O documento discute a história da mídia impressa na educação, desde o jornal escolar introduzido por Celestin Freinet na década de 1930. Atualmente, o jornal escolar é usado de forma diferente, seja para desenvolver o senso crítico dos alunos ou para complementar estudos acadêmicos. Materiais impressos continuam sendo amplamente usados em salas de aula.
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História da mídia impressa na educação
1. UNICENTRO, Guarapuava/PR – 17 e 18 de junho de 2010
História da Mídia Impressa na Educação
LUSTOSA, Elem
Acadêmica do Curso de Pedagogia – Iniciação Científica
MACIEL, Margareth de Fátima
Doutorado em Educação
UNICENTRO - PARANÁ
RESUMO
Esse texto aborda a história da mídia impressa na educação, a partir do jornal escolar
utilizado na elaboração e divulgação de textos escritos por alunos que frequentavam as
escolas onde se aplicavam as técnicas propostas por Celestin Freinet. Considerado o pai
do jornal escolar, até hoje essa técnica de ensino vem motivando a leitura e a escrita em
algumas poucas escolas que adotam o seu método. Devido ao surgimento de novos
meios de comunicação, principalmente a partir da década de 1980, o jornal escolar assu-
miu um caráter diferenciado da técnica anteriormente proposta, ora configura-se como
um recurso para formar o cidadão crítico das informações veiculadas, ora para comple-
mentar os estudos de uma determinada área do conhecimento.
PALAVRAS-CHAVE: mídia impressa; mídia educacional; história; educação; cultura.
Mídia – breve conceito
A palavra Mídia é originária do latim – medium – e significa meio. É um termo
que passou a ser utilizado freqüentemente na área da Comunicação a partir da década de
1990 quando iniciaram em grande escala, as pesquisas de opinião. A mídia com essas
características está relacionada ao termo imprensa, veículo de comunicação ou
jornalismo.
Entendemos por mídia todo recurso que possui som, imagem, movimento, cores
e texto. As mídias podem ser classificadas em mídias informativas, TV, vídeo, livro,
filme, revista, rádio, jornais e, mídias interativas como a internet e vídeo games. São
esses últimos que agradam e chamam mais a atenção dos jovens, adolescentes e crianças
diante do computador.
A mídia educacional se refere ao uso pedagógico desses meios, sendo muito
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comum hoje, o professor variar os recursos a serem utilizados de acordo com as
necessidades e os objetivos propostos.
Para incorporar as novas formas de ensinar usando as mídias, é
comum o professor desenvolver em sala de aula uma prática
“tradicional”, ou seja, aquela consolidada com sua experiência
profissional – transmitindo o conteúdo para os alunos – e, num outro
momento, utilizando os recursos tecnológicos como um apêndice da
aula. São procedimentos que revelam intenções e tentativas de
integração de mídias na prática pedagógica. Revelam, também, um
processo de transição entre a prática tradicional e as novas
possibilidades de reconstruções. No entanto, neste processo de
transição, pode ocorrer muito mais uma justaposição (ação ou efeito
de justapor = pôr junto, aproximar) das mídias na prática pedagógica
do que a integração. (PRADO, online, p.01)
Em muitas escolas, a sala de aula é o local onde há, ainda, o constante uso da
escrita e da leitura de conteúdos em que os meios mais utilizados se resumem ao livro
didático e ao quadro de giz. Em muitos casos, são quase que, exclusivos, em outros
predominantes e outros ainda são mesclados com recursos audiovisuais ou informáticos.
Mas o material impresso é considerado o recurso mais presente no sistema escolar.
Podemos até afirmar, que os materiais impressos representam a tecnologia dominante e
hegemônica em grande parte dos processos de ensino e aprendizagem que ocorrem nas
escolas. E, a maioria de seu uso se deve à incorporação da imprensa como recurso
pedagógico, técnica de ensino apresentada por Celestin Freinet nos anos de 1930 e
disseminada nas escolas européias a partir da década de 1960, foi esse movimento que,
de certo modo, deu origem ao jornal escolar.
A mídia impressa na educação
A pedagogia de Freinet defendia a espontaneidade das crianças e por isso,
difundiu várias técnicas de ensino que valorizasse a expressão livre de cada aluno o que,
significava uma recusa ao intelectualismo, ao academicismo e ao excesso de
racionalismo, existentes na escola tradicional.
Começou a utilizar a imprensa para registrar e divulgar essa forma de expressão
dos alunos em que o texto devia surgir naturalmente a partir das impressões de cada um,
seja após um passeio pelo campo, uma visita a uma praça ou por meio da observação da
natureza.
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Freinet não foi o criador do jornal escolar, antes dele, Decroly havia realizado
algumas experiências educativas com jornais, mas foi com Freinet que esse recurso
ganhou amplitude e coerência, por isso é considerado referência nesse tema.
Foi em 1924 que Freinet inseriu em sua prática pedagógica a técnica da
impressão por meio da tipografia. Os textos livres eram copiados, lidos, enviados aos
correspondentes de outras escolas, arquivados nos Livros da Vida e publicados no
Jornal Escolar. A princípio todo este processo era feito à mão até o educador conseguir
uma pequena imprensa pertencente a um dos tantos artesãos que existiam na época.
Depois de adquirir e aprender a utilizá-la, Freinet introduziu a imprensa na sala
de aula e deu início ao texto impresso. Estava criada uma nova técnica de divulgação da
leitura e da escrita escolar que envolvia o método global e natural. Nesse método,
primeiro a criança produz um texto com sentido, proveniente de uma descrição ou de
uma narrativa com significado social, depois o texto é lido aos outros em sala. Da
leitura coletiva surgia o aperfeiçoamento do texto com o auxílio do professor e dos
colegas e, em seguida, o texto manuscrito passa a texto impresso.
Depois da impressão, o repositório natural das produções dos alunos era o Livro
da Vida, no qual as produções eram reunidas num volume com uma capa cartonada.
Esses Livros continham toda documentação produzida pelos alunos com temas variados
como, por exemplo, sobre a natureza, a comunidade local, a sociedade e a história.
Pode-se se considerar o livro da vida como um diário, em que o registro das idéias era
livre, o aluno escrevia no momento em que estivesse com vontade e sobre o assunto que
quisesse, não precisava ser especificamente um assunto escolar. O registro poderia
ocorrer de diversas maneiras, com desenhos, com textos manuscritos, colagens de
figuras, recortes de textos ou outra forma que encontrassem.
Essas informações eram utilizadas pedagogicamente como recurso de
aprendizagem e todo esse processo foi sistematizado em seu livro “A imprensa na
escola”, publicado em 1927.
A imprensa escolar assume-se, na pedagogia Freinet, como o principal utensílio
pedagógico e o mais importante meio de ensino, por isso referindo-se a ela, Freinet
estabeleceu uma lista de oito vantagens de se utilizar a imprensa na sala de aula.
(...) agilidade manual e coordenação harmoniosa de gestos;
acabamento mais perfeito do trabalho; exercício progressivo da
memória visual; aprendizagem natural, sem esforço, da leitura e da
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escrita; sentido permanente da construção de frases correctas (sic);
aprendizagem da ortografia por globalização e análise das palavras e
das frases simultaneamente; sentido de responsabilidade pessoal e
colectiva (sic); clima novo de uma comunidade fraterna e dinâmica.
(MARQUES, online, p. 01.)
Atualmente o texto impresso se faz mais presente que nunca nos meios
escolares, os recursos existentes hoje proporcionam ampliar cada vez mais essas
vantagens apontadas por Freinet no século passado. A produção e divulgação de
material impresso passaram a ser quase que, obrigatório, em todos os níveis de ensino.
Por isso queremos destacar a importância e a responsabilidade que se deve ter na
utilização desse material em sala de aula. Assim como, o seu uso pode favorecer a
leitura e a escrita quando utilizada para desenvolver os processos cognitivos, é
importante observar o resultado obtido quando utilizada para desenvolver a reflexão e a
crítica, bem como a criatividade no que tange às conseqüências sociais.
Os materiais impressos em sala de aula
Mesmo com o surgimento de outros recursos didáticos como os livros textos ou
recursos tecnológicos como a internet, ainda é muito predominante a utilização do
material impresso em sala de aula. Podemos citar entre esses, os livros de consulta
(enciclopédias, dicionários, atlas, manuais), os cadernos de exercícios e fichas de
trabalho, os livros de consulta (livros com imagens, livros de contos), os polígrafos, as
publicações periódicas (jornais, revistas) e as histórias em quadrinhos. (AREA, 1998).
Nosso interesse aqui é abordar especificamente a utilização do jornal escolar. Do
ponto de vista educativo a formação do leitor nos diversos níveis da escolaridade ocorre
através da leitura de textos que tratam da realidade mais próxima. Por isso o jornal, seja
ele escolar ou não, acaba por si mesmo aproximando os alunos da escrita e da leitura
pelo fato de estar em contato com algo do seu interesse e de forma sempre atualizada.
O professor pode utilizar o jornal em sala de aula como objeto de estudo para
promover “conhecimento dos meios de comunicação de maneira que desenvolvam as
habilidades e atitudes como consumidores críticos dos meios de comunicação de massa”
(AREA, 1998, p.101). Poderá ainda utilizar o jornal como um recurso complementar
aos estudos das diversas áreas do conhecimento.
Em ambos os casos, o uso do jornal escolar na atualidade se diferencia
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significativamente da proposta apresentada por Freinet, em que o aluno era incentivado
a construir o jornal a partir da sua experiência diária. Esse tipo de atividade ainda é
realizada, em parte, nas escolas de modo aleatório, como por exemplo, ao se propor a
criação de um jornal para alertar os riscos para a saúde de determinadas doenças, ou
informar sobre o período de eleições, em que os alunos recolhem informações de outros
jornais ou periódicos para divulgar o assunto, sem que esse assunto tenha feito parte
diretamente do seu cotidiano.
Isso ocorre devido a grande quantidade de informação veiculada diariamente e
pelo fato do jornal ser um recurso fácil de se adquirir ou se ter acesso.
A título de conclusão
O jornal escolar, como parte dos materiais impressos, ainda utilizados na escola,
não tem a mesma repercussão e objetivos que teve se analisarmos o trabalho realizado
por Celestin Freinet na década de 1930. Entendemos que hoje a maioria da população,
tendo acesso aos diversos veículos de comunicação e as informações que chegam de
forma quase que simultânea sobre os acontecimentos próximos e distantes, acaba
afastando a busca por essas informações através do jornal. “Antigamente, quando algo
acontecia, todos iam para a rua comprar jornais e saber o que houve. Hoje, quando algo
ocorre, todos vão para dentro de casa ligar a TV.” (LAZAREFF, ap. DINES, 1986,
p.65)
Na escola não é diferente, especialmente se os alunos têm acesso à internet. A
história se altera continuamente e com ela a comunicação, os meios de comunicação e a
forma de utilizá-la.
Com a informatização criou-se novas possibilidades de produção e divulgação
de textos que precisam ser mais bem elaborados e explorados no contexto educacional
para desenvolver qualquer forma de aprendizagem, em especial, aquela que privilegie a
reflexão e o senso crítico e criativo dos alunos.
REFERÊNCIAS
AREA, Manoel Moreira. Os meios e os materiais impressos no currículo. In: SANCHO,
Juana Maria (org.). Para uma tecnologia educacional. Porto Alegre: ARTMED, 1998.
p. 97-121.
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DINES, Alberto. O papel do jornal: uma releitura. 4. ed. São Paulo: Summus, 1986.
MARQUES, Ramiro. Célestin Freinet. Disponível em <
http://www.eses.pt/usr/ramiro/docs/etica_pedagogia/C%C3%A9lestinFreinet.pdf>
Acessado em abr. 2010.
PRADO, Maria Elisabette Brisola Brito. Salto Para O Futuro / TV ESCOLA.
Disponível em <http://www.tvebrasil.com.br/salto> Acessado em abr. 2010.
SILVA, Andreza Alves da. Assim foi a vida de Célestin Freinet. Disponível em <
http://www.ibmcomunidade.com.br/kidsmart/detLeitura.asp?
codigo_leitura=61&codigo_idioma=3> Acessado em abr. de 2010.
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