O documento descreve a ciência na antiguidade tardia, com o declínio da ciência helenística após a conquista romana do Egito e a síntese da astronomia e medicina antigas por Ptolomeu e Galeno. Também discute o fim das grandes instituições científicas de Alexandria com saques e conquistas que levaram à destruição da biblioteca e declínio da ciência no mundo antigo.
Filosofia cap. xii a ciencia antiga na +ëpoca imperial
1. DISCIPLINA: FILOSOFIA DA CIÊNCIA
DOCENTE: KARLISSON
Capitulo XII: A Ciência Antiga na Época
Imperial
EQUIPE DE CENTRAL: ANDRÉIA,
AMANDA, CLÁUDIA, BERTILHA,
JOSEMAR, LISANDRA, LORENA,
ROBERTA E VANESSA.
2. 1. O declínio da Ciência Helenística
O momento mágico da ciência helenística, foi breve,
durou cerca de um século e meio.
O ano de 145 a. C. assinala a primeira grande crise do
Museu e da Biblioteca: o Rei Ptolomeu Físcon entra em
grave desentendimento com os intelectuais gregos por
motivos políticos e, não podendo domar sua
resistência, constrangeu-os a abandonar Alexandria.
Depois o Museu e a Biblioteca retomaram suas
atividades, mas em tom dedicadamente menor.
3. O ano de 45 a. C. assinala a
segunda etapa da crise:
Durante a campanha de César no Egito, a Biblioteca foi
incendiada com um acervo de seiscentos mil livros,
salvando-se muitos, porém com perdas irreparáveis.
Em 30 a. C. Otaviano conquistou Alexandria e o Egito
tornou-se uma província do Império Romano, tendo
Roma como centro. Outros interesses e outra têmpera
espiritual, longe do pensamento helenística.
4. A conquista de Alexandria e o
impacto para a ciência.
Enquanto os romanos tinham interesses práticos e
operativos com resultados imediatos e concretos. Para
os helenísticas a dimensão era especulativo-teorética
baseada na grande filosofia grega e na ciência
helenísticas.
Foi uma época de discípulos de segundo plano salvo
algumas exceções, no campo da Astronomia Ptolomeu
em Alexandria e no campo da Medicina com Galeno
em Roma. Suas heranças tornaram uma ponte entre a
antiguidade e o mundo moderno.
5. 2. Ptolomeu e a síntese da
astronomia antiga:
2.1 Vida e obra: Ptolomeu de Ptolemaida (alto Egito) viveu
no século II d. C. (entre os anos de 100 e 170) contribui com:
O Sistema Matemático (Mathematiké Syntaxis – Almagesto
o maior tratado de astronomia) e outras obras dignas –
Hipóteses sobre os planetas, a Geografia, a Ótica, os
Harmônicos, Sobre o juízo e o Hegemônico e tetrabiblo.
2.2 O sistema ptolomaico: No Almagesto – coloca de modo
preciso o saber traçado por Aristóteles. A ciência se divide
em: poéticas, práticas e teoréticas (física, matemática e
teologia = metafísica) convicto da superioridade das
ciências teóricas, mas com prioridade a matemática.
6. Por que Ptolomeu preferia a
matemática?
A Teologia tem um objetivo muito elevado “num
distanciamento que está além das coisas mais elevadas do
mundo” e “absolutamente separada das coisas sensíveis”; já
a Física ao contrario, diz respeito aos entes arrastados nas
mutações, dado que estuda as coisas enquanto sujeitas ao
movimento: daí sua preferência pelaMatemática.
“[...] Só o gênero matemático, se o abordarmos com rigor,
oferece ciência sólida e certa a quem o cultiva, à medida
que a demonstração, quer aritmética, quer geométrica, é
produzida com procedimentos incontroversos.”
7. Para ele...
As indagações da Matemática, sobre tudo, a parte que
mira nas coisas divinas e celestes são imutáveis e
ontologicamente estáveis, permitindo “clara e
ordenada apreensão” e fornece auxilio as outras
ciências:
Para a Física no que se refere aos estudos dos
movimentos; e para a Teologia pois só a Matemática
pode aproximar-se da atividade imóvel e separada (os
céus) por serem eternas e privadas de modificações
quanto aos deslocamentos e à ordem dos movimentos.
8. Segundo Ptolomeu...
A astronomia tem uma precisa relevância ética
educativa, pois, no que diz respeito a nobreza das
ações e do caráter, esta ciência nos torna inteligentes
pela semelhança, ordem, simetria e ausência de
vaidade que contemplamos nas coisas divinas
tornando quem as cultiva amantes dessa divina beleza,
de modo que, através do hábito, torna quase natural
uma disposição de espírito afim a essa beleza.
9. Quadro teórico da obra Ptolomeu: 5
conceitos fundamentais (céu/terra).
1) O mundo (o céu) é esferiforme e move-se ao modo
de uma esfera;
2) Analogicamente, em seu conjunto a terra é esférica;
3) A terra está situada no centro do mundo (céu);
4) A terra é um ponto que tange às distancias e
grandezas em relação às estrelas fixas (no céu);
5) A terra é imóvel, não realiza nenhum movimento
local;
Essas teses, como pontos cardeais do sistema
geocêntrico, permaneceu até a revolução copernicana.
10. Os principais argumentos de
Ptolomeu.
1) A experiência demonstra que o céu é esferiforme e move-se
circularmente: há tempos que os homens chegaram a
tais conclusões, vendo o sol, a lua e os astros deslocarem-se
do Oriente para o Ocidente segundo círculos paralelos,
regular e constante do alvorecer ao por do sol.
2) A conclusão de que a terra é redonda é provada pelo fato
de que o Sol, a Lua e as estrelas não surge e nem se põem ao
mesmo tempo para os que estão em diversos pontos da
terra, mas primeiro para os que habitam os países do
Oriente e depois para os do Ocidente. Assim como quem
navega em direção a lugares elevados vindo de qualquer
direção avista as montanhas como se eles estivessem
emergindo do mar.
11. Continuando...
3) “Se a Terra não estivesse no centro, toda a ordem
observada dos incrementos e reduções da noite e do dia
seria completamente convulsionada. Um eclipses lunar não
poderia ocorrer na posição diametralmente oposta ao Sol
em relação a todas as partes do céu, separados por
intervalos inferiores a um semi-circulo.”
4) A Terra é um ponto em relação as estrelas, é provada pelo
fato de que qualquer parte da Terra em que se observa a
grandeza dos astros e sua distância recíproca elas
permanecem iguais.
5) A Terra está imóvel no centro porque é o ponto em
direção ao qual todos os objetos pesados caem.
Para Ptolomeu o céu é feito de éter, por natureza esferiforme
e incorruptível.
12. A engenhosa reformulação e
complemento da hipótese de
Hiparco.
O movimento das estrelas fixas é explicado pelo movimento
rotatório uniforme da esfera etérea concêntrica das estrelas
fixas. Ao contrario o movimento do Sol, da Lua e dos outros
cinco planetas são explicados com as hipóteses já
sustentadas sobretudo por Hiparco. Dois pontos básicos:
1) Leva em conta todos os “fenômenos” (as aparentes
anomalias dos movimentos astrais);
2)Explicar tudo sempre e só recorrendo a “movimentos
uniformes e circulares, dado que estes são os movimentos
apropriados à natureza das coisas divinas”.
13. Os novos tipos de movimentos
circulares são:
1) O das órbitas excêntricas, ou seja, que possui um centro
não coincidente com o da terra;
2) Os das órbitas epicíclicas, ou seja, das órbitas que giram
em torno de um centro colocado sobre um círculo que, por
sua vez, também gira. Circulo rotatório ao qual o epiciclo se
refere chama-se “deferente”.
Com isso os epiciclos, colocados sobre deferentes excêntricos
em relação à Terra e calculados em número e maneira
conveniente, explicavam geometricamente todos os
“fenômenos”, ou seja, todas as aparentes “irregularidades”
dos planetas. Assim, Ptolomeu levava à perfeição o sistema
de explicações exposto por Hiparco.
14. O sucesso de Ptolomeu na
astronomia por catorze séculos!
O movimento dos planetas é causado por uma “força vital”, de
que são dotados por natureza. Isso resolveu o tradicional
problemas dos “motores”, bem como as complicações
aristotélicas a esse respeito.
O engenho com que Ptolomeu apresentou os cálculos, jogando
com epiciclos e círculos excêntricos, garantiu à sua teoria um
sucesso sem precedentes no campo astronômico, fazendo-o
tornar-se autoridade por excelência na matéria por catorze
séculos!
O modo elegante com que soube conjugar este racionalismo
geométrico de visão do cosmos com a doutrina das influências
astrais sobre a vida dos homens tornou sua doutrina ainda mais
aceita na tardia grecidade, que reencontrava, transcrito em
termos de razão matemática, a sua antiga fé no destino que
governa todas as coisas.
15. 3. Galeno e a síntese da medicina
antiga.
3.1 VIDA E OBRA DE GALENO:
Nasceu em Pérgamo por volta de 129 a. C. Estudou na
própria cidade natal e depois em Corinto e em
Alexandria.
Além da Medicina, atuou na Gramática, Filosofia e
Literatura.
Considerado o fundador da Filosofia experimental.
Na sua opinião o corpo é apenas instrumento da alma.
E cada organismo se constitui segundo um plano
lógico estabelecido por um ser supremo, arquiteto e
guia do universo.
16. 3.2 A nova figura do médico: o verdadeiro
médico também deve ser filósofo.
Galeno apresenta-se como o restaurador da antiga dignidade do médico,
de que Hipócrates fora o mais significativo exemplo – alias, seu
paradigma vivo.
Segundo ele os médicos do seu tempo haviam esquecido Hipócritas, dando-lhes
as costas, e lhes fez três gravíssimas acusações:
1)Não possuírem o conhecimento metódico da natureza do corpo humano e
não saber distingui a doença segundo o gênero e a espécie, com isso a arte
médica torna-se empírica;
2) Serem corruptos, pois entregam-se a indisciplina (licenciosidade), a sede
insaciável de dinheiro e o vício da preguiça confundem suas mentes e a
vontade.
3) “Divisão em sete”, já que com a ruptura da medicina depois de Erasístrato,
apóia –se em três doutrinas médicas: Dogmáticas (a razão sobre os
conhecimentos saudáveis e mórbidos), Empírica (a pura experiência) e
Metódica (noções esquemáticas e muito simples da arte médica “restrição e
fluxo” para explicar todas as doenças, distinguindo da Dogmática).
Galeno rejeita sumariamente a Metódica pela superficialidade e denúncia as
outras duas pela unilateralidade, mas vê uma possível mediação, pois seu
método, com efeito, tempera o momento lógico com o experimental,
considerando ambos como igualmente necessários.
17. 3.3 A grande construção enciclopédica de
Galeno e seus componentes
Sua imensa obra traz a construção de uma grandiosa
enciclopédia do saber médico e dos conhecimentos
que constituiu o seu suporte. Galeno pegou o material
adquirido anteriormente, deu-lhe uma nova roupagem
enriquecendo com os suas contribuições pessoais.
18. 3.4 As doutrinas cardeais do
pensamento médico de Galeno.
Como complemente e coroamento das doutrinas antigas Galeno apresenta sua
própria doutrina, das “Faculdades Naturais”, ele afirma que a alma é dotada de
diversas faculdades.
O corpo é um todo e cada parte desse todo é um instrumento da alma que possui
uma utilidade.
• Faculdade atrativa - atrai a si o que é apropriado.
• Faculdade expulsora - que expulsa o que não é dominado pelo humor ou o que
é estranho.
• Segunda doutrina - Consiste na retomada platônica da alma.
• Alma racional - Tem sede no cérebro.
• Alma irascível - Tem sede no coração.
• Alma concupiscível - Tem sede no fígado.
19. 3.5 As razões do grande sucesso de
Galeno.
O enorme sucesso na Idade Média e no Renascimento foi
garantido graças a sistematização do saber médico e das
disciplinas sobre as quais ele se apoiava, do claro esquema
teórico (Platônico e Aristotélico) e do elevado sentido
religioso e moral do seu pensamento.
Algo semelhante ao que aconteceu com Aristóteles lhe
aconteceu, ou seja, sua doutrina passou a ser tomada com
dogma, com isso seus erros foram transmitidos de século a
século, um obstáculo ao progresso da medicina, é preciso
distinguir Galeno do galenismo, assim como Aristóteles do
aristotelismo, apesar disso continuam indiscutível.
20. 4. O fim das grandes instituições cientificas
alexandrinas e o declínio da ciência no mundo antigo.
Crise irreversíveis da instituições cientificas que fizeram Alexandria
grande;
Saque da biblioteca, pelo bispo Teófilo, provocou graves perdas;
Golpe de misericórdia, com a conquista de Alexandria pelos
maometanos, que decidiram pela destruição total da Biblioteca em
641 d. C., considerando inútil qualquer livro que não fosse o Corão
(Alcorão).
Embora perdendo seu esplendor no campa da ciência, Alexandria,
continuou um centro filosófico importantíssimo com a última
escola grega de Amônio (séc. II e III d. C.) e a escola dos grandes
comentadores neoplatônicos de Aristóteles (séc. V e VI d. C.).
Surge a primeira tentativa de fusão entre a filosofia grega e o
pensamento bíblico com Fílon, o Hebreu, na primeira metade do
séc. I d. C. florescendo a grande síntese entre a filosofia helênica e a
mensagem cristã (Patrística) a qual lançou as bases do pensamento
medieval e europeu que falamos amplamente.
21. Não é por acaso que Galeno e Ptolomeu devem ser citados juntos. Ambos, na mesma
época, fizeram parte do último impulso do racionalismo helênico, que nessa época já
convivia ao lado de um misticismo – que tentava obter por revelação divina aquilo que
antes era obtido apenas pelas forças da razão.
http://espacoastrologico.org/a-influencia-de-aristoteles-na-obra-astrologica-de-ptolomeu-
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