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A aia
Eça de Queirós, Contos
Era uma vez um rei, moço e valente, senhor de um reino abundante em cidades e searas,
que partira a batalhar por terras distantes, deixando solitária e triste a sua rainha e um
filhinho, que ainda vivia no seu berço, dentro das suas faixas.
A lua cheia que o vira marchar, levado no seu sonho de conquista e de fama, começava a
minguar, quando um dos seus cavaleiros apareceu, com as armas rotas, negro do sangue
seco e do pó dos caminhos, trazendo a amarga nova de uma batalha perdida e da morte do
rei, trespassado por sete lanças entre a flor da sua nobreza, à beira de um grande rio.
A rainha chorou magnificamente o rei. Chorou ainda desoladamente o esposo, que era
formoso e alegre. Mas, sobretudo, chorou ansiosamente o pai, que assim deixava o filhinho
desamparado, no meio de tantos inimigos da sua frágil vida e do reino que seria seu, sem
um braço que o defendesse, forte pela força e forte pelo amor.
Desses inimigos o mais temeroso era seu tio, irmão bastardo do rei, homem depravado e
bravio; consumido de cobiças grosseiras, desejando só a realeza por causa dos seus
tesoiros, e que havia anos vivia num castelo sobre os montes, com uma horda de rebeldes,
à maneira de um lobo que, de atalaia no seu fojo, espera a presa. Ai! a presa agora era
aquela criancinha, rei de mama, senhor de tantas províncias, e que dormia no seu berço
com seu guizo de oiro fechado na mão!
Ao lado dele, outro menino dormia noutro berço. Mas era um escravozinho, filho da bela e
robusta escrava que amamentava o príncipe. Ambos tinham nascido na mesma noite de
Verão. O mesmo seio os criara. Quando a rainha, antes de adormecer, vinha beijar o
principezinho, que tinha o cabelo louro e fino, beijava também, por amor dele, o
escravozinho, que tinha o cabelo negro e crespo. Os olhos de ambos reluziam como pedras
preciosas. Somente, o berço de um era magnífico de marfim entre brocados, e o berço de
outro, pobre e de verga. A leal escrava, porém, a ambos cercava de carinho igual, porque,
se um era o seu filho, o outro seria o seu rei.
Nascida naquela casa real, ela tinha a paixão, a religião dos seus senhores. Nenhum pranto
correra mais sentidamente do que o seu pelo rei morto à beira do grande rio. Pertencia,
porém, a uma raça que acredita que a vida da terra se continua no céu. O rei seu amo,
decerto, já estaria agora reinando em outro reino, para além das nuvens, abundante
também em searas e cidades. O seu cavalo de batalha, as suas armas, os seus pajens
tinham subido com ele às alturas. Os seus vassalos, que fossem morrendo, prontamente
iriam, nesse reino celeste, retomar em torno dele a sua vassalagem. E ela, um dia, por seu
turno, remontaria num raio de lua a habitar o palácio do seu senhor, e a fiar de novo o linho
das suas túnicas, e a acender de novo a caçoleta dos seus perfumes; seria no céu como fora
na terra, e feliz na sua servidão.
Todavia, também ela tremia pelo seu principezinho! Quantas vezes, com ele pendurado do
peito, pensava na sua fragilidade, na sua longa infância, nos anos lentos que correriam,
antes que ele fosse ao menos do tamanho de uma espada, e naquele tio cruel, de face mais
escura que a noite e coração mais escuro que a face, faminto do trono, e espreitando de
cima do seu rochedo entre os alfanges da sua borda! Pobre principezinho da sua alma! Com
uma ternura maior o apertava nos braços. Mas o seu filho chalrava ao lado, era para ele que
os seus braços corriam com um ardor mais feliz. Esse, na sua indigência, nada tinha a
recear a vida. Desgraças, assaltos da sorte má nunca o poderiam deixar mais despido das
glórias e bens do mundo do que já estava ali no seu berço, sob o pedaço de linho branco
que resguardava a sua nudez. A existência, na verdade, era para ele mais preciosa e digna
de ser conservada que a do seu príncipe, porque nenhum dos duros cuidados com que ela
enegrece a alma dos senhores roçaria sequer a sua alma livre e simples de escravo. E,
como se o amasse mais por aquela humildade ditosa, cobria o seu corpinho gordo de beijos
pesados e devoradores, dos beijos que ela fazia ligeiros sobre as mãos do seu príncipe.
No entanto, um grande temor enchia o palácio, onde agora reinava uma mulher entre
mulheres. O bastardo, o homem de rapina, que errava no cimo das serras, descera à
planície com a sua horda, e já através de casais e aldeias felizes ia deixando um sulco de
matança e ruínas. As portas da cidade tinham sido seguras com cadeias mais fortes. Nas
atalaias ardiam lumes mais altos. Mas à defesa faltava disciplina viril. Uma roca não
governa como uma espada. Toda a nobreza fiel perecera na grande batalha. E a rainha
desventurosa apenas sabia correr a cada instante ao berço do seu filhinho e chorar sobre
ele a sua fraqueza de viúva. Só a ama leal parecia segura, como se os braços em que
estreitava o seu príncipe fossem muralhas de uma cidadela que nenhuma audácia pode
transpor.
Ora uma noite, noite de silêncio e de escuridão, indo ela a adormecer, já despida, no seu
catre, entre os seus dois meninos, adivinhou, mais que sentiu, um curto rumor de ferro e de
briga, longe, à entrada dos vergéis reais. Embrulhada à pressa num pano, atirando os
cabelos para trás, escutou ansiosamente. Na terra areada, entre os jasmineiros, corriam
passos pesados e rudes. Depois houve um gemido, um corpo tombando molemente, sobre
lajes, como um fardo. Descerrou violentamente a cortina. E além, ao fundo da galeria,
avistou homens, um clarão de lanternas, brilhos de armas... Num relance tudo
compreendeu: o palácio surpreendido, o bastardo cruel vindo roubar, matar o seu príncipe!
Então, rapidamente, sem uma vacilação, uma dúvida, arrebatou o príncipe do seu berço de
marfim, atirou-o para o pobre berço de verga, e, tirando o seu filho do berço servil, entre
beijos desesperados, deitou-o no berço real que cobriu com um brocado.
Bruscamente um homem enorme, de face flamejante, com um manto negro sobre a cota de
malha, surgiu à porta da câmara, entre outros, que erguiam lanternas. Olhou, correu o
berço de marfim onde os brocados luziam, arrancou a criança como se arranca uma bolsa
de oiro, e, abafando os seus gritos no manto, abalou furiosamente.
O príncipe dormia no seu novo berço. A ama ficara imóvel no silêncio e na treva.
Mas brados de alarme atroaram, de repente, o palácio. Pelas janelas perpassou o longo
flamejar das tochas. Os pátios ressoavam com o bater das armas. E desgrenhada, quase
nua, a rainha invadiu a câmara, entre as aias, gritando pelo seu filho! Ao avistar o berço de
marfim, com as roupas desmanchadas, vazio, caiu sobre as lajes num choro, despedaçada.
Então, calada, muito lenta, muito pálida, a ama descobriu o pobre berço de verga... O
príncipe lá estava quieto, adormecido, num sonho que o fazia sorrir, lhe iluminava toda a
face entre os seus cabelos de oiro. A mãe caiu sobre o berço, com um suspiro, como cai um
corpo morto.
E nesse instante um novo clamor abalou a galeria de mármore. Era o capitão das guardas, a
sua gente fiel. Nos seus clamores havia, porém, mais tristeza que triunfo. O bastardo
morrera! Colhido, ao fugir, entre o palácio e a cidadela, esmagado pela forte legião de
archeiros, sucumbira, e!e e vinte da sua horda. O seu corpo lá ficara, com flechas no flanco,
numa poça de sangue. Mas, ail dor sem nome! O corpozinho tenro do príncipe lá ficara
também envolto num manto, já frio, roxo ainda das mãos ferozes que o tinham esganado!
Assim tumultuosamente lançavam a nova cruel os homens de armas, quando a rainha,
deslumbrada, com lágrimas entre risos, ergueu nos braços, para lho mostrar, o príncipe que
despertara.
Foi um espanto, uma aclamação. Quem o salvara? Quem?... Lá estava junto do berço de
marfim vazio, muda e hirta, aquela que o salvara! Serva sublimemente leal! Fora ela que,
para conservar a vida ao seu príncipe, mandara à morte o seu filho... Então, só então, a
mãe ditosa, emergindo da sua alegria extática, abraçou apaixonadamente a mãe dolorosa, e
a beijou, e lhe chamou irmã do seu coração... E de entre aquela multidão que se apertava
na galeria veio uma nova, ardente aclamação, com súplicas de que fosse recompensada
magnificamente a serva admirável que salvara o rei e o reino.
Mas como? Que bolas de oiro podem pagar um filho? Então um velho de casta nobre
lembrou que ela fosse levada ao Tesoiro real, e escolhesse de entre essas riquezas, que
eram como as maiores dos maiores tesoiros da Índia, todas as que o seu desejo
apetecesse...
A rainha tomou a mão da serva. E sem que a sua face de mármore perdesse a rigidez, com
um andar de morta, como um sonho, ela foi assim conduzida para a Câmara dos Tesoiros.
Senhores, aias, homens de armas, seguiam, num respeito tão comovido, que apenas se
ouvia o roçar das sandálias nas lajes. As espessas portas do Tesoiro rodaram lentamente. E,
Quando um servo destrancou as janelas, a luz da madrugada, já clara e rósea, entrando
pelos gradeamentos de ferro, acendeu um maravilhoso e faiscante incêndio de oiro e
pedrarias! Do chão de rocha (1) até às sombrias abóbadas, por toda a câmara, reluziam,
cintilavam, refulgiam os escudos de oiro, as armas marchetadas, os montões de diamantes,
as pilhas de moedas, os longos fios de pérolas, todas as riquezas daquele reino, acumuladas
por cem réis durante vinte séculos. Um longo – ah! – lento e maravilhado, passou por sobre
a turba que emudecera. Depois houve um silêncio ansioso. E no meio da câmara, envolta na
refulgência preciosa. a ama não se movia... Apenas os seus olhos, brilhantes e secos, se
tinham erguido para aquele céu que, além das grades, se tingia de rosa e de oiro. Era lá,
nesse céu fresco de madrugada, que estava agora o seu menino. Estava lá, e já o Sol se
erguia, e era tarde, e o seu menino chorava decerto, e proc urava o seu peito!... E então a
ama sorriu e estendeu a mão. Todos seguiam, sem respirar aquele lento mover da sua mão
aberta. Que jóia maravilhosa, que fio de diamantes, que punhado de rubis ia ela escolher?
A ama estendia a mão, e sobre um escabelo ao lado, entre um molho de armas, agarrou um
punhal. Era um punhal de um velho rei, todo cravejado de esmeraldas, e que valia uma
província.
Agarrara o punhal, e com ele apertado fortemente na mão, apontando par; o céu, onde
subiam os primeiros raios do Sol, encarou a rainha, a multidão, e gritou:
– Salvei o meu príncipe, e agora... vou dar de mamar ao meu filho
E cravou o punhal no coração.
Vamos estudar este conto, para isso proponho-te
esta ficha de leitura orientada.

Estrutura/Acção
1.1 Delimita os momentos fundamentais da narrativa: situação
inicial, desenvolvimento e4 desenlace.
1.2 Delimita agora as sequências ou momentos da narrativa que
compõem o desenvolvimento.
1.3 Explica o modo de organização das sequências narrativas
(encadeamento, encaixe ou alternativa)
1.4 Classifica o conto no que diz respeito à delimitação da acção
(narrativa fchada ou aberta). Justifica.

Personagens
2.1 Indica as personagens intervenientes, referindo o relevo que
têm na acção.
2.2 O rei era "moço e valente".
Regista todos os elementos de caracterização directa do rei.
2.3 Regista igualmente os diversos elementos de caracterização
directa do irmão do rei.
2.3.1 A apresentação que é feita desta personagem está de acordo
com o(s) acto(s) que executa? Justifica.
2.4 Lê atentamente o 6º parágrafo.
2.4.1 Para a aia, o rei era a representação terrena da divindade.
aponta a frase que nos transmite esta noção.
2.4.2 Como definirias os conceitos vida e morte para a aia?
2.4.3 Procura estabelecer uma relação entre esses princípios que
orientavam a vida da aia, os sentimentos que a ligavam ao
pequeno príncipe e a entrega do próprio filho à morte.
2.5 atendendo aos traços característicos da aia, parece-te lógico a
sua atitude final? Expõe, claramente o teu raciocínio.
2.6 com base nos elementos que o conto te fornece sobre a
personagem, elabora um pequeno texto de caracterização da
protagonista.
2.7 Neste conto o conflito entre personagens é também um
conflito de valores intemporais.
2.7.1 que personagens defendem valores conotados com o Bem? e
com o Mal?
2.7.2 Identifica esses valores, através dos substantivos abstactos
que os interligam.

Espaço
3.1 Especifica o espaço físico onde se desenrola a acção.
3.2 a sala do tesouro é objecto de uma breve descrição. Localiza-a
na narrativa.
3.3. Nessa passagem descritiva pretende-se acentuar a sensação
visual, sobretudo a notação de brilho. Confirma com elementos do
texto.
3.4 Caracteriza o espaço social em que a acção se desenvolve.

Tempo
4.1 Regista marcas do tempo cronológico.
4.2 que tempo histórico é sugerido? Justifica.

Narrador
5.1 classifica o narrador quanto à presença.
5.2 Caracteriza-o no que diz respeito à posição (subjectivo ou
objectivo). Justifica.

O Título
6.1 Tece um breve comentário a cada uma destas sugestões de
outro título para este conto:
Luta pelo poder
A mulher que sacrificou o filho para salvar o reino
O Principezinho
6.2 O título escolhido pelo autor - A Aia - parece-te sugestivo?
Porquê?
Questões de linguagem
1. Sublinha, nos sete primeiros parágrafos, os substantivos no
grau diminutivo.
1.1 Interpreta o seu uso.
2. Lê atentamente o 4º e 7º parágrafos:
2.1 Regista os adjectivos que caracterizam o irmão do rei.
2.2 No 4º parágrafo, a caracterização é enriquecida com uma
comparação. Identifica-a.
2.3 Mostra o contraste entre o irmão do rei e o pequeno príncipe.
3. No 3º parágrafo, a dor da rainha é expressa pelo verbo chorar,
constituinte do predicado de três orações distintas. Identifica-as.
3.1 Procura explicar de que forma cada um dos advérbios que
acompanha o verbo chorar lhe modifica o sentido.
3.2 Como interpretas o emprego de "chorou" nas duas primeiras
orações e "chora" na última?
4. No 9º e 10º parágrafos, a acção desenrola-se rapidamente.
4.1 Faz o levantamento de verbos e advérbios que conferem um
ritmo rápido à narração.
5. "...ela foi assim conduzida para a câmara dos tesouros" (16º
parágrafo)
5.1 qual a classe gramatical da palavra sublinhada?
5.2 Identifica o sujeito, predicado e complemento da expressão
transcrita.
5.3 Reescreve-a utilizando a forma activa.
6. No penúltimo parágrafo utiliza-se o discurso directo.
6.1 Rescreve o antepenúltimo e o penúltimo parágrafo utilizando
o discurso indirecto.
6.2 qual das duas opções te parece mais expressiva? Justifica.
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A salvação do príncipe

  • 1. A aia Eça de Queirós, Contos Era uma vez um rei, moço e valente, senhor de um reino abundante em cidades e searas, que partira a batalhar por terras distantes, deixando solitária e triste a sua rainha e um filhinho, que ainda vivia no seu berço, dentro das suas faixas. A lua cheia que o vira marchar, levado no seu sonho de conquista e de fama, começava a minguar, quando um dos seus cavaleiros apareceu, com as armas rotas, negro do sangue seco e do pó dos caminhos, trazendo a amarga nova de uma batalha perdida e da morte do rei, trespassado por sete lanças entre a flor da sua nobreza, à beira de um grande rio. A rainha chorou magnificamente o rei. Chorou ainda desoladamente o esposo, que era formoso e alegre. Mas, sobretudo, chorou ansiosamente o pai, que assim deixava o filhinho desamparado, no meio de tantos inimigos da sua frágil vida e do reino que seria seu, sem um braço que o defendesse, forte pela força e forte pelo amor. Desses inimigos o mais temeroso era seu tio, irmão bastardo do rei, homem depravado e bravio; consumido de cobiças grosseiras, desejando só a realeza por causa dos seus tesoiros, e que havia anos vivia num castelo sobre os montes, com uma horda de rebeldes, à maneira de um lobo que, de atalaia no seu fojo, espera a presa. Ai! a presa agora era aquela criancinha, rei de mama, senhor de tantas províncias, e que dormia no seu berço com seu guizo de oiro fechado na mão! Ao lado dele, outro menino dormia noutro berço. Mas era um escravozinho, filho da bela e robusta escrava que amamentava o príncipe. Ambos tinham nascido na mesma noite de Verão. O mesmo seio os criara. Quando a rainha, antes de adormecer, vinha beijar o principezinho, que tinha o cabelo louro e fino, beijava também, por amor dele, o escravozinho, que tinha o cabelo negro e crespo. Os olhos de ambos reluziam como pedras preciosas. Somente, o berço de um era magnífico de marfim entre brocados, e o berço de outro, pobre e de verga. A leal escrava, porém, a ambos cercava de carinho igual, porque, se um era o seu filho, o outro seria o seu rei. Nascida naquela casa real, ela tinha a paixão, a religião dos seus senhores. Nenhum pranto correra mais sentidamente do que o seu pelo rei morto à beira do grande rio. Pertencia, porém, a uma raça que acredita que a vida da terra se continua no céu. O rei seu amo, decerto, já estaria agora reinando em outro reino, para além das nuvens, abundante também em searas e cidades. O seu cavalo de batalha, as suas armas, os seus pajens tinham subido com ele às alturas. Os seus vassalos, que fossem morrendo, prontamente iriam, nesse reino celeste, retomar em torno dele a sua vassalagem. E ela, um dia, por seu turno, remontaria num raio de lua a habitar o palácio do seu senhor, e a fiar de novo o linho das suas túnicas, e a acender de novo a caçoleta dos seus perfumes; seria no céu como fora na terra, e feliz na sua servidão. Todavia, também ela tremia pelo seu principezinho! Quantas vezes, com ele pendurado do peito, pensava na sua fragilidade, na sua longa infância, nos anos lentos que correriam, antes que ele fosse ao menos do tamanho de uma espada, e naquele tio cruel, de face mais escura que a noite e coração mais escuro que a face, faminto do trono, e espreitando de cima do seu rochedo entre os alfanges da sua borda! Pobre principezinho da sua alma! Com uma ternura maior o apertava nos braços. Mas o seu filho chalrava ao lado, era para ele que os seus braços corriam com um ardor mais feliz. Esse, na sua indigência, nada tinha a recear a vida. Desgraças, assaltos da sorte má nunca o poderiam deixar mais despido das glórias e bens do mundo do que já estava ali no seu berço, sob o pedaço de linho branco que resguardava a sua nudez. A existência, na verdade, era para ele mais preciosa e digna de ser conservada que a do seu príncipe, porque nenhum dos duros cuidados com que ela
  • 2. enegrece a alma dos senhores roçaria sequer a sua alma livre e simples de escravo. E, como se o amasse mais por aquela humildade ditosa, cobria o seu corpinho gordo de beijos pesados e devoradores, dos beijos que ela fazia ligeiros sobre as mãos do seu príncipe. No entanto, um grande temor enchia o palácio, onde agora reinava uma mulher entre mulheres. O bastardo, o homem de rapina, que errava no cimo das serras, descera à planície com a sua horda, e já através de casais e aldeias felizes ia deixando um sulco de matança e ruínas. As portas da cidade tinham sido seguras com cadeias mais fortes. Nas atalaias ardiam lumes mais altos. Mas à defesa faltava disciplina viril. Uma roca não governa como uma espada. Toda a nobreza fiel perecera na grande batalha. E a rainha desventurosa apenas sabia correr a cada instante ao berço do seu filhinho e chorar sobre ele a sua fraqueza de viúva. Só a ama leal parecia segura, como se os braços em que estreitava o seu príncipe fossem muralhas de uma cidadela que nenhuma audácia pode transpor. Ora uma noite, noite de silêncio e de escuridão, indo ela a adormecer, já despida, no seu catre, entre os seus dois meninos, adivinhou, mais que sentiu, um curto rumor de ferro e de briga, longe, à entrada dos vergéis reais. Embrulhada à pressa num pano, atirando os cabelos para trás, escutou ansiosamente. Na terra areada, entre os jasmineiros, corriam passos pesados e rudes. Depois houve um gemido, um corpo tombando molemente, sobre lajes, como um fardo. Descerrou violentamente a cortina. E além, ao fundo da galeria, avistou homens, um clarão de lanternas, brilhos de armas... Num relance tudo compreendeu: o palácio surpreendido, o bastardo cruel vindo roubar, matar o seu príncipe! Então, rapidamente, sem uma vacilação, uma dúvida, arrebatou o príncipe do seu berço de marfim, atirou-o para o pobre berço de verga, e, tirando o seu filho do berço servil, entre beijos desesperados, deitou-o no berço real que cobriu com um brocado. Bruscamente um homem enorme, de face flamejante, com um manto negro sobre a cota de malha, surgiu à porta da câmara, entre outros, que erguiam lanternas. Olhou, correu o berço de marfim onde os brocados luziam, arrancou a criança como se arranca uma bolsa de oiro, e, abafando os seus gritos no manto, abalou furiosamente. O príncipe dormia no seu novo berço. A ama ficara imóvel no silêncio e na treva. Mas brados de alarme atroaram, de repente, o palácio. Pelas janelas perpassou o longo flamejar das tochas. Os pátios ressoavam com o bater das armas. E desgrenhada, quase nua, a rainha invadiu a câmara, entre as aias, gritando pelo seu filho! Ao avistar o berço de marfim, com as roupas desmanchadas, vazio, caiu sobre as lajes num choro, despedaçada. Então, calada, muito lenta, muito pálida, a ama descobriu o pobre berço de verga... O príncipe lá estava quieto, adormecido, num sonho que o fazia sorrir, lhe iluminava toda a face entre os seus cabelos de oiro. A mãe caiu sobre o berço, com um suspiro, como cai um corpo morto. E nesse instante um novo clamor abalou a galeria de mármore. Era o capitão das guardas, a sua gente fiel. Nos seus clamores havia, porém, mais tristeza que triunfo. O bastardo morrera! Colhido, ao fugir, entre o palácio e a cidadela, esmagado pela forte legião de archeiros, sucumbira, e!e e vinte da sua horda. O seu corpo lá ficara, com flechas no flanco, numa poça de sangue. Mas, ail dor sem nome! O corpozinho tenro do príncipe lá ficara também envolto num manto, já frio, roxo ainda das mãos ferozes que o tinham esganado! Assim tumultuosamente lançavam a nova cruel os homens de armas, quando a rainha, deslumbrada, com lágrimas entre risos, ergueu nos braços, para lho mostrar, o príncipe que despertara. Foi um espanto, uma aclamação. Quem o salvara? Quem?... Lá estava junto do berço de marfim vazio, muda e hirta, aquela que o salvara! Serva sublimemente leal! Fora ela que, para conservar a vida ao seu príncipe, mandara à morte o seu filho... Então, só então, a mãe ditosa, emergindo da sua alegria extática, abraçou apaixonadamente a mãe dolorosa, e
  • 3. a beijou, e lhe chamou irmã do seu coração... E de entre aquela multidão que se apertava na galeria veio uma nova, ardente aclamação, com súplicas de que fosse recompensada magnificamente a serva admirável que salvara o rei e o reino. Mas como? Que bolas de oiro podem pagar um filho? Então um velho de casta nobre lembrou que ela fosse levada ao Tesoiro real, e escolhesse de entre essas riquezas, que eram como as maiores dos maiores tesoiros da Índia, todas as que o seu desejo apetecesse... A rainha tomou a mão da serva. E sem que a sua face de mármore perdesse a rigidez, com um andar de morta, como um sonho, ela foi assim conduzida para a Câmara dos Tesoiros. Senhores, aias, homens de armas, seguiam, num respeito tão comovido, que apenas se ouvia o roçar das sandálias nas lajes. As espessas portas do Tesoiro rodaram lentamente. E, Quando um servo destrancou as janelas, a luz da madrugada, já clara e rósea, entrando pelos gradeamentos de ferro, acendeu um maravilhoso e faiscante incêndio de oiro e pedrarias! Do chão de rocha (1) até às sombrias abóbadas, por toda a câmara, reluziam, cintilavam, refulgiam os escudos de oiro, as armas marchetadas, os montões de diamantes, as pilhas de moedas, os longos fios de pérolas, todas as riquezas daquele reino, acumuladas por cem réis durante vinte séculos. Um longo – ah! – lento e maravilhado, passou por sobre a turba que emudecera. Depois houve um silêncio ansioso. E no meio da câmara, envolta na refulgência preciosa. a ama não se movia... Apenas os seus olhos, brilhantes e secos, se tinham erguido para aquele céu que, além das grades, se tingia de rosa e de oiro. Era lá, nesse céu fresco de madrugada, que estava agora o seu menino. Estava lá, e já o Sol se erguia, e era tarde, e o seu menino chorava decerto, e proc urava o seu peito!... E então a ama sorriu e estendeu a mão. Todos seguiam, sem respirar aquele lento mover da sua mão aberta. Que jóia maravilhosa, que fio de diamantes, que punhado de rubis ia ela escolher? A ama estendia a mão, e sobre um escabelo ao lado, entre um molho de armas, agarrou um punhal. Era um punhal de um velho rei, todo cravejado de esmeraldas, e que valia uma província. Agarrara o punhal, e com ele apertado fortemente na mão, apontando par; o céu, onde subiam os primeiros raios do Sol, encarou a rainha, a multidão, e gritou: – Salvei o meu príncipe, e agora... vou dar de mamar ao meu filho E cravou o punhal no coração.
  • 4. Vamos estudar este conto, para isso proponho-te esta ficha de leitura orientada.  Estrutura/Acção 1.1 Delimita os momentos fundamentais da narrativa: situação inicial, desenvolvimento e4 desenlace. 1.2 Delimita agora as sequências ou momentos da narrativa que compõem o desenvolvimento. 1.3 Explica o modo de organização das sequências narrativas (encadeamento, encaixe ou alternativa) 1.4 Classifica o conto no que diz respeito à delimitação da acção (narrativa fchada ou aberta). Justifica.  Personagens 2.1 Indica as personagens intervenientes, referindo o relevo que têm na acção. 2.2 O rei era "moço e valente". Regista todos os elementos de caracterização directa do rei. 2.3 Regista igualmente os diversos elementos de caracterização directa do irmão do rei. 2.3.1 A apresentação que é feita desta personagem está de acordo com o(s) acto(s) que executa? Justifica. 2.4 Lê atentamente o 6º parágrafo. 2.4.1 Para a aia, o rei era a representação terrena da divindade. aponta a frase que nos transmite esta noção. 2.4.2 Como definirias os conceitos vida e morte para a aia? 2.4.3 Procura estabelecer uma relação entre esses princípios que orientavam a vida da aia, os sentimentos que a ligavam ao pequeno príncipe e a entrega do próprio filho à morte.
  • 5. 2.5 atendendo aos traços característicos da aia, parece-te lógico a sua atitude final? Expõe, claramente o teu raciocínio. 2.6 com base nos elementos que o conto te fornece sobre a personagem, elabora um pequeno texto de caracterização da protagonista. 2.7 Neste conto o conflito entre personagens é também um conflito de valores intemporais. 2.7.1 que personagens defendem valores conotados com o Bem? e com o Mal? 2.7.2 Identifica esses valores, através dos substantivos abstactos que os interligam.  Espaço 3.1 Especifica o espaço físico onde se desenrola a acção. 3.2 a sala do tesouro é objecto de uma breve descrição. Localiza-a na narrativa. 3.3. Nessa passagem descritiva pretende-se acentuar a sensação visual, sobretudo a notação de brilho. Confirma com elementos do texto. 3.4 Caracteriza o espaço social em que a acção se desenvolve.  Tempo 4.1 Regista marcas do tempo cronológico. 4.2 que tempo histórico é sugerido? Justifica.  Narrador 5.1 classifica o narrador quanto à presença. 5.2 Caracteriza-o no que diz respeito à posição (subjectivo ou objectivo). Justifica. 
  • 6. O Título 6.1 Tece um breve comentário a cada uma destas sugestões de outro título para este conto: Luta pelo poder A mulher que sacrificou o filho para salvar o reino O Principezinho 6.2 O título escolhido pelo autor - A Aia - parece-te sugestivo? Porquê? Questões de linguagem 1. Sublinha, nos sete primeiros parágrafos, os substantivos no grau diminutivo. 1.1 Interpreta o seu uso. 2. Lê atentamente o 4º e 7º parágrafos: 2.1 Regista os adjectivos que caracterizam o irmão do rei. 2.2 No 4º parágrafo, a caracterização é enriquecida com uma comparação. Identifica-a. 2.3 Mostra o contraste entre o irmão do rei e o pequeno príncipe. 3. No 3º parágrafo, a dor da rainha é expressa pelo verbo chorar, constituinte do predicado de três orações distintas. Identifica-as. 3.1 Procura explicar de que forma cada um dos advérbios que acompanha o verbo chorar lhe modifica o sentido. 3.2 Como interpretas o emprego de "chorou" nas duas primeiras orações e "chora" na última? 4. No 9º e 10º parágrafos, a acção desenrola-se rapidamente. 4.1 Faz o levantamento de verbos e advérbios que conferem um ritmo rápido à narração. 5. "...ela foi assim conduzida para a câmara dos tesouros" (16º parágrafo) 5.1 qual a classe gramatical da palavra sublinhada?
  • 7. 5.2 Identifica o sujeito, predicado e complemento da expressão transcrita. 5.3 Reescreve-a utilizando a forma activa. 6. No penúltimo parágrafo utiliza-se o discurso directo. 6.1 Rescreve o antepenúltimo e o penúltimo parágrafo utilizando o discurso indirecto. 6.2 qual das duas opções te parece mais expressiva? Justifica. 7. " a tranquilidade voltou a reinar..." Acrescenta a esta oração outras que se relacionem com o conto, utilizando como elemento de ligação: - uma conjunção (ou locução) subordinativa temporal; - Uma conjunção ( ou locução) subordinativa concessiva