1. Guião de aula, regência 7 e 8 – 11º B
14.01.2016 às 8h.30m
1. Contextualização histórica
fonte da formação e cultura ocidentais em que a própria
cultura, construída a partir da educação era direcionada para que o homem evolui-se, tanto
em si mesmo como em cidadão e o resultado que se pretendia era que se estivesse perante um
processo de construção e edificação do homem pela sua vida em diante.
2. 2. Surgem os Sofistas
Dotados de habilidade linguística e de estilo eloquente, os sofistas depressa
surpreenderam os atenienses com os seus discursos. A antilogia, isto é, a oposição de teses
igualmente possíveis e sua discussão, sobressaiu como a metodologia mais utilizada pelos
sofistas. Eles acreditavam ser possível defender dois argumentos contraditórios e
estimulavam os seus alunos pela defesa do mais fraco. Salienta-se que, muitas vezes, estes
recorriam à leitura e memorização de discursos já utilizados que continham a forma como
alguns argumentos deveriam ser encarados, servindo, desse modo, de modelos para situações
futuras a decorrer nas assembleias ou tribunais públicos.
Desta forma, a retórica foi um instrumento de poder na democracia ateniense e, desde
muito cedo, os sofistas reconheceram que mais importante do que o conteúdo de um discurso
é o uso que se faz das palavras, por forma a conseguir convencer os ouvintes. Neste sentido, a
verdade dos discursos é a verdade que serve o homem concreto. É uma verdade relativa.
Protágoras di-lo claramente: O homem é a medida de todas as coisas. Ao afirmar o
relativismo da verdade, o sofista inaugura uma longa batalha contra Sócrates e Platão.
3. Sofistas em destaque :
Protágoras (490-420 a.C.) - “O homem é a medida de todas as coisas”.
Górgias (480-380 a.C.) - “Nada existe; Se algo existe, esse algo era impossível
conhecer; e ainda que a sua existência fosse possível, o seu conhecimento tornava-se
incomunicável”.
RELATIVISMO DA VERDADE
3. Revolta Socrático-Platónica contra os sofistas
A partir de Sócrates e Platão, o termo sofista é associado ao falso saber. Por oposição a
filósofo, amigo do saber, o sofista é aquele que detém uma sabedoria aparente, que faz uso
do paralogismo, do raciocínio falacioso, e que se exibe como sábio. Todavia, convém realçar
o indubitável contributo positivo dos sofistas (entre os quais Protágoras, Crítias, Hípias e
Górgias) para o desenvolvimento do ensino em geral e do pensamento filosófico em
particular:
Os sofistas promoveram a viragem, na história da filosofia, dos temas ligados à
Natureza (aos quais se dedicaram os filósofos pré-socráticos) para o tema do Homem
(antropologia) e com eles levantaram-se as primeiras questões da filosofia da
linguagem;
Contribuíram para a fundação da Paideia, fonte da formação e cultura ocidentais;
Inauguraram o estatuto social e profissional do saber: ensinavam de terra em terra
diversas matérias (da gramática às matemáticas), cobrando honorários, motivo pelo
qual foram fortemente criticados;
Impulsionaram o ensino da retórica, nomeadamente da areté política: ela constitui a
base da preparação dos jovens cidadãos para a vida pública e política. Os sofistas
ensinam a argumentar, a discursar, a persuadir e convencer, por forma a que os jovens
possam comprimir as exigências da cidadania e enveredar pela carreira política.
4. 4. Sofistas vs filósofos socrático-platónicos
SOFISTAS
Objetivos práticos (praxis);
Preparar os jovens para a vida política;
Privilégio da forma sobreo conteúdo;
Captar a atenção do auditório sobrepunha-seà transmissão de um saber;
Desenvolveu o que se chama de retórica (arma de conquista de poder na
cidade feita pela linguagem);
Fez da retórica uma técnica para melhor alcançarem a finalidade única de
convencer;
Visava a manipulação;
Privilegia a opinião (doxa).
FILÓSOFOS SOCRÁTICO-PLATÓNICOS
Objetivos de investigação (contemplação);
Meio para procurar a verdade e o aperfeiçoamento do Homem;
Centrado no conteúdo do discurso;
Utilização da linguagem como instrumento fundamental mas não como
finalidade;
Defendia um uso da linguagem descomprometido comos interesses
mundanos, promovendo a procura da verdade, saber e conhecimento do
Bem;
Desenvolveu a dialética;
Visava o esclarecimento e a compreensão (exercício da razão);
Privilegia a sabedoria (sofia).
5. 5. Relação entre os conceitos: filosofia, retórica e democracia
É importante, por fim, compreender a relação estre os três conceitos: filosofia, retórica e
democracia, compreendemos em primeiro que nas sociedades democráticas, o regime político
tem por base o diálogo e a procura coletiva das melhores soluções para os problemas da
sociedade, e tal como na democracia o poder obtém-se, através da palavra usada com
persuasão nas assembleias.
A democracia depende da retórica, visto que, é através do confronto de ideias e da
persuasão que se chega a um consenso, permitindo encontrar respostas aos problemas
relacionados com a cidade. A filosofia, por sua vez, serve-se da retórica para aperfeiçoar os
seus argumentos, bem como a sua justificação, visando a procura do conhecimento e da
verdade. Assim, a retórica irá ser utilizada na democracia, onde irão, igualmente, ser usados
argumentos filosóficos (argumentos esses aperfeiçoados e justificados devido ao uso da
retórica).