SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 9
KUHN, T. S. A Estrutura das Revoluções Científicas. São Paulo:
Perspectiva. 2013.
Carlos Jonathan Santos
CAPÍTULO 4 – A prioridade dos paradigmas
 A investigação histórica cuidadosa de uma determinada especialidade
num determinado momento revela um conjunto de ilustrações recorrentes
e quase padronizadas de diferentes teorias nas suas aplicações
conceituais, instrumentais e na observação. Essas são os paradigmas da
comunidade, revelados nos seus manuais, conferencias e exercícios de
laboratório
 O historiador descobrirá uma área de penumbra, ocupada por
realizações cujo status ainda está em dúvida, mas habitualmente o núcleo
de problemas resolvidos será claro.
 Apesar de ambiguidades ocasionais, os paradigmas de uma comunidade
cientifica amadurecida podem ser determinados com relativa facilidade.
 A determinação de paradigmas compartilhados não coincide com a
determinação das regras comuns ao grupo.
 Cabe ao historiador comparar paradigmas da comunidade com
relatórios de pesquisa habitais do grupo, visando descobrir elementos
isoláveis.
 Cientistas podem concordar que um Newton, Lavoisier, um Maxwell ou
um Einstein produziram uma solução aparentemente duradoura para
um grupo de problemas especialmente importantes e mesmo assim
discordar, algumas vezes sem estarem conscientes disso, a respeito das
características abstratas específicas que tornam essas soluções permanentes.
 Podem concordar na identificação de um paradigma sem entrar num acordo
sobre a interpretação completa. Mas a falta de uma interpretação
padronizada [...] não impede que um paradigma oriente a pesquisa.
 Quando cientistas não estão de acordo sobre a existência ou não de
soluções para os problemas fundamentais [...] a busca de regras adquire
uma função que não possui normalmente. Contudo, quando os paradigmas
permanecem seguros eles podem funcionar sem a necessidade [...] de
qualquer tentativa de racionalização.
 Atribui-se então uma prioridade aos paradigmas.
 O que foi dito até aqui parece implicar que a ciência normal é um
empreendimento único, monolítico e unificado que deve persistir ou
desaparecer, seja com algum, seja com um conjunto de paradigmas. Mas a
ciência raramente (ou nunca) procede desta maneira.
 Mesmo os que trabalham no mesmo campo de estudos podem adquirir
paradigmas diferentes no curso de suas especializações profissionais, a
partir das suas formações e práticas de pesquisa.
CAPÍTULO 5 – A anomalia e a emergência das descobertas científicas
 A ciência normal não se propõe descobrir novidades no terreno dos fatos ou
da teoria.
 A descoberta científica começa com a consciência de uma anomalia.
 A anomalia ocorre quando existe uma violação das expectativas do
paradigma que provoca uma crise na ciência normal.
 Até que o cientista tenha aprendido a ver a natureza de um modo diferente
o novo fato não será considerado completamente científico.
 A descoberta científica não é um ato simples e único. É um acontecimento
complexo, que envolve o reconhecimento tanto da existência de algo, como
de sua natureza.
 Exemplos de descobertas complexas: (1) Oxigênio; (2) Raios x e (3)
Garrafa de Leyden.
 Nem todos as teorias são teorias paradigmáticas: tanto nos períodos pré-
paradigmáticos, como durante as crises que conduzem a mudança em
grandes escala do paradigma, os cientistas costumam desenvolver muitas
teorias especulativas e desarticuladas, capazes de indicar o caminho para
novas descobertas.
 Traços de todas as descobertas das quais emergem novos tipos de
fenômenos
 (1) A consciência prévia da anomalia.
 (2) A emergência gradual e simultânea de um reconhecimento tanto no
plano conceitual como no plano da observação.
 (3) Consequente mudança das categorias e procedimentos
paradigmáticos – muitas vezes acompanhada por resistência.
 Na ciência, a novidade somente emerge com dificuldades - que de
manifesta por meio de uma resistência.
 Uma maior familiaridade com o paradigma atual dá origem à consciência
de uma anomalia.
 Essa consciência da anomalia inaugura o período no qual as categorias
conceituais são adaptadas até que o que inicialmente era considerado
anômalo se converta em previsto. Nesse momento completa-se a
descoberta.
 Mesmo quando instrumentos especializados existem, a novidade
normalmente emerge apenas para aquele que, sabendo com precisão o que
deveria esperar, é capaz de reconhecer que algo saio errado.
 Quanto maiores forem a precisão e o alcance de um paradigma, tanto mais
sensível este será como indicador de anomalia e, consequentemente, de
uma ocasião para a mudança de paradigma.
CAPÍTULO 6 – As crises e a emergência das teorias científicas
 Se a consciência da anomalia desempenha um papel na emergência de
novos tipos de fenômenos, ninguém deveria surpreende—se com o fato de
quem uma consciência semelhante, embora mais profunda, seja um pré-
requisito para todas as mudanças de teoria aceitáveis.
 A emergência de novas teorias é geralmente precedida por um período de
insegurança profissional pronunciada, pois exige destruição em larga
escala de paradigmas e grandes alterações nos problemas e técnicas da
ciência normal.
 O fracasso das regras existentes é o prelúdio para uma busca de novas
regras.
 As predições de Ptolomeu eram tão boas como as de Copérnico. Porém,
quanto se trata de uma teoria científica, ser admiravelmente bem-
sucedida não é o mesma coisa que ser totalmente bem-sucedida.
 A proliferação de versões de uma teoria é um sintoma muito usual de
crise.
 Uma nova teoria surge após um fracasso caracterizado na atividade
normal de resolução de problemas.
 O fracasso com um novo tipo de problema é muitas vezes decepcionante,
mas nunca surpreendente. Em geral nem os problemas nem os quebra-
cabeças cedem ao primeiro ataque.
 O significado das crises consiste exatamente no fato de que indicam que é
chegada a ocasião para renovar os instrumentos.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Revoluções Científicas - Kuhn
Revoluções Científicas - KuhnRevoluções Científicas - Kuhn
Revoluções Científicas - KuhnJorge Barbosa
 
A Teoria dos Paradigmas de Thomas Kuhn
A Teoria dos Paradigmas de Thomas KuhnA Teoria dos Paradigmas de Thomas Kuhn
A Teoria dos Paradigmas de Thomas KuhnKauan Paulino
 
11º b final
11º b   final11º b   final
11º b finalj_sdias
 
Método indutivo vs hipotetico dedutivo
Método indutivo vs hipotetico dedutivoMétodo indutivo vs hipotetico dedutivo
Método indutivo vs hipotetico dedutivoj_sdias
 
Resumo - O que é Ciência afinal?
Resumo - O que é Ciência afinal?Resumo - O que é Ciência afinal?
Resumo - O que é Ciência afinal?Airton Fernandes
 
O que é paradigma segundo thomas kuhn
O que é paradigma segundo thomas kuhnO que é paradigma segundo thomas kuhn
O que é paradigma segundo thomas kuhnMíria Alves Cirqueira
 
Mapa conceitual - Filosofia da ciência
Mapa conceitual - Filosofia da ciênciaMapa conceitual - Filosofia da ciência
Mapa conceitual - Filosofia da ciênciaGilberto Cotrim
 
Senso Comum e Ciência
Senso Comum e CiênciaSenso Comum e Ciência
Senso Comum e CiênciaJorge Barbosa
 
Estrutura+do+ensaio
Estrutura+do+ensaioEstrutura+do+ensaio
Estrutura+do+ensaioAdriele Leal
 
Resenha crítica sobre o livro a arte do planejamento verdades, mentiras e p...
Resenha crítica sobre o livro a arte do planejamento   verdades, mentiras e p...Resenha crítica sobre o livro a arte do planejamento   verdades, mentiras e p...
Resenha crítica sobre o livro a arte do planejamento verdades, mentiras e p...Angela Albarello Tolfo
 
A filosofia de wittgenstein
A filosofia de wittgensteinA filosofia de wittgenstein
A filosofia de wittgensteinGarcia Neto
 
Resenha acadêmica
Resenha acadêmicaResenha acadêmica
Resenha acadêmicamegainfoin
 
O Racionalismo crítico na filosofia de Popper
O Racionalismo crítico na filosofia de PopperO Racionalismo crítico na filosofia de Popper
O Racionalismo crítico na filosofia de PopperCarlos Alberto Monteiro
 

Mais procurados (20)

Revoluções Científicas - Kuhn
Revoluções Científicas - KuhnRevoluções Científicas - Kuhn
Revoluções Científicas - Kuhn
 
A Teoria dos Paradigmas de Thomas Kuhn
A Teoria dos Paradigmas de Thomas KuhnA Teoria dos Paradigmas de Thomas Kuhn
A Teoria dos Paradigmas de Thomas Kuhn
 
Karlpopper
KarlpopperKarlpopper
Karlpopper
 
A revolução científica
A revolução científicaA revolução científica
A revolução científica
 
11º b final
11º b   final11º b   final
11º b final
 
Método indutivo vs hipotetico dedutivo
Método indutivo vs hipotetico dedutivoMétodo indutivo vs hipotetico dedutivo
Método indutivo vs hipotetico dedutivo
 
Resumo - O que é Ciência afinal?
Resumo - O que é Ciência afinal?Resumo - O que é Ciência afinal?
Resumo - O que é Ciência afinal?
 
O que é paradigma segundo thomas kuhn
O que é paradigma segundo thomas kuhnO que é paradigma segundo thomas kuhn
O que é paradigma segundo thomas kuhn
 
Mapa conceitual - Filosofia da ciência
Mapa conceitual - Filosofia da ciênciaMapa conceitual - Filosofia da ciência
Mapa conceitual - Filosofia da ciência
 
Senso Comum e Ciência
Senso Comum e CiênciaSenso Comum e Ciência
Senso Comum e Ciência
 
Estrutura+do+ensaio
Estrutura+do+ensaioEstrutura+do+ensaio
Estrutura+do+ensaio
 
Resenha crítica sobre o livro a arte do planejamento verdades, mentiras e p...
Resenha crítica sobre o livro a arte do planejamento   verdades, mentiras e p...Resenha crítica sobre o livro a arte do planejamento   verdades, mentiras e p...
Resenha crítica sobre o livro a arte do planejamento verdades, mentiras e p...
 
A filosofia de wittgenstein
A filosofia de wittgensteinA filosofia de wittgenstein
A filosofia de wittgenstein
 
A evolução da ciência
A evolução da ciênciaA evolução da ciência
A evolução da ciência
 
Kant
KantKant
Kant
 
Resenha acadêmica
Resenha acadêmicaResenha acadêmica
Resenha acadêmica
 
A ciência normal e a extraordinária
A ciência normal e a extraordináriaA ciência normal e a extraordinária
A ciência normal e a extraordinária
 
Como elaborar uma resenha
Como elaborar uma resenhaComo elaborar uma resenha
Como elaborar uma resenha
 
O Racionalismo crítico na filosofia de Popper
O Racionalismo crítico na filosofia de PopperO Racionalismo crítico na filosofia de Popper
O Racionalismo crítico na filosofia de Popper
 
Kant
KantKant
Kant
 

Semelhante a A prioridade dos paradigmas na ciência normal segundo Kuhn

( Espiritismo) # - ademir l xavier jr - doutrina espírita e as chamadas ciê...
( Espiritismo)   # - ademir l xavier jr - doutrina espírita e as chamadas ciê...( Espiritismo)   # - ademir l xavier jr - doutrina espírita e as chamadas ciê...
( Espiritismo) # - ademir l xavier jr - doutrina espírita e as chamadas ciê...Instituto de Psicobiofísica Rama Schain
 
Curso de Epistemologia 5/6
Curso de Epistemologia 5/6Curso de Epistemologia 5/6
Curso de Epistemologia 5/6Luiz Miranda-Sá
 
Ciência natural: os pressupostos filosóficos
Ciência natural: os pressupostos filosóficosCiência natural: os pressupostos filosóficos
Ciência natural: os pressupostos filosóficosLeonardo Kaplan
 
A Evolução da Ciência.pdf. Resumo do tema "A evolução da Ciência" .
A Evolução da Ciência.pdf. Resumo do tema "A evolução da Ciência" .A Evolução da Ciência.pdf. Resumo do tema "A evolução da Ciência" .
A Evolução da Ciência.pdf. Resumo do tema "A evolução da Ciência" .filipepereira406050
 
Contra o método resenha 3
Contra o método resenha 3Contra o método resenha 3
Contra o método resenha 3CIRINEU COSTA
 
Lakatos projeto canoa
Lakatos projeto canoa Lakatos projeto canoa
Lakatos projeto canoa claramw
 
A Perspetiva de T. Kuhn
A Perspetiva de T. KuhnA Perspetiva de T. Kuhn
A Perspetiva de T. KuhnJorge Barbosa
 
objectividadecientficaeracionalidadecientfica-110301030123-phpapp01.ppt
objectividadecientficaeracionalidadecientfica-110301030123-phpapp01.pptobjectividadecientficaeracionalidadecientfica-110301030123-phpapp01.ppt
objectividadecientficaeracionalidadecientfica-110301030123-phpapp01.pptlgg2hb
 
16 o método científico
16 o método científico16 o método científico
16 o método científicoJoao Balbi
 
evolucao-da-ciencia-comparacao-de-thomas-kuhn-e-karl-popper-filosofia-11-ano.pdf
evolucao-da-ciencia-comparacao-de-thomas-kuhn-e-karl-popper-filosofia-11-ano.pdfevolucao-da-ciencia-comparacao-de-thomas-kuhn-e-karl-popper-filosofia-11-ano.pdf
evolucao-da-ciencia-comparacao-de-thomas-kuhn-e-karl-popper-filosofia-11-ano.pdfCarolinaMendesOlivei
 

Semelhante a A prioridade dos paradigmas na ciência normal segundo Kuhn (20)

A ciência normal e a extraordinária
A ciência normal e a extraordináriaA ciência normal e a extraordinária
A ciência normal e a extraordinária
 
Khun, pop..
Khun, pop..Khun, pop..
Khun, pop..
 
Thomas kuhn
Thomas kuhnThomas kuhn
Thomas kuhn
 
( Espiritismo) # - ademir l xavier jr - doutrina espírita e as chamadas ciê...
( Espiritismo)   # - ademir l xavier jr - doutrina espírita e as chamadas ciê...( Espiritismo)   # - ademir l xavier jr - doutrina espírita e as chamadas ciê...
( Espiritismo) # - ademir l xavier jr - doutrina espírita e as chamadas ciê...
 
Fichamento - Thomas Kuhn
Fichamento - Thomas KuhnFichamento - Thomas Kuhn
Fichamento - Thomas Kuhn
 
Curso de Epistemologia 5/6
Curso de Epistemologia 5/6Curso de Epistemologia 5/6
Curso de Epistemologia 5/6
 
De popper à nova heterodoxia
De popper à nova heterodoxiaDe popper à nova heterodoxia
De popper à nova heterodoxia
 
Jornalismo e ciência
Jornalismo e ciênciaJornalismo e ciência
Jornalismo e ciência
 
Ciência natural: os pressupostos filosóficos
Ciência natural: os pressupostos filosóficosCiência natural: os pressupostos filosóficos
Ciência natural: os pressupostos filosóficos
 
( Espiritismo) # - ateus net - espiritismo ciencia e logica
( Espiritismo)   # - ateus net - espiritismo ciencia e logica( Espiritismo)   # - ateus net - espiritismo ciencia e logica
( Espiritismo) # - ateus net - espiritismo ciencia e logica
 
A Evolução da Ciência.pdf. Resumo do tema "A evolução da Ciência" .
A Evolução da Ciência.pdf. Resumo do tema "A evolução da Ciência" .A Evolução da Ciência.pdf. Resumo do tema "A evolução da Ciência" .
A Evolução da Ciência.pdf. Resumo do tema "A evolução da Ciência" .
 
Contra o método resenha 3
Contra o método resenha 3Contra o método resenha 3
Contra o método resenha 3
 
Lakatos projeto canoa
Lakatos projeto canoa Lakatos projeto canoa
Lakatos projeto canoa
 
D34 es kuhn
D34 es kuhnD34 es kuhn
D34 es kuhn
 
A Perspetiva de T. Kuhn
A Perspetiva de T. KuhnA Perspetiva de T. Kuhn
A Perspetiva de T. Kuhn
 
objectividadecientficaeracionalidadecientfica-110301030123-phpapp01.ppt
objectividadecientficaeracionalidadecientfica-110301030123-phpapp01.pptobjectividadecientficaeracionalidadecientfica-110301030123-phpapp01.ppt
objectividadecientficaeracionalidadecientfica-110301030123-phpapp01.ppt
 
16 o método científico
16 o método científico16 o método científico
16 o método científico
 
fc.pptx
fc.pptxfc.pptx
fc.pptx
 
evolucao-da-ciencia-comparacao-de-thomas-kuhn-e-karl-popper-filosofia-11-ano.pdf
evolucao-da-ciencia-comparacao-de-thomas-kuhn-e-karl-popper-filosofia-11-ano.pdfevolucao-da-ciencia-comparacao-de-thomas-kuhn-e-karl-popper-filosofia-11-ano.pdf
evolucao-da-ciencia-comparacao-de-thomas-kuhn-e-karl-popper-filosofia-11-ano.pdf
 
Estrutura das revoluções científicas
Estrutura das revoluções científicasEstrutura das revoluções científicas
Estrutura das revoluções científicas
 

Mais de Carlos Jonathan Santos

Organizational evolution a metamorphosis model of convergence and reorientat...
Organizational evolution  a metamorphosis model of convergence and reorientat...Organizational evolution  a metamorphosis model of convergence and reorientat...
Organizational evolution a metamorphosis model of convergence and reorientat...Carlos Jonathan Santos
 
The social construction of organizational change paradoxes. journal of organi...
The social construction of organizational change paradoxes. journal of organi...The social construction of organizational change paradoxes. journal of organi...
The social construction of organizational change paradoxes. journal of organi...Carlos Jonathan Santos
 
The structureof the social system invariant points of reference for the str...
The structureof the social system   invariant points of reference for the str...The structureof the social system   invariant points of reference for the str...
The structureof the social system invariant points of reference for the str...Carlos Jonathan Santos
 
O silêncio da metafísica em moritz schlick e em rudolf carnap.
O silêncio da metafísica em moritz schlick e em rudolf carnap.O silêncio da metafísica em moritz schlick e em rudolf carnap.
O silêncio da metafísica em moritz schlick e em rudolf carnap.Carlos Jonathan Santos
 
Da sociedade pós industrial à pós-moderna- novas teorias sobre o mundo con...
Da sociedade pós industrial à pós-moderna- novas teorias sobre o mundo con...Da sociedade pós industrial à pós-moderna- novas teorias sobre o mundo con...
Da sociedade pós industrial à pós-moderna- novas teorias sobre o mundo con...Carlos Jonathan Santos
 
Foucault and history in organization studies
Foucault and history in organization studiesFoucault and history in organization studies
Foucault and history in organization studiesCarlos Jonathan Santos
 
Elementos da teoria da estruturação
Elementos da teoria da estruturaçãoElementos da teoria da estruturação
Elementos da teoria da estruturaçãoCarlos Jonathan Santos
 
Organization theory as a postmodern science
 Organization theory as a postmodern science Organization theory as a postmodern science
Organization theory as a postmodern scienceCarlos Jonathan Santos
 
Cultura Organizacional - cultura como uma metáfora e metáfora de culturas.
Cultura Organizacional - cultura como uma metáfora e metáfora de culturas.Cultura Organizacional - cultura como uma metáfora e metáfora de culturas.
Cultura Organizacional - cultura como uma metáfora e metáfora de culturas. Carlos Jonathan Santos
 
Aprendizagem organizacional (Learning Organizational - The Third Way
Aprendizagem organizacional (Learning Organizational - The Third WayAprendizagem organizacional (Learning Organizational - The Third Way
Aprendizagem organizacional (Learning Organizational - The Third WayCarlos Jonathan Santos
 

Mais de Carlos Jonathan Santos (14)

Organizational evolution a metamorphosis model of convergence and reorientat...
Organizational evolution  a metamorphosis model of convergence and reorientat...Organizational evolution  a metamorphosis model of convergence and reorientat...
Organizational evolution a metamorphosis model of convergence and reorientat...
 
The social construction of organizational change paradoxes. journal of organi...
The social construction of organizational change paradoxes. journal of organi...The social construction of organizational change paradoxes. journal of organi...
The social construction of organizational change paradoxes. journal of organi...
 
The structureof the social system invariant points of reference for the str...
The structureof the social system   invariant points of reference for the str...The structureof the social system   invariant points of reference for the str...
The structureof the social system invariant points of reference for the str...
 
O silêncio da metafísica em moritz schlick e em rudolf carnap.
O silêncio da metafísica em moritz schlick e em rudolf carnap.O silêncio da metafísica em moritz schlick e em rudolf carnap.
O silêncio da metafísica em moritz schlick e em rudolf carnap.
 
Latour
LatourLatour
Latour
 
Da sociedade pós industrial à pós-moderna- novas teorias sobre o mundo con...
Da sociedade pós industrial à pós-moderna- novas teorias sobre o mundo con...Da sociedade pós industrial à pós-moderna- novas teorias sobre o mundo con...
Da sociedade pós industrial à pós-moderna- novas teorias sobre o mundo con...
 
Foucault and history in organization studies
Foucault and history in organization studiesFoucault and history in organization studies
Foucault and history in organization studies
 
Elementos da teoria da estruturação
Elementos da teoria da estruturaçãoElementos da teoria da estruturação
Elementos da teoria da estruturação
 
As regras do método sociológico
As regras do método sociológico As regras do método sociológico
As regras do método sociológico
 
Organization theory as a postmodern science
 Organization theory as a postmodern science Organization theory as a postmodern science
Organization theory as a postmodern science
 
Cultura Organizacional - cultura como uma metáfora e metáfora de culturas.
Cultura Organizacional - cultura como uma metáfora e metáfora de culturas.Cultura Organizacional - cultura como uma metáfora e metáfora de culturas.
Cultura Organizacional - cultura como uma metáfora e metáfora de culturas.
 
Organizational culture
Organizational culture Organizational culture
Organizational culture
 
Aprendizagem organizacional (Learning Organizational - The Third Way
Aprendizagem organizacional (Learning Organizational - The Third WayAprendizagem organizacional (Learning Organizational - The Third Way
Aprendizagem organizacional (Learning Organizational - The Third Way
 
Pesquisa científica qualitativa
Pesquisa científica qualitativa Pesquisa científica qualitativa
Pesquisa científica qualitativa
 

A prioridade dos paradigmas na ciência normal segundo Kuhn

  • 1. KUHN, T. S. A Estrutura das Revoluções Científicas. São Paulo: Perspectiva. 2013. Carlos Jonathan Santos
  • 2. CAPÍTULO 4 – A prioridade dos paradigmas  A investigação histórica cuidadosa de uma determinada especialidade num determinado momento revela um conjunto de ilustrações recorrentes e quase padronizadas de diferentes teorias nas suas aplicações conceituais, instrumentais e na observação. Essas são os paradigmas da comunidade, revelados nos seus manuais, conferencias e exercícios de laboratório  O historiador descobrirá uma área de penumbra, ocupada por realizações cujo status ainda está em dúvida, mas habitualmente o núcleo de problemas resolvidos será claro.  Apesar de ambiguidades ocasionais, os paradigmas de uma comunidade cientifica amadurecida podem ser determinados com relativa facilidade.
  • 3.  A determinação de paradigmas compartilhados não coincide com a determinação das regras comuns ao grupo.  Cabe ao historiador comparar paradigmas da comunidade com relatórios de pesquisa habitais do grupo, visando descobrir elementos isoláveis.  Cientistas podem concordar que um Newton, Lavoisier, um Maxwell ou um Einstein produziram uma solução aparentemente duradoura para um grupo de problemas especialmente importantes e mesmo assim discordar, algumas vezes sem estarem conscientes disso, a respeito das características abstratas específicas que tornam essas soluções permanentes.  Podem concordar na identificação de um paradigma sem entrar num acordo sobre a interpretação completa. Mas a falta de uma interpretação padronizada [...] não impede que um paradigma oriente a pesquisa.
  • 4.  Quando cientistas não estão de acordo sobre a existência ou não de soluções para os problemas fundamentais [...] a busca de regras adquire uma função que não possui normalmente. Contudo, quando os paradigmas permanecem seguros eles podem funcionar sem a necessidade [...] de qualquer tentativa de racionalização.  Atribui-se então uma prioridade aos paradigmas.  O que foi dito até aqui parece implicar que a ciência normal é um empreendimento único, monolítico e unificado que deve persistir ou desaparecer, seja com algum, seja com um conjunto de paradigmas. Mas a ciência raramente (ou nunca) procede desta maneira.  Mesmo os que trabalham no mesmo campo de estudos podem adquirir paradigmas diferentes no curso de suas especializações profissionais, a partir das suas formações e práticas de pesquisa.
  • 5. CAPÍTULO 5 – A anomalia e a emergência das descobertas científicas  A ciência normal não se propõe descobrir novidades no terreno dos fatos ou da teoria.  A descoberta científica começa com a consciência de uma anomalia.  A anomalia ocorre quando existe uma violação das expectativas do paradigma que provoca uma crise na ciência normal.  Até que o cientista tenha aprendido a ver a natureza de um modo diferente o novo fato não será considerado completamente científico.  A descoberta científica não é um ato simples e único. É um acontecimento complexo, que envolve o reconhecimento tanto da existência de algo, como de sua natureza.  Exemplos de descobertas complexas: (1) Oxigênio; (2) Raios x e (3) Garrafa de Leyden.
  • 6.  Nem todos as teorias são teorias paradigmáticas: tanto nos períodos pré- paradigmáticos, como durante as crises que conduzem a mudança em grandes escala do paradigma, os cientistas costumam desenvolver muitas teorias especulativas e desarticuladas, capazes de indicar o caminho para novas descobertas.  Traços de todas as descobertas das quais emergem novos tipos de fenômenos  (1) A consciência prévia da anomalia.  (2) A emergência gradual e simultânea de um reconhecimento tanto no plano conceitual como no plano da observação.  (3) Consequente mudança das categorias e procedimentos paradigmáticos – muitas vezes acompanhada por resistência.  Na ciência, a novidade somente emerge com dificuldades - que de manifesta por meio de uma resistência.
  • 7.  Uma maior familiaridade com o paradigma atual dá origem à consciência de uma anomalia.  Essa consciência da anomalia inaugura o período no qual as categorias conceituais são adaptadas até que o que inicialmente era considerado anômalo se converta em previsto. Nesse momento completa-se a descoberta.  Mesmo quando instrumentos especializados existem, a novidade normalmente emerge apenas para aquele que, sabendo com precisão o que deveria esperar, é capaz de reconhecer que algo saio errado.  Quanto maiores forem a precisão e o alcance de um paradigma, tanto mais sensível este será como indicador de anomalia e, consequentemente, de uma ocasião para a mudança de paradigma.
  • 8. CAPÍTULO 6 – As crises e a emergência das teorias científicas  Se a consciência da anomalia desempenha um papel na emergência de novos tipos de fenômenos, ninguém deveria surpreende—se com o fato de quem uma consciência semelhante, embora mais profunda, seja um pré- requisito para todas as mudanças de teoria aceitáveis.  A emergência de novas teorias é geralmente precedida por um período de insegurança profissional pronunciada, pois exige destruição em larga escala de paradigmas e grandes alterações nos problemas e técnicas da ciência normal.  O fracasso das regras existentes é o prelúdio para uma busca de novas regras.  As predições de Ptolomeu eram tão boas como as de Copérnico. Porém, quanto se trata de uma teoria científica, ser admiravelmente bem- sucedida não é o mesma coisa que ser totalmente bem-sucedida.
  • 9.  A proliferação de versões de uma teoria é um sintoma muito usual de crise.  Uma nova teoria surge após um fracasso caracterizado na atividade normal de resolução de problemas.  O fracasso com um novo tipo de problema é muitas vezes decepcionante, mas nunca surpreendente. Em geral nem os problemas nem os quebra- cabeças cedem ao primeiro ataque.  O significado das crises consiste exatamente no fato de que indicam que é chegada a ocasião para renovar os instrumentos.