1. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE
PERNAMBUCO
IFPE-PESQUEIRA
ANA CAROLINE
GEYDSON GALLINDO
IALLY D’ARC
NAYALA GALLINDO
PROCESSOS INFECCIOSOS E PARASITÁRIOS
PESQUEIRA
FEVEREIRO - 2012
2. Febre amarela
É uma doença febril aguda, não contagiosa, de curta duração (no máximo doze
dias), que apresenta alta morbidade e mortalidade, pode apresentar sintomatologia leve
como a febre inespecífica, até formas graves como icterícia, albuminúria, oligúria,
manifestações hemorrágicas, delírio, obnobulição (vertigem) e choque.
Os indivíduos mais acometidos são jovens, do sexo masculino, realizando
atividades agropecuárias, extrativistas, praticantes do turismo ecológico e rural de áreas
de risco onde adentram áreas de matas sem vacinação previa.
A letalidade geral varia de 5%a 10%, considerando os casos de oligossomáticos
e entre os casos graves que evoluem com icterícia e hemorragias pode passar de 50%.
No Brasil apresenta uma ocorrência endêmica prioritariamente na Região Amazônica.
Compõe a lista de notificação compulsória, e é classificada entre as doenças de
notificação imediata.
Agente Etiológico
É causada por um arbovírus da família Flaviviridae, gênero Flavivirus. O termo
arbovírus é utilizado para classificar os vírus que são transmitidos por artrópodes, como
mosquitos.
O genoma viral é reconstituído de RNA simples e é envolvido por um envelope
bilipídico e tem cerca de 50 nanómetros de diâmetro. Infecta principalmente os
macrófagos, células de defesa do nosso corpo.
Transmissão
3. Ocorrem por meio da picada de mosquitos hematófagos (que se alimenta de
sangue) infectados, principalmente, aqueles da família Culicidae, dos gêneros Aedes,
Haemagogus e Sabethes. Na transmissão urbana tem como principal o Aedes aegypti
como principal vetor e, em ambientes silvestres, os Haemagogus e Sabethes. Os
mosquitos além de serem transmissores, são reservatórios do vírus, são responsáveis
pela manutenção da cadeia de transmissão, pois uma vez infectados permanecem
transmitindo o vírus por toda a vida.
Modo de transmissão e período de transmissão
Ocorrem a partir de mosquitos fêmeas, que se infectam quando vão se alimentar
de sangue de primatas (macaco) ou do homem infectado com o vírus da febre amarela.
Depois de infectados com o vírus, o mosquito pica uma pessoa saudável, não
vacinada contra a febre amarela, e transmite a doença, sucessivamente durante todo o
seu período de vida. Não existe transmissão de uma pessoa para outra diretamente.
O sangue dos doentes é infectante 24 a 48 horas antes do aparecimento dos
sintomas até três a cinco dias após o tempo de viremia e de transmissão. No mosquito
Aedes aegypti, o período de incubação do vírus é de nove a doze dias após, o que se
mantem infectado por toda a vida.
Ciclos de transmissão da Febre Amarela
Existem dois ciclos epidemiológicos distintos da doença, um silvestre e outro
urbano. Não há diferença etiológica, fisiopatológica, imunológica e clínica entre os dois
ciclos, tendo diferença apenas nos aspectos de localização geográfica, tipo de
hospedeiro envolvido e participação de diferentes mosquitos transmissores da doença.
1- Transmissão silvestre:
4. Macaco infectado
Mosquito silvestre
Macaco sadio
Neste ciclo os primatas são os principais hospedeiros do vírus, e o
homem é considerado hospedeiro acidental. Os vetores mais comuns no
Brasil são os mosquitos silvestres dos gêneros Haemagogus e Sabethes.
Eles têm hábitos diurnos e vivem nas copas das arvores, o que facilita o
contato com os macacos.
2- Transmissão urbana:
Homem infectado
Aedes aegypti
Homem sadio
Neste ciclo o homem é o único hospedeiro com importância
epidemiológica. Geralmente, é o homem que introduz o vírus numa área
urbana após se infectar no ambiente silvestre. Ele tem o papel de
hospedeiro e, uma vez infectado e em fases de viremia, atua como
amplificador e disseminador do vírus para outros mosquitos que podem
transmitir para toda a população susceptível. O principal vetor é o
mosquito Aedes aegypti, o mesmo que transmite a dengue.
Susceptibilidade e imunidade
É susceptibilidade é universal, desconhecendo-se maior ou menor resistência ao
vírus da febre amarela em relação à raça, cor ou faixa etária.
A infecção confere imunidade permanente. Nas zonas endêmicas são comuns as
infecções leves e inaparente. Os filhos de mães imunes podem apresentar imunidade
5. passiva e transitória durante seis meses. A imunidade conferida pela vacina dura em
torno de 10 anos.
Período de incubação
O período de incubação varia entre três e seis dias após a picada do mosquito.
Aspectos clínicos da doença
O quadro clinico é caraterizado por manifestações de insuficiência hepática e
renal, tendo em geral apresentação bifásica, com um período inicial prodrômico
(infecção) e um toxêmico, que surge após uma aparente remissão e, em muitos casos,
evolui para o óbito em aproximadamente uma semana.
A infeção dura cerca de três dias, tem inicio súbito e sintomas gerais como febre,
calafrios, cefalalgia, lombalgia, mialgias generalizadas, prostração, náuseas e vômitos.
As formas leves e moderadas não ultrapassam essa fase.
Pode ocorrer remissão, que é caracterizada pelo declínio da temperatura e
diminuição dos sintomas, provocando uma sensação de melhora no paciente,
geralmente dura poucas horas, no máximo um a dois dias.
No período toxêmico reaparece a febre, a diarreia e os vômitos, com aspecto de
borra de café. Caracteriza-se ela instalação de quadro de insuficiência hepato-renal,
representado por icterícia, oligúria, anúria e albuminúria., acompanhado de
manifestações hemorrágicas (gengivorragias, epistaxes, otorragias, hematêmese,
melena, hematúria, sangramentos em locais de punção venosa) e prostração intensa,
além de comprometimento do sensório, com obnubilação (confusão) mental e torpor,
com evolução para coma e morte. O pulso torna-se mais lento, apesar da temperatura
elevada, chamando essa dissociação pulso-temperatura de sinal de Faget. O período
toxêmico caracteriza as formas grave da doença.
6. Os anticorpos protetores da classe IgM, em resposta à presença do vírus no
organismo, começam a aparecer no sangue em torno do quarto dia da doença e
permanece por cerca de 60 dias, às vezes um pouco mais. Por essa razão, quando são
detectados por exame sorológico especifico, significa que houve uma infecção recente
pelo vírus da febre amarela. Já os anticorpos da classe IgG são mais tardios, aparecem
por volta do sétimo dia da doença e permanecem por toda a vida.
Diagnósticos
1- Diferencial:
Durante os surtos e epidemias, torna-se relativamente fácil diagnosticar a
febre amarela, pois geralmente a equipe de saúde fica mais atenta para a
suspeita clinica dos pacientes que apresentam quadros febris. Entretanto, fora
de períodos endêmicos, o diagnostico pode representar um problema, pois o
quadro clinico se assemelha ao de várias enfermidades, tornando-se uma
abordagem sindrômica do paciente.
O diagnóstico das formas leves e moderadas é difícil, pois pode ser
confundida com outras doenças infecciosas do sistema respiratório, digestivo
ou urinário. Formas graves com quadro clínico clássico ou fulminante devem
ser diferenciadas da malária, leptospirose, febre maculosa, febre hemorrágica
da dengue e dos casos fulminantes de hepatites.
2- Laboratorial:
Isolamento e identificação viral: serve para detectar a presença do
vírus no sangue do paciente ou de macaco doente. A coleta de
material para a realização desse exame deve ser feita de acordo com a
7. data do inicio dos primeiros sintomas, pois o período de viremia é
curto. Toda amostra deve ser mantida em baixa temperatura.
Detecção de antígenos virais e/ou ácidos nucléicos virais: são usados
para identificação da partícula viral isolada de espécimes clínicos e
de lotes de mosquitos. São bastante sensíveis e na maioria das vezes
selam o diagnóstico em situações em que não é possível fazê-los
pelas técnicas habituais. Geralmente realizados em laboratório de
referencia nacional ou regional.
Diagnóstico histopatológico: realizado a partir de coleta de material
post mortem. As lesões anatomopatológicas podem ser encontradas
no fígado, rins, baço, coração e linfonodos. As maiores alterações
encontram-se no fígado e rins.
Tratamento
Não existe um tratamento especifico no combate à Febre Amarela. Como os
exames diagnósticos demoram em media até uma semana, o tratamento de apoio deve
ser iniciado em caso de suspeita clinica. É apenas sintomático com cuidadosa
assistência ao paciente, que, sob hospitalização, deve permanecer em repouso, com
reposição de líquidos e perdas sanguíneas quando indicado.
Os pacientes que apresentar quadros clínicos clássicos e/ou fulminantes devem
ser atendimento em unidades de terapias intensivas, de modo que as complicações
sejam controladas e o perigo da morte eliminado.
Medidas de prevenção e controle
1- Imunização:
8. Produzida pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-
manguinhos, constituída de vírus vivos atenuados derivados de uma amostra
africana do vírus amarílico selvagem denominado Asibi.
Deve ser conservada obedecendo rigorosamente às regras de permanecer
em -20°C ou câmara fira, em instância central ou regional; +2°C e +8°C em
salas de vacinação em geladeiras; quando reconstituída, deve ser mantida
entre +2°C e +8°C; deve ser utilizada em até quatro horas (se frascos de
50ml) e seis horas (se frascos de 5 e 10ml).
A faixa etária para administração da vacina é a partir de nove meses de
idade, e em situações de epidemias, seis meses, por via subcutânea, em dose
única de 0,5 ml e reforço de 10 em 10 anos.
2- Efeitos adversos:
Mal-estar, cefaleia, mialgia e febre baixa, que ocorrem por volta do
quinto dia em 2% a 5% dos vacinados, durando de um a dois dias.
3- Imunidade:
Os anticorpos protetores aparecem entro o sétimo e o décimo dia após a
aplicação, razão pela qual a imunização deve ocorrer dez dias antes de se
ingressar em área de transmissão. Uma só dose confere imunidade no
período de dez anos.
4- Contraindicações:
a. Crianças menores de 6 meses;
b. Reação anafilática após ingesta de ovo e derivados;
9. c. Febre acima de 38,5°C;
d. Portadores de imunodeficiência congênita ou adquirida;
e. Neoplasias malignas;
f. Pacientes sintomáticos de HIV;
g. Pacientes em uso de quimioterápicos e/ou radioterapia;
h. Uso de corticoides em doses elevadas;
i. Estados de imunodepressão ou adiamento de dois anos após
transplante de medula óssea.
5- Gestação:
Não é recomendada a administração da vacina em gestantes, exceto em
situações de emergência epidemiológica, vigência de surtos e ou epidemias
ou viagem para área de risco.
6- Recomendações para a vacinação:
Toda à população a partir de nove meses de idade que reside ou irá viajar
para áreas de risco de transmissão: AC, AM, AP, PA, RO, RR, TO, GO,
DF, MG e MA; e alguns municípios do PI, BA, SP, PR, SC e RS.
MOSQUITO DA DENGUE TAMBÉM TRANSMITE A FEBRE AMARELA
10. Se a população não estiver devidamente vacinada, o risco de contaminação por febre
amarela nas cidades onde há alta incidência do mosquito Aedes aegypti é real. A
afirmação é da enfermeira Gediselma Borges Lima, coordenadora do Programa de
Controle da Dengue e Febre Amarela da Superintendência de Ações Básicas de Saúde.
Ela explica que uma pessoa infectada pelo vírus silvestre da febre amarela que estiver
no período virêmico da doença pode contaminar outras pessoas na zona urbana onde há
alta concentração do mosquito da dengue, já que ele também é vetor da febre amarela.
A única forma de evitar a transmissão urbana da febre amarela é pela vacina, que deve
ser tomada aos seis meses de idade e renovada de dez em dez anos.
Em Goiás, considerado região endêmica da febre amarela silvestre - o vírus circula nas
matas -, foram notificados, no ano passado, 19 casos suspeitos de febre amarela, mas
nenhum foi confirmado. Os profissionais da Sabs explicam que a grande maioria dos
casos notificados da doença entra como diagnóstico diferencial de outras enfermidades
como a hepatite e a leptospirose. Este ano não houve nenhum registro da febre amarela
no Estado.
Os sintomas da virose, que apresenta alta letalidade - 50% dos casos -, surgem de forma
brusca. São calafrios, febre, dores de cabeça e nas costas e, nos casos mais graves,
ocorre uma síndrome hemorrágica intensa, caracterizada por vômito de cor escura.
OS CULPADOS NÃO SÃO AS VÍTIMAS: É A LETARGIA DO GOVERNO QUE
FAZ DA FEBRE AMARELA UM RISCO PARA OS BRASILEIROS
Victor De Martino e José Edward
O problema tinha data marcada para acontecer. O Brasil enfrenta surtos de febre
amarela em intervalos de cinco a oito anos. Como o último havia ocorrido em 2000, já
se sabia que a doença voltaria a eclodir por agora. O primeiro alarme soou em setembro,
quando apareceram os primeiros corpos de macacos mortos, possivelmente, pela febre
amarela. Mas o governo só deu o ar da sua falta de graça na semana passada, depois da
morte de cinco pessoas. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, apareceu na TV
para falar do assunto. Negou a ameaça de epidemia e pediu que a população não
procurasse os postos de vacinação. Recomendou a imunização apenas para quem mora
em áreas de risco, que já atingem 20 estados, ou para quem pretende viajar para lá. Dois
dias e mais dois mortos depois, a ministra do Turismo, Marta Suplicy, que perde todas
as oportunidades de ficar calada, afirmou que o Brasil vive uma "epidemia da fofoca", e
11. não de febre amarela. Na última quinta-feira, Temporão reapareceu com outro discurso
e o dedo apontado para quem considera os culpados pela febre amarela: as próprias
vítimas. "Todos os que viajam para essas áreas sabem que têm de se vacinar. Pessoas
que não tomaram (a vacina) foram por sua conta e risco, pois a vacina está disponível",
disse. A julgar pela fala do ministro Temporão, as vítimas de dengue, malária,
leishmaniose, hanseníase e doença de Chagas também são culpadas.
A febre amarela foi erradicada das cidades brasileiras em 1942, mas continua
endêmica nas áreas próximas a florestas. Lá, os mosquitos dos
gêneros Haemagogus e Sabethes preservam o vírus da doença entre os macacos, que
sofrem surtos em intervalos que variam de cinco a oito anos. Quando um surto passa,
sobram apenas os animais que adquiriram resistência ao vírus. Ao morrerem, eles são
substituídos por outros vulneráveis e, assim, a febre amarela volta a atacar. Os surtos
entre os macacos são seguidos por aqueles em humanos. O risco maior é que as pessoas
passem a doença a outras por meio do Aedes aegypti, mosquito que também transmite a
dengue e infesta as cidades brasileiras. Se isso ocorrer, a possibilidade de se instalar
uma epidemia crescerá dramaticamente. Esse cenário não é o mais provável, mas, ao
contrário do que assegura o ministro Temporão, ele não pode ser descartado. "A ameaça
existe. O risco de epidemia só pode ser evitado se o governo redobrar a vigilância
sanitária", diz o sanitarista Arary Tiriba, da Escola Paulista de Medicina.
A febre amarela é uma doença com alto grau de mortalidade. Os primeiros
sintomas aparecem de três a seis dias depois que se é picado por um mosquito infectado.
A febre supera os 40 graus e a pele e os olhos ficam amarelos – daí o seu nome. Além
disso, o paciente sente dores intensas na cabeça e no corpo e vomita muito. Se em três
dias não há melhora, começam a ocorrer sangramentos no nariz, na gengiva, no
estômago e no intestino. A próxima fase é a insuficiência renal e hepática, o que pode
levar à morte. No Brasil, 46% dos casos são fatais. Como é endêmica nas matas, a febre
amarela dificilmente será erradicada do país. Mas ela deve ser mais bem controlada.
Basta que o governo exija vacinação para estrangeiros, medida que é adotada por países
como a China e mesmo a Bolívia. Também é necessário tornar obrigatória a vacinação
nas áreas de floresta e em suas franjas. Isso criaria uma barreira sanitária. Por último, é
preciso que as autoridades alertem constantemente as pessoas que visitam esses locais
para a necessidade de imunizar-se antes da viagem. A doença ameaça rotineiramente o
país, porque o governo negligencia essas ações. Da mesma forma, tem sido
incompetente no combate à hanseníase, à malária, à dengue, à leishmaniose e à doença
de Chagas, cujas vítimas se acumulam ano a ano.
12.
13. Referências
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Atenção Básica. Vigilância em saúde : zoonoses / Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília :
Ministério da Saúde, 2009. 228 p. : il. – (Série B. Textos Básicos de Saúde)
(Cadernos de Atenção Básica ; n. 22)
Os culpados não são as vítimas: é a letargia do governo que faz da febre
amarela um risco para os brasileiros. Disponível em:
http://veja.abril.com.br/230108/p_072.shtml, acessado em 20/03/2012.
Mosquito da dengue também transmite a febre amarela: Disponível em:
http://www.saudeemmovimento.com.br/reportagem/noticia_exibe.asp?
cod_noticia=465, acessado em 20/03/2012.
Evolução da Febre Amarela no Brasil. Disponível em:
http://www.medimagem.com.br/hotsites/febreamarela/evolucao.html, acessado
em 20/03/2012