O documento introduz o tema Filosofia, Retórica e Democracia na Grécia Antiga. Aborda o surgimento da democracia em Atenas e dos sofistas, que ensinavam retórica. Também discute as visões de Sócrates e Platão, que criticavam os sofistas por valorizarem apenas a persuasão. O documento conclui com a relação entre filosofia, retórica e democracia na época.
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
Plano de aula reg. nº 7 e 8 corrigido
1. Agrupamento de Escolas Aurélia de Sousa
Racionalidade Argumentativa e Filosofia
3. Argumentação e Filosofia
3.1. Filosofia, retórica e democracia
___________________________________________________________________________
Regência nº 7 e 8
2º Período
11º B
Orientadora Cooperante: Dr.ª Blandina Lopes
Professora Estagiária: Rafaela Francisca Cardoso
Porto, 2015
2. Dados de Identificação
Professora Estagiária: Rafaela Francisca Cardoso
Disciplina: Filosofia Ano de Escolaridade: 11º Turma: B
Tema: Racionalidade Argumentativa e Filosofia
Unidade: Argumentação e Filosofia
Subunidade: Filosofia, retórica e democracia
Sumário: Introdução ao tema: Filosofia, Retórica e Democracia. O
aparecimento dos sofistas e a revolução socrático-platónica. Realização de
uma ficha de trabalho.
Data: 14/01/2016 Duração: 50 + 50 minutos Regência nº: 7 e 8 Lição nº: 43/44
Objetivos:
Gerais:
Contextualizar historicamente Atenas;
Compreender o surgimento da democracia na Grécia Antiga,
bem como as suas implicações;
Reconhecer, no âmbito da filosofia socrático-platónica, a
diferença entre o “sofista” e o “filósofo”;
Relacionar as abordagens em questão.
Específicos:
Relacionar o surgimento dos sofistas com o contexto democrático
ateniense;
Caracterizar o movimento sofístico;
Compreender a importância do conceito de Paideia;
Esclarecer o posicionamento de Sócrates e de Platão perante os
sofistas;
Considerar as relações entre filosofia, retórica e democracia.
3. Conteúdos
Programáticos
Objetivos/Competências Conceitos
Nucleares
Recursos/Estratégias Avaliação Tempo
Racionalidade
Argumentativa e
Filosofia
3. Argumentação e
Filosofia
3.1. Filosofia, retórica e
democracia
Relacionar o surgimento dos
sofistas com o contexto
democrático ateniense;
Caracterizar o movimento
sofístico;
Referir os sofistas mais
importantes da época:
Protágoras e Górgias;
Compreender a importância do
termo Paideia;
Política
Democracia
Sofista
Paideia
Filósofo
Bem
Ser
Lição nº + Sumário
Método dialógico;
Apresentação e
visionamento de um
vídeo;
Apresentação PowerPoint
– com quadro síntese;
Analise de textos;
Análise do quadro síntese;
Pontualidade;
Material;
Interação com os
colegas;
Comportamento;
Participação
pertinente (autónoma
e apropriada);
Adequação e
articulação dos
conceitos previamente
adquiridos.
5 min
10 min
25 min
25 min
10 min
4. Esclarecer o posicionamento
de Sócrates e de Platão perante
os sofistas;
Analisar (por contraposição)
as diferenças entre os sofistas
e os filósofos;
Considerar as relações entre
filosofia, retórica e
democracia.
Conclusões;
Ficha de Trabalho.
5 min
20 min
5. Fundamentação Científica
As aulas lecionadas inserem-se no modulo 3. Argumentação e filosofia, mais
especificamente no ponto 3.1. Filosofia, retórica e democracia.
É fundamental uma primeira contextualização da Grécia Antiga, assim em meados do século
V a.C. em Atenas começava a instituir-se uma ordem democrática e aqui abre-se a vida
política à participação dos cidadãos, é importante compreender também o que significava ser
“Cidadão” na Grécia Antiga, uma vez que, era um estatuto que apenas podia ser atribuído aos
homens livres, e no caso de não serem considerados cidadãos, não tinham participação cívica,
não eram assim considerados cidadãos: pessoas com menos de 20 anos, os estrangeiros
denominados por metecos, os escravos e as mulheres.
Era emergente uma formação particular para a conquista do poder, uma formação que
proporcionasse uma boa capacidade de discursar nas assembleias perante os cidadãos, por
forma a persuadir e convencer o auditório, isto porque já se estava perante um cenário de
alterações a vários níveis, alterações como: a atividade agrícola que se via atualmente numa
atividade comercial, o tratamento da justiça que já se encontrava mais centrado no ser
humano, o próprio modelo de educação é alterado sendo o seu fundamento na base de que
argumentar é fundamental para toda e qualquer atividade.
Neste cenário de progresso e, portanto, de uma ordem democrática, surgem os
Sofistas (do seu sentido original de “sábio” e de “especialista”). Os sofistas eram professores
itinerantes que viviam para ensinar os jovens cidadãos, centrando o seu ensino mais na forma
do que no conteúdo, ensinando a técnica de discursar quase como uma arte de realçar e
destacar os seus discursos em função da conveniência de cada um.
Os sofistas com maior destaque foram Protágoras e Górgias, surgem então a partir do início
da segunda metade do séc. V a.C. como professores que iam de cidade em cidade, no que
concerne a Protágoras (490-420 a.C.), autor da célebre frase “o homem é a medida de todas
as coisas”, defendia que a verdade dos discursos é a verdade que serve ao ser humano
(concreto), uma verdade relativa porque é feita à medida das necessidades e circunstâncias de
A vida do homem não pode “ser vivida” repetindo os padrões
da espécie;é ele próprio – cada um de nós – quem deve viver .
- Erich Fromm, Ética e Psicanálise
6. cada um. Com Górgias (480-380 a.C.), podemos destacar as seguintes palavras: “Nada existe;
se algo existe, esse algo era impossível conhecer; e ainda que a sua existência fosse possível,
o seu conhecimento tornava-se incomunicável”, com esta declaração, Górgias baseia-se na
pluralidade de sentidos encontrada nas palavras, sendo Górgias ainda mais cético do que
Protágoras podemos falar numa complementaridade entre os dois.
A Grécia desta época torna-se palco de um conjunto de transformações que
contribuem para o estabelecimento de condições geográficas, históricas e culturais que se
traduzem no “milagre grego” e, no séc. V a. C. vigorava então em Atenas um regime
democrático que, por um lado convidava à intervenção direta dos cidadãos nas decisões
políticas da cidade (polis) e, por um outro lado, fomentava a competitividade de interesses na
luta pelo poder político, poder este que se conquistava pela retórica: entendida como a arte de
seduzir e convencer. Os sofistas contribuíram ainda para a formação da Paideia, fonte da
formação e cultura ocidentais em que a própria cultura, construída a partir da educação, era
direcionada para que o homem evolui-se, tanto em si mesmo enquanto homem como em
cidadão, e o resultado que se pretendia era que se estivesse perante um processo de
construção e edificação do homem pela sua vida em diante.
Assiste-se a uma visão depreciativa dos sofistas pelos filósofos Sócrates e Platão, bem
como pelos seus discípulos, os filósofos olhavam os sofistas, que cobravam pelo seu ensino,
como praticantes de um relativismo que punha em causa a verdade e valorizava
exclusivamente a retórica como um discurso persuasivo, ao invés da sabedoria. Tinham
assim, os sofistas, o discurso como instrumento de poder, desprovido de verdade e de bem,
em oposição à conduta filosófica que privilegia precisamente o valor de verdade e de bem,
abandonando por completo qualquer intenção do domínio opinativo ou de aparência.
Os sofistas, como vimos, levavam a sua pedagogia ligada à retórica (arte de bem
falar), e à dialética (forma para, posteriormente, destruírem – em situação, o adversário),
sendo a técnica mais usada o diálogo. O ideal de vida que praticavam, passava,
essencialmente, por uma vida prática em que o cidadão tinha de ser interveniente na vida
pública, sendo o seu ideal educativo o de uma aprendizagem de técnicas discursivas que
permitissem a tão desejada intervenção pública, atingindo assim a felicidade pelo sucesso
social e político (poder, prazer e riqueza), estamos então perante um ideal de conhecimento
que, segundo Sócrates e Platão não visa a verdade, pois tem como único objetivo atender a
técnicas de persuasão num dado auditório.
Os filósofos como Sócrates e o seu discípulo Platão recusam então a ideia sofistica
pelo uso que atribuem à palavra e pela forma como encaminhavam os jovens à ideia de
7. conhecimento que os mesmo tinham e seguiam, perante isto, não podiam aceitar este
relativismo da verdade, esta valorização da retórica como discurso persuasivo sem nunca
valorizarem devidamente a sabedoria, tudo isto aliado ao facto de fazerem os jovens pagar
pelos ensinamentos que deles recebiam, cria este repúdio por parte dos filósofos.
Por isto, através de um método que visa o diálogo e no termino de tudo o que lhe for
oposto, Sócrates e Platão dão inicio à divisão profunda que durante séculos dividirá a
filosofia da retórica. Para melhor percebemos estas diferenças impostas por Sócrates e Platão,
atendamos às mais relevantes diferenças entre um sofista e um filósofo, sendo estas
claramente distintas e, portanto, completamente separáveis: O sofista atende à forma do
discurso enquanto que o filósofo atende ao conteúdo, o sofista procura o discurso eficaz
enquanto o filósofo procura o discurso verdadeiro, o sofista baseia o seu discurso na
aparência e o filósofo na Verdade e no Bem, e enquanto o sofista ensina uma técnica e não
mais que isso, o filósofo procura a verdade absoluta de tudo o que aprende, e posteriormente,
ensina.
É importante, por fim, compreender a relação estre os três conceitos: filosofia,
retórica e democracia, compreendemos em primeiro que nas sociedades democráticas o
regime político tem por base o diálogo e a procura coletiva das melhores soluções para os
problemas da sociedade, e tal como na democracia o poder obtém-se através da palavra usada
e com a devida persuasão em assembleia. Sendo os sofistas tradicionalmente considerados
mestres do saber, que ensinavam a arte da retórica e a democracia depende, em certa medida
da retórica, na medida em que, é através do confronto de ideias que vão chegando a um
consenso, e esse permite resolver os problemas das sociedades. Já a filosofia influência a
retórica, que por si influência a democracia, pois a filosofia usa a retórica para melhorar a
argumentação e a justificação dos seus argumentos ou teses e, neste caso, a retórica vai ser
utilizada na democracia, na qual serão utilizados argumentos filosóficos.
Em jeito de conclusão, e retomando o inicio da presente aula, podemos considerar que
o discurso do sofista representa uma grande possibilidade de levar a linguagem a instâncias
não conhecidas anteriormente; tem o poder de educar e de fazer ignorar, consoante o
interesse de quem está a utilizá-lo. Deste modo, os sofistas foram, na pior das hipóteses, um
mal necessário ou uma etapa que teve que existir, caso contrário seria difícil conceber
Sócrates e Platão sem as suas tentativas de obliterar a prática de uma dialética contraditória.
8. Fundamentação Pedagógico-Didática
As aulas lecionadas inserem-se no modulo 3. Argumentação e filosofia, mais
especificamente no ponto 3.1. Filosofia, retórica e democracia. Dando inicio à explicitação
dos conteúdos relativos à presente aula, procederemos à mostra dos conteúdos (com uma
contextualização histórica de Atenas no séc. V a.C.), com recurso a PowerPoint e seguindo
slide a slide, onde em cada um decorrerá a devida explicitação dos elementos que integram os
conteúdos a tratar, que se desenvolvem em volta do tema: Argumentação e filosofia.
Um dos recursos a ser utilizado é o PowerPoint, sendo uma das ferramentas mais
utilizadas em contexto de sala de aula, na medida em que, nela podemos inserir imagens,
animações, esquemas, mapas conceptuais, etc., os quais quando em conformidade com a
matéria a lecionar são uma mais valia para os estudantes, na medida em que, promovem a
interação dos alunos e, consequentemente, o seu proveito da aula poderá ser maior. A escolha
deste recurso prende-se com o facto de a matéria a lecionar permitir alguma diversidade de
conteúdo e ser fundamental uma constante ligação do mesmo, assim torna-se mais fácil a
compreensão com recurso a imagens, textos ou vídeos, e com uma apresentação PowerPoint,
podem assim, estar inseridos todos os elementos de uma forma mais simples e, como se
pretende, mais clara.
Durante a análise e explicitação do PowerPoint, será pedido aos estudantes que abram
o manual, para conjuntamente com o professor lerem e analisarem os textos presentes no
manual adotado acerca do tema em questão, “na medida em que eles podem constituir-se
como matéria mesma sobre a qual a atividade filosófica, como atividade interpretativa, se
pode exercer (...). Este processo, simultâneo, de descentração e alargamento da experiência
pessoal, cria condições favoráveis ao exercício filosófico da crítica e compreensão”
(Programa de Filosofia, pp. 9). Tendo então em conta a importância do recurso a trabalho de
texto, considera-se o mesmo, um trabalho fundamental na Filosofia, bem como em todo o
processo ensino-aprendizagem. Posteriormente, e já num momento final, é projetado um
quadro que pretende tornar mais claro aos estudantes as diferenças entre a sofistica e a
filosofia socrático-platónica.
Por fim, os estudantes procederão à realização de uma ficha de trabalho, na qual os
estudantes encontram questões de resposta mais curta e questões que lhes exigirão um
trabalho mais minucioso, sendo estas de resposta longa. Os diferentes tipos de questão
procuram ir de encontro não só dos alunos que se identificam mais com respostas curtas, mas
9. também, dos que encontram a sua expressão através de questões com um teor acrescido ao
nível do desenvolvimento. Nesta medida, a presente ficha de trabalho pretende aferir a
compreensão dos estudantes relativamente aos conteúdos lecionados, e ainda, contribuir para
o modo como consolidam hábitos de trabalho.
10. Bibliografia
Abrunhosa, M., Leitão, M. (2008). Um outro olhar sobre o mundo. Porto: Edições ASA.
Almeida, A. (2003). Dicionário Escolar de Filosofia. Lisboa: Plátano Editora.
Almeida, A. (2007). Arte de Pensar 11º ano – Vol. 2. Lisboa: Didática Editora.
Almeida, A., Murcho, D. (2014). 50 Lições de Filosofia 11.º Ano. Didática Editora.
Amorim, C., Pires, C. (2012). Percursos 11º Ano. Areal Editores.
Borges, J.F., Paiva, M., &Tavares, O. (2014). Novos Contextos 11º Ano. Porto: Porto Editora.
Henriques, F., Vicente, J., Barros, M. (2001). Programa de Filosofia 10 e 11º Anos.
11. Anexos
ANEXO I – PowerPoint
+
3. Argumentação e
Filosofia
3.1. Filosofia, retórica e
democracia
Agrupamento de Escolas Aurélia de Sousa
Ano letivo 2015-16
+
12. + Meados do Século V. a.C.
Atenas começa a instituir a ordem democrática, abrindo a vida política à participação
dos cidadãos.
A investigação racional sobre a physis (a natureza) é secundarizada pela preocupação
de preparar os jovens para a vida pública.
O ensino tradicional torna-se insuficiente. Assiste-se à necessidade de uma formação
específica para a conquista do poder, uma formação que conferisse capacidade de
discursar nas assembleias de cidadãos, para persuadir e convencer o auditório.
Passagem de uma reflexão mais cosmocêntrica para uma mais antropocêntrica
+ Contexto histórico-cultural (analisar texto 1 da fot.)
“Pelo meado do século V [a.C.], a situação de Atenas modificou-se profundamente. Vitoriosa
na guerra contra a Pérsia, na qual estivera à cabeça da independência helénica, Atenas alcançou
a hegemonia no campo político, económico e intelectual. Designa-se comummente este período
de «Século de Péricles», singularizando-o o facto do génio helénico ter atingido por então o
ponto mais alto da sua actividade criadora, de influência decisiva não só na cultura ulterior,
como na cultura europeia, pois, como pensava Werner Jaegar, é neste século V a.C. que «tem a
sua origem a ideia ocidental de cultura». O plano educativo tradicional tornou-se insuficiente,
tanto mais que o regime da democracia direta, por então o regime político ateniense, assente na
intervenção direta dos cidadãos e na competição das ideias e das correntes de interesses, deu
ensejo ao espírito iluminista, isto é, ao convencimento de que as «luzes» da razão podem
esclarecer e guiar os diversos aspetos da vida social.”
Joaquim de Carvalho, História das Instituições e Pensamento Político, F. C. Gulbenkian
13. +
“Os sofistas foram os primeiros a reconhecerem o valor formativo do saber e
elaboraram o conceito de cultura (Paideia) que não é a soma de noções, nem
tão pouco apenas o processo da sua aquisição, mas formação do homem no seu
ser concreto, como membro de um povo ou de um ambiente social. Os sofistas
foram mestres da cultura.”
ABBAGNANO, História da Filosofia, vol. I, p. 98
+ Principais Sofistas :
Protágoras (490-420 a.C.)
“O homem é a medida de todas as
coisas”.
Górgias (480-380 a.C.)
“Nada existe; Se algo existe, esse
algo era impossível conhecer; e
ainda que a sua existência fosse
possível, o seu conhecimento
tornava-se incomunicável”.
Relativismo da verdade
14. +
“O próprio nome de «sofistas», que significa «sábio», desviado do seu sentido original, tornou-se
sinónimo de possuidor de um falso saber, não procurando senão enganar, e fazendo, para isso, um
considerável uso do paralogismo. Aristóteles, seguindo o veredicto do seu mestre Platão, chamará
sofista «ao que tem da sabedoria a aparência, não a realidade», e o «sofisma» será sinónimo de
falso raciocínio. Não só o próprio nome de «sofista» foi desacreditado, mas ainda demasiadas vezes
se expuseram teses mestras dos Sofistas apenas de acordo com a refutação operada pelo
platonismo; deste modo, a imagem da sofística apareceu-nos através de uma distorção, em que os
Sofistas figuram como os eternos vencidos de antemão, que, se existem, é por terem errado. Os
Sofistas possuem (...) personalidade e doutrinas muito diferentes. Quais são, portanto, os traços
comuns que lhes proporcionam uma denominação semelhante? Talvez um determinado número de
temas, como o interesse prestado a problemas sobre a linguagem, à problemática das relações entre
natureza e lei, por exemplo.”
Gilbert Romeyer-Dherbey, Os Sofistas, Edições 70
(analisar texto 2 da fot.)
+ Rutura com o relativismo sofista
Sócrates, Platão e seus discípulos
Não podiam aceitar o relativismo da
verdade, a valorização da retórica em
detrimento da sabedoria
Isto aliado ao facto de os sofistas se
fazerem pagar pelos seus
ensinamentos
Para os sofistas, o discurso só pode ser eficaz,
convincente – a retórica a dominar pelo poder da
palavra (algo com o qual Sócrates e Platão não
concordam)
Uma boa
argumentação,
uma retórica
digna: é aquela
que serve o
filósofo na busca
da verdade.
15. + Relação entre os conceitos: filosofia, retórica
e democracia
Filosofia
DemocraciaRetórica
16. ANEXO II – Analise de textos (a entregar aos estudantes) – Textos 1. e 2.
Pelo meado do século V [a.C.], a situação
de Atenas modificou-se profundamente.
Vitoriosa na guerra contra a Pérsia, na qual
estivera à cabeça da independência helénica,
Atenas alcançou a hegemonia no campo
político, económico e intelectual. Designa-se
comummente este período de «Século de
Péricles», singularizando-o o facto do génio
helénico ter atingido por então o ponto mais
alto da sua actividade criadora, de influência
decisiva não só na cultura ulterior, como na
cultura europeia, pois, como pensava Werner
Jaegar, é neste século V a.C. que «tem a sua
origem a ideia ocidental de cultura».
O plano educativo tradicional tornou-se
insuficiente, tanto mais que o regime da
democracia directa, por então o regime político
ateniense, assente na intervenção directa dos
cidadãos e na competição das ideias e das
correntes de interesses, deu ensejo ao espírito
iluminista, isto é, ao convencimento de que as
«luzes» da razão podem esclarecer e guiar os
diversos aspectos da vida social.”
2.
“O próprio nome de «sofistas», que
significa «sábio», desviado do seu sentido
original, tornou-se sinónimo de possuidor
de um falso saber, não procurando senão
enganar, e fazendo, para isso, um
considerável uso do paralogismo.
Aristóteles, seguindo o veredicto do seu
mestre Platão, chamará sofista «ao que tem
da sabedoria a aparência, não a realidade»,
e o «sofisma» será sinónimo de falso
raciocínio.
Não só o próprio nome de «sofista»
foi desacreditado, mas ainda demasiadas
vezes se expuseram teses mestras dos
Sofistas apenas de acordo com a refutação
operada pelo platonismo; deste modo, a
imagem da sofística apareceu-nos através
de uma distorção, em que os Sofistas
figuram como os eternos vencidos de
antemão, que, se existem, é por terem
errado.
Os Sofistas possuem (...)
personalidade e doutrinas muito diferentes.
Quais são, portanto, os traços comuns que
lhes proporcionam uma denominação
semelhante? Talvez um determinado
número de temas, como o interesse
prestado a problemas sobre a linguagem, à
problemática das relações entre natureza e
lei, por exemplo.”
Gilbert Romeyer-Dherbey, Os Sofistas,
Edições 70
17. ANEXO III - Conclusões a ditar aos estudantes
Relação entre os conceitos: filosofia, retórica e democracia
A democracia depende da retórica, visto que, é através do confronto de ideias e da
persuasão que se chega a um consenso, permitindo encontrar respostas aos problemas
relacionados com a cidade. A filosofia, por sua vez, serve-se da retórica para aperfeiçoar os
seus argumentos, bem como a sua justificação, visando a procura do conhecimento e da
verdade.
Assim, a retórica irá ser utilizada na democracia, onde irão, igualmente, ser usados
argumentos filosóficos (argumentos esses aperfeiçoados e justificados devido ao uso da
retórica).
18. ANEXO IV: Proposta de correção da ficha de trabalho
Proposta de correção da ficha de trabalho
1.
1.1. Esta afirmação é falsa, na medida em que, a principal finalidade do sofista consistia em
convencer e manipular o auditório em questão, através da linguagem. Todavia, esta afirmação
seria verdadeira se se referisse ao filósofo.
1.2. Esta afirmação é verdadeira, porque com a chegada da democracia os cidadãos são
convidados a expressarem as suas opiniões e, por isso, a usar livremente a palavra. Devido ao
modelo de educação tradicional, eles não estavam preparados para defender as suas ideias,
daí o surgimento dos sofistas, que vêm colmatar essas falhas, instauradas pelo modelo
educativo tradicional.
1.3. Esta afirmação é falsa, pois as críticas ao movimento sofístico foram dirigidas,
principalmente, por Sócrates e Platão.
1.4. Esta afirmação é verdadeira, visto que, o sofista, mestre da oratória e eloquência, fez da
retórica uma técnica de dar encanto ao discurso, ao recorrer a figuras de estilo, jogos de
palavras e outras estratégias para convencer o auditório. Todas essas estratégias permitiram
que os sofistas fossem associados a excessos estilísticos da retórica.
2. Os principais representantes da revolução contra os sofistas foram Sócrates e Platão. Os
factores que conduziram às críticas destes dois filósofos baseiam-se na finalidade do
movimento sofístico – a manipulação do auditório, através da linguagem –; no caráter
relativo da verdade; e, por conseguinte, devido à verdade ser relativa, o conhecimento reduz-
se à mera opinião (doxa).
3.
3.1. a) A partir das críticas de Sócrates e Platão, o termo «sofista» foi associado ao falso
saber, a uma sabedoria aparente, por oposição ao filósofo. Estas críticas fizeram com que,
durante largos tempos, os sofistas fossem vistos sob um olhar distorcido o que,
consequentemente, enfermou a relação entre a retórica e a filosofia.
19. 3.2. a) Segundo Sócrates, a retórica assume-se como atividade empírica, na medida em que,
tende a produzir «uma certa espécie de agrado e desagrado» e como simulacro da política,
pois não ajuda a encontrar a verdade absoluta, finalidade pretendida pelo filósofo.
4.
Sofista
Filósofo
Caraterísticas: centrado na forma; procura a verdade; desenvolveu a retórica;
desenvolveu a dialética; a finalidade consistia na manipulação do auditório em
questão; centrado no conteúdo do que está a ser proferido; ensinavam a técnica do
discurso com o objetivo de persuadir através da linguagem; professores itinerantes; o
discurso é baseado nos conceitos Verdade e Bem;
20. ANEXO V – Páginas do manual adotado a utilizar em aula
21.
22.
23.
24.
25.
26. ANEXO VI - Grelha de observação
Ser e Saber Estar Saber e Saber Fazer
Alunos Pontualidade Material
Comportamento
adequado à sala
de aula
Realiza as
atividades
propostas
Participa
ativamente nas
atividades
propostas
Cuidado na
argumentação
Qualidade e
pertinência nas
respostas solicitadas
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.