou a abordagem qualitativa que atende as
características apontadas por Bogdan e Biklen (1982, apud LÜDKE e ANDRÉ, 1986, p.11-
13) que são:


                       a)     A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados
                       e o pesquisador como principal instrumental – contato direto do pesquisador com o
                       ambiente e a situação real investigada;
                       b)     A análise de dados seguirá um processo indutivo – processo em que parte-se
                       do particular para o geral;
                       c)     Os dados coletados serão predominantemente descritivos – retratando as
                       perspectivas dos sujeitos;
                       d)     Preocupação com o processo é maior do que com o produto – prevalece à
                       importância de todo o processo que a pesquisa percorre;
                       e)     O significado que as pessoas dão as coisas e a sua vida são focos de atenção
                       pelo pesquisador – a preocupação do investigador é com os significados.




       Conforme Ens (2007), os instrumentos e os procedimentos de pesquisa referem-se a
determinados tipos de dados a serem coletados, podendo ser aplicados em conjunto. Para
coletar os dados foram utilizados os seguintes procedimentos: entrevista com as crianças,
questionário com os professores e análise do Projeto Político Pedagógico e dos cadernos de
planejamento das professoras. Os dados a serem apresentados estão divididos em três partes: a
proposta da escola sobre a leitura na Educação Infantil, a percepção de professores e alunos
sobre a importância da mesma.
       Foram aplicados questionários as quatro professoras que trabalham no CEI,
desenvolvendo seu trabalho com crianças de 2 a 5 anos que permanecem na escola em
período integral. Em conversa informal todas relataram que realmente o trabalho com a leitura
se faz importante e que é feito diariamente. As professoras A e B, que dão aula para a turma
do Pré I (4 anos) e Pré II (5 anos) disseram que ultimamente a visita a biblioteca não estava
sendo realizada semanalmente por problemas de falta de funcionários de quadro de
professoras auxiliares. Enquanto as professoras C (Maternal I - 2 anos) e D (Maternal II – 3
14030



anos) falaram que estavam sim indo a biblioteca regularmente conforme o solicitado pela
pedagoga.
       Quando perguntamos com que frequência elas liam para as crianças todas
responderam que diariamente. Analisando a resposta apresentada pelas professoras podemos
considerar que o trabalho com relação à leitura tem se dado de forma coerente, pois o
Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (RCN) nos apresenta que “as práticas de
leitura para as crianças que ainda não sabem ler convencionalmente têm um grande valor em
si mesmas, sendo que nem sempre são necessárias atividades posteriores” (1998, v.3, p. 141),
sendo assim o trabalho de leitura deve acontecer diariamente e não são necessárias atividades
depois da leitura, ela deve acontecer somente pelo ato de ler.
       Na segunda pergunta do questionário: “As crianças manipulam livros, jornais, revistas,
materiais escritos?” foram preenchidas da seguinte maneira: professora A, 5 vezes por
semana; professora B, igualmente a A; professora C, 2 vezes por semana e a professora D, 3
vezes por semana. Segundo Teberosky (1996, p. 85) “para entrar no mundo da escrita é
importante que as crianças interajam com uma grande diversidade de textos, já que são
capazes de produzir e reproduzir textos narrativos, descritivos, de fixação, cartazes, textos em
jornais, etc.” É observado que através da visita ao CEI que o trabalho a cerca da leitura tem se
dado com mais frequência nas salas das crianças de 4 e 5 anos (Pré I e Pré II), nessas salas já
existe um trabalho voltado para a leitura e até mesmo para o início da alfabetização. Enquanto
que, nas turmas de 2 e 3 anos (Maternais I e II) o trabalho com relação a leitura acontece, mas
não diariamente. Diante deste fato podemos perceber que erroneamente as professoras C e D
não permitem que as crianças utilizem e manipulem materiais impressos diariamente,
impossibilitando as crianças o contato direto com a leitura, o que pode acabar prejudicando-as
no futuro.
       Quando questionadas: “Com que freqüência levam as crianças a biblioteca?”, todas
deram a mesma resposta: 1 vez por semana. Segundo Sandroni (1991, p. 31) “a biblioteca é o
fator que dá oportunidade de desfazer um condicionamento, apresentando uma gama de
opções de leitura, facilitando a livre escolha da criança e promovendo um contato agradável
com os livros”. Para a autora as crianças deveriam freqüentar à biblioteca desde cedo, para
que possam aos poucos tendo um contato prazeroso com os livros e para que possam se
apropriar da escrita.
14031



       Diante disso podemos perceber que as professoras têm utilizado desse bem precioso
para o desenvolvimento das crianças que é a biblioteca. A visita a mesma é feita uma vez por
semana para que as professoras possam fazer o rodízio e também para que a mesma possa ser
limpa semanalmente.
       Ao perguntarmos se as crianças manipulavam livros elas também foram unanimes na
resposta: “Sim”, mas também reforçaram na pergunta posterior do questionário relatando que
as crianças não podem manipular os livros conforme a escolha deles e sim conforme o
material que é disponibilizado por elas. Teberosky (1996) menciona sobre a importância das
crianças escolherem o material que vão utilizar na sala isso acontece, mas na biblioteca
infelizmente não. As professoras relataram que o CEI trabalha com o cantinho da leitura
diariamente, mas também fizeram uma crítica dizendo que os materiais manipulados pelas
crianças já estão muito velhos, rasgados e mal cuidados.
       Observa-se que o cantinho da leitura é extremamente importante, pois ele permite a
criança ir se descobrindo enquanto ser leitor. E possibilita ainda um contato muito importante
com a função da leitura, à medida que vai descobrindo que as palavras escritas nos livros
servem para nomear as coisas e também para expressar emoções, sentimentos etc. Ou seja, ela
descobre que tudo o que é falado pode ser escrito e o que lhe possibilita isso é a prática de
leitura, o contato direto com os materiais escritos e um bom professor mediador.
       Na pergunta sobre qual tipo de material impresso elas mais utilizavam foram
apresentadas as respostas seguindo a ordem do que elas mais usavam para o que menos
usavam: livros, revistas e rótulos.
        Percebe-se que o livro é a preferência das professoras e também o meio que elas mais
utilizam quando se fala em leitura. Mas também é de extrema importância trabalhar com a
variedade de materiais impressos para que a criança vá descobrindo as funções da escrita e da
leitura e também a diferença entre eles. Para o Referencial Curricular Nacional para Educação
Infantil (1998, vol. 3) faz-se importante o manuseio de materiais, de textos diversos para que
as crianças conheçam de forma gradativa as características formais da linguagem e a diferença
entre os mesmos.
       Finalizando com a pergunta: “Porque a leitura na Educação Infantil é importante?”,
tivemos as seguintes respostas: professora A: “Porque possibilita a criança o contato com a
língua escrita, desenvolve a concentração, memória e a atenção da mesma, além de ampliar o
vocabulário e poder possibilitar o contato inicial e o prazer pela leitura.”, professora B:
14032



“Porque abre uma nova descoberta de mundo, onde as crianças se veem inseridas e começam
a sentir que realmente os livros são importantes.”, professora C: “É importante para o
desenvolvimento da criança.”, professora D: não respondeu.

Percepção dos alunos de cinco anos sobre a leitura



       A entrevista com as crianças foi realizada individualmente na biblioteca e se deu de
forma bem natural, deixando as crianças à vontade para responder, tornando a entrevista
quase uma conversa informal, mas sem desconfigurar seu objetivo, o de saber como as
crianças enxergam esse processo de leitura mesmo sendo tão pequenas e sem saber ao certo
aonde esse mundo mágico dos livros vai parar.
       Na primeira questão, quando questionamos se as crianças ouvem histórias todos os
dias, elas responderam que sim. Que todo dia a professora seleciona um livro para fazer a
leitura para eles. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) apresenta
a leitura como atividade permanente, pois responde às necessidades básicas de aprendizagem
e de prazer para as crianças e esses conteúdos necessitam de uma constância. Dessa forma
podemos entender que o trabalho está coerente visto que as professoras leem diariamente para
as crianças.
       Quando questionadas se aprendiam coisas através da leitura apenas duas crianças
responderam: aluno A – “Eu aprendo o nome de algumas coisas novas que eu não sabia”;
aluno B – “Eu aprendi que não pode desperdiçar a água porque se não vamos ficar sem ela”.
Assim podemos identificar que nessa idade as crianças vivenciam a leitura, mas algumas não
conseguem associar que o que aprenderam foi por meio da leitura.
       Disponibilizar para as crianças rótulos, livros e outros materiais do cotidiano são mais
significativos na composição da linguagem e a aplicação da leitura. Segundo a autora:


                       A leitura de histórias é um contato essencial com textos escritos. Histórias são um
                       modo de criação de uma imagem mental, enquanto desenhos representam imagens
                       no papel. É possível, a partir de um desenho, construir uma história. O processo é
                       um ciclo completo. (GOODMAN, 1995,p.103)


       Quanto à avaliação é muito importante não classificar os alunos. Certa vez
observamos que uma professora dividiu a sala em dois grupos e os classificou de bons e ruins.
Um dos alunos nos contou que estava feliz por estar no grupo dos bons, porém como já sabia
14033



ler e escrever a professora lhe dizia que não deveria se pronunciar nas aulas já que dominava
o assunto. Na Educação Infantil deve-se preservar o direito ao brincar, esse momento é muito
rico e significativo. Vygotsky salienta a importância do lúdico em suas pesquisas, (REGO,
1999).
         O momento de promoção do direito ao brincar ajuda a externar a vivência e contribui
para a socialização. Os valores culturais são desenvolvidos pelos adultos e por isso as crianças
precisam do nosso olhar pesquisador frente as suas leituras. Precisamos desmistificar os
processos e acreditar no entendimento das crianças e o aprendizado que eles são capazes de
absorver para logo produzir seus próprios pensamentos. Diante da realidade de nossos
tempos, com o bombardeio de informações, a criança precisa de conhecimento para que seu
desenvolvimento na leitura ocorra de forma eficiente. Para tanto percebemos que o educador
deve promover a brincadeira e um ambiente livre de todos os estereótipos. Existe o direito a
identidade e respeitar o ser livre no espaço educativo. Respeitar o diferente e o diverso
contribui para a formação cultural e o olhar sobre o ambiente, o objeto e o indivíduo.
         Segundo Ferreiro (1987), crianças que recebem estímulos têm maiores chances de
compreensão de leitura e escrita. O estímulo deve ser propagado de forma mais eficiente, em
ambiente escolar e em casa. De acordo com Goodman (1995), as salas de aula precisam
refletir os ricos ambientes alfabetizadores, nos quais as crianças estão mergulhadas fora da
escola. A criança pode experimentar o imaginário e estabelecer seus próprios parâmetros
segundo a sua realidade. Observamos também através da entrevista que os alunos gostam
muito dos livros “pop-ups”. Nesses livros as gravuras costumam “pular” para fora do livro
possibilitando maior interação e surpresa a cada momento da história relatada.
         Através da entrevista com as crianças percebe-se que o trabalho com relação à leitura
está sendo trabalhado de forma coerente fazendo com que as crianças desenvolvam várias
características de um aluno-leitor e a criticidade.



Considerações finais


         Partindo da nossa proposta inicial de analisar a importância da leitura na Educação
Infantil percebemos que muitas são as aprendizagens que as crianças fazem por meio dela.
         Verificamos que o Projeto Político Pedagógico do CEI apresenta como atividade
permanente o manuseio de livros e materiais escritos e também apresenta diversos objetivos
14034



com relação à leitura, preocupados em fazer com que as crianças não apenas manipulem
diversos materiais escritos, mas principalmente que tenham um contato com a linguagem
escrita e possam desenvolver aos poucos o prazer pela leitura.
       O Projeto também apresenta um referencial para as professoras de como deve ser o
trabalho com relação à mesma, de modo que possibilite a crianças um contato com a
linguagem oral e escrita em situações cotidianas com adultos, para capacitar as crianças ao
exercício do ato de ler (mesmo que não convencionalmente). Também podemos verificar a
percepção dos professores com relação à leitura. As crianças de cinco anos evidenciaram
muita curiosidade sobre a leitura e demonstraram que aprendem muito através dos livros.
       A leitura é um processo constante que se inicia muito cedo, em casa a partir do que a
criança tem contato no dia a dia, deve-se aperfeiçoar na escola e continuar pela vida toda. A
criança que houve histórias desde muito cedo, que tem contato com livros e materiais
impressos e que é estimulada terá um bom desenvolvimento, além é claro de ampliar
atividades básicas como: atenção, memória, concentração, memorização, aumento do
vocabulário entre outros. Percebendo que as crianças da Educação Infantil têm um enorme
desejo pela leitura e a veem como algo mágico que abre as portas para novas aprendizagens
sentimos a necessidade de pesquisar sobre: como os professores do ensino fundamental
realizam o trabalho com relação à leitura.
       Os professores que proporcionam uma leitura agradável, sem forçar, com naturalidade,
farão despertar na criança um hábito que poderá acompanhá-la pela vida. Se o professor
acreditar que além de informar, instruir ou ensinar, o livro pode dar prazer, encontrará meios
de mostrar isso à criança. E ela vai se interessar por ele, vai querer buscar no livro esta alegria
e satisfação. Tudo está em ter a chance de conhecer a grande magia que o livro proporciona.
Enfim, a leitura infantil é um amplo campo de estudos que exige do professor conhecimento
para saber adequar os livros às crianças, gerando um momento propício de prazer e
estimulação.



                                        REFERÊNCIAS


BRASIL. Referencial curricular nacional para a educação infantil / Ministério da
Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília: MEC/SEF, 1998.
Disponível em:
14035



http://www.atontecnologia.com.br/clientes/araucaria/04_arquivos/04_concursos_publicos/047
/referencial_curricular_vol1.pdf Acesso em: 24 jun de 2011.

CENTRO DE EDUCAÇÃO INFANTIL SANTA BERTILLA BOSCARDIN. Projeto
Político Pedagógico. Curitiba: 2009

ENS, Romilda Teodora. O significado da formação de professores. 2007. Disponível em: <
http://www.anped.org.br/reunioes/29ra/trabalhos/posteres/GT08-1746--Int.pdf> Acesso em:
29 set. 2010.

FERREIRO, Emilia. Os processos de leitura e escrita: novas perspectivas. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1987.

GOODMAN, Yetta M. Como as crianças constroem a leitura e a escrita. Ed.Artes Médicas
– Porto Alegre / RS, 1995.

LÜDKE, Menga e ANDRÉ, Marli E. D. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas.
São Paulo: EPU, 1986.

MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos."RCNs (Referenciais
Curriculares Nacionais)" (verbete). Dicionário Interativo da Educação Brasileira -
EducaBrasil. São Paulo: Midiamix Editora, 2002,
http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=108, visitado em 13/5/2011.

REGO, Teresa Cristina. Uma perspectiva histórico-cultural da educação.
7. ed. Petrópolis: Vozes, 1999.

SANDRONI, Laura, Machado, Luiz. A criança e o livro. São Paulo: Editora Ática, 1991.

TEBEROSKY, Ana. Além da Alfabetização. Ed. Ática, São Paulo, 1996.

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  • 1. A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELATO DE EXPERIÊNCIA EM UM CEI DE CURITIBA-PR CASTRO, Gisele Yumi Freitas de – PUCPR gisele.castro@pucpr.br WINKELER, Maria Sílvia Bacila - PUCPR silvia.bacila@gmail.com Eixo Temático: Didática: Teorias, Metodologias e Práticas Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo As crianças aprendem por meio da imitação fazendo-se necessário um bom trabalho para que possamos formar bons cidadãos e mais do que isso, bons cidadãos-leitores. A leitura como prática social na Educação Infantil, com crianças de 2 a 5 anos, foi objeto de estudo deste trabalho. Para tanto a vivência de três meses em um Centro de Educação Infantil (CEI) foi de suma importância para compor esse relato. A observação possibilitou a análise da proposta da escola sobre a leitura e a prática pedagógica nesta dimensão. Também foi aplicado um questionário aos professores e entrevistas a algumas crianças de cinco anos, a fim de relatar a percepção dos mesmos sobre a importância da leitura. Para a pesquisa foi utilizado da abordagem qualitativa apontadas por Bogdan e Biklen. A utilização dos instrumentos de coleta de informações foi baseada em Ens. Para fundamentação teórica deste estudo foram utilizados os autores: Ferreiro, Goodman, Rego e Teberosky, os quais possibilitaram a fundamentação sobre a leitura. Por meio das práticas capazes de proporcionar às crianças momentos de construção do saber, a leitura nessa etapa sugere de forma prazerosa, possibilitando às crianças o desenvolvimento de vários fatores como: imaginação, emoções, sentimentos, ampliação contínua do vocabulário além de lhe permitir entrar em um universo que ela irá se apropriando aos poucos: o universo letrado. Palavras-chave: Prática Pedagógica. Leitura.Educação Infantil. Introdução O presente artigo é produto de uma pesquisa realizada em um Centro de Educação Infantil que atende crianças de 2 a 5 anos na região de Curitiba, com a finalidade de conhecer
  • 2. 14026 a importância da leitura para as crianças, a investigação através dessa vivência é relevante para o aprimoramento das práticas educadoras enquanto estudantes universitárias de Pedagogia. A vivência divide-se em momentos significativos para a estruturação do processo evolutivo da pesquisa, bem como a organização do relatório. Esses momentos foram divididos em: fundamentação teórica, metodologia e apresentação de análise de dados. O mesmo apresenta os resultados de uma pesquisa realizada em duas visitas a um Centro de Educação Infantil (CEI) de Curitiba onde foram observadas crianças de 2 a 5 anos. Observamos o quanto à leitura pode ser prazerosa e enriquecedora quando o profissional da área da Educação usa da criatividade e afetividade para compor a sua organização em sala de aula. Os resultados desta pesquisa podem permitir, em um curto espaço de tempo (foi utilizado de três meses de vivência em ambiente escolar), uma melhor avaliação da importância da leitura para os pequeninos. Sendo assim, a pesquisa faz-se importante à medida que servirá de auxílio aos docentes para que possam aperfeiçoar sua prática com as crianças, orientando-as e estimulando-as nesse processo que pode ser prazeroso para os primeiros contatos com a linguagem escrita. Nosso primeiro passo foi concentrar os esforços na atualização de dados, observando a interação, aluno, professor, recursos e a leitura de mundo, ou seja, a vivência das crianças. Inicialmente, imaginamos que seria possível partir de planos convencionais como a roda da leitura, que atualmente é prática diária no âmbito escolar de Educação Infantil. Utilizamos de instrumentos para a pesquisa a realização de entrevista com as crianças e questionário para o educador, a fim de analisarmos a importância da leitura para crianças de 2 a 5 anos em um CEI em Curitiba – PR. Visando determinar um diferencial no trabalho realizado nesta escola, foram observados: a sala de aula, o comportamento das crianças diante das atividades de leitura, os recursos utilizados, e a satisfação das crianças e professores frente aos desafios. Realizamos também a análise documental do Projeto Pedagógico da Escola na qual pouco se refere especificamente à leitura. Contribuíram para fundamentação da pesquisa autores importantes como: Ferreiro, a qual muito contribuiu para nos auxiliar na pesquisa; Goodman que nos trouxe uma ideia inicial de como é trabalhada a questão da leitura nas escolas; Teberosky (1996), que relata como o professor é importante nesse processo de leitura inicial, além desses ainda podemos contar com Rego (1987), Sandroni (1991) entre outros. Aos quais nos possibilitaram fazer
  • 3. 14027 uma excelente pesquisa, que vem contribuir para a importância da leitura na Educação Infantil. A importância da preparação do: educador, dos recursos e da criança para o ensino e aquisição da leitura Os estudos sobre a aquisição, adequação e práticas de leitura tem sido cada vez mais recorrentes, fazendo com que o desenvolvimento de projetos nessa área tenha sustentáveis e competentes obras de autores que elaboram pesquisas a cerca da temática “importância da leitura”. Conforme Ferreiro (1987) para ensinar a ler precisamos aprender técnicas e desenvolver situações para compor o desenvolvimento da leitura. É percebido que os recursos utilizados para a concepção da leitura interferem nos objetivos a serem alcançados. A criança estabelece um contato com a leitura segundo a criação de uma nova realidade e em seguida aprende a ler e desenvolve o gosto por tal atividade. Como exemplo, podemos citar a leitura de embalagens de alimentos, as placas nas ruas e com o tempo adquirem percepção e leitura de mundo. De acordo com Ferreiro (1987, p. 21) “... aprender a ler começa com o desenvolvimento do sentido das funções da linguagem escrita. Ler é buscar significado, e o leitor deve ter um propósito para buscar significado no texto”. A leitura e escrita são práticas sociais. Sendo assim, a criança desenvolve a linguagem falada, lida e escrita pela interação com o meio social e também fazendo ligação com o que ela já sabe. Como formar leitores Um dos projetos analisados é o projeto “Contador de histórias”, que consiste em uma caixinha com diferentes livros de histórias, selecionados de acordo com a idade e interesse dos alunos. O aluno escolherá o seu livro preferido dentre os que estão na caixinha, levará para casa para ler com os pais e fazer o registro sobre a história, que poderá ser através da escrita, de desenhos, montagem, colagem ou alguma outra forma criativa que ele preferir. Na sala de aula, o aluno poderá apresentar para os colegas o livro que leu. Segundo Sandroni e Machado (1991, p.12) “a criança percebe desde muito cedo, que livro é uma coisa boa, que dá prazer”. As crianças bem pequenas interessam-se pelas cores, formas e figuras que os livros possuem e que mais tarde, darão significados a elas,
  • 4. 14028 identificando-as e nomeando-as. A partir disso, ela começa a gostar dos livros, percebe que eles fazem parte de um mundo atraente, onde a fantasia apresenta-se por meio de palavras e desenhos. De acordo com Sandroni e Machado (1991, p.16) “o amor pelos livros não é coisa que apareça de repente”. É preciso ajudar a criança a descobrir o que eles podem oferecer. Assim, pais e professores têm um papel fundamental nesta descoberta: serem estimuladores e incentivadores da leitura. Nesse sentido pode-se dizer que a capacidade e a curiosidade pela leitura está intimamente ligada a motivação e aos modelos de leitor ao qual as crianças vão seguir. A proposta do CEI sobre leitura Através da análise da Proposta Pedagógica do CEI podemos perceber que os professores realmente se preocupam e trabalham com a leitura independentemente da faixa etária das crianças, apresentando a leitura como trabalho diário realizado em sala. A proposta apresenta como práticas de leitura: • Participação nas situações em que os adultos lêem textos de diferentes gêneros como contos, poemas, notícias de jornal, informativos, parlendas, trava línguas etc; • Participação em situações em que as crianças leiam, ainda que não façam de maneira convencional; • Reconhecimento do próprio nome dentro do conjunto de nomes do grupo nas situações em que isso se fizer necessário; • Observação e manuseio de materiais impressos como livros, revistas, histórias em quadrinhos, previamente apresentado ao grupo; • Valorização da leitura como fonte de prazer e entretenimento (Projeto Político Pedagógico,2009, p. 67) Também podemos confirmar essa informação por meio da análise do caderno de planejamento das professoras, que apresenta todo dia a leitura de uma história diferente para as crianças, uma vez por semana visita a biblioteca e diariamente elas trabalham com o cantinho da leitura, onde as crianças podem manipular livros, revistas, jornais, gibis conforme a sua preferência demonstrando cuidado pelos mesmos. Segundo Teberosky (1996, p. 25) “a leitura diária permite às crianças um contato com a linguagem formal dos livros e com o texto
  • 5. 14029 escrito que as motiva a aprender, ao mesmo tempo em que condiciona suas aprendizagens posteriores”. A percepção de professores sobre a leitura Para realizar a pesquisa, o grupo utilizou a abordagem qualitativa que atende as características apontadas por Bogdan e Biklen (1982, apud LÜDKE e ANDRÉ, 1986, p.11- 13) que são: a) A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como principal instrumental – contato direto do pesquisador com o ambiente e a situação real investigada; b) A análise de dados seguirá um processo indutivo – processo em que parte-se do particular para o geral; c) Os dados coletados serão predominantemente descritivos – retratando as perspectivas dos sujeitos; d) Preocupação com o processo é maior do que com o produto – prevalece à importância de todo o processo que a pesquisa percorre; e) O significado que as pessoas dão as coisas e a sua vida são focos de atenção pelo pesquisador – a preocupação do investigador é com os significados. Conforme Ens (2007), os instrumentos e os procedimentos de pesquisa referem-se a determinados tipos de dados a serem coletados, podendo ser aplicados em conjunto. Para coletar os dados foram utilizados os seguintes procedimentos: entrevista com as crianças, questionário com os professores e análise do Projeto Político Pedagógico e dos cadernos de planejamento das professoras. Os dados a serem apresentados estão divididos em três partes: a proposta da escola sobre a leitura na Educação Infantil, a percepção de professores e alunos sobre a importância da mesma. Foram aplicados questionários as quatro professoras que trabalham no CEI, desenvolvendo seu trabalho com crianças de 2 a 5 anos que permanecem na escola em período integral. Em conversa informal todas relataram que realmente o trabalho com a leitura se faz importante e que é feito diariamente. As professoras A e B, que dão aula para a turma do Pré I (4 anos) e Pré II (5 anos) disseram que ultimamente a visita a biblioteca não estava sendo realizada semanalmente por problemas de falta de funcionários de quadro de professoras auxiliares. Enquanto as professoras C (Maternal I - 2 anos) e D (Maternal II – 3
  • 6. 14030 anos) falaram que estavam sim indo a biblioteca regularmente conforme o solicitado pela pedagoga. Quando perguntamos com que frequência elas liam para as crianças todas responderam que diariamente. Analisando a resposta apresentada pelas professoras podemos considerar que o trabalho com relação à leitura tem se dado de forma coerente, pois o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (RCN) nos apresenta que “as práticas de leitura para as crianças que ainda não sabem ler convencionalmente têm um grande valor em si mesmas, sendo que nem sempre são necessárias atividades posteriores” (1998, v.3, p. 141), sendo assim o trabalho de leitura deve acontecer diariamente e não são necessárias atividades depois da leitura, ela deve acontecer somente pelo ato de ler. Na segunda pergunta do questionário: “As crianças manipulam livros, jornais, revistas, materiais escritos?” foram preenchidas da seguinte maneira: professora A, 5 vezes por semana; professora B, igualmente a A; professora C, 2 vezes por semana e a professora D, 3 vezes por semana. Segundo Teberosky (1996, p. 85) “para entrar no mundo da escrita é importante que as crianças interajam com uma grande diversidade de textos, já que são capazes de produzir e reproduzir textos narrativos, descritivos, de fixação, cartazes, textos em jornais, etc.” É observado que através da visita ao CEI que o trabalho a cerca da leitura tem se dado com mais frequência nas salas das crianças de 4 e 5 anos (Pré I e Pré II), nessas salas já existe um trabalho voltado para a leitura e até mesmo para o início da alfabetização. Enquanto que, nas turmas de 2 e 3 anos (Maternais I e II) o trabalho com relação a leitura acontece, mas não diariamente. Diante deste fato podemos perceber que erroneamente as professoras C e D não permitem que as crianças utilizem e manipulem materiais impressos diariamente, impossibilitando as crianças o contato direto com a leitura, o que pode acabar prejudicando-as no futuro. Quando questionadas: “Com que freqüência levam as crianças a biblioteca?”, todas deram a mesma resposta: 1 vez por semana. Segundo Sandroni (1991, p. 31) “a biblioteca é o fator que dá oportunidade de desfazer um condicionamento, apresentando uma gama de opções de leitura, facilitando a livre escolha da criança e promovendo um contato agradável com os livros”. Para a autora as crianças deveriam freqüentar à biblioteca desde cedo, para que possam aos poucos tendo um contato prazeroso com os livros e para que possam se apropriar da escrita.
  • 7. 14031 Diante disso podemos perceber que as professoras têm utilizado desse bem precioso para o desenvolvimento das crianças que é a biblioteca. A visita a mesma é feita uma vez por semana para que as professoras possam fazer o rodízio e também para que a mesma possa ser limpa semanalmente. Ao perguntarmos se as crianças manipulavam livros elas também foram unanimes na resposta: “Sim”, mas também reforçaram na pergunta posterior do questionário relatando que as crianças não podem manipular os livros conforme a escolha deles e sim conforme o material que é disponibilizado por elas. Teberosky (1996) menciona sobre a importância das crianças escolherem o material que vão utilizar na sala isso acontece, mas na biblioteca infelizmente não. As professoras relataram que o CEI trabalha com o cantinho da leitura diariamente, mas também fizeram uma crítica dizendo que os materiais manipulados pelas crianças já estão muito velhos, rasgados e mal cuidados. Observa-se que o cantinho da leitura é extremamente importante, pois ele permite a criança ir se descobrindo enquanto ser leitor. E possibilita ainda um contato muito importante com a função da leitura, à medida que vai descobrindo que as palavras escritas nos livros servem para nomear as coisas e também para expressar emoções, sentimentos etc. Ou seja, ela descobre que tudo o que é falado pode ser escrito e o que lhe possibilita isso é a prática de leitura, o contato direto com os materiais escritos e um bom professor mediador. Na pergunta sobre qual tipo de material impresso elas mais utilizavam foram apresentadas as respostas seguindo a ordem do que elas mais usavam para o que menos usavam: livros, revistas e rótulos. Percebe-se que o livro é a preferência das professoras e também o meio que elas mais utilizam quando se fala em leitura. Mas também é de extrema importância trabalhar com a variedade de materiais impressos para que a criança vá descobrindo as funções da escrita e da leitura e também a diferença entre eles. Para o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998, vol. 3) faz-se importante o manuseio de materiais, de textos diversos para que as crianças conheçam de forma gradativa as características formais da linguagem e a diferença entre os mesmos. Finalizando com a pergunta: “Porque a leitura na Educação Infantil é importante?”, tivemos as seguintes respostas: professora A: “Porque possibilita a criança o contato com a língua escrita, desenvolve a concentração, memória e a atenção da mesma, além de ampliar o vocabulário e poder possibilitar o contato inicial e o prazer pela leitura.”, professora B:
  • 8. 14032 “Porque abre uma nova descoberta de mundo, onde as crianças se veem inseridas e começam a sentir que realmente os livros são importantes.”, professora C: “É importante para o desenvolvimento da criança.”, professora D: não respondeu. Percepção dos alunos de cinco anos sobre a leitura A entrevista com as crianças foi realizada individualmente na biblioteca e se deu de forma bem natural, deixando as crianças à vontade para responder, tornando a entrevista quase uma conversa informal, mas sem desconfigurar seu objetivo, o de saber como as crianças enxergam esse processo de leitura mesmo sendo tão pequenas e sem saber ao certo aonde esse mundo mágico dos livros vai parar. Na primeira questão, quando questionamos se as crianças ouvem histórias todos os dias, elas responderam que sim. Que todo dia a professora seleciona um livro para fazer a leitura para eles. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) apresenta a leitura como atividade permanente, pois responde às necessidades básicas de aprendizagem e de prazer para as crianças e esses conteúdos necessitam de uma constância. Dessa forma podemos entender que o trabalho está coerente visto que as professoras leem diariamente para as crianças. Quando questionadas se aprendiam coisas através da leitura apenas duas crianças responderam: aluno A – “Eu aprendo o nome de algumas coisas novas que eu não sabia”; aluno B – “Eu aprendi que não pode desperdiçar a água porque se não vamos ficar sem ela”. Assim podemos identificar que nessa idade as crianças vivenciam a leitura, mas algumas não conseguem associar que o que aprenderam foi por meio da leitura. Disponibilizar para as crianças rótulos, livros e outros materiais do cotidiano são mais significativos na composição da linguagem e a aplicação da leitura. Segundo a autora: A leitura de histórias é um contato essencial com textos escritos. Histórias são um modo de criação de uma imagem mental, enquanto desenhos representam imagens no papel. É possível, a partir de um desenho, construir uma história. O processo é um ciclo completo. (GOODMAN, 1995,p.103) Quanto à avaliação é muito importante não classificar os alunos. Certa vez observamos que uma professora dividiu a sala em dois grupos e os classificou de bons e ruins. Um dos alunos nos contou que estava feliz por estar no grupo dos bons, porém como já sabia
  • 9. 14033 ler e escrever a professora lhe dizia que não deveria se pronunciar nas aulas já que dominava o assunto. Na Educação Infantil deve-se preservar o direito ao brincar, esse momento é muito rico e significativo. Vygotsky salienta a importância do lúdico em suas pesquisas, (REGO, 1999). O momento de promoção do direito ao brincar ajuda a externar a vivência e contribui para a socialização. Os valores culturais são desenvolvidos pelos adultos e por isso as crianças precisam do nosso olhar pesquisador frente as suas leituras. Precisamos desmistificar os processos e acreditar no entendimento das crianças e o aprendizado que eles são capazes de absorver para logo produzir seus próprios pensamentos. Diante da realidade de nossos tempos, com o bombardeio de informações, a criança precisa de conhecimento para que seu desenvolvimento na leitura ocorra de forma eficiente. Para tanto percebemos que o educador deve promover a brincadeira e um ambiente livre de todos os estereótipos. Existe o direito a identidade e respeitar o ser livre no espaço educativo. Respeitar o diferente e o diverso contribui para a formação cultural e o olhar sobre o ambiente, o objeto e o indivíduo. Segundo Ferreiro (1987), crianças que recebem estímulos têm maiores chances de compreensão de leitura e escrita. O estímulo deve ser propagado de forma mais eficiente, em ambiente escolar e em casa. De acordo com Goodman (1995), as salas de aula precisam refletir os ricos ambientes alfabetizadores, nos quais as crianças estão mergulhadas fora da escola. A criança pode experimentar o imaginário e estabelecer seus próprios parâmetros segundo a sua realidade. Observamos também através da entrevista que os alunos gostam muito dos livros “pop-ups”. Nesses livros as gravuras costumam “pular” para fora do livro possibilitando maior interação e surpresa a cada momento da história relatada. Através da entrevista com as crianças percebe-se que o trabalho com relação à leitura está sendo trabalhado de forma coerente fazendo com que as crianças desenvolvam várias características de um aluno-leitor e a criticidade. Considerações finais Partindo da nossa proposta inicial de analisar a importância da leitura na Educação Infantil percebemos que muitas são as aprendizagens que as crianças fazem por meio dela. Verificamos que o Projeto Político Pedagógico do CEI apresenta como atividade permanente o manuseio de livros e materiais escritos e também apresenta diversos objetivos
  • 10. 14034 com relação à leitura, preocupados em fazer com que as crianças não apenas manipulem diversos materiais escritos, mas principalmente que tenham um contato com a linguagem escrita e possam desenvolver aos poucos o prazer pela leitura. O Projeto também apresenta um referencial para as professoras de como deve ser o trabalho com relação à mesma, de modo que possibilite a crianças um contato com a linguagem oral e escrita em situações cotidianas com adultos, para capacitar as crianças ao exercício do ato de ler (mesmo que não convencionalmente). Também podemos verificar a percepção dos professores com relação à leitura. As crianças de cinco anos evidenciaram muita curiosidade sobre a leitura e demonstraram que aprendem muito através dos livros. A leitura é um processo constante que se inicia muito cedo, em casa a partir do que a criança tem contato no dia a dia, deve-se aperfeiçoar na escola e continuar pela vida toda. A criança que houve histórias desde muito cedo, que tem contato com livros e materiais impressos e que é estimulada terá um bom desenvolvimento, além é claro de ampliar atividades básicas como: atenção, memória, concentração, memorização, aumento do vocabulário entre outros. Percebendo que as crianças da Educação Infantil têm um enorme desejo pela leitura e a veem como algo mágico que abre as portas para novas aprendizagens sentimos a necessidade de pesquisar sobre: como os professores do ensino fundamental realizam o trabalho com relação à leitura. Os professores que proporcionam uma leitura agradável, sem forçar, com naturalidade, farão despertar na criança um hábito que poderá acompanhá-la pela vida. Se o professor acreditar que além de informar, instruir ou ensinar, o livro pode dar prazer, encontrará meios de mostrar isso à criança. E ela vai se interessar por ele, vai querer buscar no livro esta alegria e satisfação. Tudo está em ter a chance de conhecer a grande magia que o livro proporciona. Enfim, a leitura infantil é um amplo campo de estudos que exige do professor conhecimento para saber adequar os livros às crianças, gerando um momento propício de prazer e estimulação. REFERÊNCIAS BRASIL. Referencial curricular nacional para a educação infantil / Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em:
  • 11. 14035 http://www.atontecnologia.com.br/clientes/araucaria/04_arquivos/04_concursos_publicos/047 /referencial_curricular_vol1.pdf Acesso em: 24 jun de 2011. CENTRO DE EDUCAÇÃO INFANTIL SANTA BERTILLA BOSCARDIN. Projeto Político Pedagógico. Curitiba: 2009 ENS, Romilda Teodora. O significado da formação de professores. 2007. Disponível em: < http://www.anped.org.br/reunioes/29ra/trabalhos/posteres/GT08-1746--Int.pdf> Acesso em: 29 set. 2010. FERREIRO, Emilia. Os processos de leitura e escrita: novas perspectivas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987. GOODMAN, Yetta M. Como as crianças constroem a leitura e a escrita. Ed.Artes Médicas – Porto Alegre / RS, 1995. LÜDKE, Menga e ANDRÉ, Marli E. D. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos."RCNs (Referenciais Curriculares Nacionais)" (verbete). Dicionário Interativo da Educação Brasileira - EducaBrasil. São Paulo: Midiamix Editora, 2002, http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=108, visitado em 13/5/2011. REGO, Teresa Cristina. Uma perspectiva histórico-cultural da educação. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 1999. SANDRONI, Laura, Machado, Luiz. A criança e o livro. São Paulo: Editora Ática, 1991. TEBEROSKY, Ana. Além da Alfabetização. Ed. Ática, São Paulo, 1996.