O documento descreve a transmissão do conhecimento químico da Grécia antiga para a Europa Ocidental através dos árabes e bizantinos. Os árabes sistematizaram a alquimia grega e desenvolveram novos conhecimentos, enquanto os bizantinos preservaram textos gregos antigos. A partir do século XI, compêndios técnicos começaram a circular na Europa Ocidental, contribuindo para o renascimento do interesse pela química e tecnologia. Destacam-se avanços
Transmissão da Química para o Ocidente e descoberta do Fogo Grego
1. Capítulo 7
A TRANSMISSÃO DA QUÍMICA PARA O OCIDENTE
Durante o longo período em que a Alquimia estava passando aos
Árabes e sofrendo uma importante sistematização nas mãos desses, a
arte era perdida na Europa Ocidental. Os Romanos nunca tomaram
interesse pelas teorias sobre a natureza que eram tão características
dos Gregos, e, como o declínio do Império Romano do Ocidente, quase
todos os traços de especulação científica desapareceram nas regões
que tinham estado sob seu controle. Artes técnicas devem ter
continuado a existir, mas os requerimentos da sociedade feudal eram
relativamente limitados, e não permaneceram registros escritos dos
métodos empregados pelos artesãos daquele tempo.
As condições na metade oriental do Império eram um pouco mais
favoráveis à preservação das ideias científicas, pois o Império Bizantino
era essencialmente de cultura Grega, e ele preservou os clássicos
Gregos e muito da ciência Grega. Os esforços ficaram confinados quase
que inteiramente à preservação, entretanto, como pouca ou nenhuma
adição de novos conhecimentos. Assim foi que, enquanto os alquimistas
muçulmanos estavam aumentando e organizando a Alquimia de uma
forma muito significativa, os alquimistas Bizantinos estavam meramente
copiando ou comentando sobre manuscritos alquímicos dos primeiros
dias da Alquimia.
As artes técnicas de Constantinopla parecem, em geral, ter seguido o
mesmo caminho. Métodos já familiares para segundo os papiros de
Leiden e Estocolmo foram transmitidos oralmente de uma geração para
a próxima.
Existiu, entretanto, uma notável exceção a essa afirmação. No meio do
VII Século o arquitento Kallinijos de Heliópolis descobriu uma mistura
inflamável conhecida como Fogo Grego, ou Fogo Marinho. Era um
2. líquido inflamável que era projetado de tubos chamados “sifões” nos
navios inimigos. Ele provocava fogos que não podiam ser extintos por
água. Misturas de materiais tais como betume, resina, e nafta tinham
estado em uso muito tempo antes com o objetivo de incendiar navios
inimigos ou fortalezas, mas esse Fogo Grego evidentemente continha
um novo principio que aumentou sua inflamabilidade e permitiu sua
ejeção forçada pelos sifões. A composição foi mantida em segredo,
conhecida apenas pelo Imperador e pela família de Kallinikos, que
preparava o material. Mesmo hoje nós não temos certeza dos
ingredientes exatos. Parece possível que ele levasse salitre, uma
substância que não era conhecida anteriormente, e que não é
mencionada especificamente nos manuscritos até o Século X.
Os Bizantinos obtiveram o Fogo Grego em uma época que sua posição
militar estava extremamente fraca, e quando os Árabes estavam
realizando suas grandes conquistas. Pelo uso do fogo os Gregos foram
capazes de destruir as frotas atacantes árabes logo após 672 e
novamente em 717. Eles assim preveniram a captura de
Constantinopla, que de outra forma quase certamente teria ocorrido. Se
isso tivesse acontecido nos séculos VII ou VIII, muito da sabedoria
Grega poderia ter sido perdida, pois a Europa Ocidental não estava
preparada para aceitar a cultura como foi no século XV quando
Constantinopla finalmente caiu e os estudiosos Gregos fugiram para
encontrar uma boa acolhida na Europa Renascentista. Aqui então está
uma instância na qual a descoberta química desempenhou uma parte
importante na história cultural do Ocidente.
A parte da invenção do Fogo Grego, que era mantido em tanto segredo
que ele quase não produziu efeito no desenvolvimento da Química, os
artesãos de Constantinopla ocasionalmente compilavam livros de
receitas variadas, e algumas delas encontraram uma forma de entrar no
Ocidente. Por volta do X Século, existiam sinais do surgimento de um
novo interesse na ciência e tecnologia dessa área. As primeiras
evidências foram encontradas em circulação nos manuscritos contendo
tais coleções de receitas. De início essas receitas eram muito similares
3. a, ou mesmo idênticas, àquelas nos papiros de Leiden e de Estocolmo,
mas com a passagem do tempo, novos métodos e descobertas foram
incorporados, e as compilações cresceram em tamanho e em
originalidade.
As primeiras dessas Compositiones ad tingenda ou Composições para o
tingimento de mosaicos, peles, e outras coisas, para dourar ferro, com
respeito aos minerais, para escrever com letras de ouro, para produzir
certos cimentos, e outros documentos relacionados às artes, para dar a
elas título completo e descritivo. Foi provavelmente composto em
Alexandria por volta de 600 e traduzido para o Latim por um Lombardo
em torno de 750. Similar a ele são os Mappae Clavicula, ou “Chave
Menor para a Pintura,” conhecido em manuscritos dos Séculos X e XII,
mas provavelmente composto por volta de 800, o livro de Heraclius
Sobre as Cores e Artes dos Romanso (cerca 1000); e a Lista das Várias
Artes: do monge Teophilis (cerca 1000). Todos esses trabalhos são
compêndios técnicos que contém receitas para douração, tingimento, e
trabalho com vidros e metais. As Compositiones ad tingenda primeiro
usam o termo “Vitriol” para se referir ao sulfato de ferro impuro, que
tinha sido previamente chamado de chalcanthum. O trabalho de
Theophilis, que primeiro descreve a arte de pintar com óleos, é notável
pela clareza e detalhes nas suas receitas.
Nenhum desses trabalhos contém qualquer discussão teórica; nenhum
tem um caráter alquímico. Eles representam o desenvolvimento do lado
tecnológico da Química, que por tanto tempo não mostrou evidência de
originalidade. Agora, do Século XI em diante existiu um despertar que
foi refletido nesse e em manuscritos similares.
Um dos importantes avanços técnicos do período foi uma grande
melhora na arte da destilação. Os alquimistas Helênicos tinham
inventado aparatos e métodos; os Árabes, com seu interesse em
transformar substâncias em espíritos e corpos, utilizaram as operações
helenistas, mas todos aqueles esforços tinham sido limitados pela
qualidade do vidro usado nos aparatos e os métodos pouco
4. aperfeiçoados de condensar e recolher o destilado. Agora os artesãos
na Itália começaram a aperfeiçoar as vidrarias. Esse vidro melhorado foi
usado na famosa escola médica de Salerno no sul da Itália, e por volta
de 1100 um passo adicional e importante foi dado.
Talvez influenciado pela sugestão dos árabes que alguma coisa para
absorver a natureza deveria ser adicionada na tentativa de purificar
outra natureza, vários sais tais como sal comum ou tártaro (carbonato
de potássio) foram adicionados a vinhos em um vaso de destilação.
Esses absorviam parte da água e permitiam recuperar em um destilado
a “água” que havia queimado. Uma receita do Mestre Salemus de
Salerno (falecido em 1167) dá uma descrição de tal água, e o
manuscrito do Século XII Mappae Clavicula (embora não a versão do
Século X) contém uma receita, parcialmente dada como um
criptograma, que diz o seguinte:
Pela mistura do mais puro e forte vinho com três partes de sal e
aquecendo-o em um vaso costumeiro para esse propósito, uma água é
produzida, a qual acendida, inflama, deixando o material do recipiente
de destilação não-queimado.
Isso obviamente era uma solução diluída de álcool que queimava a uma
temperatura tão baixa que não inflamava o material no qual ela era
colocada. Tal solução tornou-se conhecida como aguardente, água que
queima. Interesse nessa substância aumentou rapidamente. O físico
(médico) florentino, Thaddeus Alderotti, desenvolveu métodos de
resfriar a serpentina e o coletor do seu aparato de destilação ao invés
de meramente a cabeça de destilação, como era a prática antiga. Logo
se tornou possível preparar soluções fortes de álcool, as quais eram
conhecidas como aqua vitae, água da vida. Esses eram amplamente
usados pelos médicos deste período e dos posteriores, tais como Arnold
de Villanova e John de Rupescissa. O último atribuiu ao álcool a
qualidade de remédio supremo contra a corrupção, o quinto elemento,
ou quintessência,” a essa visão tornou-se comum entre os médicos. Foi
provavelmente desenvolvido a partir do conceito Grego de pneuma, que
5. podia agir sobre tudo e tornar-se potencialmente tudo. Após o Século
XIII, receitas para preparar álcool são frequentes, embora o presente
nome não tenha sido aplicado até seu uso por Paracelsus no Século
XVI. Ele derivou o termo da palavra Árabe Kohl, que tinha sido aplicado
primeiramente ao sulfeto de antimônio pulverizado usado no
escurecimento de sobrancelhas. Como o tempo a palavra passou a
denominar qualquer pó fino, de modo a significar a essência das coisas.
Álcool era a essência do vinho, e então Paracelsus se referia a ele
como alcool vini ou alcohol vini. Mais tarde a palavra vini foi removida e
o nome alcohol assumiu seu significado moderno.
Um resultado ainda mais importante do aperfeiçoamento dos métodos
de destilação foi a descoberta dos ácidos minerais. Aparentemente isso
ocorreu no princípio do Século XIII. Os Alquimistas helênicos
frequentemente calcinavam vitrióis, mas eles nunca tinham condensado
os produtos voláteis. Isso agora era feito. Um manuscrito Bizantino do
fim do Século XIII descreve a preparação do ácidos sulfúrico e nítrico.
Os trabalhos importantes atribuídos ao nome de Geber, a serem
discutidos mais tarde, os quais foram compostos no princípio do Século
XIV, também descreviam métodos de destilar misturas de vitriol e salitre
ou sal amoníaco. Ácido nítrico e água régia logo se tornaram reagentes
comuns e eram produzidos em larga escala. Ácido sulfúrico era menos
frequentemente preparado. E ácido clorídrico livre não foi descrito até a
época de Libavius no Século XVI.
A descoberta dos ácidos minerais aumentou grandemente o poder do
Químico para dissolver substâncias e para realizar reações em solução.
O avanço no uso de ácidos orgânicos fracos foi tremendo. Em adição, a
demanda por tais substâncias como álcool e ácidos minerais
gradualmente tendeu a favorecer o desenvolvimento de uma indústria
química primitiva. O progresso químico começou a ser feito, não em
monastérios e lares de trabalhadores, mas em lojas de boticários e
centros químicos reais. Essa tendência foi importante, porque ajudou a
declinar o feudalismo ao estimular o crescimento das cidades e de uma
classe média no final da idade média.
6. Na preparação do ácido nítrico, salitre era requerido. Como foi mostrado
anteriormente, essa substância pode ter sido conhecida em
Constantinopla no Século VII, mas não era descrita em qualquer
manuscrito da época. Seu primeiro uso público parece ter sido na Itália
por volta de 1150. A despeito de sua utilização na manufatura de ácido
nítrico, sua principal utilização na manufatura era na fabricação de
pólvora, uma mistura de enxofre, carvão e salitre. A história dessa
substância está distante de ser clara. A tradição popular atribui a
descoberta ou ao Frade Inglês Roger Bacon, ou ao Monge Alemão
Berthold Schwarz. É praticamente certo que Bacon não foi o
descobridor, pois ele mesmo escreveu isso em sua Opus Majus
(1267-1268):
Certas coisas inspiram tal terror à vista que os raios de nuvens de
tempestade perturbam muito menos em comparação; por trabalhos
como aqueles acredita-se que Gideon operou no caso dos Midianitas. E
um experimento daquele caráter nós tomamos daquele truque infantil
que é realizado em muitos lugares do mundo, a saber aquele que é feito
com um dispositivo do tamanho de um polegar humano, pela força
daquele sal chamado sal petrae (salitre), um tal horrível ruído é
produzido na ruptura de uma tal pequena coisa como um pequeno
pacote que parece sobrepor o ruído de um violento trovão, e sua luz
ultrapassa os maiores lampejos de relâmpagos.
Assim as propriedades da pólvora e seu uso em fogos de artifício eram
bem conhecidas na metade do Século XIII.
O monge, Gerthold Schwarz, é provavelmente uma figura mítica, mas
ele supostamente vivou em Freiberg, que se tornou um centro de
manufatura de canhões, primeiro usados em 1360. Isso pode ter relação
com a sua suposta associação com pólvora.
A real invenção da pólvora teve lugar na China, e a primeira menção
dela apareceu em torno de 919. Por volta do ano 1000, bombas
7. explosivas foram usadas em catapultas e esse hua yao (fogo química)
começou a ser usado em vários dispositivos bélicos navais e terrestres.
É provável que os Mongóis tenham levado o conhecimento dessa
substância para o Ocidente.
A primeira descrição ocidental é encontrada no Livro dos Fogos para
Queimar Inimigos, atribuído a Marcus Graecus. A primeira compilação
desse trabalho provavelmente ocorreu no Século VIII, mas o manuscrito
mais antigo na Europa Ocidental data do final do Século XIII
E sem dúvida representa uma compilação de receitas de todos os
períodos anteriores. Ele descreve a preparação de substâncias
semelhantes aos Fogo Grego, discute salitre, e oferece métodos para
preparar pólvora negra. O desenvolvimento da pólvora como um
instrumento de guerra toma lugar principalmente no Século XIV, e esse
produto químico, talvez mais que qualquer outra coisa, foi responsável
pela derrubada do sistema feudal. Novamente um produto químico
produziu uma grande revolução na sociedade.
Os avanços discutidos até agora, revelaram que a maior parte dos
manuscritos técnicos dos Séculos XI a XIII, são essencialmente aqueles
dos químicos práticos. Teorias cosmológicas da origem dos metais e as
causas para as mudanças observadas no mundo não são encontradas.
É bastante provável que algumas das observações registradas podem
ter sido sob a influência da estimulação do conhecimento que resultou
do contato próximo entre estudiosos Árabes e Europeus no período sob
discussão, mas os efeitos desse contato tem sido gravados em várias
classes diferentes de manuscritos.
Começando o trabalho de Constantinus Africanus (cerca 1020-1087) no
Século XI, um grande número de eruditos ocidentais tornou-se
consciente dos tesouros científicos disponíveis em língua Árabe. Pelo
século XII isso foi reconhecido especialmente na Espanha onde o
contato entre Mouros e Espanhóis era muito próximo. Logo foi
percebido que um vasto repositório de material estava à mão dos
8. campos da filosofia, ciência, e medicina, não apenas de origem Árabe,
mas também remontando ao período Grego. Uma realização similar
ocorreu na Sicília e sul da Itália, onde os italianos estavam em contato
não apenas como os Árabes da África, mas também com os Gregos de
Constantinopla. Como resultado surgiram nessas regiões escolas de
tradução e tradutores individuais que faziam da sua vida trabalhar para
verter para o Latim os tesouros do mundo Árabe.
Assim como as escolas de tradução Sírias tornaram os manuscritos
Gregos disponíveis aos Árabes, agora os eruditos Espanhóis e Italianos
forneciam as versões dos trabalhos de Aristóteles e Ptolomeu, de
al-Razi e ibn Sina. Homens como Hugh de Santalla (1119-1151), Robert
de Chester (1145), e Gerard de Cremona (1114-1184) fizeram suas
versões dos tratados de filosofia, astronomia, matemática e medicina
disponíveis aos estudiosos ocidentais. Nós estamos bem familiarizados
com as traduções Sírias de manuscritos alquímicos, os quais eram
muitas vezes anônimos, assim encontramos os nomes dos homens que
produziram versões dos manuscritos alquímicos raramente estavam
ligados ao seu trabalho. Robert de Chester, em 1144, supostamente
traduziu a alquimia de Khalid ibn Yazid e seu professor Cristão (aqui
chamado Morienus ao invés de Stephanos como na versão Árabe), mas
mesmo essa tradução pode ter sido falsamente atribuída a Robert.
Em qualquer caso, quem quer que os tradutores tenham sido, apareceu
por toda a Europa nos Séculos XII e XIII uma inundação de manuscritos
alquímicos latinos que eram quase inteiramente traduções do Árabe,
apesar de em períodos mais recentes algumas adições podem ter sido
feitas pelos próprios alquimistas ocidentais. Todas as escolas de
alquimia Árabe estavam representadas. A Alquimia mística do Egito é
encontrada na Tabula Chemica de “Senior Zadith Filius Hamuel” (isto é,
ibn Umail); na Turba Philosophorum com sua discussão das teorias
cosmológicas dos alquimistas; e na famosa Tábua de Esmeralda de
Hermes Trismegistos na qual essas ideias são expressas em um estilo
condensado e alegórico. A Tábua de Esmeralda foi um dos documentos
mais citados dos últimos alquimistas. A classificação elaborada de
9. substâncias materiais dos alquimistas mais práticos, tais como o Corpus
de Jabir ou os trabalhos de al-Razi, são representados por algumas
traduções. O Livro do Segredo dos Segredos de al-Razi foi traduzido na
Sicília, e alguns trabalhos dos seguidores de al-Razi foram traduzidos e
atribuídos ao próprio mestre.
O mais famoso desses foi o livro Sobre o Alúmen: e Sais, que foi na
verdade escrito por um alquimista Mourisco dos Séculos XI ou XII, e foi
traduzido para o Latim no início Século XIII. O trabalho bebe de muitas
fontes, incluindo al-Razi e Jabir, bem como de alguns dos mais místicos
alquimistas, e isso inclui observações feitas pelo próprio autor; Ele usa a
classificação das substâncias em espíritos, metais, pedras e sais, e dá
descrições das propriedades de muitos materiais. Tais classificações
foram realizadas ainda mais nos vários lapidários, tal como aquela
atribuída a Aristóteles. Nesse as teorias Aristotélicas foram usadas para
explicar a natureza das gemas e minerais, incluindo seus usos
medicinais.
Pelo início do Século XIII, as teorias, classificações, e métodos dos
Alquimistas Árabes estavam facilmente disponíveis aos eruditos
ocidentais. O número de manuscritos alquímicos dessa época prova o
grande apelo que esse assunto gerava. A localização dispersa dos
vários manuscritos, entretanto, algumas vezes dificultou para qualquer
leitor obter mais que uma ideia limitada do assunto.
No Século XIII essa dificuldade foi superada. O século foi
preeminentemente um dos grandes enciclopedistas, homens que
sistematicamente compilara, organizaram, e digeriram a grande
quantidade de conhecimento científico que tinha se tornado disponível.
Os principais nomes entre eles são Bartholomeus Anglicus, Vincent os
Beauvais (1190-1264), e Albertus Magnus (1193-1280). Esses homens
acumularam todo o conhecimento dos seus campos. Eles consultaram
todos os manuscritos conhecidos que podiam encontrar, e algumas
vezes eles adicionavam suas próprias observações. Muitas das suas
descrições eram necessariamente de segunda mão, entretanto, e erros
10. são encontrados nos seus trabalhos. Mesmo assim é surpreendente
como uma imagem completa e acurada do mundo eles foram capazes
de produzir.
Suas teorias da natureza da matéria eram basicamente aristotélicas,
comumente expressas em termos da teoria enxofre-mercúrio da
composição metálica. Assim como os crentes em Aristóteles, eles não
negavam a verdade da possibilidade da transmutação, apesar de tanto
Vincent quanto Albert expressaram reservas no tocante Às condições
sob as quais ela poderia ser realizada. Eles sabiam que muitos
charlatães clamavam ser alquimistas. No todo, esses enciclopedistas
eram homens racionais e de visão clara. Eles não se perdiam em
especulações místicas e alegóricas. Eles realizavam a tarefa que eles
tinham estabelecido para si mesmos: coletar e sistematizar os vários
fatos e as teorias da natureza do mundo e as propriedades das
substâncias. É verdade que eles raramente consultavam os livros de
receitas dos químicos práticos, e assim sabiam pouco das novas
descobertas que estavam sendo feitas. Albertus menciona o alcohol,
mas ao contrário nada do seu trabalho foi mencionado em suas
enciclopédias. Eles próprios não fizeram novas descobertas, mas seus
trabalhos pavimentaram o caminho para os trabalhadores que se
seguiram e seus livros eram consultados em todos os lugares pelos
alquimistas e químicos que viveram depois deles.
Praticamente contemporâneos a esses grandes estudiosos foram três
outros homens que contribuíram eles próprios um pouco para o avanço
da química, mas quem, por causa das suas autoridades em outros
campos, mais tarde vieram a ser considerados autoridades também em
Alquimia. Esses era os eruditos e missionários Catalães, Raymond Lull
(1235-1315), o médico Catalão, Arnold de Villanova (morreu em 1311),
e o Frei Inglês, Roger Bacon (morreu em 1292).
O período dos Séculos XII e XIII foi da maior importância na historia da
Química. Ele marca o início de um grande avanço da Química na
11. Europa Ocidental, um avanço que primeiramente tinha um caráter
alguma coisa tentadora. Teorias alquímicas Gregas e Árabes
tornaram-se conhecidas pelos eruditos, enquanto descobertas
fundamentais eram feitas em química prática. Até agora, parece ter
havido pouca conexão entre os dois movimentos. As descobertas
práticas não teorizavam; os eruditos não se mantinham a par dos
avanços práticos. Ainda, devem ter havido muitos homens com
interesses químicos que estavam atentos a ambos os movimentos. Foi
apenas uma questão de tempo, portanto, antes que os dois ramos da
Química pudessem reunir mais uma vez suas mãos.
Enquanto, existia uma notável ausência do elemento místico na teoria
química. O pensamento erudito sobre a transmutação, se ela ocorria,
como um fenômeno físico, obedecendo leis naturais. Wilson traçou um
paralelo com os primeiros dias da Alquimia Grega, onde o período de
misticismo contemplativo surgiu mais tarde que o período da descoberta
real. Esse paralelo pode ser estendido à China e Arábia, em ambos dos
quais a Alquimia degenerou após um período inicial de um ponto de
vista mais científico. Isso foi por causa dessa tendência em direção à
degeneração, que foi vista mais tarde no Ocidente, não assumiu uma
força avassaladora que era possível para uma ciência da Química
desenvolver na cultura ocidental, apesar de ter falhado em aparecer em
cada outra cultura mencionada.
QUESTIONÁRIO:
1) O que era o Fogo Grego e porque ele é virtualmente
desconhecido na atualidade?
2) Como Thadeus Alderotti contribuiu para o desenvolvimento da
Química experimental?
3) De onde vem a palavra “álcool”?
4) Como ocorreu a passagem do conhecimento alquímico árabe para
o Ocidente?