O documento discute o uso excessivo das redes sociais e como algumas pessoas as usam para criar uma ilusão de perfeição e felicidade em suas vidas. Alguns usuários postam apenas momentos positivos para obter likes e atenção, mas isso pode esconder problemas de autoestima ou desvalorização pessoal. Psicólogos alertam que as redes sociais não refletem necessariamente a realidade e que a necessidade de aprovação online pode ser mais importante para alguns do que a própria felicidade.
2. 2 / São José do Rio Preto, 13 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO
DIÁRIO DA REGIÃO Poesia Josinel Carmona
Viagem
Lembro-me de ti sempre
13 Rubens Cardia
que me deparo com algo interessante ou saboroso.
De perfume especial.
No almoço ou no jantar.
Da entrada à sobremesa
Editor-chefe Ao vinho que a tudo acompanha...
Fabrício Carareto
fabricio.carareto@diarioweb.com.br E que tão bem sabes apreciar.
Editora-executiva
Viajas em mim.
Rita Magalhães Na emoção que te faz presente
rita.magalhaes@diarioweb.com.br
em meu coração, em minha mente;
Coordenação
Ligia Ottoboni
ainda que o Atlântico entre nós se interponha.
ligia.ottoboni@diarioweb.com.br Perfumes e sabores que a mim são brindados
Editor de Bem-Estar e TV foram feitos para ti
Igor Galante
igor.galante@diarioweb.com.br Valdíria Carvalho Corrêa
Psicólogo sugere a reflexão: “enquanto
Editora de Turismo tenho força e capacidade, tenho me
Cecília Demian
cecilia.demian@diarioweb.com.br dedicado a oferecer aos que precisam
Editor de Arte
Editorial de cuidados todo o amor que posso?”
César A. Belisário
cesar.belisario@diarioweb.com.br
Televisão
16
Pesquisa de fotos
Mara Lúcia de Sousa
Diagramação
Cristiane Magalhães
Tratamento de Imagens
Arthur Miglionni, Humberto
Sobre ilusões e Jorge Rodrigues Jorge/Divulgação
Pereira e Luciana Nardelli
Matérias
Agência Estado
Agência O Globo
TV Press
peças do destino
A edição deste domingo da revista Bem-Estar começa com
um texto curto, mas de conteúdo profundo, do escritor Yehuda
Berg, mostrando, segundo suas palavras, que a Luz do Criador
sempre nos acompanha, mesmo nos momentos em que tudo
parece estar escuro. Na reportagem de capa, “Ilusão virtual”,
psicólogos discutem o uso das redes sociais como uma espécie
de “ilha da fantasia”, onde tudo parece perfeito na vida das
pessoas, o que pode denunciar problemas de comportamento
Acostumado a papéis românticos na
como baixa autoestima e desvalorização de si próprio. Logo tevê, Murilo Rosa experimenta a pele
adiante, uma reportagem sobre reencontros, e as lições que se de um vilão no folhetim “Salve Jorge”
pode tirar desta “peça” pregada pelo destino. Na área da
educação, os sites com aulas das melhores universidades do
Turismo
mundo à distância de um clique. O bullying, um dos problemas
mais sérios enfrentados pela juventude e a sociedade atual, é
outro tema de reportagem desta edição, assim como o valor de
retribuir o carinho e atenção de quem um dia nos cuidou, mote
24
Agência O Globo/Divulgação
do artigo do psicólogo Josinel Carmona. Um ótimo domingo.
Páginas 8 e 9
RELACIONAMENTO
Reencontros, em qualquer nível COMPORTAMENTO
de relação, podem nos dar Ridicularização, insultos e
pistas de que questões do outros tipos de violência pedem
passado não estão resolvidas atenção mais rígida de pais,
Páginas 6 e 7 escola e toda a sociedade
Páginas 10, 11 e 12
EDUCAÇÃO
Sites especializados oferecem PAULO COELHO
conteúdo das melhores Em seu artigo, escritor fala da
universidades do mundo por meio importância de um profissional Lake Tahoe, na divisa da Califórnia
de vídeos e aulas virtuais que poucas vezes percebemos ao com Nevada, tem estações de esqui
abrirmos um livro: o tradutor para todos os gostos e bela paisagem
Página 32
3. DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 13 de janeiro de 2013 / 3
Espiritualidade
ISSO TAMBÉM
É PARA O BEM O Criador tem sempre a intenção
de dar o que é melhor para nós
Yehuda Berg aguarda desesperado para entrar Na verdade, são momentos
na lista de espera de outro voo. como esse, realmente caóticos
É difícil lembrar que a Luz Se ele ficar com raiva ou de- ou estressantes para nós, em
do Criador está sempre conos- primido, entregando-se à situa- que se escondem nossas maio-
co. É fácil ter certeza quando tu- ção que enxerga como algo hor- res bênçãos. Quando escolhe-
do corre bem, mas nos momen- rível, pode ficar tão consumido mos não ser reativos e temos cer-
tos que parecem obscuros ou di- que talvez nunca perceba a mu- teza sobre a ordem do universo,
fíceis esquecemos que a Luz ain- lher sentada ao seu lado. podemos descobrir o verdadei-
da está presente. Se, em vez disso, escolher ro motivo de uma determinada
Considere a situação de um ser proativo, buscar a Luz ali e situação estar ocorrendo.
homem que perde um voo. Tal- optar por render-se à situação, Um sábio kabalista sempre
vez ele fique furioso porque tem lembrando-se de confiar e apre- dizia a seus alunos: “Isso tam-
muitas coisas para fazer no seu ciar o fato de que a Luz está tra- bém é para o bem”, não importa-
local de destino e bastante gente balhando a seu favor, poderá va o que estivesse acontecendo.
depende da sua chegada. Mal sa- escolher ter uma conversa agra- O Criador tem sempre a in-
be ele que sua alma gêmea está dável com a mulher que está tenção de dar o que é melhor pa-
sentada ao seu lado enquanto próxima a ele. ra nós. Sempre. ■
Quem é
Yehuda Berg é codiretor do
The Kabbalah Centre e já
escreveu mais de 30 livros sobre
assuntos que abordam desde
depressão e capacitação, até
relacionamentos e a Bíblia. Dois
de seus maiores best-sellers, O
Poder da Kabbalah e Os 72
Nomes de Deus, foram
traduzidos para 20 e 14 idiomas,
respectivamente.
www.kabbalahcentre.com.br
4. 4 / São José do Rio Preto, 13 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO
Vida Digital
Ilusão virtual
Pessoas carentes emocionalmente e com necessidade de aceitação encontram
nas redes sociais o canal para transformar frustrações em felicidade irreal
Gisele Bortoleto
Gisele.bortoleto@diarioweb.com.br
Nas últimas semanas, neste período de férias e festas de final de ano, to na vi-
possivelmente você tenha visto à exaustão na internet fotos maravilho- da familiar, profissional, social,
sas no mar, à beira da praia, em bares e restaurantes, ceias deliciosas, sexual e amorosa, a pessoa ingenuamente acredita con-
casais aos beijos e abraços. E provavelmente pode ter caído na ar- vencer o interlocutor de experiências que ela gostaria de
madilha de achar que seus amigos e todos os que estão na sua ter vivido ou de um modelo de vida que ela idealiza. Ela
rede social estavam se divertindo muito mais do que você. não considera o interlocutor um idiota, apenas não perce-
Mas já parou para pensar que a maioria das histórias e be a inconsistência ou o ridículo de seus relatos e posts”,
imagens presentes ali não passa de um “conto de fa- explica Mara Lúcia, que vai mais além: a fantasia de mui-
das”? Uma necessidade mais de mostrar felicidade tos usuários das redes sociais é protagonizar uma história
do que ser feliz de fato? de sucesso pessoal, familiar, profissional, social e um públi-
Necessidade de aceitação, falta de maturidade e co que os aprove.
autoestima, desvalorização de si próprio estão entre
as explicações para esse tipo de comportamento. Popularidade
Mostrar apenas o lado bom da coisa não é exclu-
sivo das redes sociais. Até mesmo quando coloca- Para aqueles que veem esses canais virtuais como pal-
mos uma foto em um álbum de fotografias escolhe- co para exibições de suas experiências diárias e alimentam
mos só as melhores fotos. expectativas em relação ao público e à crítica, o Facebook
A maioria não coloca coisas que desagradam, a me- e o Twiter se tornaram medidores de popularidade. Mui-
nos que seja uma tristeza que ela gostaria de comparti- tos usuários publicam algo pessoal e esperam por repercus-
lhar e ter o apoio das outras pessoas. “Quando você são. “Quando isso não ocorre, eles se frustram”, afirma
está em um grupo de amigos, não conta as coisas Mara Lúcia. Muitas vezes, retiram ou ocultam as publica-
ruins para todas as pessoas, só para alguns, e o mes- ções e sentem envergonhados.
mo acontece nas redes sociais. Você só comparti- Um estudo da Universidade de Cornell, nos Estados
lha aquilo que gostaria que todo mundo soubes- Unidos, feito com 63 estudantes no começo de 2011, des-
se”, diz. cobriu que os que passaram três minutos checando seu
Ao divulgar a própria imagem nas redes so- perfil revelaram maior autoestima do que quem não aces-
ciais, as pessoas se valem dos mesmos esque- sou a rede social. Mas nem tudo são flores. Pesquisadores
mas de comportamentos que costumam adotar da Universidade de Waterloo (Canadá) publicaram um es-
na vida real. “Quem inventa histórias vantajo- tudo sugerindo que esse efeito positivo não ocorre com as
sas aos amigos e colegas de trabalho irá mentir pessoas que têm autoimagem negativa. Na verdade, a rede
também na rede. Quem acredita que existem social pode até piorar as coisas.
de fato relações maravilhosas (e deve acreditar Se você, assim como outros milhões de pessoas ao re-
em Papai Noel, duendes, fadas), irá invejar in- dor do mundo, passa boa parte do seu tempo conectado,
verdades, já aqueles que não se iludem igno- saiba que nas redes sociais se manifestam traços de perso-
ram ou debocham diante de tais posts”, diz a nalidade. Por meio de seus posts e tweets, exibem traços
psicóloga cognitivo-comportamental Mara de inveja, por exemplo. Há quem procure na rede motivos
Lúcia Madureira. para alimentar ciúmes patológicos, brigar e ser infeliz ao
“Em termos de representação pública da au- vasculhar mensagens e diálogos de pares e cônjuges. E
toimagem, sempre haverá mentirosos, crédulos, existem também deslumbrados que fotografam e compar-
céticos, sensatos, insensatos e os insanos. Ao rela- tilham desde a xícara do café matinal, o vapor do banho, o
tar ou publicar inverdades sobre sucesso absolu- prato do almoço até o pijama.
5. DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 13 de janeiro de 2013 / 5
“As redes sociais disponibi-
lizam a oportunidade das pessoas mostrarem o que pre-
tendem e como podem. O problema existe quando se faz mau uso dos
meios e, com isso, temos um desperdício de tempo, uma formidável fer-
ramenta de intrigas entre casais, verdadeira fonte de angústias para re-
cém-separados e muito pouco retorno que valha a pena ou signifique
realmente algo proveitoso em termos pessoais”, diz Mara Lúcia.
‘Laboratório’ comportamental
“O Facebook é a versão digital de nos- Outros postam imagens de ferimentos com tamanha intensidade que atingem blicado é considerado “prova documen-
sa sociedade. Reúne diferentes grupos em que sofreram. Pessoas que utilizam o espa- um tom caricato. É dentro desse quadro tal da felicidade”.
um único lugar e tornou-se um verdadeiro ço para defender e propagar – às vezes de extrema necessidade de aprovação e “Tamanha é a força dessa ideia que
laboratório de estudo do comportamento agressivamente - uma ideia religiosa, en- aceitação que as funções “curtir” e já ouvi pessoas dizerem que não haveria
humano”, diz o psicólogo cognitivo-com- quanto outros preferem se apegar a ideais “compartilhar” se elevam a um padrão graça em ir a uma festa se não pudessem
portamental Alexandre Caprio. É como políticos ou simplesmente resolver a vida que provavelmente não foi imaginado fotografá-la para publicá-la em seu per-
fil. Outras voltam para casa mais cedo
uma festa que nunca acaba. As pessoas en- sentimental. pelo criador do Facebook, Mark Zucker- só para podercontar aos outros a expe-
tram, se procuram, se conhecem, paque- “A variedade é tão grande quanto a berg: o de “esmola digital”. riência que acabaram de ter”, diz o psi-
ram, contam piadas, trocam farpas, e de- diversidade humana. Exatamente por is- Dependendo do grau de carência por cólogo.
pois saem. Enquanto tomam banho, almo- so os desequilíbrios emocionais são fá- atenção que alguns usuários atingem - A necessidade de provar que se é feliz
çam, dormem ou trabalham, a reunião so- ceis de ser notados”, diz. ressalta Alexandre Caprio - chegam a pe- tornou-se mais importante que a própria
cial continua. Quando retornam, existe No Facebook, geralmente, todos es- dir diretamente um “curtir” ou “compar- felicidade. “Esse é o verdadeiro paradoxo
um histórico em seu perfil de tudo o que tão sorrindo nas fotos. Os álbuns estão tilhar”. Algumas pessoas criam estraté- do desequilíbrio e, infelizmente, é nessa
rolou na sua “ausência”. recheados com festas de formaturas, gias para “chantagear” seus contatos, ape- direção que muitos estão caminhando.
Não demorou muito para que o Face- churrascos, cerimônias, encontro com nas para respirar alguns segundos den- Faz-se necessária uma revisão imediata de
book fosse comparado a um vício. Milha- amigos, viagens e outros eventos. tro de uma ilusão de popularidade. nossos conceitos em um momento em
res de usuários ficam o dia todo conecta- Trata-se de um comportamento ins- “Quando acreditamos verdadeiramente que a tecnologia deveria vir acrescentar fa-
cilidades à nossa existência em vez de
dos. Muitas pessoas transformaram o pró- tintivo para sentir-se incluso e aceito. em nossos valores, não precisamos pro- criar tantas dificuldades. Enquanto a opi-
prio perfil em um verdadeiro diário e ali As pessoas passam a concentrar suas var isso aos outros, nem mendigar aten- nião alheia for mais importante que a nos-
colocam tudo que acontece em suas vidas, energias na construção de um perfil que ção”, explica o psicólogo. sa própria, desperdiçaremos a chance de
por mais insignificantes que possam pare- mostre para os outros tudo aquilo que As redes sociais se tornaram uma es- viver nossas vidas para construir uma
cer os acontecimentos. Alguns publicam elas acham que precisam ser. Passam a pécie de diário oficial das vidas de mui- mentira que, no final das contas, não fará
fotografias do que irão comer no jantar. enaltecer qualidades e ocultar defeitos tas pessoas e, por isso, tudo que lá é pu- diferença para ninguém.” ■ (GB)
6. 6 / São José do Rio Preto, 13 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO
Relacionamento
Em algum lugar
Reencontros criam oportunidades de revivermos sentimentos agradáveis
ou para dar solução a algo do passado e assim evoluirmos
Gisele Bortoleto das, pois elas constituem for- acertemos algumas coisas que tro retoma a relação, o diálo- rido, nos leva a certas atitudes
Gisele.bortoleto@diarioweb.com.br
malidades obrigatórias para não foram possíveis no passa- go, a conversa, o afeto no exa- das quais podemos nos arre-
que se possa viver uma das do. O coração bate mais forte, to ponto em que foi interrom- pender mais tarde, levando-
Ah, quantos desencontros mais singulares emoções da vi- as mãos começam a suar frio e pido”, disse ele. nos a buscar amizades perdi-
acontecem na vida. Não impor- da: o reencontro”, já disse o es- é como se tivéssemos estado “Durante nossa vida, afas- das, por causa desses ‘trope-
ta em qual fase dela estamos, critor Richard Bach. com a pessoa no dia anterior. tamo-nos de alguém sem que ções’”, diz o poeta e escritor
sempre deixamos alguém espe- Sempre fica a vontade de fa- Mas o que permite que haja um motivo realmente vá- Marcial Salaverry.
cial pelo caminho. Podem ser zer com que as coisas voltem a reencontremos pessoas que lido, talvez porque por vezes Segundo ele, muitas ve-
pessoas as quais perdemos de ser do jeito que eram para que imaginávamos perdidas pelo ocorrem pequenas desinteli- zes, esses desencontros têm
vista, amizades com as quais essas pessoas queridas tornem caminho? Certamente a afini- gências e, na tentativa de se conserto. “As pessoas que
perdemos contato por um mo- a fazer parte de novo de nossas dade, diria o escritor Arthur acertar as coisas, busca-se amamos são insubstituíveis
tivo ou por outro. Uma mu- vidas. E um dia, quando me- da Távola (1936-2008). “A afi- num reencontro uma oportu- ao nosso coração. Aquele lu-
dança de cidade, de escola, de nos esperamos, encontramos nidade não é o mais brilhante, nidade de se consertar algo garzinho que elas ocupam fi-
emprego. Bate a saudade. Gos- com aquele alguém especial mas o mais sutil, delicado e pe- de errado que fizemos, ou ca marcado com a presença
taríamos de encontrar nova- que não víamos há anos e se- netrante dos sentimentos. É o que sofremos, e que pode exi- delas, com o cheiro, com a for-
mente essas pessoas, mas por quer tínhamos notícias. É o mais independente. Não im- gir uma grande dose de hu- ma e até o som do riso. E
diversas circunstâncias nos é destino aprontando mais uma porta o tempo, a ausência, os mildade, pois devemos supe- quando elas partem, forma-se
impossível fazê-lo em determi- das suas, permitindo que final- adiamentos, as distâncias, as rar algo que temos muito arrai- o vácuo”, diz a escritora Letí-
nado momento. mente possamos concluir algo impossibilidades. Quando há gado, que é o orgulho, nosso cia Thompson. Mas se a pre-
“Não chore nas despedi- que terminou antes do devido, afinidade, qualquer reencon- amor-próprio, que, quando fe- sença física se foi, ficam ain-
7. DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 13 de janeiro de 2013 / 7
Há uma ‘razão’
r do... presente “Os reencontros aconte-
cem para que algo seja con-
cluído ou revivido de forma
adequada, ou para trazer
aprendizado e percepção de
padrões que se repetem”, diz
a terapeuta holística Vânia
Medeiros. Tudo acontece no
to?”, pergunta a psicóloga
Beth Valentim, autora do li-
vro “Essa Tal Felicidade”
(ed. Elevação). Por isso as
pessoas se reencontram e
adoram reviver o passado.
Colegas de turma de colégio
ou faculdade hoje com bas-
tempo certo e nada é por aca- tante idade estão se reencon-
so, segundo ela. “Às vezes, trando e saindo, revivendo
nos relacionamos afetiva- momentos de juventude,
mente com alguém em nossa adolescência, relembrando o
juventude ou adolescência, o passado, complementa. Às
relacionamento acaba, e de- vezes, o sentimento que exis-
pois de muitos anos reencon- te entre duas pessoas não é
tramos a pessoa e nos apaixo- suficiente para continuarem
namos, casamos e vivemos juntas. No entanto, os dois
imensamente felizes, ou se- são apaixonados pela histó-
ja, quando éramos jovenzi- ria que viveram. Aquela his-
nhos, não tínhamos maturi- tória lá atrás significou mui-
dade suficiente ou não fo- to, repleta de fantasias, de en-
mos capazes de ver a outra contros inesquecíveis e que
pessoa de forma plena, ou ficam marcados para sem-
não estávamos plenos naque- pre. Muitas vezes as pessoas
le relacionamento, mas o des- não se encontram mais fisica-
tino nos coloca novamente mente, mas estão ligadas exa-
no caminho da outra pessoa tamente por essa história.
e, às vezes, ficamos até de for- São apaixonadas pela histó-
ma consciente ou incons- ria que viveram. “E como
ciente ligados ao outro e, des- história mexe com a gente,
sa forma, sempre atraímos a pode a qualquer momento
outra pessoa”, diz. voltar a ser relida, vivida ou
“Se observarmos os reen- mesmo as pessoas se apaixo-
contros, perceberemos que narem outra vez”, explica.
são sempre ricos de alguma Com os amigos os senti-
forma, mesmo quando as si- mentos envolvidos no reen-
tuações negativas se repetem. contro também não são dife-
Isso nos faz perceber que não rentes. Viveram coisas incrí-
evoluímos, que somos teimo- veis, como uma viagem re-
sos, apegados a padrões e si- pleta de brincadeiras, diver-
tuações negativas, e quando sões a toda prova. “As pes-
aprendemos e mudamos, tu- soas voltam para as nossas vi-
do muda, pessoas saem de das porque foi bom. O beijo,
nossas vidas e novas chegam, o abraço, o sexo, a relação, as
da as lembranças de tudo aqui- Lições mas aquela pessoa traz nova- inclusive as do passado po- risadas, tudo. E quem não de-
lo que foi construído juntos: mente o conteúdo que precisa dem voltar, porém agora com seja reviver o que foi legal e
os momentos vividos, as horas “A questão dos reencon- revisto e, quem sabe, aprendi- novas energias, evoluídas e deixou lembranças tão signi-
compartilhadas, muitas ve- tros é realmente intrigante, es- do agora, com mais maturida- plenas”, completa. ficativas?”, complementa.
zes as partidas e os reencon- pecialmente da forma como al- de, com mais chance de ser E o destino, segundo a te- Às vezes, vivemos algo
tros. Basta ter paciência e sa- guns deles ocorrem. Dá a im- produtivo. rapeuta, não se trata de algo com alguém na hora errada,
ber esperar. Todas as pessoas pressão que ‘lá em cima al- “Diante dessas ‘coincidên- incontrolável por nós, total- é verdade. Ambos talvez
que amamos um dia podere- guém está mexendo os pauzi- cias’, seria legal nos perguntar- mente indeterminado, mas não estivessem preparados
mos reencontrá-las. O reen- nhos’”, diz o coach e iogatera- mos: o que esta situação pode sim das escolhas de nossa al- para tal sentimento ou rela-
contro com essas pessoas nos peuta Salvador Hernandes. estar querendo me ensinar? ma, que tudo sabe. “E quan- ção. Mas se foi bom - ressal-
traz novamente uma grande Reencontros podem nos dar Qual a lição?”, complementa. do nos permitimos, quando ta Beth -, se foi marcante,
felicidade, que deixamos de pistas de que as questões en- Aproveitemos os reencontros, nos conectamos com a vonta- eles sempre vão sentir sau-
sentir quando ficamos in- volvidas com aquelas pessoas que podem ser oportunidades de do nosso Eu Divino, vive- dade daquilo que não se rea-
completos quando essas pes- não foram resolvidas - diz ele - maravilhosas de crescimento mos sempre em plenitude e lizou, ficou faltando uma
soas decidiram seguir cami- e as lições voltam a se apresen- e aprendizado. Se a pessoa vai graça, tudo flui com facilida- “pontinha”, a que faria fe-
nhos diferentes. É reencon- tar como oportunidades que permanecer a partir de então de, parecendo que já estava char um ciclo, e, por algum
trar e ver de novo aquele ros- podem ou não ser aproveita- na sua vida, como opção sua e tudo traçado pela vida.” motivo não foi possível. Es-
to que nos encantou, aquela das. O que não quer dizer que dela, ótimo. “Aprecie a rique- “Quem esquece um con- tá aí a possibilidade de ser
imagem que ficou gravada devemos romper as relações za das novas/velhas relações”, to de fadas? Ninguém, cer- retocado, revivido. (GB)
em nossas mentes. atuais para reatar as antigas, sugere Hernandes.
8. 8 / São José do Rio Preto, 13 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO
Educação
APRENDIZADO
A UM CLIQUE
Internet facilita acesso às melhores
universidades do mundo por meio
de ‘aulas virtuais’
Jéssica Reis processo de legendagem em
jessica.reis@diarioweb.com.br
massa do portal teve início em
outubro do ano passado. Desde
A internet é um meio de co- então, mais de 50 novas legen-
municação que se tornou mui- das foram incluídas. Hoje, con-
to popular nos últimos tempos. siderando as aulas de universi-
Por meio dela, é possível se co- dades brasileiras, já são 450 vi-
municar com pessoas que estão deoaulas em língua nativa. A
a milhares de quilômetros de expectativa é de que até o fim
distância. Além disso, uma no- de 2013 esse número aumente.
vidade tem facilitado o ensino O criador do Veduca, o en-
à distância: são os sites especia- genheiro Carlos Souza, deixou
lizados que oferecem conteú- a carreira para trás com o objeti-
dos gratuitos das melhores uni- vo de mudar o conceito de edu-
versidades do mundo. cação on-line no País. Souza ex-
Os vídeos podem ser acessa- plica que todo o conteúdo das
dos de qualquer lugar, desde grandes universidades do Bra-
que se tenha uma boa conexão sil e do mundo oferecido no Ve-
de internet. A maioria dos cur- duca já estava disponível pelo
sos é gratuita e tem como mes- Youtube e pelos sites das pró-
tres os professores das princi- prias universidades, mas de
pais universidades. As opções uma forma não organizada, difí-
de salas de aula virtuais são vá- cil de ser encontrada e sem le-
rias, só no ano passado foram gendas em português. “A pro-
lançados a Classroom TV, que posta do Veduca é, além de tor-
oferece mais de 10 mil aulas, de nar esse conteúdo acessível à
33 universidades; a edX, com 7 maioria dos brasileiros, que
cursos e 12 universidades, en- não domina outros idiomas, se-
tre elas Harvard; e o Coursera, lecionar vídeo-aulas dentro do
considerada líder entre as plata- que existe de melhor disponí-
formas, com mais 200 cursos vel na web e organizá-las. To-
de 33 universidades. dos os vídeos estão agrupados
No Brasil, o portal Veduca de maneira simples, em cursos,
tem cursos completos sobre to- por sua vez organizados em te-
dos os grandes campos do ensi- mas. Nosso acervo será gradati-
no superior e conta com mais vamente alimentado, trazendo
de 5 mil aulas, de 13 das princi- sempre novas vídeo-aulas com
pais universidades do mundo. a chancela das melhores univer-
O acesso é gratuito e parte do sidades. Projetamos um aumen-
material já está legendado. O to no número de vídeos e de
9. DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 13 de janeiro de 2013 / 9
universidades em cerca de 50%
em 2013, em relação ao acervo
atual”, conta.
No portal, professor e aluno
encontram de forma simples e
organizada aulas e palestras de
excelentes professores e univer-
sidades. Segundo o criador do
site, professores já recomen-
dam aulas e cursos do Veduca
em suas aulas presenciais. “Es-
tudantes têm navegado em bus-
ca de conhecimento comple-
mentar ao que já estudaram e
também como ferramenta de
descoberta de novos interesses
acadêmicos ou profissionais.
Essencialmente, nossa propos-
ta é aliar tecnologia e educação
de qualidade. Por isso, sempre
enriqueceremos o site com fun-
cionalidades e ferramentas que
facilitem os estudos na web”,
Acesso a conteúdos
explica.
O site oferece ainda um sis- Estudar pela internet pode (CETIC) mostram que 66% dos
tema de busca, em que é possí- não ser fácil como parece, afi- 80 milhões de internautas brasi-
vel pesquisar palavras-chave nal, é preciso ter disciplina e leiros entram na internet todos
na fala do professor ou pales- foco para não cair nas armadi- os meses em busca de educação
trante. Ao clicar em um dos re- lhas da rede mundial de com- e treinamento.
sultados da busca, o vídeo co- putadores durante uma vídeo- Embora esses portais espe-
meça a partir da primeira men- aula, por exemplo, indo para cializados sejam geralmente
ção à palavra pesquisada. Sou- outros sites, em especial as re- voltados para o conteúdo uni-
za lembra que desde de que foi des sociais. versitário, o professor do SEB-
ao ar, em março de 2012, o site Para o professor Luiz Octá- COC diz que os alunos de cursi-
recebeu pouco mais de 1,1 mi- vio Teixeira Stocco, diretor da nhos ou ensino médio também
lhão de visitantes, sendo 602 podem ser beneficiados. “Prin-
unidade SEBCOC Rio Preto,
mil visitantes únicos. São 24 cipalmente para ampliação do
os sites especializados em edu- seu repertório, mas sem esque-
mil usuários registrados no si- cação são uma oportunidade de
te e 17 mil seguidores nas re- cer o foco de matérias de vesti-
aprendizado. “São plataformas bulares. Esses cursos devem
des sociais (Facebook, Twitter importantíssimas que darão
e Google+). Atualmente, as au- ser vistos como uma leitura de
um novo estímulo aos universi- uma boa revista, não deve ser o
las mais procuradas são das tários, profissionais formados e
áreas de ciências da computa- foco principal”, recomenda.
professores. Lógico que não há Além disso, os professores
ção e matemática. impedimento algum para que também podem utilizar esses
De acordo com Souza, foi outros perfis usufruam do servi- sites gratuitos como comple-
projetado um aumento do nú- ço. Com a quinta maior popula- mento, por exemplo, para as
mero de visitantes, usuários re-
ção universitária do mundo aulas. “Nossa escola, que tem
gistrados e seguidores nas re- uma preocupação com educa-
(6,1 milhões), esses portais colo-
des sociais em 10 vezes para ção de qualidade e tecnologia
cam o Brasil em rota de oportu-
2013, em relação aos resultados para todas as fases da vida,
nidade para que mais e mais
registrados no ano passado. A sempre está se reciclando com
pessoas interessadas possam
projeção é baseada em três fato- treinamento continuado a
res: o lançamento da nova ver- aprender por meio da inter-
net”, afirma. usar essas novas tecnologias
são do site, em fevereiro, novas em sala de aula. É fundamen-
funcionalidades e ferramentas Segundo Stocco, os alunos
podem ser beneficiados com es- tal que se deixe o pragmatismo
para facilitar os estudos dos e parta para as ousadias educa-
usuários, e a possibilidade de sas plataformas em vários as-
pectos, especialmente para ver cionais existentes e disponíveis
interação com os demais inter- no mundo”, explica. ■ (JR)
nautas. A disponibilização de uma abordagem dos maiores
cursos pagos, com certificação, centros de pesquisa do mundo, Salas de aula virtuais
também está entre os projetos como Harvard, de assuntos que
para este ano. permite relacionar textos dos parceiro do Veduca, o leitor re- não teriam acesso no Brasil. Coursera -
Carlos Souza, criador do Ve- www.coursera.org
A outra novidade é o lança- grandes sites de notícia, como ceberá, na própria página, su-
mento de uma nova ferramenta jornais e portais de conteúdo gestões de vídeo-aulas no Vedu- duca, diz que o uso da internet Veduca -
de distribuição do conteúdo, parceiros, a aulas disponíveis ca que ajudam a explicar os con- com fins educacionais já é uma www.veduca.com.br
por meio de uma tecnologia de- em nosso acervo. Por exemplo, ceitos citados na reportagem, realidade no Brasil. Ele afirma
que dados do Centro de Estu- Classroom TV -
senvolvida pelo portal, chama- ao ler uma reportagem sobre re- como uma aula de Macroecono- www.classroomtv.com
da “Content Sense”. “O ‘Con- dução da taxa de juros básica mia em Yale, ou Matemática Fi- dos sobre as Tecnologias da In-
tent Sense’ é um algoritmo que do país em um jornal on-line nanceira no MIT”, explica. formação e da Comunicação edX - www.edx.org
10. 10 / São José do Rio Preto, 13 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO
Comportamento
BULLYING Elen Valereto
elen.valereto@diarioweb.com.br
Intimidações, violências, insul-
tos, críticas, ridicularização, perse-
guições. Essas são algumas das ma-
neiras de praticar o bullying, que
tem como principal alvo crianças
e jovens tímidos, com baixa autoes-
tima, menos idade, que se desta-
cam na aula, por escolha sexual di-
ferente dos demais ou porte físico
que chame a atenção.
O agressor não tem motivo espe-
cífico para perseguir a vítima, mas
de certa forma não aceita lidar com
qualquer pessoa que, na cabeça de-
le, representa o diferente, afirma
Nelson Pedro Silva, professor dou-
tor do Departamento de Psicologia
Evolutiva, Social e Escolar da Uni-
versidade Estadual Paulista
(Unesp). “Outro aspecto é que o di-
ferente nos incomoda, porque ele
está dentro de nós, a ponto de ser
inconsciente”.
Os ataques têm repercussões di-
ferentes para cada pessoa, princi-
palmente quando se torna algo fre-
quente. As vítimas acabam não de-
nunciando, sofrem caladas e mu-
dam o jeito de ser. “(A criança) co-
meça a apresentar comportamen-
tos opostos. Se ela gosta de ir à es-
cola, não vai querer mais, aparece
com machucados, fica isolada no
quarto, e algumas meninas come-
çam a apresentar quadro de buli-
mia e anorexia”, diz o professor.
Essas consequências são liga-
das diretamente à autoestima, de-
sencadeando ainda sentimentos
de timidez, insociabilidade e inca-
pacidade de conseguir um empre-
go no futuro ou desempenhar qual-
quer atividade. A humilhação fre-
quente, conta Silva, pode ter fim
trágico também. “A vítima pode
acabar, em um momento de insani-
dade ou vingança, pegar um arma
e matar várias pessoas (como já
ocorreu no Brasil e nos Estados
Unidos). Ou até mesmo se matar,
ingerindo drogas lícitas e ilícitas.”
11. DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 13 de janeiro de 2013 / 11
ANÁLISE
Problema precisa de
atenção da escola, dos pais
O quanto
e da sociedade para ser a escola é
prevenido e combatido responsável?
Muitos especialistas que es- der” e satisfação para os agres- conta de tudo”, destaca. Cleo Fante
tudam a questão são unânimes sores. Outro fator somatório a
a respeito do papel da escola esse problema está na perda de Punição? “O papel da escola é prevenir toda e qual-
quanto ao bullying: a violência visão da autoridade que pais e quer forma de violência e priorizar a cultura
precisa ser prevenida e o am- professores representam. “Existe um movimento de de paz. No entanto, se ocorrer o bullying, de-
biente educacional precisa cul- “A escola deve ser um local alguns promotores da infância ve agir imediatamente, uma vez que é de sua
tivar a paz e o respeito entre os de formar cidadão de direitos e e juventude que lutam para que responsabilidade a segurança de todos os estu-
alunos. No entanto, muito pre- deveres, fortalecendo amiza- o bullying seja considerado cri- dantes que estão sob sua guarda e proteção,
cisa ser feito. Eles acreditam des, solidariedade e coopera- me. Mas mais importante que podendo, inclusive, ser responsabilizada por
que as escolas, privadas ou pú- ção. E a relação entre pais e edu- nos preocuparmos com puni- omissão.
blicas, em sua maioria, não es- cadores precisa de laços de con- ção, devemos nos atentar à pre- Sendo uma ação identificada como bullying
tão preparadas para esse enfren- fiança em relação ao papel que venção e educação dos jovens”, ou não, a escola deverá orientar os envolvidos e
tamento, sendo até omissas em cada um exerce, cada qual assu- afirma a psicóloga e psicodra- encontrar alternativas que resultem em mudan-
muitas situações. mindo a parcela de sua respon- matista Ana Cláudia. ças comportamentais. Especificamente, em rela-
“Falta coragem para olhar o sabilidade”, afirma a psicóloga. A pedagoga Cléo Fante, es- ção aos autores, deverá convocar os pais para que
problema com a devida gravida- O professor da Unesp, no pecialista em bullying escolar, juntos possam reconhecer as causas de suas atitu-
de. Ambos precisam de atenção, entanto, pensa diferente. Para autora do Programa Anti-
des a fim de saná-las.
e o que normalmente acontece é Silva, não se pode atribuir a bullying “Educar para Paz”,
Dependendo da gravidade (lesão corporal,
que todas as atenções se voltam responsabilidade de preven- concorda com Ana. “Acredito
ameaça ou outra forma de violação de direitos
para o agressor, visto como um ção e combate do bullying ape- que a punição não gera reflexão
marginal em potencial, e a víti- nas para a escola e a família. e aprendizagem. Em muitos ca- de crianças e adolescentes), a escola deverá
ma é esquecida. É necessário Novas leis também não são ne- sos, gera raiva e revolta”. acionar outras instituições, como Conselho Tu-
parcerias com psicólogos, soció- cessárias. “Vamos parar com a Enquanto não existe lei que telar, Delegacia de Polícia ou Ministério Públi-
logos e assistentes sociais para ideia de se construir leis espe- criminalize o bullying no Bra- co. Quanto às vítimas, deve-se protegê-las e en-
trabalhar com pais, alunos e pro- cíficas de combate ao bullying sil, o ECA trata o assunto como contrar meios de cessar as agressões. Em situa-
fessores”, diz a psicóloga e psico- e de atribuir a responsabilida- ato infracional. “Poderão ser ções mais graves da exposição, precisa direcio-
dramatista Ana Cláudia De Lu- de única e exclusivamente à es- advertidos verbalmente ou por ná-las a profissionais que deverão auxiliar no
ca Schiaveto, de Rio Preto. cola e família. Já temos legisla- escrito, convocação dos pais e desenvolvimento de habilidades assertivas.
Um ponto inicial está na fal- ção avançada, inclusive elogia- até a transferência compulsória O que percebo é que há muita informação,
ta de valores e respeito com o da por países do primeiro (da escola), dependendo da gra- mas equívocos na identificação e nos encami-
próximo, o que possibilita jo- mundo - o Estatuto da Crian- vidade da ação e de acordo com nhamentos. Confunde-se bullying com indisci-
vens a por em prática ações im- ça e do Adolescente (ECA), a decisão do Colegiado”, expli- plina, conflitos entre estudantes e de estudan-
pensadas e que dão certo “po- com algumas exceções, já dá ca a pedagoga. tes com professores, agressões pontuais ou re-
petidas e problemas que são inerentes às rela-
ções interpessoais. Então, o que falta é conheci-
mento, capacitação profissional, além de com-
Ataques virtuais promisso de estabelecer uma educação voltada
à cultura de paz.
Existe um grande movimento contrário ao
bullying e outras formas de violências - lidera-
O cyberbullying ou bullying ou vídeo nas redes sociais, ou “A falsa sensação de anoni- do por cantores, atores, apresentadores, políti-
virtual é mais grave e difícil de mesmo de um comentário com mato e impunidade estimula as cos, escolas, famílias - mas isso não acontece
ser combatido, se comparado ao tom pejorativo. Eles não pensam práticas virtuais. Acreditar que em relação à cultura de paz. Devemos inserir
bullying físico. “Quando ocorri- nas consequências e acreditam o conteúdo postado fica restri- esse movimento em nosso cotidiano, e as esco-
do de forma intencional, fica que tudo é liberado na internet. to leva-os a disponibilizar fo- las têm essa possibilidade: de desenvolver pro-
mais fácil de se esconder por trás Durante uma pesquisa reali- tos, ofensas, calúnias, agres- gramas preventivos que oportunizem não so-
de um computador ou celular”, zada pela pedagoga Cléo Fante, mente informação, mas vivências e interioriza-
sões, etc. Isso por falta de co-
conta a psicóloga e psicodrama- especialista em bullying escolar, ção de valores, como respeito, solidariedade,
tista Ana Cláudia De Luca foi descoberto que, em um grupo nhecimento e de informações
sobre os prejuízos que podem amizade, tolerância, amor”.
Schiaveto. de 5.168 estudantes, 31% pratica-
Segundo Ana Cláudia, o vam bullying no ambiente vir- atrair para si e seus familiares,
CLEO FANTE
agressor não tem ideia da propor- tual. Outros 17% estavam envol- como responsabilizações finan- é pedagoga especialista em Bullying Escolar, autora do
ção da violência que pode provo- vidos com a agressão no próprio ceiras por danos morais”, diz a Programa Antibullying “Educar para a Paz” e de várias
car com a postagem de uma foto espaço físico. pedagoga. (EV) publicações no Brasil e Colômbia
12. 12 / São José do Rio Preto, 13 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO
Formas comuns
de bullying
Verbal: insultos, ofensas, apelidos maldosos,
criticar a vítima
Física e material: prática de bater, beliscar,
dar empurrões, roubar objetos
e até comida
Psicológica e moral: humilhações,
chantagens, intimidações, discriminação
Sexual: assédios, insinuações, abusos e
até violência
Virtual/cyberbullying: uso de tecnologias,
como celulares, filmadoras, internet para
espalhar fotos, vídeos, montagens para
constranger a vítima
Fonte: Cartilha Bullying - projeto Justiça nas Escola, da Secretaria
de Educação do Estado de São Paulo
Medidas para prevenir e combater
Os pais devem sempre é um deles), seguido de também fazer reuniões para
conversar com seus filhos, não discussão em grupo coordenado refletir sobre os comportamentos
só para a superação desse por psicopedagogos, psicólogos
Em alguns casos, propor
problema, mas de outros ou ex-alunos que já foram vítimas
terapia para vítima e agressor
ou praticantes do bullying
Colocar cartazes nas Em casos mais graves,
Fazer reuniões com alunos e solicitar pais e representantes do
escolas com os dizeres “justiça”,
demais pessoas que foram Ministério Público e da
“dignidade” e “reciprocidade”.
vítimas de bullying - assim como Segurança Pública para propor
Não mudará as condutas, mas no Alcoólatras Anônimos (AA) medidas ao agressor para não
dará início a reflexões repetir a conduta. Isso deve ser
Convidar às reuniões do feito sem alarde
Exigir condutas de boa grupo pessoas que não sofreram
educação, pois é uma condição bullying, mas que se sentiram Promover um espaço
necessária à construção das mal ou são contrárias a tais escolar pautado no exercício das
excelências morais práticas. Oferece apoio para virtudes e discutir temas, vídeos
enfrentar o problema e materiais jornalísticos, pois
Palestras com vídeos têm resultados melhores que
impactantes (“Laranja Mecânica” Identificar os agressores e exposições orais ■
Fonte: Nelson Pedro Silva, professor doutor do Departamento de Psicologia Evolutiva, Social e Escolar da Universidade Estadual Paulista (Unesp)
13. DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 13 de janeiro de 2013 / 13
Josinel Braga Carmona
Psicólogo
Rubens Cardia 17/6/2010
VELHO E NOVO
Cuidar de alguém com carinho e respeito pode ser visto
como um ato de retribuição a tudo o que já recebemos
www.sxc.hu/Divulgação
Esta é uma boa época para
pensarmos na transição.
Todo o tempo estamos mu-
dando, mas existem algumas
fases da vida, do ano, etc, em
que mais percebemos isso. Co-
mo diz uma frase taoísta: todo
excesso é fonte de dor e sofri-
mento. Bem, começar alguma
coisa, estar no início de um
projeto, do ano, da vida; estar
no final de um projeto, do ano
ou da vida, essas são formas ex-
tremas, de modo especial, po-
demos compreender esses ex-
tremos como excessos.
No início, temos excesso
de não saber, de ainda não
conseguir; no final, temos ex-
cesso de saber, de já não mais
conseguir.
Fazer uma reflexão sobre a
criança e o idoso é pensar nos
excessos, nos extremos da vi-
da e suas necessidades espe-
ciais. A criança ainda não po-
de estar sozinha, por sua pró-
pria conta, necessita da cons-
tante presença do outro, de-
pende inteiramente dele; o
idoso já não pode mais estar
sozinho, depende cada vez
mais do outro, de sua ajuda,
atenção e dedicação.
Este é mesmo um bom mo-
mento para esta reflexão.
Passadas as festas, as ale-
grias e euforias, os presentes e
as presenças, podemos nos con-
centrar um pouco naquilo tu-
do que recebemos em nosso ções e incapacidades inicial- preender de fato, sorrir, etc, is- estas realidades com um pou-
início de vida, da dedicação da- mente pode ser visto como um so tudo é trabalhoso e cansati- co mais de cuidado vai perce-
queles que nos cuidaram e ato de retribuição a tudo o que vo, demanda tempo e dedica- ber o quanto precisamos apren-
aquilo que possivelmente ire- já recebemos, contudo, exis- ção, mas com toda a certeza der sobre essas três tão impor-
mos receber quando voltar- tem ainda os aspectos existen- posso afirmar que qualquer tantes fases de nossas vidas.
mos a necessitar do outro. En- cial e humano do cuidar. uma dessas tarefas se torna Uma boa pergunta para ser
tre essas duas fases de depen- Preparar e servir a comida, mais leve na presença do verda- respondida no silêncio da refle-
dências e necessidades existe a banho, trocar, ajudar a subir e deiro entendimento do que é xão diária: enquanto tenho for-
fase em que podemos (e deve- a descer, entrar e sair, ensinar cuidar e amar aquele que ain- ça e capacidade, tenho me dedi-
mos) nos dedicar e cuidar. a falar, ajudar a lembrar, pegar da não pode ou aquele que já cado a oferecer aos que preci-
Cuidar de alguém com cari- pela mão, limpar a baba, as fe- não consegue. Qualquer pes- sam de cuidados todo o amor e
nho e respeito a suas limita- zes, pentear, perfumar, com- soa que se permitir olhar para dedicação que posso? ■
14. TV - 14 / São José do Rio Preto, 13 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO
Perfil
Busca interior
Carla Marins recorreu à psicanálise para interpretar mãe de adolescente em “Malhação”
Luiza Dantas/Divulgação
TV Press cionar com ninguém. Com isso,
se dedicou demais apenas ao fi- Personagem de
Personagem de
Experimentar a maternidade lho e ao trabalho de tradutora, Carla Marins em
Carla Marins em
trouxe várias mudanças à carrei- exercido em sua própria casa. A “Malhação” é
“Malhação” é
situação só começa a mudar de- bem diferente da
bem diferente da
ra de Carla Marins. Mas a princi-
dissimulada
dissimulada
pal delas talvez seja a forma co- pois que o garoto engata um na-
Amanda”, de
Amanda”, de
mo a atriz explora essa caracterís- moro e, ironicamente, ela reata
“Morde &
“Morde &
tica em suas personagens. Prova com o ex-marido. Com direito
Assopra”, seu
Assopra”, seu
disso é que fez questão de contar até a uma gravidez não planejada.
trabalho anterior
trabalho anterior
com o auxílio da psicanálise as- “É legal esse espaço maior que es-
sim que foi escalada para viver a tão dando para personagens adul-
retraída Alice de “Malhação”. Is- tos. Muita gente acha que ‘Malha-
so porque, embora seja mãe de ção’ é feita para jovens e crianças,
uma criança, ela assume que, mas pesquisas mostram que
sem essa ajuda, talvez fosse mais mães e avós são 60% do público
complicado encontrar a profun- que assiste”, valoriza.
didade que os conflitos que en- Hoje com 44 anos, Carla sem-
volvem a tradutora e o filho, o pre aparentou menos idade. Por
mocinho Dinho, papel de Gui- isso, só experimentou atuar como
lherme Prates, exigem. “É um mãe de um adolescente em “Pé
universo muito distante do meu. na Jaca”, aos 38 anos, quando vi-
Precisava achar outra pegada e veu a sonhadora Dorinha. E essa
esse seria o melhor caminho. maturidade cênica parece ter mo-
Não cabe em qualquer persona- tivado a atriz a marcar presença Instantâneas
gem, mas ali eu senti que funcio-
naria bem”, justifica.
em novos trabalhos na tevê. An-
tes, passou cinco anos fazendo
aparições rápidas em pequenas
Viagem ao passado Carla Marins foi capa da
Outro detalhe que ajudou Car- edição de aniversário da revista
la na hora de construir Alice foi participações e se dedicando aos “Playboy” em 1992. Na época,
palcos e ao curso de Teoria do Trabalhar ao lado de mui- um ar mais juvenil”, recorda.
a caracterização. Seu último tra- fez as fotos em Cancun,
Teatro, que ainda pretende finali- tos jovens faz com que Carla Curiosamente, a atriz co- no México
balho na televisão foi a dissimu- se lembre de uma fase impor- meçou a gravar suas cenas na
lada Amanda, participação espe- zar na UniRio. Mas, depois do re-
tante de sua carreira. Junto mesma época em que “Malha- Aos 14 anos, a atriz foi
cial que a atriz foi convidada a torno na trama de Carlos Lom-
com Regina Duarte, ela prota- ção” estreava na Globo, em escolhida para fazer o papel
fazer em “Morde & Assopra” e bardi – sua última novela tinha si- principal da peça “O Boi e O
do “Porto dos Milagres”, em gonizou “História de Amor”, 1995. E Carla acredita que, de
acabou estendida até os últimos Burro a Caminho de Belém”, de
2001 –, já atuou no seriado “Faça novela de Manoel Carlos que lá para cá, as dificuldades de Maria Clara Machado. Sua
capítulos da novela. Naquela abordava a difícil relação en- relacionamento entre pais e fi-
época, vivia uma vilã que se a Sua História” e na novela “Mor- primeira aparição na tevê foi em
de & Assopra”, na Globo, e tam- tre a mãe Helena e sua filha, lhos aumentaram. Com isso, um comercial do Mc Donald’s,
aproveitava da boa forma física. Joyce. Na trama, a adolescen- se tornaram mais ricas na tele- dois anos depois
bém em “Uma Rosa Com
Mas agora, na pele de uma dona te rebelde engravidava do na- dramaturgia. “Ter autoridade
Amor”, que protagonizou no A primeira novela de Carla
de casa e mãe, Carla preferiu re- morado aos 17 anos e, com is- sobre um adolescente é ainda
SBT, em 2009. “É difícil fazer te- Marins foi “Hipertensão”, em
laxar e, assim, ganhar um corpo so, mudava a vida de todos na mais complicado atualmente.
levisão direto. Novela é um com- 1986. O convite para fazer os
que se aproxima mais da realida- família. Sendo que, na época, E acho um assunto muito sé-
promisso longo demais e o ator testes para interpretar Carola
de de Alice. “Não cheguei a ten- Carla tinha 10 anos a mais rio falar sobre essa falta de li- veio na escola de Wolf Maya,
precisa, em algum momento, pa-
tar engordar, mas deixei de es- que sua personagem. “A mites que a gente vê. Ainda onde Carla fazia um curso
rar e se ‘limpar’ dos resquícios de
tar obcecada com isso. Também outros personagens. O teatro me maior preocupação era tornar mais agora, que também sou de interpretação
parei de pegar sol e escureci o ca- ajuda muito nisso e a faculdade aquilo possível. Então, decidi mãe. É bem diferente explo- Antes de decidir se dedicar
belo”, explica. também”, opina. engordar um pouco e opta- rar isso em cena quando você à carreira artística, Carla
Na história, Alice é uma qua- mos por um corte de cabelo começa a viver um pouco da- pensava em fazer faculdade de
rentona que, depois da separação, “Malhação” - Globo - Segunda a sexta, curto e bem cacheado. Dava quela realidade”, avalia. ■ Medicina e se especializar
passou muitos anos sem se rela- às 17h35 em Pediatria