1. Em meados do séc. XIX, o avanço da maquinaria nas fábricas inglesas tornou desnecessário
o emprego da força muscular para a produção, permitindo o uso de mão-de-obra feminina
e infantil.
O TRABALHO INFANTIL
2. Podiam movimentar-se por espaços estreitos. As crianças arrastavam-se por baixo do tear
para recolher os restos de lã que caíam da máquina. Os retalhos eram catados e retornavam
às máquinas de fiar para que não houvesse desperdício de matéria-prima. As crianças que
faziam isso corriam o risco de serem esmagadas pelas máquinas.
Entre os trabalhadores europeus do século XIX havia muitas crianças
Para os patrões era vantajoso empregar crianças: elas costumavam ser mais submissas
do que os adultos, recebiam salários ainda mais baixos.
3. “Além de uma legislação que permitia até 6 horas o trabalho para meninos com
menos de 13 anos, os empregadores burlavam essa legislação através da
falsificação de documentos e de atestados “(MARX, 1985).
”A exploração do trabalho infantil era de tal forma alarmante em meados do séc.
XIX, que, nas manufaturas metalúrgicas em Birmingham, Inglaterra, era empregado
o trabalho de cerca de 30 000 crianças. Eram atividades extremamente insalubres,
nas fundições de cobre, na fabricação de botões, nas oficinas de esmaltar, de
galvanizar e de laquear. Em Londres, as impressoras de livros e de jornais exigiam
um trabalho tão excessivo que eram denominadas de matadouros” (MARX, 1985).
Em 1866, nas olarias da Grã-Bretanha, a jornada de trabalho durava das 5
horas da manhã até às 8 horas da noite, e chegava-se a empregar crianças de 6 e
até de 4 anos, ocupadas pelo mesmo número de horas dos adultos ou mais. Nas
fábricas de renda, o trabalho nos domicílios era ainda mais cruel, algumas crianças
começavam a trabalhar com menos de 5 anos de idade, enfrentando uma jornada
diária de 12 horas em ambientes fétidos e insalubres.
4. Muitas vezes as crianças ficavam cansadas, sonolentas, e não conseguiam manter a
velocidade exigida pelas máquinas. Quando isso ocorria, em geral apanhavam para
trabalharem mais depressa ou tinham a cabeça mergulhada em água fria para
ficarem acordadas.
5. "Sou encarregada de abrir e fechar as portas de ventilação na mina de
Gauber, tenho de fazer isso sem luz e estou assustada. Entro às quatro, e
às vezes às três e meia da manhã, e saio às cinco e meia. Nunca durmo. Às
vezes canto quando tenho luz, mas não no escuro: não ouso cantar.”
Esta é a descrição feita por uma menina de oito anos, Sarah Gooder, de um dia nas
minas, em meados do século XIX. As revelações de Sarah e de outras crianças
levaram finalmente a uma legislação proibindo o emprego de crianças nas minas -
quer dizer, crianças abaixo de dez anos de idade! (POSTMAN,1999, p.67).
TRABALHO NAS MINAS
6. Relembremos também o alto índice de acidentes de trabalho junto às máquinas de
estomentar o linho, cujas consequências levavam, na maioria das vezes, à morte ou
a graves mutilações. Sem mencionar as inúmeras e constantes doenças pulmonares
como a tuberculose, ocasionadas, entre outros factores, pelo insuficiente oxigénio
nos ambientes de trabalho e habitação. (MARX, 1985).
7. Um testemunho de Eça de Queiroz:
"A criança de sete a dez anos, já conduz os bois, guarda o gado, apanha a
lenha, acarreta, sacha, colabora na cultura. Tem a altura de uma enxada e a
utilidade de um homem. Sai de madrugada, recolhe às trindades, com o seu
dia rudemente trabalhado. Mandá-lo à escola, de manhã e de tarde, umas
poucas de horas, é diminuir a força produtora do casal. Um aluno de mais na
escola é assim um braço de menos na lavoura. Ora uma família de lavradores
não pode luxuosamente diminuir as suas forças vivas. Não é por o filho saber
soletrar a cartilha que a terra lhe dará mais pão. Portanto tiram a criança à
escola para a empregar na terra.”
Uma Campanha Alegre (Volume II, Capítulo XXII: Melancólicas reflexões
sobre a instrução pública em Portugal) por Eça de Queirós
8. O trabalho nas fábricas e o desconhecimento legal de direitos
elementares suscitaram entre os operários um sentimento de
insatisfação e de descontentamento, que se manifestou de modo
violento. Deste modo, na década de quarenta e cinquenta do século
XIX surgiram as primeiras lutas das trabalhadoras, sendo uma das
primeiras queixas, a realidade contra o desemprego em
consequência das frequentes crises industriais. As primeiras
manifestações operárias que conhecemos na revolução industrial
são contra as máquinas, nas quais o operário via um competidor
(máquina) que favorecia a descida dos salários e provocava o
desemprego, facto que não deixa de ser muito interessante tendo em
conta a nossa atualidade.
9. É neste contexto que surge a manifestação do dia 8 de Março de 1857
esta foi uma das mais significativas, pois teve como consequência a morte
das 130 operárias tecelãs. Este ato totalmente desumano nunca foi esquecido
entre os trabalhadores/ras da época e foi um dos acontecimentos que veio
originar o 1º de Maio.
O 1º de Maio surgiu no seguimento de uma manifestação que ocorreu
em 1886 na cidade de Chicago, Estados Unidos da América. A manifestação
tinha como finalidade reivindicar a redução de trabalho para 8 horas diárias e
teve a participação de 500 mil trabalhadores, a maioria eram mulheres. Nesse
dia, devido a tal manifestação teve também início uma greve geral nos EUA.
No dia 3 de Maio a polícia entreviu e consequentemente, morreram
alguns manifestantes. No dia seguinte, 4 de Maio, uma nova manifestação foi
organizada como protesto pelos acontecimentos dos dias anteriores, neste
dia, morreram mais doze pessoas e dezenas ficaram feridas. Estes
acontecimentos passaram a ser conhecidos como a Revolta de Haymarket