1) O documento discute a difusão das teorias atômicas desde a Renascença, com traduções das obras de atomistas gregos como Demócrito e Epicuro.
2) Pierre Gassendi e René Descartes desenvolveram teorias atômicas mecanicistas influentes, tentando explicar propriedades da matéria em termos de tamanho, forma e movimento dos átomos.
3) Robert Boyle aplicou abordagens experimentais e mecanicistas à química, buscando eliminar forças ocultas e explicar reações em termos
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
Capítulo 11 - A difusão das teorias atomísticas
1. CAPÍTULO XI
A DIFUSÃO DAS TEORIAS ATOMÍSTICAS
A teoria Aristotélica de forma e matéria levou logicamente à crença de que cada transformação
química, com sua resultante mudança nas propriedades das substâncias envolvidas, era na
verdade uma transmutação. Os produtos de reação eram completamente novos, e nada da
substância antiga permanecia exceto, talvez, alguma “virtude” ou qualidade oculta. Essa ideia
foi defendida firmemente através da Idade Média. Cada substância individual era considerada
completamente homogênea e contínua. As propriedades das substâncias materiais eram
devido às “formas substanciais e qualidades reais,” as quais, na Idade Média, acreditavase
que eram as verdadeiras entidades ligadas à matéria. Um corpo era branco porque ele
continha a “forma da brancura,” e sentiase que essa afirmação era uma explicação
completamente adequada da propriedade. Substâncias eram dotadas de personalidade; elas
amavam e odiavam (afinidade). Essas qualidades mais tarde vieram a ser chamadas de
“ocultas.” Elas eram o objeto especial de ataque dos físicos e químicos do Século XVII.
Mesmo nos primórdios da Renascença, os homens começaram a desafiar alguns desses
conceitos. Os primeiros ataques vieram quando os humanistas começaram a traduzir os
trabalhos dos atomistas gregos. O poema do Século I de Lucretius, De rerum natura, que
explicava a versão de Epicuro das ideias atômicas de Demócrito, foi impressa pela primeira vez
em 1473. Ele reintroduziu o conceito de vazio, ou vácuo, no qual flutuavam as mais diminutias
partículas de substâncias, os átomos eram dotados de formas e tamanhos, e em contínuo
movimento. Em 1575 apareceu a primeira tradução completa do livro Pneumatica de Heron de
Alexandria. Essa era uma obra pouco filosófica e mais voltada aos aspectos práticos da
explicação do comportamento dos gases. Ela não assumia um vácuo contínuo. Partículas
não–diferenciadas estavam separadas apenas por poros de variados tamanhos que permitiam
a expansão e a contração de gases. Heron não estava tentando apresentar uma imagem
completa de todo o cosmo. Apesar de sua teoria, como a de Demócrito, considerar a matéria
como sendo particulada, era menos compreensível que a teoria exposta por Lucretius.
Essas ideias atômicas, inicialmente expressas apenas como teorias, começaram a receber
suporte experimental de estudiosos como Béguin, Sala, e Van Helmont. Como evidências
acumuladas de que uma mesma substância persistia através de uma série de transformações
químicas, era natural assumir que os átomos diminutos eram as partes imutáveis que eram
carregadas por todos os passos. Van Helmont não achou necessário fazer disso uma
premissa, mas vários dos seus contemporâneos o fizeram.
Daniel Sennert (15721637) pensou que a existência de pequenas partículas individuais, que
ele chamou de “mínima”, estava provada quando vapor de espírito de vinho penetrava uma
folha de papel, ou quando um grande volume de vapor durante a destilação contraíase e
formava uma pequena gota de líquido. Joachim Junge, ou Jungius (15871637), explicou
2. muitas reações em termos atômicos. Ele negava que a substituição de ferro por cobre em uma
solução de sulfato de cobre era uma transmutação, vendo ali apenas uma troca de átomos.
Muitos físico, antiAristotélicos em aparência, similarmente usaram explicações atômicas para
as reações que eles observavam.
Inicialmente uma tentative foi feita para preserver ao menos uma parte da velha teoria pela
divisão dos compostos em duas classes, “natural” e “artificial”. Compostos naturais eram
aqueles que resultavam das verdadeiras transmutações; compostos artificiais, aqueles que
podiam ser resolvidos nas substâncias das quais eles eram feitos. À medida que mais
experimentos eram realizados, o número de compostos artificiais tornouse tão grande que a
distinção teve que ser abandonada.
Esses primeiros atomistas eram normalmente professamente antiAristotélicos, mas eles
continuaram a dotar seus átomos com as formas e qualidades dos Aristotélicos. Eles fizeram a
ideia de átomo familiar aos cientistas da época, mas eles não tentaram nenhuma nova
explicação de propriedades químicas. Os racionalistas do Século XVII migraram para novos
conceitos. Galileu (15641642) aceitou a visão de Heron mas ele dotou suas partículas de
movimento, dando ao movimento uma importância igual ao tamanho e forma na fixação das
propriedades dos átomos. Essa foi a base da “filosofia mecânica” que alterou completamente s
visões dos físicos e químicos no Século XVII. Quase ao mesmo tempo, Francis Bacon
(15611626), aceitando uma teoria particular de matéria sem aceitar os átomos de Demócrito
como tal, acreditava que o calor era uma forma de movimento e que a Ciência deveria se
esforçar para investigar “a descoberta das formas,” ou seja, explicar as propriedades da
matéria.
As teorias atômicas mais influentes e tentativas de explicar a natureza em termos mecânicos
foram as de Pierre Gassendi (15921655) e René Descartes (15961650). Ambos tentaram
estabelecer um sistema de mundo completo, em alusão aos filósofos gregos, mas os Químicos
apenas das partes que pareciam aplicáveis às reações químicas, assum construindo uma
Química “mecânica” que prgrediram muito em banir as forças ocultas das propriedades e
reações.
Gassendi era um Epicuriano convicto e tinha escrito uma biografia de Epicuro e uma exposição
de sua filosogia. Ele aceitava a prova experimental da existência do vácuo que veio de
Evangelista Torricelli (16081647) o qual inventou o barômetro em 1643. Gassendi considerava
que os átomos moviamse nesse vazio. Ele tentou levar em conta todas as propriedades da
matéria (tamanho e forma dos átomos). Calor era devido a átomos pequenos e arredondados;
frio, a átomos piramidais e com pontas afiadas, as quais ajudavam pela sensação de picadas
que o frio severo causa; Sólidos mantinhamse juntos por ganchos entrelaçadores. Existe uma
influência aqui dos elementos platônicos cujas formas influenciavam as suas propriedades.
Esse aspecto do atomismo foi ressaltado fortemente pelos químicos nos anos seguintes.
3. Descartes não acreditava nos átomos como tal, mas em uma matéria contínua e infinitamente
divisível. Nenhum vácuo era possível, mas as partículas originais de matéria, por seu próprio
movimento, eram desgastados em partículas maiores de variadas formas. Isso compunha o
“terceiro elemento,” da matéria terrestre, o qual compreendia as substâncias químicas cujas
formas eram importantes, assim como no sistema de Gassendi. As partículas eram
infinitamente divisíveis em teoria, mas na verdade por causa dos seus movimentos
relativamente lentos, eles não sofriam muita mudança. Entre essas partículas estavam
partículas muito menores do “segundo elemento,” uma matéria sutil movendose rapidamente
que era o elemento “AR”. Os interstícios que permaneciam eram preenchidos por partículas
extremamente pequenas, também movendose rapidamente, do “primeiro elemento,” FOGO,
formadas pelas partículas desgastadas dos outros elementos, e facilmente deformadas, de tal
forma que elas preenchiam os espaços remanescentes e não deixando espaço para um vácuo.
O movimento do terceiro elemento era comunicado pelas partículas mais rapidamente em
movimento do segundo elemento, e o movimento podia ser responsabilizado por muitas das
propriedades dos corpos. Calor aumentava o movimento do segundo elemento, e assim o do
terceiro. Muitas das propriedades da matéria explicadas por Gassendi como sendo devidas à
forma física eram explicadas por Descartes como sendo devidas ao movimento ou repouso
relativo, mesmo a luz era uma forma de movimento de partículas sutis. O segundo elemento foi
denominado “ether” por Descartes, e seu conceito de um fluido particulado sutil que a tudo
permeava calçou as últimas tentativas de usar essa ideia para explicar as dificuldades que os
físicos encontraram com a luz, calor e eletricidade.
O objetivo desses filósofos era acabar com todas as forças misteriosas, ocultas ou
personalizadas, e explicar a natureza emu ma base mecânica. O maior expoente dessa
abordagem mecânica na Química foi o excepcional investigador Inglês Robert Boyle
(16271691).
Boyle era um representante de um tipo de cientista encontrado especialmente na Inglaterra
durante o próximo século e meio, o investigador amador. Enquanto que as maiores
contribuições à Química no continente Europeu vieram de farmacêuticos ou homens com
treinamento farmacêutico, os maiores avanços na Inglaterra resultaram do trabalho de homens
que perseguiam a Ciências como uma vocação. Eles eram independentemente ricos, ou eles
mantinham posições que davam a eles amplo tempo para realizar investigações e para
desenvolver novas teorias. Como resultado, eles tenderamm a avançar o lado teórico da
Ciência, enquanto que os farmacêuticos continentais estavam descobrindo novas substâncias
e novas reações.
O primeiro trabalho experimental importante de Boyle foi seu estudo das propriedades do ar, o
quale ele publicou no “New Experiment: Physicamechanical, Touching the Spring of the Air
and Its Effects (1660)” [Novo Experimento: Físicomecanicamente: Tocando a Mola do Ar e
Seus Efeitos]. Ele aplicou a recentemente descoberta bomba de ar de Otto von Guericke
(16021686), Burgomestre de Magdeburg, para produzir um vácuo e estudo do comportamente
físico do ar. Esses estudos levaram à enunciação do que é agora usualmente chamado de “Lei
4. de Boyle”. Elas eram tão influentes entre os companheiros cientistas que o vácuo produzido
pela bomba de ar tornouse conhecida como o vácuo Boyliano. A bomba em si foi construída
para ele por seu assistente, Robert Hooke (16351703), que mais tarde fez suas próprias
importantes contribuições para a ciência.
O trabalho de Boyle ajudou grandemente a eliminar alguns dos velhos conceitos de “simpatia”
e “abominação” da Física. Ele deu uma explicação mecânica de sucção como resultante da
pressão do ar, e isso indicou o caminho que Boyle seguiria na Química pelo resto de sua vida.
Seu principal propósito era apresentar uma descrição mecânica das reações químicas, para
acabar com todas as formas e qualidades ocultas, e para explicar o comportamento das
substâncias por analogia com uma máquina, especificamente para considerar o mundo como
uma “grande peça de um relógio.”
Uma parte essencial desse plano para clarear as velhas ideias, especialmente aquelas dos
elementos Aristotélicos e dos princípios Paracelsianos, bem como a teoria de que corpor
podiam ser resolvidos em suas últimas partes pelo fogo, isso é, pela destilação destrutiva. Essa
tarefa Boyle empreendeu em seu mais famoso livro, “O Sceptical Chymist” (O Químico Cético),
publicado em 1661. Na forma de um diálogo entre defensores das teorias antigas e Carneades,
o químico cético (o próprio Boyle), ele apresentou argumentos convincentes para destruir
muitas das crenças prévias. O livro foi extremamente influente no estabelecimento das novas
visões entre os químicos do Século XVII. Fiel ao seu título, entretanto, o livro não apresenta um
substituto para as ideias que foram postas de lado. Isso levou alguns a acreditar que Boyle era
um completo cético em ciência, realizando experimentos para sua própria causa e não para
tentar produzir uma teoria unificadora que explicasse o mundo. A extrema variedade dos seus
experimentos e a ordem aparentemente assistemática de suas publicações poderia parecer
suportar essa visão. Na verdade isso está muito distante de ser correto.
Boyle era guiado através de todo o seu trabalho pelo que ele próprio chamou de “filosofia
corpuscular”. Ele, como Heron, descreveu o ar como fundamentalmente corpuscular, e seus
primeiros experimentos sobre elasticidade confirmaram essa imagem. Ele conhecia as teorias
de Gassendi e Descartes, e ele usou certos aspectos de cada um, mas ele construiu sua
própria visão de universo mecânico na qual as qualidades fundamentais eram matétia e
movimento. Suas ideias foram mais plenamente explicadas em “The Origin of Forms and
Qualities (1666)” [A Origem das Formas e Qualidades].
Boyle concebeu partículas pequenas, sólidas e fisicamente indivisíveis que eram os blocos
formadores da natureza. Esses eram associados em grupos maiores os quais comumente
agiam como unidades através de um número de reações químicas. Tamanho e forma dessas
unidades davam as propriedades física às substâncias, mas seu movimento era igualmente
importante, e uma mudança em movimento resultava em uma mudança nas suas
propriedades. Atração e afinidade eram explicadas pelo encaixe mútuo das partículas em
movimento.
5. O princípio unificante em todos os variados experimentos que Boyle realixou era a tentative de
usar essa ideia de matéria e movimento para explicar mecanicamente todas as reações
químicas e todas as propriedades físicas e descartar todas as teorias ocultas. No curso do seu
trabalho,
Boyle, um experimentador experto, fez numerosas descobertas importantes e ofereceu muitas
sugestões importantes que foram muito estimulantes para os químicos posteriores.
Ele trabalhou o método de isolamento do fósforo a partir de pistas dadas pelo seu descobridor
original, Bran, e usou essa nova susbstância em seus estudos de química do ar. Ele investigou
ácidos e álcalis e o uso de indicadores. Ele descreveu muitos testes úteis em análise
qualitativa. Muito influente entre os químicos posteriores foram seus estudos sobre a natureza
do fogo e da calcinação, que ele interpretou em termos de sua teoria corpuscular. Ele
acreditava que o fogo era composto de pequenas partículas em rápido movimento, pois, como
muitos dos seus contemporâneos, ele acreditou que o movimento contribuía para o calor. Ele
seou vários metais em frascos de vidro e aqueceu fortemente para convertêlos em seus
calcinados (óxidos). Ele então abriu os frascos e pesou o produto. O aumento no peso era
atribuído às partículas de fogo que tinham penetrado o vidro e se combinado com o metal.
Muitos químicos adotaram essa teoria, e ela não foi refutada conclusivamente até que seus
experimentos fossem checados por Lavoisier. Essa foi uma excelente ilustração do alcance
que a teoria cospuscular poderia alcançar.
Boyle tambem estudou a combustão ao ar livre, e reconheceu que parte do ar era necessária
para o processo continuar. Ele pensava que o ar era uma mistura de um número de tipos
distintos de partículas: vapores de água e outras exalações, uma substância pecular que
suportava a combustão, e as partículas básicas de ar que contribuíam para a “mola”
(elasticidade). Essas últimas partículas davam ao ar suas propriedades gasosas, mas elas não
reagiam quimicamente. Isso relembra a ideia de ar de Van Helmont. Essas ideias foram mais
tarde extendidas por Hooke e Mayou.
Apesar de Boyle conceber a matéria como inteiramente corpuscular, suas ideias de elementos
não eram de todo modernas. Ele deu uma definição de elemento no apêndice do Sceptical
Chymist que é usualmente cotada como uma precursosa das ideias de Lavoisier:
E para prevenir enganos, eu devo advertilos, que eu agora chamo de Elementos, como
aqueles Químicos que falam de forma mais simples por princípios, certos corpos simples e
primitivos ou perfeitamente nãomisturados que: não sendo feitos de quaisquer outros corpos,
ou de um outro, são os ingredientes dos quais todos aqueles chamados de corpos
perfeitamente mixtos são imediatamente compostos, e neles são ultimamente resolvidos.
Na verdade, Boyle não acreditava em elementos no nosso sentido da palavra. Para ele os
agregados de partículas produziam muitas das substâncias conhecidas que podiam portanto
ser transmutadas em praticamente quaisquer outras substâncias por um rearranjo das
6. partículas. De fato, Boyle ainda acreditava na possibilidade de transmutação, e estava
interessado em transmutar ouro, não por razões alquímicas, mas para provar sua teoria
corpuscular. Suas teorias eram fundamentalmente menos avançadas que aquelas de muitos
dos seus contemporâneos. Foi seu trabalho experimental, seus argumentos contra as ideias
Aristotélicas e Paracelsianas, e sua ênfase em explicações mecânicas e corpusculares que
exerceram uma grande influência nos químicos vindouros.
O único cientista importante que aceitou completamente as ideias Químicas de Boyle foi Issac
Newton (16421727), o qual estava muito interessado em Química e incluiu várias consultas ao
final do seu livro Optics. As teorias de Newton sobre a matéria eram essencialmente aquelas
de Boyle, apesar de ele assumir uma atração entre as partículas que Boye provavelmente teria
considerado oculta. Newton aparentemente também acreditava que as partículas de
susbstâncias materiais não eram fundamentais, e que a transmutação era possível.
Sua visão da natureza nãoelementar das partículas da matéria não foi adotada por muitos dos
químicos do Século XVII. Eles seguiram Libavius em suas definições dos objetivos da Química,
os quais eles acreditavam ser extrair princípios puros e descobrir como eles se combinavam
em compostos conhecidos. Inevitavelmente, isso levou à ideia de que partículas derradeiras,
elementos, podiam ser obtidos. Como as várias teorias corpusculares desenvolveram, era
natural esperar que partículas indivisíveis de elementos, isso é, átomos, deveriam existir. Esses
átomos não podiam mudar, e assim, ao menos, a ideia de transmutação era rejeitada, mesmo
por Cartesianos estritos. Então restou apenas considerar mecanicamente as reações e
propriedades desses elementos, pois, quaisquer que fossem as variações na teoria adotadas
pelos químicos do Século XVII, todas estavam unidas na rejeição a quaisquer explicações
ocultas.
Um dos mais influentes químicos desse período foi Nicolas Lémery (16451715), um apotecário
de Paris que dava leituras públicas sobre Química na tradição do Jardin du Roi, e que publicou
um livrotexto popular, o “Cours de Chimie” [Curso de Química] (1675). O livro era altamente
prático, e em suas receitas para a preparação de medicamentos químicos ele se baseava
fortemente no trabalho dos químicos farmacêuticos predecessores, especialmente Christoge
Glaser. Quando ele discutia teoria, ela era de um ponto de vista inteiramente atomístico.
Lémery nçao aderiu especificamente a qualquer teoria, não mais do que Boyle, mas ele estava
menos interessado em movimento e mais na forma dos átomos. Ele explicou propriedades
físicas e químicas pela forma. Ácidos tinham
Espinhos afiados nos seus átomos, contribuindo para a sensação de formigamento que eles
exerciam na pele. Álcalis eram corpor altamente pororos nos quais os espinhos dos ácidos
penetravam e eram quebrados ou atenuados para produzir sais neutros.
As explicações de Lémery eram superficiais, é verdade, mas elas pareceram razoáveis e
óbvias mesmo a nãoQuímicos. Leigos inteligentes tinham previamente sido desviados da
química pelas explicações vagas e místicas dos alquimistas e iatroquímicos. Agora Lémery
7. dava simples explicações sobre a natureza do mundo e popularizou suas teorias em suas
leituras e livrotexto. O resultado foi um interesse disseminado pela Química entre o seu público
educado. Isso aumentou o número de potenciais futuros químicos, e promoveu discussões
mais completas e abertas sobre as ideias químicas. O efeito no desenvolvimento posterior da
ciência foi grande.
Por volta dessa época, os próprios cientistas estavam organizando grupos para encontrar e
discutir problemas com os quais eles se deparavam em seus laboratórios. De primeiro, eram
encontros informais nas casas dos vários cientistas. Assim era as academias privadas de
Mersenne ou Justel em Paris, ou o grupo do qual Boyle era membro que se encontrava em
Oxford e em Londre, e que era conhecido como o Colégio Invisível. Desses grupos surgiram as
organizações formais “Académie des Sciences” em Paris (1666) e a Royal Society em Londres
(1662). Correspondência internacional entre tais grupos era uma ocorrência regular. Os
cientistas, incluindo naturalmente os químicos, estavam aptos a discutir seu trabalho com seus
associados, submeter ao ceticismo construtivo, e, finalmente, a publicar seus resultados em
jornais que as novas sociedades estabeleceram. A importância das relativamente rápidas
publicações das novas descobertas que esses jornais tornavam possíveis não pode ser
subestimada.
O Século XVII, então, resultou em uma verdadeira revolução química, a qual realmente era
uma parte da revolução maior em todas as ciências experimentais. As velhas doutrinas
místicas foram descartadas, a ideia de átomos estava firmemente estabelecida. O laboratório
experimental recebeu um novo e mais importante lugar na ciência, e os próprios químicos
estavam associados em grupos fortes e mutualmente apoiadores. O público geral tornouse
consciente dos progressos e possibilidades da ciência. Apesar da frase “Revolução Química”
ser comumente aplicada ao trabalho de Lavoisier e seus associados no final do Século XVIII,
foi a completa mudança de visão durante o Século VII que preparou o caminho. Ainda não
havia unanimidade em torno de uma teoria química específica, mas existia uma concordância
geral aos princípios básicos e métodos a ser usados na busca pelo caminho posterior a seguir.
QUESTIONÁRIO
1) O que pensava René Descartes sobre a natureza da matéria?
2) O que pensava Robert Boyle sobre a natureza da matéria e como ele influenciou
gerações posteriores de Químicos?
3) Como Nicolas Lémery auxiliou na disseminação de ideias químicas na Europa?