1. CHIA, R. Organization Theory as a Postmodern Science. In:
TSOUKAS, H.; KNUDSEN, C. (Eds.). The Oxford Handbook of
Organization Theory. Oxford: Oxford University Press, 2003. p. 113–
140.
Carlos Jonathan Santos
Professora Dra. Maria Luisa
2. 4.1 AS RAIZES METAFÍSICAS DO PENSAMENTO OCIDENTAL
MODERNO
As formas contemporâneas de pensamento são circunscritas por dois
pressupostos metafísicos opostos e duradouros:
(1) Heráclito: enfatizou a realidade como inclusivamente processual, mutável e
emergente – ontologia do torna-se
(2) Parmênides: enfatizou uma concepção de realidade homeostática
(equilibrada), permanente e imutável - ontologia do ser
É a mentalidade de inspiração Parmenidiana que tem decisivamente prevaleceu
no Ocidente nos últimos quinhentos anos ou mais.
De acordo com esta visão de mundo modernista neo-parmediana, a realidade
final é atomística, estável e relativamente imutável.
A crença de que átomos individuais são estáveis e semelhantes a coisas, leva à
suposição de que cada aspecto da realidade que se apresenta à nós pode ser
observado, diferenciado, registrado, identificado e classificado em um
sistema abrangente de representação.
3. 4.2 REPRESENTACIONALISMO: A ESTRATÉGIA
EPISTEMOLÓGICA BÁSICA DO MODERNISMO
A idéia de que todos os fenômenos podem ser tratados de forma similar,
dividindo-os em partes componentes e, em seguida, remontá-los como
necessidades, tornou-se rapidamente a metáfora avassaladora para a análise
moderna.
É essa metáfora tipográfica de "montagem" que serve como modelo
organizador para o pensamento moderno.
É esta estratégia taxonômica de representação que fornece a motivação para
a mentalidade modernista.
Tal estratégia epistemológica implica a quebra, fixação, localização e
nomeação de todos os fenômenos. Saber, portanto, implica a capacidade
de dizer o que uma coisa é ou o que não é.
4. 4.3 SUPOSIÇÕES-CHAVE DA TEORIA ORGANIZACIONAL
MODERNA
Seis principais pressuposições meta-teóricas, com acentuação variada,
sustentam o projeto epistemológico da TO moderna.
(1) Objetividade - as organizações são uma realidade objetiva.
(2) Auto identidade – as organizações tem características identificáveis.
(3) Intencionalidade individual - ação deliberada, consciente e decidida por parte
de atores individuais.
(4) Causalidade local - as organizações consideram mudar principalmente por
meio da intervenção ativa: quer internamente por atores voluntários ou
externamente através de agentes de mudança.
(5) Mudança homeostática - a mudança de acordo com o esquema modernista, é
algo excepcional porque presume-se que o equilíbrio seja o o estado natural.
(6) Adequação linguística - Para TO moderna, os símbolos, nomes, conceitos,
categorias, expressões linguísticas e teorias são a matéria-prima básica necessária
para a construção da teoria.
5. 4.4 FILOSOFIA E CIÊNCIAS POSMODERNA
O pós-moderno pode ser mais produtivamente invocado como um estilo de
pensamento alternativo - uma nova maneira de pensar - que tenta compreender
e desconstruir mais adequadamente a complexidade quase inexorável da
ciência e da sociedade moderna com todas as suas consequências e
ramificações sociais.
Entendida assim, a crítica pós-moderna tenta revelar a racionalidade
moderna como o efeito consequente de uma operação reducionista em que o
fluxo fenomênico da experiência vivida é forçosamente esculpido,
conceitualmente fixado e sistematicamente subjugado pelos impulsos
organizadores amplamente praticados de divisão, nomeação, e representação.
O pós-moderno está centralmente preocupado em dar voz e legitimidade às
formas tácitas e muitas vezes não representáveis de conhecimento de que as
epistemologias modernas inevitavelmente dependem, mas convenientemente
ignoram ou ignoram o processo de criação do conhecimento. Este é o
verdadeiro propósito e valor da crítica pós-moderna.
6. 4.5 AXIOMAS E IMPERATIVOS POSMODERNOS
(1) As análises pós-modernas buscam enfatizar a primazia Heracliteana
concedida ao processo, à indeterminação, ao fluxo, à interpenetração, à
ausência de forma e à mudança incessante.
(2) A linguagem, e em particular o sistema alfabético, são tecnologias de
organização que nos ajudam a dividir, corrigir, localizar e representar
diferentes aspectos de nossas experiências fenomenais para nós mesmos.
(3) A tentativa de explorar e, articular formas de conhecimento tácitas e
muitas vezes inconscientes.
(4) As análises pós-modernas enfatizam o caráter vago, intuitivo,
heterogêneo, múltiplo e linear dos acontecimentos do mundo real.
7. 4.5 AXIOMAS E IMPERATIVOS POSMODERNOS
A ação e as motivações humanas devem ser entendidas também em termos
de metafísica inconsciente, experiências contextuais embutidas,
memórias acumuladas e tradições culturais arraigadas que criam e
definem as possibilidades de interpratrações.
Contra as grandes narrativas de verdades universais, controle total e
previsibilidade que define a agenda modernista, o pós-modernismo
defende uma atitude mais hesitante e modesta em relação ao status de
nossas formas atuais de conhecimento.
8. 4.6 TEORIA ORGANIZACIONAL COMO CIÊNCIA POSMODERNA
Contrariamente à visão comumente defendida, a ordem e a organização não
refletem a lei das coisas, mas sua exceção.
Sob a aparente estabilidade de nossa vida social organizada estão as forças de
mudança, agitadas e nômades.
Por meio da organização, passamos a adquirir nossa estrutura de relações,
identidades individuais, códigos de comportamento, hábitos de pensamento,
preferências sociais e nossos ideais e aspirações.
É esta preocupação de segunda ordem com a organização de nossas formas de
vida social, nossos modos de ver, nossos modos de compreensão e nossos
métodos de criação de conhecimento que constitui a base para uma TO pós-
moderna alternativa.
É uma reflexão rigorosa e crítica sobre as forças sociais, culturais e históricas
que moldam a forma como vemos, pensamos e agimos dentro das estruturas
institucionalizadas e organizadas do mundo moderno.
9. 4.7 CONCLUSÃO
Abordar a questão da organização a partir dessa perspectiva pós-moderna,
abre caminhos radicalmente novos para repensar o papel e a função da TO.
A teoria organizacional, de acordo com essa compreensão pós-moderna
expandida, torna-se, assim, um exame crítico das muitas vezes subterrâneas
estratégias sociais e institucionais que ajudam a moldar nossos hábitos de
pensamento, nosso senso de auto identidade, percepções e expectativas da
vida social, bem como nossos valores, crenças e aspirações.
Desta forma, a TO pós-moderna chama a atenção para a necessidade de que
os gestores sejam mais conscientes das forças sociais subjacentes que
moldam os humores e as capacidades sociais.