1) O documento relata a experiência da autora em se constituir como leitora, desde a infância quando ouvia lendas contadas por familiares até o ingresso no curso de pedagogia.
2) A autora descreve como as histórias em quadrinhos e bibliotecas comunitárias incentivaram seu interesse pela leitura durante a adolescência.
3) Refletir sobre seu próprio desenvolvimento como leitora permitiu à autora pensar em como incentivar a formação de leitores em sua futura prática docente.
1. A LEITURA DE MUNDO E A FORMAÇÃO DE LEITOR QUE FORMA LEITOR
Uma experiência de reflexão sobre a formação do sujeito leitor no curso de
pedagogia
Mônica de Santana Dias
Graduanda do curso de Pedagogia do DEDC I –UNEB
E-mail:monicasdias2009@hotmail.com
Rosemary Lapa de Oliveira
Professora Adjunta do DEDC I - UNEB
E-mail: rosy.lapa@gmail.com
RESUMO
Este trabalho visa relatar a minha vivência como leitora, tendo em vista que a leitura
vai além dos códigos linguísticos, considerando a “leitura de mundo” um dos
primeiros atos de ler. Esse texto memorialístico é fruto da atividade de uma prática
referendada desenvolvida pela professora Rosemary Lapa de Oliveira, no
Componente Curricular do curso de Pedagogia Referencial Teórico Metodológico de
Língua Portuguesa. Por meio dele, pude refletir sobre minha formação como leitora,
assim como sobre minha futura práxis pedagógica. Diante disso, o presente relato
aborda desde a compreensão da leitura de mundo que ocorre antes da decodificação
dos códigos linguísticos, em um processo de escuta das lendas contadas por meus
familiares no interior da Bahia sobre o homem que se transforma em lobisomem e,
depois, a percepção do que era narrado e os contextos de acontecimento do texto:
tanto o real quanto o virtual. As leituras realizadas entre as lendas e o contexto social
foram essenciais no momento de aprender a ler, pois hoje percebo que considerava a
leitura dos códigos linguísticos um complemento da interpretação que já tinha do
meu contexto. Aprendi a reconhecer as letras com o subsídio da minha mãe, isso
reforça a importância da família no processo de ensino e aprendizagem das crianças,
já com o conhecimento dos códigos linguísticos, nasceu o interesse pelas leituras das
revistas de história em quadrinhos. Logo, ao perceber o meu encantamento pelos
gibis, por ter enredos que faziam parte da minha infância, a minha mãe
disponibilizou-me as coleções dessas revistas, o que possibilitou conhecer
personagens que expressavam os mesmos sentimentos e emoções que eu tinha. Essas
histórias em quadrinhos me estimularam a buscar outras obras literárias como os
romances que fizeram parte da minha adolescência, sendo que nesse período os
acessos aos livros ocorriam por causa da presença das bibliotecas comunitárias
localizadas nos bairros, as quais disponibilizavam aos seus frequentadores o
empréstimo as variadas obras que para mim foi mais um incentivo no processo de
formação como sujeito leitor. Assim, nesse processo de recordação dos meus
momentos de leituras, percorrendo desde a infância até o início do curso de
Pedagogia, pude refletir sobre a relação do ato de ler com a minha futura ação como
pedagoga. Logo, quando adentrei no curso de licenciatura em Pedagogia, tive um
encontro com as ideias defendidas por Paulo Freire que desvenda uma pedagogia
que posiciona o sujeito como autor de sua história, contribuindo para a formação
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crítica sobre a realidade que o cerca e também com as técnicas de ensino de Célestin
Freinet, cujas propostas são vivenciadas dentro do ambiente escolar, como as aulas
passeios, que são pautadas na convivência dos educandos com a sua comunidade.
PALAVRAS CHAVES: Escrita memorialística; História em quadrinhos; Bibliotecas
comunitárias.
1. APRESENTAÇÃO
Este trabalho visa relatar a minha constituição enquanto leitora, tendo em
vista que a leitura vai além dos códigos linguísticos, considerando a “leitura de
mundo” um dos primeiros atos de ler, concordando com o que diz Freire (2011), pois
“a leitura do mundo precede a leitura da palavra”, logo a nossa formação enquanto
leitor ocorre antes da leitura dos códigos linguísticos em um complemento ao ato de
ler as palavras.
Esse texto memorialístico foi fruto da atividade em sala de aula proposto
como prática referendada desenvolvida pela professora Rosemary Lapa de Oliveira,
no Componente Curricular Referenciais Teórico-Metodológicos de Língua
Portuguesa, do curso de Pedagogia que impulsionou os discentes dessa licenciatura a
relerem o texto de Freire (2011) A importância do ato de ler e, através dele
rememorar sua história desde a infância até a entrada no curso superior em uma
reflexão sobre como se constituíram enquanto leitores e mediações pretendem
desenvolver para auxiliar o processo de constituição de leitor em seus estudantes.
A prática concebida pela professora fez-me retomar memórias de uma infância
que com as tarefas do cotidiano já não tinha tempo para pensar, considerando-se que
nem sempre como educadores temos a possibilidade de repensar em nosso
desenvolvimento de leitor desde a infância para incrementar nossas aulas e foi
justamente durante os momentos que refleti sobre minha história, em especial a de
leitora, que pude pensar em minha prática como futura docente.
Durante as aulas, eu e meus colegas falamos sobre nossas vivências enquanto
leitores tendo como base o capítulo I do livro “A importância do ato de ler” escrito
pelo autor Freire (2011), o qual relata a sua experiência com as leituras ao repensar
em sua constituição enquanto leitor, considerando a interpretação do contexto social
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uma “leitura de mundo” atitude que as crianças conseguem realizar antes da leitura
de palavras. Já com o domínio dos códigos linguísticos, a interpretação dos fatos do
cotidiano passa a contribuir para ampliação do conhecimento e como em um ciclo
essas leituras das palavras escritas possibilitam a ampliação do conhecimento de
mundo em um processo de enleituramento, segundo destacou Oliveira (2015). Nesse
circuito da leitura, o sujeito quanto mais contatos com variadas formas de textos,
maior será seu conhecimento de mundo, sendo que a medida que for praticando o
ato de ler, ativa os saberes já adquiridos em situações anteriores e com isso
constroem experiências com leitura.
2. MINHA CONSTITUIÇÃO COMO LEITORA
Deste modo, esse relato narra desde a compreensão da leitura de mundo, em
um processo de escuta das lendas contadas por meus familiares no interior da Bahia
até a percepção do que era narrado e os contextos de acontecimento do texto: tanto o
real quanto o virtual. Pois de acordo com Koch (2014) o conhecimento relacionado às
vivências pessoais permite a produção de sentido. Por isso, considero que as leituras
realizadas entre as lendas e o contexto social foram essenciais no momento de
aprender a ler, visto que hoje percebo que considerava a leitura dos códigos
linguísticos um complemento da interpretação que já tinha do meu contexto.
Concordando com Freire (2011, p.11) “a decifração da palavra fluía naturalmente da
‘leitura’ do mundo particular”. Quando esse autor iniciava seu processo de
alfabetização, demostrou que a leitura de mundo contribuiu no desenvolvimento da
aprendizagem dos códigos linguísticos.
Depois desse período, com meus avós no interior da Bahia, viajei para São
Paulo e com o subsídio da minha mãe aprendi a reconhecer as letras. Seguidamente,
comecei a ir para a escola e com a autonomia da leitura despertou-me o interesse em
ler as revistas de histórias em quadrinhos (HQs), as quais, segundo Vergueiro (2010),
são meios de comunicação consumidos em todo o mundo e apreciadas por crianças e
jovens. Logo a minha mãe percebeu o meu encantamento pelos gibis, por conter
enredos que faziam parte da minha infância, e disponibilizou-me as coleções dessas
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revistas, o que me possibilitou conhecer personagens que expressavam os mesmos
sentimentos e emoções que eu tinha em minha infância, valorizando esse período da
minha vida.
De acordo com Ariès (1981), no período medieval, não havia a descoberta da
infância, sendo que as crianças eram visualizadas como um adulto em miniatura, isso
deixa evidente que as peculiaridades das crianças não eram respeitadas. Com a
evolução afetiva no espaço familiar, essas relações promoveram uma ampliação no
conhecimento do que seria a infância, o que contribuiu para criação de objetos e de
literatura direcionadas para as crianças. Portanto, os gibis com sua linguagem
infantil, foram um incentivo ao ato ler e a presença da minha mãe e avós reforçam a
importância da família no processo de minha aprendizagem ainda criança.
Essas leituras das histórias em quadrinhos me estimularam a buscar outras
obras literárias como os romances que fizeram parte da minha adolescência, por que
essa literatura contém informações diversas que direciona o leitor a pesquisar novos
dados a fim de compreender o que foi lido anteriormente nas HQs. Para Vergueiro
(2010), a leitura de revistas em quadrinho pode contribuir para formação de leitores,
desenvolvendo hábitos de leitura de outros gêneros. Visto que, ao iniciar a leitura
por texto que consideram agradáveis, como as HQs, as crianças podem sentir mais
interesse por buscar leituras de variados livros e em outras revistas.
Após alguns anos, retornei a Salvador e imediatamente tive contato com as
bibliotecas comunitárias que se localizavam no bairro em que residia, as quais foram
essenciais para o meu desenvolvimento enquanto leitora das obras literárias
brasileiras na adolescência, pois foi à ocasião em que tive boas experiências de leitura
com obras de ficção e os mais belos romances, hábito que adquiri com as leituras das
revistas em quadrinhos na infância que revelam ser de grandes valia nesse período
da minha vida.
Essas bibliotecas comunitárias ficavam tão próximas à minha casa que eu
podia ir andando até cada uma delas. A primeira localizava-se ao lado de uma escola
pública e era administrada por uma igreja e a segunda, a biblioteca Jorge Amado,
ficava localizada no caminho que eu passava para ir à escola. Fui informada da
existência dessas bibliotecas por colegas da sala de aula, logo me inscrevi para
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receber a carteira de empréstimo para livros e me tornei figura assídua nesses locais.
Diante disso, considero que a mediação dos meus colegas de classe mostrando–me o
caminho para esses espaços de leitura contribuiu para minha constituição enquanto
leitora, pois ampliaram meus conhecimentos sobre a literatura.
Em relação à escolha dos livros, apreciava variados tipos de obras literárias, já
que durante a leitura de histórias em quadrinhos tive acesso a informações diversas,
o que colaborou para torna-me uma leitora flexível e disposta a conhecer outros
autores através de suas obras. Isso para mim foi mais um incentivo no processo de
formação enquanto leitora.
No entanto, na fase em que cursava o primeiro ano do ensino médio, a escola
pouco contribuía para o incentivo à leitura, pois os professores raramente faziam
indicações de livros e a direção da escola não oferecia um local adequado para
promover o acesso aos livros disponíveis. Segundo Oliveira (2011, p.20),
É função da escola letrar os alunos, fazendo-os ter consciência dos
diferentes contextos (situações) e prepará-los; Proporcionando
experiências com a língua em sala de aula, ensinando-os e
propiciando momentos para que eles apropriem-se dos “recursos
comunicativos” necessários, para que eles (alunos) saibam articular a
‘teoria a ‘prática’ e sejam bem sucedidos em seu desempenho em
seja lá qual for à situação (OLIVEIRA,2011, p.20).
Diante disso, percebe-se que a escola deixava de cumprir seu papel de letrar,
ao impossibilitar que os alunos frequentassem a biblioteca, visto que não ofertava um
espaço de leitura, porque os livros que deveriam estar à disposição dos estudantes,
ficavam em um quarto trancado no fundo da escola, distante do acesso dos alunos e
mesmo quando eu e outros poucos alunos iam pedir livros emprestados, não havia
funcionários para receber os estudantes que se encontravam ávidos por ler.
Assim sendo, o meu processo como sujeito leitor ocorreu com muito incentivo
da minha família, colaboradora fundamental, que forneceu as bases, quando na
infância contavam lendas e, depois, com as revistas em quadrinhos concedidas pela
minha mãe. Portanto, percebe-se que a família assume uma posição essencial no
processo de desenvolvimento na aprendizagem e consequentemente na formação
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enquanto leitor. Assim, foram essas situações familiares que mediaram a minha
constituição como leitora tanto do mundo quanto de obras literárias.
Outra contribuição que considero importante em minha experiência de leitora
foi com as bibliotecas comunitárias do bairro em que eu morava, as quais
disponibilizavam os livros para empréstimo, estimulando a leitura e valorizando o
interesse que eu e os meus colegas frequentadores desses espaços tínhamos pelo ato
de ler. Do mesmo modo, fica evidente para mim, a importância de meus colegas de
sala de aula, como mediadores, que me levaram e indicaram o caminho para
encontrar as bibliotecas do bairro.
3. REFLEXÃO SOBRE A MINHA PRÁTICA DOCENTE
Com os resultados obtidos por meio da prática referendada desenvolvida pela
professora Rosemary Lapa de Oliveira, através dessa rememoração do meu processo
como leitora e por meio de leituras das obras de autores como Paulo Freire e Célestin
Freinet, enfim consegui analisar como gostaria de atuar como formadora de leitores,
pois acredito que a leitura começa pelo ato de ler o mundo e se desenvolve pelo
enleituramento.
Portanto, em uma reflexão sobre a minha prática docente, pretendo utilizar o
diálogo para construir as aulas, tendo em vista que os alunos já possuem os
conhecimentos prévios adquiridos em suas relações sociais. Diante disso, no processo
de ensino e aprendizagem, estarei aprendendo e ensinando com os educandos em
sala de aula, concordando com o que diz Freire (1987, p.68),
Desta maneira, o educador já não é o que apenas educa, mas o que,
enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser
educado, também educa. Ambos, assim, se tornam sujeitos do
processo em que crescem juntos e em que os “argumentos de
autoridade” já não valem (FREIRE, 1987, p.68).
Sendo assim, considero que para um ensino aprendizagem por meio de
diálogos, é preciso respeitar os conhecimentos dos discentes, como afirma Freire
(1996), já que eles chegam à sala de aula possuindo saberes e experiências que
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influenciam a prática docente. Percebe-se, então, a importância da família e da
comunidade na aquisição de saberes por parte dos educandos.
Por isso que ao valorizar as experiências do educando também estamos
estimulando o interesse de estudantes ao ato de ler, pois assim como eu, conhecendo
o bairro que residia, tive acesso aos livros por meio das bibliotecas comunitárias, as
quais possibilitaram a minha constituição enquanto leitora, almejo estimular que os
estudantes conheçam sua comunidade, a fim de que encontrem espaços de cultura e
de educação, como bibliotecas e teatros, contribuindo para constituição de sujeitos
leitores críticos.
Segundo Imbernón (2012), Freinet utilizava a aula passeio para promover o
diálogo e o incentivo à escrita e à expressão oral. Por isso, pretendo utilizar a técnica
de aulas passeio da pedagogia de Freinet, assim como a impressa na escola a fim de
estimular o interesse das crianças a escreverem de forma livre suas situações do
cotidiano. Segundo Maury (1993, p.34) “a impressa na escola trouxe para o campo da
prática diária a expressão livre e a prática criadora de nossos alunos” e, assim, por
meio de impressos que circulem no ambiente, incentivar que os educandos
exponham suas ideias e vivências.
Dessa maneira, conhecendo as técnicas de ensino, como aula passeio e a
impressa na escola, desenvolvida por Freinet que despertava o interesse dos
educandos para leitura e escrita, tomando como base essa prática, buscarei valorizar
o contexto social dos educandos assim como suas experiências em uma atividade que
vai além das didáticas escolares, concordando com Maury (1993, p.34) quando diz
que:
A criança que sente um objetivo em seu trabalho, e que pode
dedicar-se por inteiro a uma atividade não mais escolar, mas social e
humana, esta criança sente que nela se libera uma poderosa
necessidade de agir, de buscar, de criar (MAURY, 1993, p.34).
Com essa expectativa de dar valor ao contexto social do aluno, almejo fazer
uma integração entre a comunidade e a escola e, com isso, conduzir meus alunos a
encontrarem espaços de aprendizagens que são disponibilizados em seus bairros.
Assim como promover a autonomia dos educandos, seguindo as ideias defendidas
por Freire (1996) em uma pedagogia da autonomia em que o professor deve respeitar
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a autonomia, dignidade e a identidade do educando e cooperar para o
desenvolvimento de sujeitos críticos que assumam uma posição de não-
silenciamento, o que segundo Oliveira (2015) ocorre por meio “da tomada de
consciência e da criticidade”.
Nessa busca por incentivar a leitura, a autonomia e a reflexão dos discentes, o
professor precisa investir em sua própria formação enquanto docente. Esse
investimento, cujo objetivo é conduzir o educando a ultrapassar a “curiosidade
ingênua”, direcionando-os por meio do rigor metódico, o qual exige a pesquisa
científica, como salienta Freire (1996), com intuito de ir além do senso comum,
reunindo a prática e a teoria no ensino.
Sendo assim, o professor precisar ser um pesquisador, um sujeito curioso e
que siga o rigor metódico conforme afirma Freire (1996) e com isso influenciar seus
educandos a pesquisarem, relacionando os conhecimentos adquiridos em sala com
suas vivências pessoais a fim de ampliar seus saberes. Essa maneira de ensinar
transpõe o ensino verticalizado em que professor é detentor do conhecimento e
direciona para uma pedagogia em que são respeitados os saberes dos educandos
assim como o conhecimento do docente, pois “não há docência sem discência” como
declara Freire (1996), logo esse formato de ensino acontece de maneira horizontal,
pois existe a reciprocidade de ambas partes em um processo de construção da
aprendizagem.
Diante disso, busco, enquanto estudante, essa vivência através da pesquisa
para que quando graduada possa ser em sala uma professora e pesquisadora, unindo
teoria científica a prática e contribuindo para formação de leitores críticos.
Para isso, como estudante, procuro investir em minha formação enquanto
leitora, dedicando-me à pesquisa científica como uma maneira de ampliar meus
saberes sobre o incentivo à leitura em sala de aula. E foi por meio dessa procura que
no período da rememoração na prática referendada pensei no tema sobre as revistas
de histórias em quadrinhos, tendo em vista que é um recurso que ainda não é
amplamente utilizado pelos professores nos anos iniciais.
Essa ferramenta pedagógica que são as HQs que por divulgações
preconceituosas, como salienta Vergueiro (2010), ainda são pouco utilizadas em sala
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de aula por serem consideradas somente um entretenimento para as crianças e não
algo que beneficie a aprendizagem e o estímulo à leitura. No entanto, nos momentos
de recordações sobre a minha constituição como leitora, pude perceber como as HQs
fizeram parte do meu processo de desenvolvimento enquanto leitora e por isso
considero esse gênero textual uma fonte de informações que amplia o repertório de
saberes dos alunos e incentiva a leitura de outras obras além de aumentar as
possibilidades de intervenções pedagógicas dos professores no ensino
aprendizagem.
Dessa forma, com intuito de ampliar as discussões sobre o uso pedagógico das
HQs em sala de aula além de mostrar a utilização assim como o valor pedagógico
desse gênero textual no ensino aprendizagem das crianças, inscrevi-me para fazer
parte do projeto leitura na escola – a constituição do sujeito leitor desenvolvido pela
professora Rosemary Lapa de Oliveira no programa de iniciação científica
promovido pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB. Nessa investigação, busco
descrever como as revistas de histórias em quadrinhos podem contribuir para o
incentivo a constituição de sujeitos leitores.
Assim sendo, por meio da pesquisa científica, procuro preparar-me à
docência, investido em minha formação como leitora para que possa incentivar a
novos leitores em sua constituição no ato de ler.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim, nesse processo de recordação dos meus momentos de leitura,
percorrendo desde a infância até o início do curso de Pedagogia, pude refletir sobre a
relação do ato de ler com a minha futura ação como pedagoga. Considerando que,
desde quando adentrei no curso de licenciatura tive encontros com as ideias
defendidas por Paulo Freire, que desvenda uma pedagogia que posiciona o sujeito
como autor de sua história, contribuindo para a formação crítica sobre a realidade
que o cerca e também com as técnicas de ensino de Célestin Freinet, cujas propostas
são vivenciadas dentro do ambiente escolar atual e que são pautadas na convivência
dos educandos com a sua comunidade.
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Como maneira de preparar-me para atuação como docente, participo de
eventos cientifico direcionados ao ensino e investido na pesquisa científica, a fim de
ser uma professora que, conhecendo a teoria, possa expandir minha prática docente
com intuito de beneficiar os educandos em sua formação enquanto leitores e em toda
a aprendizagem.
Por conseguinte, como resultado dessa reflexão conclui que como docente
espero que por meio de minha ação pedagógica colabore para que os educandos
possam encontrar estímulo para constituírem-se sujeitos leitores de livros e do
mundo.
REFERÊNCIAS
ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Trad. Dora Flaksman. 2ª
edição. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981.
IMBERNÓN, Francisco. Pedagogia Freinet. Penso Editora, 2012.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática docente. São
Paulo: Paz e Terra, 1996.
______________. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
______________. A importância do ato de ler. Em três artigos que se completam. 51
ed. São Paulo: Cortez, 2011.
KOCH, Ingedore Villaça, ELIAS, Vanda Maria. Ler e Compreender os sentidos do
texto. São Paulo: Contexto, 2014.
MAURY, Liliane. Freinet e a Pedagogia. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
OLIVEIRA, Rosemary Lapa. A Pedagogia da Rebeldia e o Enleituramento: a
constituição do sujeito leitor. Saarbrücken: Novas Edições Acadêmicas, 2015.
OLIVEIRA, Juliana Cristina Nunes de. Variações linguísticas em sala de aula,2011.
Disponível em< http://www.fals.com.br/revela12/artigo3_revelaX.pdf> Acesso em
:18 de outubro de 2015.
VERGUEIRO, Waldomiro. Uso das HQs no ensino In: RAMA, Angela.;
VERGUEIRO, Waldomiro. (Org.). Como usar as histórias em quadrinhos na sala de
aula. São Paulo: Contexto, 2010.