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CAPÍTULO XXIV
BIOQUÍMICA
A ideia que muda o que nós agora chamamos de Química ocorre no
corpo humano e pode ajudar a explicar seu comportamento é muito
antiga. Platão no Timeu e Aristóteles no quarto livro do “Meteorologica”
apresenta tanto fisiologia quanto química e física. Para os alquimistas,
os fenômenos do microcosmo, ou o corpo humano, meramente refletiam
os eventos do macrocosmo, o mundo exterior. Paracelsus, o
iatroquímico, ficou mais especializado e sistemático à medida que
descreveu um ser inteligente, o Archaeus, presidindo sobre tais funções
como a digestão, mas o Archaeus era meramente um alquimista em seu
laboratório químico com sua crescente busca por mecanismos
quÍmicos, os iatroquímicos posteriores substituíram o Archaeus or
reações puramente químicas tais como a neutralização de ácidos e
bases para explicar as funções corporais. A ideia de elixir, o fermento
que alterava metais-base para ouro, tinha sua contraparte na concepção
dos fermentos que Van Helmont acreditava tomar parte em reações
vitais. Porém, ideias mecanismos químico-fisiológicos permaneceram
vagas e desorganizadas mesmo enquanto Vesalius (1514-1564) estava
descrevendo de uma maneira científica os detalhes da anatomia e os
detalhes físico-mecânicos da fisiologia estavam se desenvolvendo em
direção à descoberta da circulação do sangue por William Harvey
(1578-1657). Os químicos medievais e os primeiros modernos eram
principalmente médicos. Eles naturalmente incluíam estudos dos fluidos
corporais mais óbvios nos seus trabalhos. Van Helmont, por exemplo,
fez muitas descobertas práticas de natureza bioquímica. Existia muito
poucas correlações entre os estudos de diferentes investigadores e
quase nenhum dos fundamentos do assunto foram descobertos porque
as investigações tenderam a ser esporádicas e superficiais.
O fim do Século XVIII, quando a química como um todo foi
sistematizada e colocada em seu caminho moderno, foi também o
período quando diversas descobertas bioquímicas básicas foram feitas.
Aqueles resultaram da investigação da atividade fotossintética de
plantas verdes feita por Priestley, Ingenhousz, e Senebier, e os estudos
sobre respiração animal por Lavoisier com Laplace e Séguin. Mesmo
nesses estudos não existia esforço sistematizado e pouca concepção
da sua importância para uma compreensão completa da química da
vida.
Os Químicos no Século XIX estavam tão ocupados com sua própria
ciência que por um longo tempo eles não tentaram sistematizar a
química dos processos biológicos. Muitas das suas descobertas
bioquímicas foram incidentais nos seus principais trabalhos químicos. O
resultado mais importante do desenvolvimento da química orgânica
primeiramente, do ponto de vista da bioquímica, foi a demonstração de
que os compostos orgânicos naturais eram responsívos das substâncias
inorgânicas. A síntese da uréia de Wöhler e os subsequentes avanços
na síntese orgânica golpearam duramente a hipótese vitalista de que
uma força especial controlava a matéria viva. Em direção à metade do
século uns poucos químicos, o principal dentre eles sendo Liebig,
realmente começaram a integrar seu trabalho com os dos
investigadores biológicos.
Enquanto isso a fisiologia estava se desenvolvendo como uma ciência
por próprio direito, tanto quanto estava a química. Os fisiologistas
estavam prioritariamente preocupados com a mecânica dos organismos
corpóreos e com os estudos sobre o sistema nervoso. Em uma
extensão menor eles investigavam processos químicos. Porém, foi dos
fisiologistas que muitos dos avanços em bioquímica vieram até próximo
do fim do Século. A abordagem desses homens era normalmente
relacionada aos seus estudos de sistemas especiais ou órgãos, e assim
uma visão geral do funcionamento bioquímico do corpo não foi obtida.
Muitas descobertas importantes foram feitas neste século, mas eram
como peças isoladas de um quebra-cabeça. A ciência foi propriamente
chamada de química fisiológica nesse período, desde que ela foi muito
usada para ajudar a entender problemas fisiológicos específicos. Foi
apenas no final do Século XIX e no século XX que as peças começaram
a se encaixar de tal forma que uma imagem unificada das mudanças
químicas nas células e sua significância para o corpo como um todo
pode ser obtida. A fronteira entre química e fisiologia então se tornou
uma ciÊncia por direito próprio, e a isso o nome bioquímica, a química
da vida, pode mais propriamente ser aplicada.
É por causa desse desenvolvimento tão recente que uma descrição
desses eventos foi deferido ao fim dessa história da química. Na
verdade, muita bioquímica é contemporânea. Seus grandes avanços
tiveram lugar desde 1920, a data aproximada na qual essa pesquisa
histórica foi concluída. Entretanto, a história da bioquímica torna-se
largamente uma conta de como suas várias partes foram descobertas e
finalmente integradas para formar a base sobre a qual as descobertas
modernas estão fundadas.
A primeira generalização importante no Século XIX veio do trabalho
pioneiro sobre fotossíntese. Ele levou a uma compreensão de algumas
das relações complexas entre plantas e animais. Priestley e Ingenhousz
descobriram que as plantas verdes na luz solar produziam oxigênio.
Senebier mostrou adiante que as plantas absorviam dióxido de carbono
durante esse processo. Nicolas Théodore de Saussure (1767-1845) em
seu clássico Recherces chimiques sur la végétation (Paris, 1804)
mostraram por medições quantitativas que o carbono na matéria seca
das plantas vinham quase inteiramente do dióxido de carbono, e,
igualmente importante, que o resto da matéria seca, com a exceção dos
minerais do solo, vinham da água. A despeito do reconhecimento
desses fatos, de Saussure não se desvinculou completamente da ideia
de que a matéria orgânica do húmus, ou matéria vegetal decaída, no
solo era também importante para as plantas. Essa teoria do húmus era
antiga e dominou as mentes dos fisiologistas das plantas até a metade
do século.
A Clorofila foi isolada e nomeada a partir das palavras gregas para
“folhas verdes” por J. Pelletier (1788-1842) e J. B. Caventou
(1795-1877) em 1817, embora de início sua importância não tenha sido
apreciada. O significado completo do processo fotossintético não pode
ser desvendado até que o conceito de energia fosse melhor
compreendido. J. R. Mayer, que propôs a lei da conservação de
energia, claramente viu a relação desse conceito de energia com o
processo. Em 1845 ele observou que as plantas fixavam a energia da
luz solar e que isso servia para mais tarde fornecer essa energia como a
fonte da qual os humanos dependiam.
Nesse meio tempo, passos foram dados no sentido de clarear os
mecanismos pelos quais os animais liberavam a energia armazenada
das plantas. Muito dos trabalhos iniciais centravam-se nos valores de
vários tipos de alimentos na nutrição e sobre o processo da digestão.
Ideias sobre dieta ideal, então e agora, variavam enormemente. Alguns
pesquisadores sentiam que uma dieta simples e monótona era melhor
para a saúde.
Que essa ideia não podia ser levada muito adiante foi demonstrado por
William Stark (1740-1770) de uma forma muito conclusive. Seguindo
uma sugestão de Benjamin Franklin, ele viveu por dois meses em uma
dieta de pão e água. Isso resultou em um severo caso de escorbuto, do
qual ele se recuperou por comer uma dieta mista. Logo após ele repetiu
o experimento, dessa vez com resultados fatais. Um experimento similar
foi realizado com animais pelo fisiologista francês François Magendie
(1783-1835) em 1816. Ele alimentou cães com dietas compostas de
água destilada e uma comida específica, tal como açúcar, azeite de
oliva, oou manteiga. Algumas vezes ele adicionava um pouco de
gelatina à dieta. Os cães em cada caso morriam após um mês. O
trabalho indicou que as comidas nitrogenadas (outras que não a
gelatina) eram necessárias À vida. É interessante que, durante a dieta
de açúcar, o cão desenvolveu uma severa infecção ocular que
Magendie descreveu em detalhes. Essa é a primeira descrição clínica
da condição xeroftalmia que resulta de uma deficiência de vitamina A,
embora Magendie não tivesse concepção sobre estados de deficiência.
William Prout, o físico inglês que propôs a hipótese de uma
matéria-prima da qual todos os elementos eram construídos, era um
arguto observador dos processos fisiológicos. Em 1827 e mostrou eu
existiam três classes de alimentos que tinham que ser incluídos na
dieta. Ele chamou-os de sacarinos, oleaginosos e albuminosos. Ele
tentou analisar os constituintes sacaríneos (nossos carbohidratos) mas
não obteve muito sucesso, desde que ele não tinha um bom método de
análise orgânica. Ele acreditava que aquelas substâncias sacarinas era
derivadas principalmente do reino vegetal e deviam ser consideradas
representantes dos alimentos vegetais.
Nessa época a natureza das gorduras já estava muito bem
compreendida dos trabalhos de Chevreul. Pouco avanço no
conhecimento da natureza dos carbohidratos ou proteínas ocorreu até o
trabalho de Emil Fischer no final do século.
Os estudos de Magendie tinham ao menos indicado a importância da
parte nitrogenosa da dieta, e vários investigações foram feitas sobre
essa porção de um ponto de vista nutricional. O nome proteína foi
sugerido por Gerardus Johannes Mulder (1802-1880). Suas visões
sobre a natureza química das proteínas estavam incorretas e
levaram-no a uma série de controvérsias violentas com Liebig. Quem,
na última parte da sua vida, voltou sua atenção aos problemas
fisiológicos. Em 1842 Liebig publicou seu famoso Die Thierchemie
(Braunschweig, 1842), no qual ele aplicou suas teorias sobre química à
fisiologia animal e humana. A influência de Liebig era muito grande. Seu
livro foi traduzido em muitas línguas e apareceu em várias edições.
Apesar do próprio Liebig manter uma doutrina vagamente vitalista, seu
livro foi amargamente atacado pelos vitalistas. Porém, a despeito de
ataques e contra-ataques, ele fez muito para convencer os químicos
que a química podia ser aplicada a problemas fisiológicos. Esse foi o
maior marco no desenvolvimento da bioquímica.
Liebig combateu fortemente a teoria do húmus na nutrição da planta,
acreditando que apenas minerais eram tomados do solo pelas raízes.
Ele foi muito influente na introdução do uso dos fertilizantes minerais
para melhoramento das colheitas, embora ele tenha superestimado a
necessidade de nitrogênio em tais fertilizantes e assim teve menos
sucesso na agricultura prática do que J. B. Lawes (1843-1910) eJ. H.
Gilbert (1817-1901). Em seus estudos na Inglaterra sobre tais
substâncias para a nutrição.
Pela metade do Século XIX muitos dos princípios importantes da
nutrição tinha assim sido estabelecidos. Na mesma época, o
conhecimento dos mecanismos digestivos estavam também em
desenvolvimento e estavam levando à descoberta dos conceitos que
tinham aplicações ainda mais amplas do que a digestão de alimentos.
Em 1824 Prout mostrou que o ácido do suco gástrico, cuja existência
era conhecida desde longo tempo, era realmente o ácido muriático. Isso
não foi aceito de imediato, desde que muitos fisiologistas acreditavam
que era o ácido lático. Mesmo em 1839 uma enciclopédia autorizada
podia indicar, “Dr. Prout de fato nos informa, que uma quantidade de
ácido muriático está sempre presente no estômago durante a digestão,
mas como não parece haver nenhuma evidência decisiva da sua
aparição previamente à introdução da comida no estômago, nós
devemos provavelmente preferir considerá-lo como desenvolvido pelo
processo de digestão, do que como entrando na constituição do suco
gástrico, nem mesmo se isso fosse assim, estaríamos aptos a explicar o
modo pelo qual ele opera na conversão dos alimentos em ​chyme​.” A
prova final de que era o ácido clorídrico veio em 1852 das análises
detalhadas de Friedrich Bidder (1810-1894) e Carl Schimdt (1822-1894).
De início se acreditou que o ácido sozinho causava a quebra dos
materiais alimentares em componentes mais simples. Em 1835 Theodor
Schwann (1810-1882) descobriu que o suco gástrico continha um
catalisador que ele chamou pepsina e o qual era efetivo na quebra dos
alimentos. Liebig adicionou uma nota mais cética e cautelosa ao artigo
de Schwann quando ele publicou seu artigo nos Annalen, mostrando
quão pequeno o papel das enzimas era apreciado na sua época. Outras
logo foram descobertas, entretanto. Ptialina foi obtida da saliva por
Louis Mialher (1807-1886) em 1845. A realização de que o suco gástrico
não era o único agente
Responsável pela digestão veio do trabalho clássico de Claude Bernard
(1813-1878) sobre o suco pancreático. Iniciando em 1846, ele estendeu
uma observação inicial de Gabriel Gustava Valentin (1810-1883) de que
esse fluido, como a saliva, podia decompor o amido. Ele mostrou que o
suco podia também digerir gorduras e proteínas. Seu aluno Willy Kühne
(1837-1900) completou seu trabalho com um detalhado estudo sobre a
ação do suco pancreático nas proteínas e pelo isolamento da tripsina
em 1875. Kühne e Russell Henry Chittenden (1856-1943) obtiveram um
grande número de produtos intermediários da digestão de proteínas,
assim demonstrando algo sobre a natureza do processo digestivo.
Chittenden estabeleceu em Yale o primeiro laboratório de química
fisiológica nos Estados Unidos.
A natureza dos “fermentos,” como as enzimas eram chamadas durante
os primeiros três quartos do século, foi assunto de muita discussão. Isso
veio a se centrar em torno da questão da fermentação do açúcar por
levedura para produzir álcool. Os químicos não-vitalistas, muitos
levados pela opinião de Liebig, acreditavam sem muita evidência
experimental que os fermentos nesse processo estavam apenas
incidentalmente relacionados à vida e eram substâncias químicas reais,
enquanto que os vitalistas sustentavam que a fermentação alcoólica era
uma reação peculiar à vida em si. Os cuidados experimentos de Louis
Pasteur levaram-no a acreditar que a célula vida da levedura era
essencial à fermentação. Assim surgiu a distinção entre fermentos
“desorganizados” que ocorriam fora da célula, e os fermentos
“organizados” ou “formados” que atuavam apenas dentro da célula. Os
vários fermentos digestivos eram exemplos da primeira classe; os
fermentos alcoólicos da levedura eram exemplos da segunda. A
controvérsia entre vitalistas e não-vitalistas continuou até 1897. Naquele
ano Eduard Büchner (1860-1917) obteve um extrato de levedura que
mostrava poder fermentativo. Foi então percebido que a distinção entre
fermentos não-organizados e enzimas era artificial e que quase todas as
reações dos organismos vivos eram realizadas com a ajuda de
catalisadores, os quais passaram a ser simplesmente chamados logo a
seguir de enzimas.
Em uma tentativa de determinar o destino de várias substâncias
introduzidas no corpo, Jean-Baptiste Joseph Dieudonne Boussingault
(1802-1887) estudou a ingestão e excreção relativa de vários elementos
encontrados nos alimentos de animais domésticos. Tais estudos de
balanço tornaram-se muito populares e foram aplicados a humanos por
muitos investigadores, incluindo Liebig. Esse método pareceu simples
demais a Bernard, que desejou
Saber o que estava acontecendo a várias comidas nas células
corporais. Nessa abordagem, como em muitas outras, Bernard foi um
precursor dos modernos investigadores.
Em uma tentativa de provar que os animais podiam sintetizar materiais
alimentares em seus corpos ao invés de de precisar obter todos os
nutrientes da vida vegetal, como Dumas e Boussingault tinham
afirmado, Bernard descobriu que o fígado podia servir como uma fonte
de açúcar sanguíneo. Numerosos estudos revelaram os detalhes da
função glicogênica, e em 1857 ele anunciou o isolamento do glicogênio
do fígado. O glicogênio foi independentemente descoberto na mesma
época por Hensen, um estudante de medicina que trabalhava sob a
direção do famoso patologista Rudolf Virchow (1821-1902). As
fundações para uma compreensão do metabolismo de carbohidratos
tinham sido lançadas, embora uma real compreensão das reações
envolvidas teve que esperar até que as estruturas dos açúcares tenha
sido desenvolvida. A teoria básica nesse campo resultou das
investigações de Emil Fischer por 1890. Seus estudos subsequentes
sobre a estrutura das purinas (1882-1901) e dos polipeptídeos
(1900-1906) abriu o caminho para uma compreensão do metabolismo
do nitrogênio, que foi essencial antes que a bioquímica dessas
substâncias pudesse ser desenvolvida
Os desenvolvimentos posteriores no Século XIX no campo da nutrição
foram largamente influenciados pelas concepções de energia que
tinham se tornado dominantes na física e química da época. Os
fisiologistas alemães sob a liderança de Carl Voit (1831-1908) e seu
aluno Max Rubner (1854-1932) eram especialmente ativos nesse
campo. A primeira tentativa importante de determinar o destino dos
alimentos por análise de trocas gasosas em animais fo feita pelo físico
Victor Henri Regnault, que trabalhava com Jules Reiset (1818-1896).
Eles mantiveram de vários tipos sob uma campânula e determinaram a
quantidade de dióxido de carbono expirado e a quantidade de oxigênio
consumido. A partir desses dados eles calcularam a razão que o
fisiologista E. F. W. Pflüger (1829-1910) mais tarde chamou de
quociente respiratório. Eles mostraram que ele variava com o tipo de
comida ingerido pelos animais. Bidder e Schmidt mostram isso ainda
mais claramente em 1852.
Voit foi treinado como um médico, mas ele estudou química sob
orientações de Liebig. Ele começou seu trabalho fisiológico
estabelecendo o fato de que animais adultos sadios estão normalmente
em equilíbrio de nitrogênio, excretando tanto nitrogênio quanto
absorvendo. Como Liebig e muitos pesquisadores da época, Voit
acreditava que a energia do trabalho muscular vinha da decomposição
de proteínas, e que os carbohidratos e gorduras eram oxidados
diretamente pelo oxigênio vindo dos pulmões. Seus estudos logo
Mostraram que ambas ideias eram falsas. Não existia aumento no
metabolismo de proteínas em um cão em jejum quando ele praticava
trabalho muscular. Em 1865 ele mostrou que a combinação com
oxigênio não foi o primeiro passo na produção de energia, mas que um
grande número de substâncias intermediárias eram formadas a partir do
alimento original antes que a união final com o oxigênio ocorresse. Nem
todos esses intermediários eram necessariamente oxidados
completamente. Em 1877 Pflüger provou isso por mostrar que um
coelho respirando quietamente ou por respiração forçada consumia a
mesma quantidade de oxigênio. Portanto, oxigênio não causava o
metabolismo. Muito da bioquímica moderna consiste na procura por
esses produtos do metabolismo intermediário.
Voit, com a assistência de Max Pettenkofer (1818-1901), agora
começou uma série de estudos de metabolismo por análise de trocas
gasosas de animais e humanos. Melhorando o método de Ragnault e
Reiset ele publicou uma série de artigos entre 1866 e 1873 que
mostravam como o metabolismo animal variava sob diferentes
condições.
Rubner continuous seu trabalho e usou métodos calorimétricos mais
acurados, ambos diretos e indiretos. Em 1883-1884 ele anunciou sua
“lei isodinâmica” que afirmava que os três tipos de comida,
carbohidratos, gorduras, e proteínas, eram equivalente em termos de
valor calórico. Essa lei foi modificada pela ação dinâmica específica dos
alimentos, a qual Rubner também descobriu. O trabalho quantitativo
acurado de Rubner, utilizando os dados termoquímicos dos químicos,
mostrou que a energética dos organismos vivos seguia as mesmas leis
daquelas substâncias puramente químicas.
Os requerimentos globais do corpo para os alimentos majoritários
produtores de energia tinha sido estabelecidos. Era sabido do trabalho
de Liebig que pequenas quantidade de minerais eram essenciais à vida,
mas ainda não se suspeitava que qualquer substância orgânica era
requerida em quantidades tão pequenas que não tivessem valor como
produtoras de energia, nem existia qualquer percepção da necessidade
de certos aminoácidos individuais. As limitações da lei isodinâmica eram
assim ainda não compreendidas.
Entretanto, a inadequação de uma dieta altamente purificada de
carbohidratos, gorduras e proteínas começou a ser reconhecida já em
1881, quando nikolai Ivanovich Lunin (1854-1937) mostrou que uma
pequena quantidade de leite tinha que ser adicionada a essas dietas
purificadas se animais experimentais tinham que sobreviver com elas.
Logo após, Christian Eijkman (1858-1930) em Java descobriu que ele
podia induzir um mal estar em pássaros análogo ao beribéri em
humanos. Isso resultou de uma dieta de arroz polido, e a adição de da
parte polida do arroz à dieta melhorava essa condição.
Eijkman acreditava que algum fator tóxico no arroz era neutralizado por
um fator no material polido. Gerrit Grijns (1865-1944) em 1901 explicou
corretamente pela primeira vez beribéri como uma doença de
deficiência. As observações mais antigas de que várias deficiências
existiam e que podiam ser curadas por suplementos alimentares podia
agora ser compreendida. O escorbuto foi curado nos navios da
Companhia Britânica das Índias Orientais em 1601, e James Link
(1716-1794) tinha provado o valor de alimentos anti-escorbuto
experimentalmente. Em 1804 o suco de limão foi adicionado às rações
da marinha britânica, resultando no nome “limey” para os marinheiros
britânicos. Em 1882 Kanchiro Takaki (1849-1915), Diretor Geral do
Departamento Médico da marinha japonesa, tinha prevenido o beribéri
em sua marinha ao adicionar carne fresca à dieta dos marinheiros,
embora ele acreditasse que o efeito era devido à mudança nas
proporções de nitrogênio e carbono na dieta. O uso de óleo de fígado de
bacalhau na prevenção de raquitismo foi estabelecida por algum tempo
em uma base empírica.
O conceito de males de deficiência foi estendido experimentalmente do
beribéri ao escorbuto quando Axel Holst (1861-1981) e Theodore Frélich
(1871-1953) em 1907 estabeleceu a doença em porcos-da-índia. Em
1912 Casimir Funk (1884-) sugeriu que beribéri, escorbuto, e
provavelmente pelagra eram doenças que requeriam a presença de
bases orgânicas nitrogenadas na dieta para a sua prevenção. Desde
que as aminas eram vitais à vida vida, ele propôs que elas fossem
chamadas de “vitaminas”.
Quase ao mesmo tempo, Frederick Gowland Hopkins (1861-1947), que
tinha trabalhado com suplementos alimentares, publicou um artigo
clássico provando a inadequação das dietas purificadas. Em 1915, E. V.
Mc Collum (1879-1967) mostrou que ratos requeriam ao menos duas
substâncias em sua dieta, que ele subsequentemente chamou de
“gordura solúvel A” e “solúvel em água B. Por volta de 1920 ele
reconheceu que aquelas substâncias não eram aminas, mas o nome
vitamina tornou-se bem estabelecido, a J. C. Drummond (1891-1952)
sugeriu combinar os dois sistemas de nomenclatura, removendo a letra
“e” final de “vitamine” e se referindo a vitamina A e vitamina B. A
substância anti-escorbuto foi então chamada vitamina C, e a
diferenciação da substância anti-raquitismo da vitamina A deu origem ao
termo vitamina D. A descoberta da vitamina E por Herbert Mclean Evans
(1882-1971) em 1922 completou a lista clássica de vitaminas. A
descoberta da vitamina K e a resolução do complexo B ocorreram em
tempos recentes.
durante a maior parte do Século XIX assumiu-se que o sistema nervoso
exercia controle quase que completo sobre as várias funções do corpo.
Assim, apesar de existir um variado número de observações que a
disfunção ou remoção de certas glândulas resultava em falhas em
alguns processos fisiológicos, não foi percebido que aquelas glândulas
exerciam controle não-químico.
Provavelmente a primeira prova experimental da função endócrina foi o
trabalho de A. A. Berthold (1803-1861) em 1849. Ele transplantou
tecidos testiculares em frangos e mostrou que ele podia prevenir os
efeitos da caponização (capar o animal). C. E. Brown Sequard
(1817-1894) adotou essa ideia em 1889 e injetou extratos testiculares
em vários sujeitos, incluindo ele mesmo. Ele permitiu ao seu entusiasmo
se sobrepor aos seus poderes observacionais e fez afirmações que não
foram suportadas, mas ele fez muito ao introduzir a ideia de um
mecanismo químico para o controle de importantes processos. Por volta
dessa mesma época Joseph von Mering (1849-1908) e Oscar
Minkowski (1858-1951) mostrou que a remoção do pâncreas em um
cachorro causava uma aguda elevação no açúcar do sangue. Assim,
pelo final do século, os cientistas estavam prontos para acreditar que
certos órgãos podem produzir substâncias que exercem efeitos
poderosos em outras partes do corpo. A possibilidade de tais efeitos
produzidos por produtos químicos foi reforçada pelas impressionantes
descobertas farmacêuticas de tais homens como Paul Ehrlich
(1854-1915), que mostrou a elevada especificação de várias drogas
sobre os organismos vivos.
Em 1895 George Oliver (1841-1915) e Edward Albert Sharpey Schafer
(1850-1935) obteve um extrato da glândula adrenal que tinha uma ação
poderosa na elevação da pressão sanguínea. Eles apontaram que “as
cápsulas supra-renais devem ser consideradas, apesar de
despossuídas de dutos, como glândulas estritamente secretoras,” O
princípio ativo dessas glândulas, adrenalina ou epinefrina, foi isolado em
1901 por Jokichi Takamine (1854-1922) e independentemente por
Thomas Bell Aldric. Esse foi o primeiro isolamento de um hormônio.
O conceito de hormônios foi esclarecido e colocado em uma base
segura pelos estudos de William Maddock Bayliss (1860-1924) e Ernest
Henry Starling (1866-1927), os quais em 1902 descobriram a secretina,
o hormônio que estimula o fluxo de suco pancreático. Eles
demonstraram que a secretina causava o fluxo desse suco mesmo
quando todos os nervos para o pâncreas tivessem sido cortados. Eles
assim colocaram além da dúvida o fato do controle químico. Bayliss
então generalizou o conceito global em suas Croonian Lectures de
1905. Aqui ele fez a primeira sugestão do nome “hormônio”, do grego
“Eu Excito, ou surgimento,” para esses “mensageiros químicos.” Ele
mostrou mais tarde como as outras glândulas endócrinas tais como a
tireóide ou gônadas também secretavam hormônios. Dessa época em
diante, a ideia dos hormônios estava claramente estabelecida, e foi
apenas uma questão de isolar as secreções das várias glândulas em
um estado de pureza e determinando seus efeitos fisiológicos (nem
sempre uma tarefa fácil). Tiroxina foi isolada por Edward Calvin Kendall
(1886-) no Natal de 1914, e a insulina por Frederick Grant Banting
(1891-1941) e Charles Herbert Best (1899-) em 1921. Muitos hormônios
têm sido desde então obtidos, e o trabalho ainda segue em andamento.
Pode ser visto que por volta de 1920 a bioquímica possuía os princípios
básicos sobre os quais ela ainda está em desenvolvimento. A natureza
química dos constituintes corporais era muito bem compreendido, os
requerimentos nutricionais podiam ser vistos, e os mecanismos
enzimáticos e hormonais pelos quais os processos metabólicos
ocorriam tinham sua existência ao menos conhecida. Sem essas
descobertas fundamentais, que começaram a se encaixar mutuamente
nos anos 1920, a bioquímica não poderia ter feito os tremendos
progressos das décadas recentes.

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A história da bioquímica desde a antiguidade até o século XX

  • 1. CAPÍTULO XXIV BIOQUÍMICA A ideia que muda o que nós agora chamamos de Química ocorre no corpo humano e pode ajudar a explicar seu comportamento é muito antiga. Platão no Timeu e Aristóteles no quarto livro do “Meteorologica” apresenta tanto fisiologia quanto química e física. Para os alquimistas, os fenômenos do microcosmo, ou o corpo humano, meramente refletiam os eventos do macrocosmo, o mundo exterior. Paracelsus, o iatroquímico, ficou mais especializado e sistemático à medida que descreveu um ser inteligente, o Archaeus, presidindo sobre tais funções como a digestão, mas o Archaeus era meramente um alquimista em seu laboratório químico com sua crescente busca por mecanismos quÍmicos, os iatroquímicos posteriores substituíram o Archaeus or reações puramente químicas tais como a neutralização de ácidos e bases para explicar as funções corporais. A ideia de elixir, o fermento que alterava metais-base para ouro, tinha sua contraparte na concepção dos fermentos que Van Helmont acreditava tomar parte em reações vitais. Porém, ideias mecanismos químico-fisiológicos permaneceram vagas e desorganizadas mesmo enquanto Vesalius (1514-1564) estava descrevendo de uma maneira científica os detalhes da anatomia e os detalhes físico-mecânicos da fisiologia estavam se desenvolvendo em direção à descoberta da circulação do sangue por William Harvey (1578-1657). Os químicos medievais e os primeiros modernos eram principalmente médicos. Eles naturalmente incluíam estudos dos fluidos corporais mais óbvios nos seus trabalhos. Van Helmont, por exemplo, fez muitas descobertas práticas de natureza bioquímica. Existia muito poucas correlações entre os estudos de diferentes investigadores e quase nenhum dos fundamentos do assunto foram descobertos porque as investigações tenderam a ser esporádicas e superficiais.
  • 2. O fim do Século XVIII, quando a química como um todo foi sistematizada e colocada em seu caminho moderno, foi também o período quando diversas descobertas bioquímicas básicas foram feitas. Aqueles resultaram da investigação da atividade fotossintética de plantas verdes feita por Priestley, Ingenhousz, e Senebier, e os estudos sobre respiração animal por Lavoisier com Laplace e Séguin. Mesmo nesses estudos não existia esforço sistematizado e pouca concepção da sua importância para uma compreensão completa da química da vida. Os Químicos no Século XIX estavam tão ocupados com sua própria ciência que por um longo tempo eles não tentaram sistematizar a química dos processos biológicos. Muitas das suas descobertas bioquímicas foram incidentais nos seus principais trabalhos químicos. O resultado mais importante do desenvolvimento da química orgânica primeiramente, do ponto de vista da bioquímica, foi a demonstração de que os compostos orgânicos naturais eram responsívos das substâncias inorgânicas. A síntese da uréia de Wöhler e os subsequentes avanços na síntese orgânica golpearam duramente a hipótese vitalista de que uma força especial controlava a matéria viva. Em direção à metade do século uns poucos químicos, o principal dentre eles sendo Liebig, realmente começaram a integrar seu trabalho com os dos investigadores biológicos. Enquanto isso a fisiologia estava se desenvolvendo como uma ciência por próprio direito, tanto quanto estava a química. Os fisiologistas estavam prioritariamente preocupados com a mecânica dos organismos corpóreos e com os estudos sobre o sistema nervoso. Em uma extensão menor eles investigavam processos químicos. Porém, foi dos fisiologistas que muitos dos avanços em bioquímica vieram até próximo do fim do Século. A abordagem desses homens era normalmente relacionada aos seus estudos de sistemas especiais ou órgãos, e assim uma visão geral do funcionamento bioquímico do corpo não foi obtida. Muitas descobertas importantes foram feitas neste século, mas eram como peças isoladas de um quebra-cabeça. A ciência foi propriamente
  • 3. chamada de química fisiológica nesse período, desde que ela foi muito usada para ajudar a entender problemas fisiológicos específicos. Foi apenas no final do Século XIX e no século XX que as peças começaram a se encaixar de tal forma que uma imagem unificada das mudanças químicas nas células e sua significância para o corpo como um todo pode ser obtida. A fronteira entre química e fisiologia então se tornou uma ciÊncia por direito próprio, e a isso o nome bioquímica, a química da vida, pode mais propriamente ser aplicada. É por causa desse desenvolvimento tão recente que uma descrição desses eventos foi deferido ao fim dessa história da química. Na verdade, muita bioquímica é contemporânea. Seus grandes avanços tiveram lugar desde 1920, a data aproximada na qual essa pesquisa histórica foi concluída. Entretanto, a história da bioquímica torna-se largamente uma conta de como suas várias partes foram descobertas e finalmente integradas para formar a base sobre a qual as descobertas modernas estão fundadas. A primeira generalização importante no Século XIX veio do trabalho pioneiro sobre fotossíntese. Ele levou a uma compreensão de algumas das relações complexas entre plantas e animais. Priestley e Ingenhousz descobriram que as plantas verdes na luz solar produziam oxigênio. Senebier mostrou adiante que as plantas absorviam dióxido de carbono durante esse processo. Nicolas Théodore de Saussure (1767-1845) em seu clássico Recherces chimiques sur la végétation (Paris, 1804) mostraram por medições quantitativas que o carbono na matéria seca das plantas vinham quase inteiramente do dióxido de carbono, e, igualmente importante, que o resto da matéria seca, com a exceção dos minerais do solo, vinham da água. A despeito do reconhecimento desses fatos, de Saussure não se desvinculou completamente da ideia de que a matéria orgânica do húmus, ou matéria vegetal decaída, no solo era também importante para as plantas. Essa teoria do húmus era antiga e dominou as mentes dos fisiologistas das plantas até a metade do século.
  • 4. A Clorofila foi isolada e nomeada a partir das palavras gregas para “folhas verdes” por J. Pelletier (1788-1842) e J. B. Caventou (1795-1877) em 1817, embora de início sua importância não tenha sido apreciada. O significado completo do processo fotossintético não pode ser desvendado até que o conceito de energia fosse melhor compreendido. J. R. Mayer, que propôs a lei da conservação de energia, claramente viu a relação desse conceito de energia com o processo. Em 1845 ele observou que as plantas fixavam a energia da luz solar e que isso servia para mais tarde fornecer essa energia como a fonte da qual os humanos dependiam. Nesse meio tempo, passos foram dados no sentido de clarear os mecanismos pelos quais os animais liberavam a energia armazenada das plantas. Muito dos trabalhos iniciais centravam-se nos valores de vários tipos de alimentos na nutrição e sobre o processo da digestão. Ideias sobre dieta ideal, então e agora, variavam enormemente. Alguns pesquisadores sentiam que uma dieta simples e monótona era melhor para a saúde. Que essa ideia não podia ser levada muito adiante foi demonstrado por William Stark (1740-1770) de uma forma muito conclusive. Seguindo uma sugestão de Benjamin Franklin, ele viveu por dois meses em uma dieta de pão e água. Isso resultou em um severo caso de escorbuto, do qual ele se recuperou por comer uma dieta mista. Logo após ele repetiu o experimento, dessa vez com resultados fatais. Um experimento similar foi realizado com animais pelo fisiologista francês François Magendie (1783-1835) em 1816. Ele alimentou cães com dietas compostas de água destilada e uma comida específica, tal como açúcar, azeite de oliva, oou manteiga. Algumas vezes ele adicionava um pouco de gelatina à dieta. Os cães em cada caso morriam após um mês. O trabalho indicou que as comidas nitrogenadas (outras que não a gelatina) eram necessárias À vida. É interessante que, durante a dieta de açúcar, o cão desenvolveu uma severa infecção ocular que Magendie descreveu em detalhes. Essa é a primeira descrição clínica
  • 5. da condição xeroftalmia que resulta de uma deficiência de vitamina A, embora Magendie não tivesse concepção sobre estados de deficiência. William Prout, o físico inglês que propôs a hipótese de uma matéria-prima da qual todos os elementos eram construídos, era um arguto observador dos processos fisiológicos. Em 1827 e mostrou eu existiam três classes de alimentos que tinham que ser incluídos na dieta. Ele chamou-os de sacarinos, oleaginosos e albuminosos. Ele tentou analisar os constituintes sacaríneos (nossos carbohidratos) mas não obteve muito sucesso, desde que ele não tinha um bom método de análise orgânica. Ele acreditava que aquelas substâncias sacarinas era derivadas principalmente do reino vegetal e deviam ser consideradas representantes dos alimentos vegetais. Nessa época a natureza das gorduras já estava muito bem compreendida dos trabalhos de Chevreul. Pouco avanço no conhecimento da natureza dos carbohidratos ou proteínas ocorreu até o trabalho de Emil Fischer no final do século. Os estudos de Magendie tinham ao menos indicado a importância da parte nitrogenosa da dieta, e vários investigações foram feitas sobre essa porção de um ponto de vista nutricional. O nome proteína foi sugerido por Gerardus Johannes Mulder (1802-1880). Suas visões sobre a natureza química das proteínas estavam incorretas e levaram-no a uma série de controvérsias violentas com Liebig. Quem, na última parte da sua vida, voltou sua atenção aos problemas fisiológicos. Em 1842 Liebig publicou seu famoso Die Thierchemie (Braunschweig, 1842), no qual ele aplicou suas teorias sobre química à fisiologia animal e humana. A influência de Liebig era muito grande. Seu livro foi traduzido em muitas línguas e apareceu em várias edições. Apesar do próprio Liebig manter uma doutrina vagamente vitalista, seu livro foi amargamente atacado pelos vitalistas. Porém, a despeito de ataques e contra-ataques, ele fez muito para convencer os químicos
  • 6. que a química podia ser aplicada a problemas fisiológicos. Esse foi o maior marco no desenvolvimento da bioquímica. Liebig combateu fortemente a teoria do húmus na nutrição da planta, acreditando que apenas minerais eram tomados do solo pelas raízes. Ele foi muito influente na introdução do uso dos fertilizantes minerais para melhoramento das colheitas, embora ele tenha superestimado a necessidade de nitrogênio em tais fertilizantes e assim teve menos sucesso na agricultura prática do que J. B. Lawes (1843-1910) eJ. H. Gilbert (1817-1901). Em seus estudos na Inglaterra sobre tais substâncias para a nutrição. Pela metade do Século XIX muitos dos princípios importantes da nutrição tinha assim sido estabelecidos. Na mesma época, o conhecimento dos mecanismos digestivos estavam também em desenvolvimento e estavam levando à descoberta dos conceitos que tinham aplicações ainda mais amplas do que a digestão de alimentos. Em 1824 Prout mostrou que o ácido do suco gástrico, cuja existência era conhecida desde longo tempo, era realmente o ácido muriático. Isso não foi aceito de imediato, desde que muitos fisiologistas acreditavam que era o ácido lático. Mesmo em 1839 uma enciclopédia autorizada podia indicar, “Dr. Prout de fato nos informa, que uma quantidade de ácido muriático está sempre presente no estômago durante a digestão, mas como não parece haver nenhuma evidência decisiva da sua aparição previamente à introdução da comida no estômago, nós devemos provavelmente preferir considerá-lo como desenvolvido pelo processo de digestão, do que como entrando na constituição do suco gástrico, nem mesmo se isso fosse assim, estaríamos aptos a explicar o modo pelo qual ele opera na conversão dos alimentos em ​chyme​.” A prova final de que era o ácido clorídrico veio em 1852 das análises detalhadas de Friedrich Bidder (1810-1894) e Carl Schimdt (1822-1894). De início se acreditou que o ácido sozinho causava a quebra dos materiais alimentares em componentes mais simples. Em 1835 Theodor
  • 7. Schwann (1810-1882) descobriu que o suco gástrico continha um catalisador que ele chamou pepsina e o qual era efetivo na quebra dos alimentos. Liebig adicionou uma nota mais cética e cautelosa ao artigo de Schwann quando ele publicou seu artigo nos Annalen, mostrando quão pequeno o papel das enzimas era apreciado na sua época. Outras logo foram descobertas, entretanto. Ptialina foi obtida da saliva por Louis Mialher (1807-1886) em 1845. A realização de que o suco gástrico não era o único agente Responsável pela digestão veio do trabalho clássico de Claude Bernard (1813-1878) sobre o suco pancreático. Iniciando em 1846, ele estendeu uma observação inicial de Gabriel Gustava Valentin (1810-1883) de que esse fluido, como a saliva, podia decompor o amido. Ele mostrou que o suco podia também digerir gorduras e proteínas. Seu aluno Willy Kühne (1837-1900) completou seu trabalho com um detalhado estudo sobre a ação do suco pancreático nas proteínas e pelo isolamento da tripsina em 1875. Kühne e Russell Henry Chittenden (1856-1943) obtiveram um grande número de produtos intermediários da digestão de proteínas, assim demonstrando algo sobre a natureza do processo digestivo. Chittenden estabeleceu em Yale o primeiro laboratório de química fisiológica nos Estados Unidos. A natureza dos “fermentos,” como as enzimas eram chamadas durante os primeiros três quartos do século, foi assunto de muita discussão. Isso veio a se centrar em torno da questão da fermentação do açúcar por levedura para produzir álcool. Os químicos não-vitalistas, muitos levados pela opinião de Liebig, acreditavam sem muita evidência experimental que os fermentos nesse processo estavam apenas incidentalmente relacionados à vida e eram substâncias químicas reais, enquanto que os vitalistas sustentavam que a fermentação alcoólica era uma reação peculiar à vida em si. Os cuidados experimentos de Louis Pasteur levaram-no a acreditar que a célula vida da levedura era essencial à fermentação. Assim surgiu a distinção entre fermentos “desorganizados” que ocorriam fora da célula, e os fermentos “organizados” ou “formados” que atuavam apenas dentro da célula. Os
  • 8. vários fermentos digestivos eram exemplos da primeira classe; os fermentos alcoólicos da levedura eram exemplos da segunda. A controvérsia entre vitalistas e não-vitalistas continuou até 1897. Naquele ano Eduard Büchner (1860-1917) obteve um extrato de levedura que mostrava poder fermentativo. Foi então percebido que a distinção entre fermentos não-organizados e enzimas era artificial e que quase todas as reações dos organismos vivos eram realizadas com a ajuda de catalisadores, os quais passaram a ser simplesmente chamados logo a seguir de enzimas. Em uma tentativa de determinar o destino de várias substâncias introduzidas no corpo, Jean-Baptiste Joseph Dieudonne Boussingault (1802-1887) estudou a ingestão e excreção relativa de vários elementos encontrados nos alimentos de animais domésticos. Tais estudos de balanço tornaram-se muito populares e foram aplicados a humanos por muitos investigadores, incluindo Liebig. Esse método pareceu simples demais a Bernard, que desejou Saber o que estava acontecendo a várias comidas nas células corporais. Nessa abordagem, como em muitas outras, Bernard foi um precursor dos modernos investigadores. Em uma tentativa de provar que os animais podiam sintetizar materiais alimentares em seus corpos ao invés de de precisar obter todos os nutrientes da vida vegetal, como Dumas e Boussingault tinham afirmado, Bernard descobriu que o fígado podia servir como uma fonte de açúcar sanguíneo. Numerosos estudos revelaram os detalhes da função glicogênica, e em 1857 ele anunciou o isolamento do glicogênio do fígado. O glicogênio foi independentemente descoberto na mesma época por Hensen, um estudante de medicina que trabalhava sob a direção do famoso patologista Rudolf Virchow (1821-1902). As fundações para uma compreensão do metabolismo de carbohidratos tinham sido lançadas, embora uma real compreensão das reações envolvidas teve que esperar até que as estruturas dos açúcares tenha sido desenvolvida. A teoria básica nesse campo resultou das
  • 9. investigações de Emil Fischer por 1890. Seus estudos subsequentes sobre a estrutura das purinas (1882-1901) e dos polipeptídeos (1900-1906) abriu o caminho para uma compreensão do metabolismo do nitrogênio, que foi essencial antes que a bioquímica dessas substâncias pudesse ser desenvolvida Os desenvolvimentos posteriores no Século XIX no campo da nutrição foram largamente influenciados pelas concepções de energia que tinham se tornado dominantes na física e química da época. Os fisiologistas alemães sob a liderança de Carl Voit (1831-1908) e seu aluno Max Rubner (1854-1932) eram especialmente ativos nesse campo. A primeira tentativa importante de determinar o destino dos alimentos por análise de trocas gasosas em animais fo feita pelo físico Victor Henri Regnault, que trabalhava com Jules Reiset (1818-1896). Eles mantiveram de vários tipos sob uma campânula e determinaram a quantidade de dióxido de carbono expirado e a quantidade de oxigênio consumido. A partir desses dados eles calcularam a razão que o fisiologista E. F. W. Pflüger (1829-1910) mais tarde chamou de quociente respiratório. Eles mostraram que ele variava com o tipo de comida ingerido pelos animais. Bidder e Schmidt mostram isso ainda mais claramente em 1852. Voit foi treinado como um médico, mas ele estudou química sob orientações de Liebig. Ele começou seu trabalho fisiológico estabelecendo o fato de que animais adultos sadios estão normalmente em equilíbrio de nitrogênio, excretando tanto nitrogênio quanto absorvendo. Como Liebig e muitos pesquisadores da época, Voit acreditava que a energia do trabalho muscular vinha da decomposição de proteínas, e que os carbohidratos e gorduras eram oxidados diretamente pelo oxigênio vindo dos pulmões. Seus estudos logo Mostraram que ambas ideias eram falsas. Não existia aumento no metabolismo de proteínas em um cão em jejum quando ele praticava trabalho muscular. Em 1865 ele mostrou que a combinação com oxigênio não foi o primeiro passo na produção de energia, mas que um
  • 10. grande número de substâncias intermediárias eram formadas a partir do alimento original antes que a união final com o oxigênio ocorresse. Nem todos esses intermediários eram necessariamente oxidados completamente. Em 1877 Pflüger provou isso por mostrar que um coelho respirando quietamente ou por respiração forçada consumia a mesma quantidade de oxigênio. Portanto, oxigênio não causava o metabolismo. Muito da bioquímica moderna consiste na procura por esses produtos do metabolismo intermediário. Voit, com a assistência de Max Pettenkofer (1818-1901), agora começou uma série de estudos de metabolismo por análise de trocas gasosas de animais e humanos. Melhorando o método de Ragnault e Reiset ele publicou uma série de artigos entre 1866 e 1873 que mostravam como o metabolismo animal variava sob diferentes condições. Rubner continuous seu trabalho e usou métodos calorimétricos mais acurados, ambos diretos e indiretos. Em 1883-1884 ele anunciou sua “lei isodinâmica” que afirmava que os três tipos de comida, carbohidratos, gorduras, e proteínas, eram equivalente em termos de valor calórico. Essa lei foi modificada pela ação dinâmica específica dos alimentos, a qual Rubner também descobriu. O trabalho quantitativo acurado de Rubner, utilizando os dados termoquímicos dos químicos, mostrou que a energética dos organismos vivos seguia as mesmas leis daquelas substâncias puramente químicas. Os requerimentos globais do corpo para os alimentos majoritários produtores de energia tinha sido estabelecidos. Era sabido do trabalho de Liebig que pequenas quantidade de minerais eram essenciais à vida, mas ainda não se suspeitava que qualquer substância orgânica era requerida em quantidades tão pequenas que não tivessem valor como produtoras de energia, nem existia qualquer percepção da necessidade de certos aminoácidos individuais. As limitações da lei isodinâmica eram assim ainda não compreendidas.
  • 11. Entretanto, a inadequação de uma dieta altamente purificada de carbohidratos, gorduras e proteínas começou a ser reconhecida já em 1881, quando nikolai Ivanovich Lunin (1854-1937) mostrou que uma pequena quantidade de leite tinha que ser adicionada a essas dietas purificadas se animais experimentais tinham que sobreviver com elas. Logo após, Christian Eijkman (1858-1930) em Java descobriu que ele podia induzir um mal estar em pássaros análogo ao beribéri em humanos. Isso resultou de uma dieta de arroz polido, e a adição de da parte polida do arroz à dieta melhorava essa condição. Eijkman acreditava que algum fator tóxico no arroz era neutralizado por um fator no material polido. Gerrit Grijns (1865-1944) em 1901 explicou corretamente pela primeira vez beribéri como uma doença de deficiência. As observações mais antigas de que várias deficiências existiam e que podiam ser curadas por suplementos alimentares podia agora ser compreendida. O escorbuto foi curado nos navios da Companhia Britânica das Índias Orientais em 1601, e James Link (1716-1794) tinha provado o valor de alimentos anti-escorbuto experimentalmente. Em 1804 o suco de limão foi adicionado às rações da marinha britânica, resultando no nome “limey” para os marinheiros britânicos. Em 1882 Kanchiro Takaki (1849-1915), Diretor Geral do Departamento Médico da marinha japonesa, tinha prevenido o beribéri em sua marinha ao adicionar carne fresca à dieta dos marinheiros, embora ele acreditasse que o efeito era devido à mudança nas proporções de nitrogênio e carbono na dieta. O uso de óleo de fígado de bacalhau na prevenção de raquitismo foi estabelecida por algum tempo em uma base empírica. O conceito de males de deficiência foi estendido experimentalmente do beribéri ao escorbuto quando Axel Holst (1861-1981) e Theodore Frélich (1871-1953) em 1907 estabeleceu a doença em porcos-da-índia. Em 1912 Casimir Funk (1884-) sugeriu que beribéri, escorbuto, e provavelmente pelagra eram doenças que requeriam a presença de bases orgânicas nitrogenadas na dieta para a sua prevenção. Desde
  • 12. que as aminas eram vitais à vida vida, ele propôs que elas fossem chamadas de “vitaminas”. Quase ao mesmo tempo, Frederick Gowland Hopkins (1861-1947), que tinha trabalhado com suplementos alimentares, publicou um artigo clássico provando a inadequação das dietas purificadas. Em 1915, E. V. Mc Collum (1879-1967) mostrou que ratos requeriam ao menos duas substâncias em sua dieta, que ele subsequentemente chamou de “gordura solúvel A” e “solúvel em água B. Por volta de 1920 ele reconheceu que aquelas substâncias não eram aminas, mas o nome vitamina tornou-se bem estabelecido, a J. C. Drummond (1891-1952) sugeriu combinar os dois sistemas de nomenclatura, removendo a letra “e” final de “vitamine” e se referindo a vitamina A e vitamina B. A substância anti-escorbuto foi então chamada vitamina C, e a diferenciação da substância anti-raquitismo da vitamina A deu origem ao termo vitamina D. A descoberta da vitamina E por Herbert Mclean Evans (1882-1971) em 1922 completou a lista clássica de vitaminas. A descoberta da vitamina K e a resolução do complexo B ocorreram em tempos recentes. durante a maior parte do Século XIX assumiu-se que o sistema nervoso exercia controle quase que completo sobre as várias funções do corpo. Assim, apesar de existir um variado número de observações que a disfunção ou remoção de certas glândulas resultava em falhas em alguns processos fisiológicos, não foi percebido que aquelas glândulas exerciam controle não-químico. Provavelmente a primeira prova experimental da função endócrina foi o trabalho de A. A. Berthold (1803-1861) em 1849. Ele transplantou tecidos testiculares em frangos e mostrou que ele podia prevenir os efeitos da caponização (capar o animal). C. E. Brown Sequard (1817-1894) adotou essa ideia em 1889 e injetou extratos testiculares em vários sujeitos, incluindo ele mesmo. Ele permitiu ao seu entusiasmo se sobrepor aos seus poderes observacionais e fez afirmações que não
  • 13. foram suportadas, mas ele fez muito ao introduzir a ideia de um mecanismo químico para o controle de importantes processos. Por volta dessa mesma época Joseph von Mering (1849-1908) e Oscar Minkowski (1858-1951) mostrou que a remoção do pâncreas em um cachorro causava uma aguda elevação no açúcar do sangue. Assim, pelo final do século, os cientistas estavam prontos para acreditar que certos órgãos podem produzir substâncias que exercem efeitos poderosos em outras partes do corpo. A possibilidade de tais efeitos produzidos por produtos químicos foi reforçada pelas impressionantes descobertas farmacêuticas de tais homens como Paul Ehrlich (1854-1915), que mostrou a elevada especificação de várias drogas sobre os organismos vivos. Em 1895 George Oliver (1841-1915) e Edward Albert Sharpey Schafer (1850-1935) obteve um extrato da glândula adrenal que tinha uma ação poderosa na elevação da pressão sanguínea. Eles apontaram que “as cápsulas supra-renais devem ser consideradas, apesar de despossuídas de dutos, como glândulas estritamente secretoras,” O princípio ativo dessas glândulas, adrenalina ou epinefrina, foi isolado em 1901 por Jokichi Takamine (1854-1922) e independentemente por Thomas Bell Aldric. Esse foi o primeiro isolamento de um hormônio. O conceito de hormônios foi esclarecido e colocado em uma base segura pelos estudos de William Maddock Bayliss (1860-1924) e Ernest Henry Starling (1866-1927), os quais em 1902 descobriram a secretina, o hormônio que estimula o fluxo de suco pancreático. Eles demonstraram que a secretina causava o fluxo desse suco mesmo quando todos os nervos para o pâncreas tivessem sido cortados. Eles assim colocaram além da dúvida o fato do controle químico. Bayliss então generalizou o conceito global em suas Croonian Lectures de 1905. Aqui ele fez a primeira sugestão do nome “hormônio”, do grego “Eu Excito, ou surgimento,” para esses “mensageiros químicos.” Ele mostrou mais tarde como as outras glândulas endócrinas tais como a tireóide ou gônadas também secretavam hormônios. Dessa época em diante, a ideia dos hormônios estava claramente estabelecida, e foi
  • 14. apenas uma questão de isolar as secreções das várias glândulas em um estado de pureza e determinando seus efeitos fisiológicos (nem sempre uma tarefa fácil). Tiroxina foi isolada por Edward Calvin Kendall (1886-) no Natal de 1914, e a insulina por Frederick Grant Banting (1891-1941) e Charles Herbert Best (1899-) em 1921. Muitos hormônios têm sido desde então obtidos, e o trabalho ainda segue em andamento. Pode ser visto que por volta de 1920 a bioquímica possuía os princípios básicos sobre os quais ela ainda está em desenvolvimento. A natureza química dos constituintes corporais era muito bem compreendido, os requerimentos nutricionais podiam ser vistos, e os mecanismos enzimáticos e hormonais pelos quais os processos metabólicos ocorriam tinham sua existência ao menos conhecida. Sem essas descobertas fundamentais, que começaram a se encaixar mutuamente nos anos 1920, a bioquímica não poderia ter feito os tremendos progressos das décadas recentes.