2. A experiência amorosa
Realidade:
experiência amorosa
marcada pela infelicidade
e pela insatisfação
Ciclo que se repete
Desilusão
Sofrimento
Descrença
Paixão
(O eu acredita no amor)
Esperança / ilusão
Paixão não
correspondida
Perda / ausência
da mulher amada
Tumulto interior
3. A reflexão sobre o amor
Duas conceções de amor
Tentativa de compreender o sentimento
amoroso e o melhor modo de o viver
Amor sensual Amor espiritual
Temática dominante
na lírica camoniana
4. A reflexão sobre o amor
Amor sensual
Botticelli, A Primavera
(pormenor), c. 1478.
Marcado pelo desejo e pelo prazer, associado aos impulsos
terrenos e ao mundo dos sentidos
Modelo: Vénus / figura sensual, com existência corpórea
Descrição da beleza sensual e da delicadeza da figura feminina
Sentimento de culpa e conflito interior, provocado
pelo desejo e pela ânsia de prazer (colisão com os valores
sociais e religiosos e com a aspiração ao amor espiritual)
Exaltação da dimensão
terrena do amor
5. A reflexão sobre o amor
Amor espiritual
Amor idealizado, influenciado pelo petrarquismo e pelo platonismo (a ideia
de que o amor perfeito apenas pode ser alcançado numa realidade superior);
limita-se à contemplação e à adoração da amada
Modelo: Laura de Petrarca / figura angelical, inatingível, com pele, cabelo
e olhos claros (exemplo de perfeição física, psicológica / moral e espiritual)
Sublimação do amor – a renúncia ao desejo e a contemplação e adoração
da figura divina permitem ao eu uma elevação espiritual e moral
Exaltação da dimensão
espiritual do amor
Botticelli, Retrato de uma jovem,
c. 1480-1485.
6. A reflexão sobre o amor
Essa transformação exige a renúncia ao gozo sensual e a ausência
do ser amado: uma disciplina ascética que leva o eu ao
êxtase de natureza mística. A imagem do fogo é metáfora de
um desejo exaltado que purifica. O amor torna-se um modo de
conhecimento. Amar é um processo de aperfeiçoamento
intelectual, uma via para a quietude […].
Isabel Pascoal (seleção e introdução), Poesia lírica
de Luís de Camões, 2.ª ed., Lisboa, Ulisseia,1988, p. 30.
Amor espiritual
Botticelli, Retrato de uma jovem,
c. 1480-1485.
7. A reflexão sobre o amor
Tensão interior
Impossibilidade de conciliar o amor
espiritual e o amor sensual
Conflitos,
contradições
e angústias
Nova ideia sobre o amor
Teoria do Amor-paixão:
o eu ama e deseja a
ideia de amor
Possibilidade de aprender a aceitar a saudade e a ausência
e de suavizar as angústias e os tormentos amorosos
8. A experiência amorosa e a reflexão sobre o amor – exemplos
Soneto «Amor é um fogo que arde sem se ver»
Soneto «Tanto de meu estado me acho incerto»
Soneto «Busque Amor novas artes, novo engenho»
A dificuldade em definir o amor
A tensão e o permanente conflito interior em que o eu se encontra, devido
à intensidade dos seus sentimentos e às reações opostas que originam
A incapacidade de fugir ao sofrimento, mesmo renunciando à esperança no amor
Os efeitos intensos, mas contraditórios, do amor
9. A experiência amorosa e a reflexão sobre o amor – exemplos
Soneto «Transforma-se o amador na cousa amada»
Soneto «Alma minha gentil que te partiste»
Soneto «Aquela triste e leda madrugada»
A sublimação do sentimento amoroso
A morte da mulher amada e a saudade
A saudade provocada pela partida da mulher amada
11. 1- Seleciona a opção que completa cada afirmação.
Solução
da paixão não correspondida ou da perda ou ausência da mulher amada.
A Na lírica camoniana, a infelicidade e a insatisfação na experiência amorosa resultam
B A sublimação do sentimento amoroso é possível quando o eu
do conflito e tumulto interior (incapacidade de reprimir o desejo).
ambas as opções anteriores.
renuncia ao desejo e se limita a contemplar e adorar a mulher amada.
ama intensamente a mulher que corresponde ao ideal de Laura.
ama intensamente a mulher que corresponde ao ideal de Vénus.
C A influência do platonismo manifesta-se
no retrato petrarquista da mulher amada.
na repressão do desejo, na contemplação e no ideal petrarquista da mulher amada.
na ideia de que o amor perfeito apenas pode ser alcançado numa realidade superior.
Consolida
12. 2- No soneto «Transforma-se o amador na cousa amada», o eu procura viver o sentimento
amoroso no plano mental (sublimação), mas acaba por não conseguir reprimir o desejo.
Solução
Transforma-se o amador na cousa amada,
por virtude do muito imaginar;
não tenho, logo, mais que desejar,
pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minh’ alma transformada,
que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
pois consigo tal alma está liada.
Mas esta linda e pura semideia,
que, como um acidente em seu sujeito,
assim co a alma minha se conforma,
está no pensamento como ideia:
[e] o vivo e puro amor de que sou feito,
como a matéria simples busca a forma.
2.1 Identifica o verso que comprova que o amor espiritual tende a
concretizar-se fisicamente (impossibilidade de reprimir o desejo).
Consolida