Pela necessidade de chamar atenção para ajudar a refletir sobre o problema e de se fazer conhecer a situação de moradores de rua através da fotografia é que este trabalho é construído. De interesse coletivo econômico e social com relação ao turismo e infraestrutura, a situação desses cidadãos precisa de uma abordagem prático teórica para que seja um assunto explanado não apenas com palavras, mas utilizando a fotografia como principal instrumento de captação da realidade.
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
Fotografia Como Denúncia da Realidade
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO PUBLICIDADE E PROPAGANDA
FOTOGRAFIA COMO DENÚNCIA DA REALIDADE
Allison Norberto Alves da Silva
Natal - RN
2012
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Allison Norberto Alves da Silva
FOTOGRAFIA COMO DENÚNCIA DA REALIDADE
Pré-projeto apresentado na disciplina de Projeto de Pesquisa I como
requisito básico para a apresentação do Trabalho de Conclusão de
Curso de Comunicação Social – habilitação Publicidade e Propaganda.
Orientador (a): Josimey Costa Silva
Natal - RN
2012
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1. INTRODUÇÃO
A realidade maquiada do Brasil pode ser mostrada em propagandas políticas
e em programas eleitorais, ou está apresentada nas ruas diariamente. Para
denunciar a situação de muitos dos cidadãos brasileiros, reportagens são
manipuladas e palavras podem vir da boca para fora. A fotografia como obra de arte
tem uma forma transformada de representar a vida de pessoas que vivem em
condições precárias pelas ruas do país.
Pela necessidade de chamar atenção para ajudar a refletir sobre o problema
e de se fazer conhecer a situação de moradores de rua através da fotografia é que
este trabalho é construído. De interesse coletivo econômico e social com relação ao
turismo e infraestrutura, a situação desses cidadãos precisa de uma abordagem
prático teórica para que seja um assunto explanado não apenas com palavras, mas
utilizando a fotografia como principal instrumento de captação da realidade.
Retratar a situação supracitada e questionar como a fotografia pode
denunciar essa realidade é a intenção deste.
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2. JUSTIFICATIVA
Muito se ouve falar sobre os motivos da rejeição de pessoas pela sociedade,
seja por distinção de classe social, educação ou problemas como drogas e
prostituição. Segundo Philippe Dubois, em seu livro O Ato Fotográfico, “a imagem
fotográfica não é um espelho neutro, mas um instrumento de transposição, de
análise, de interpretação e até de transformação do real”.
Em seu livro A exclusão social e a nova desigualdade (1997), José de Souza
Martins afirma que não existe exclusão. Para o autor, a exclusão é como um tipo de
deturpação da vida, e se torna mais visível porque não há espaço entre o tempo da
exclusão e o tempo de uma possível reinclusão do indivíduo na sociedade. “A
sociedade moderna está criando uma grande massa de população sobrante, que
tem pouca chance de ser de fato reincluída nos padrões atuais do desenvolvimento
econômico” (MARTINS, 1997).
As classes trabalhadoras não estão caracterizadas nesta pesquisa, mas são
um ótimo exemplo de reivindicadores, mas que estão fixos no mesmo patamar e não
há uma mudança da sua situação. Atualmente, “grupos que partilham a mesma
pobreza chegaram lá de diferentes maneiras e têm diferentes probabilidades de
saírem dela” (DUPAS, 1999, p.29). (Ver Figura 5 em anexo).
O significado de exclusão pode aparecer de diferentes maneiras. Dentre tais,
há quem diga que o oposto exclusão/inclusão é uma ilusão, e há quem veja a fundo
os processos que fazem as pessoas serem excluídas, o que leva a perceber a falta
de padrão entre a exclusão e a inclusão, que é cada vez menor devido ao
capitalismo no qual está inserido o mundo contemporâneo.
É inegável que essa situação faça parte do dia-a-dia de todos os cidadãos, e
que mesmo com esse quadro estampado nas ruas, há a necessidade de se mostrar
a situação por meio da comunicação. Para que haja comunicação, é necessário
haver um emissor e um receptor. Ao registro que vai difundir a informação em forma
de imagem, Philippe Dubois nomeia fotografia, segundo Baudelaire:
Na ideologia estética de sua época, Baudelaire recoloca com clareza a
fotografia em seu lugar: ela é um auxiliar (um “servidor”) da memória, uma
simples testemunha do que foi. Não deve principalmente pretender “invadir”
o campo reservado da criação artística. [...] Para Baudelaire, uma obra não
pode ser ao mesmo tempo artística e documental, pois a arte é definida
como aquilo mesmo que permite escapar do real (DUBOIS, 1993, p.30)
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Para Barthes, a fotografia pode ser com certeza quando transmite a realidade sem
duplicá-la. Como diz em A câmara clara, “a fotografia é unária quando transforma
enfaticamente a “realidade, sem duplicá-la, sem fazê-la vacilar” (BARTHES, 1984,
p.66)
A sociedade em si reconhece o que acontece ao seu redor, mas não admite
que é o que realmente está acontecendo naquele momento. Barthes diz ainda que
A sociedade, assim parece, desconfia do sentido puro: ela quer sentido,
mas ao mesmo tempo quer que esse sentido seja cercado de um ruído
(como se diz em cibernética) que o faça menos agudo. Assim, a foto cujo
sentido causa muita impressão é logo desviada; é consumida
esteticamente, não politicamente. (BARTHES, 1984, p.58-60)
Dessa maneira, é possível perceber que a sociedade foge da realidade
quando na verdade deveria enfrentar o que está diante dos seus olhos (Ver Figura 1
em anexo).
A qualidade estética da fotografia atualmente é semelhante se vista a olho nu
por leigos, mas a técnica fotográfica está sempre presente em qualquer câmera,
mais ou menos potente, de acordo com as especificações do mercado ou
necessidade de cada fotógrafo. Para o autor, a partir do momento em que há
conhecimento da câmera, tudo em que o espectador participante está inserido muda
de perspectiva (Ver Figura 2 em anexo).
Com o advento da popularização da fotografia, a exclusão social retratada
está sendo cada vez mais facilmente globalizada, e todos tomam conhecimento do
que acontece em qualquer parte do mundo de maneira muito rápida. Em uma parte
surpreendentemente grande dos casos, as fotografias são usadas para fins de
persuasão e publicidade maquiada por uma falsa realidade. (Ver Figura 3 em
anexo). Segundo Paulo César Boni¹ e Renato Forin²:
____________________________
¹ Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo e Coordenador do Curso de
Especialização em Fotografia da Universidade Estadual de Londrina.
² Graduado em Comunicação Social pela Universidade Estadual de Londrina. Discente do Curso de
Expecialização em Fotografia do CECA – Centro de Educação, Comunicação e Artes da UEL.
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O fotojornalismo e o fotodocumentarismo social tornam-se uma espécie de
mote para o autorreconhecimento das diferenças e para a autoafirmação da
superioridade das elites leitoras dos meios impressos. Imagens de grupos
sociais marginalizados e excluídos – quase sempre colhidas em países
subdesenvolvidos – chegam às nações mais ricas e a um público de maior
poder aquisitivo para cumprir uma função psicologicamente determinada:
provocar uma comoção que nada mais é que a máscara de sua passividade
social diante das desigualdades. (BONI. FORIN, 2006, p.40-41)
Em entrevista¹ concedida à televisão em 2007 sobre o seu último livro, África,
Sebastião Salgado diz, ao ser perguntado se é possível sensibilizar as pessoas
através da fotografia como quando ele fotografou uma criança africana no colo da
mãe, respondeu: “As fotografias, às vezes, criam verdadeiros impactos, porque tem
situações muito dramáticas. É possível sim. A situação não mudou, é quase
completamente a mesma na África. Continua a situação de fome, de miséria.”
Para que se possa escolher o momento certo a ser fotografado como meio de
mostrar a realidade que se quer fazer conhecer através da fotografia, Milton Guran
fala em seu livro Linguagem Fotográfica e Informação:
O ato de liberar o obturador da câmera é sempre a escolha de um
determinado momento, e é a principal escolha do fotógrafo. Uma vez que a
realidade está em permanente mudança na sua plasticidade (até no caso de
paisagens, onde tudo é aparentemente imóvel), uma mesma cena se
organiza, se desorganiza e se reorganiza sucessivamente, e sempre de
forma diferente. [...] Mesmo dentro de uma mesma configuração de cena
(situação) a realidade se supera a cada instante, e o momento mais
expressivo de agora pode perder para o próximo. (GURAN, 1991, p.43)
Com isso, Guran quer dizer que a fotografia nunca vai ser a reprodução da
realidade, mas uma versão delimitada do espaço onde a cena acontece, já que uma
cena nunca vai se repetir. Discutindo sobre o domínio do instante, o autor diz: “o
acontecido nunca volta a acontecer da mesma forma, o que obriga o fotógrafo a ir
registrando o que lhe parece perfeito” (Ver Figura 4 em anexo).
________________________
¹ Entrevista disponível em < http://youtu.be/H1RWZZl4y-Q>. Acesso em 18 de junho de 2012.
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3. OBJETIVOS
Analisar a fotografia como meio de comunicação para retratar o dia-a-dia nas
ruas, determinar a necessidade de haver a exposição da situação em que pessoas
se encontram. Revelar a fotografia não apenas como obra de arte em sua face
estética, mas também como fator técnico na busca para entender a sociedade
exclusivista da qual fazemos parte.
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4. METODOLOGIA DA PESQUISA
Mostrar fotografias que retratam a situação de cidadãos que vivem abaixo da
classe média baixa nas cidades de São Paulo/SP e Ceará-Mirim/RN, através de
imagens feitas no período entre novembro de 2008 e abril de 2012. Fazendo relação
com o que dizem autores que falam sobre desigualdade social e situação de vida
desses brasileiros que não têm uma vida digna e tomando como base artigos e livros
de fotógrafos e sociólogos de nome e prestígio em suas áreas, este tem procura
discutir e revelar a fotografia como instrumento de pesquisa social. O universo da
pesquisa de campo é representado pelas pessoas fotografadas, fazendo papel de
protagonistas ou antagonistas nas imagens, sem amostra direta ligada às pessoas
retratadas.
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ANEXOS
Figura 1: Invisível. Foto tirada no centro de São Paulo, próximo à Catedral da Sé, em 04 de abril de
2012. (Foto: Allison Norberto).
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Figura 2: Calçadas. Foto tirada no centro de São Paulo, próximo à Catedral da Sé, em 04 de abril de
2012. (Foto: Allison Norberto).
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Figura 3: Alimento. Foto tirada no centro de São Paulo, próximo à Catedral da Sé, em 04 de abril de
2012. (Foto: Allison Norberto).
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Figura 4: O Fenômeno. Foto tirada no centro de Ceará-Mirim/RN em 1º de novembro de 2008. (Foto:
Allison Norberto).
Figura 5: Olhos de Esperança. Foto tirada no centro de Ceará-Mirim/RN em 1º de novembro de
2008. (Foto: Allison Norberto).
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REFERÊNCIAS
DUPAS, G. Economia global e exclusão social: pobreza, desemprego, Estado e o
futuro do capitalismo. 2. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.
MARTINS, José de Souza. A exclusão social e a nova desigualdade, SP, Paulus,
1997.
BONI, Paulo César. FORIN, Renato. A globalização da exclusão social por meio
da fotografia. Estudos em Jornalismo e Mídia Vol. III. “Sobre novos excluídos”, p.40.
2006
BARTHES, Roland. A câmara clara: nota sobre a fotografia. Tradução de Júlio
Castañon Guimarães. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
DUBOIS, Philippe. O ato fotográfico e outros ensaios. Tradução de Marina
Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993.
GURAN, Milton. Linguagem fotográfica e informação. São Paulo: Editora Gama
Filho, 1991.