SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 9
CHIA, R. Organization Theory as a Postmodern Science. In:
TSOUKAS, H.; KNUDSEN, C. (Eds.). The Oxford Handbook of
Organization Theory. Oxford: Oxford University Press, 2003. p. 113–
140.
Carlos Jonathan Santos
Professora Dra. Maria Luisa
4.1 AS RAIZES METAFÍSICAS DO PENSAMENTO OCIDENTAL
MODERNO
 As formas contemporâneas de pensamento são circunscritas por dois
pressupostos metafísicos opostos e duradouros:
 (1) Heráclito: enfatizou a realidade como inclusivamente processual, mutável e
emergente – ontologia do torna-se
 (2) Parmênides: enfatizou uma concepção de realidade homeostática
(equilibrada), permanente e imutável - ontologia do ser
 É a mentalidade de inspiração Parmenidiana que tem decisivamente prevaleceu
no Ocidente nos últimos quinhentos anos ou mais.
 De acordo com esta visão de mundo modernista neo-parmediana, a realidade
final é atomística, estável e relativamente imutável.
 A crença de que átomos individuais são estáveis e semelhantes a coisas, leva à
suposição de que cada aspecto da realidade que se apresenta à nós pode ser
observado, diferenciado, registrado, identificado e classificado em um
sistema abrangente de representação.
4.2 REPRESENTACIONALISMO: A ESTRATÉGIA
EPISTEMOLÓGICA BÁSICA DO MODERNISMO
 A idéia de que todos os fenômenos podem ser tratados de forma similar,
dividindo-os em partes componentes e, em seguida, remontá-los como
necessidades, tornou-se rapidamente a metáfora avassaladora para a análise
moderna.
 É essa metáfora tipográfica de "montagem" que serve como modelo
organizador para o pensamento moderno.
 É esta estratégia taxonômica de representação que fornece a motivação para
a mentalidade modernista.
 Tal estratégia epistemológica implica a quebra, fixação, localização e
nomeação de todos os fenômenos. Saber, portanto, implica a capacidade
de dizer o que uma coisa é ou o que não é.
4.3 SUPOSIÇÕES-CHAVE DA TEORIA ORGANIZACIONAL
MODERNA
 Seis principais pressuposições meta-teóricas, com acentuação variada,
sustentam o projeto epistemológico da TO moderna.
 (1) Objetividade - as organizações são uma realidade objetiva.
 (2) Auto identidade – as organizações tem características identificáveis.
 (3) Intencionalidade individual - ação deliberada, consciente e decidida por parte
de atores individuais.
 (4) Causalidade local - as organizações consideram mudar principalmente por
meio da intervenção ativa: quer internamente por atores voluntários ou
externamente através de agentes de mudança.
 (5) Mudança homeostática - a mudança de acordo com o esquema modernista, é
algo excepcional porque presume-se que o equilíbrio seja o o estado natural.
 (6) Adequação linguística - Para TO moderna, os símbolos, nomes, conceitos,
categorias, expressões linguísticas e teorias são a matéria-prima básica necessária
para a construção da teoria.
4.4 FILOSOFIA E CIÊNCIAS POSMODERNA
 O pós-moderno pode ser mais produtivamente invocado como um estilo de
pensamento alternativo - uma nova maneira de pensar - que tenta compreender
e desconstruir mais adequadamente a complexidade quase inexorável da
ciência e da sociedade moderna com todas as suas consequências e
ramificações sociais.
 Entendida assim, a crítica pós-moderna tenta revelar a racionalidade
moderna como o efeito consequente de uma operação reducionista em que o
fluxo fenomênico da experiência vivida é forçosamente esculpido,
conceitualmente fixado e sistematicamente subjugado pelos impulsos
organizadores amplamente praticados de divisão, nomeação, e representação.
 O pós-moderno está centralmente preocupado em dar voz e legitimidade às
formas tácitas e muitas vezes não representáveis de conhecimento de que as
epistemologias modernas inevitavelmente dependem, mas convenientemente
ignoram ou ignoram o processo de criação do conhecimento. Este é o
verdadeiro propósito e valor da crítica pós-moderna.
4.5 AXIOMAS E IMPERATIVOS POSMODERNOS
 (1) As análises pós-modernas buscam enfatizar a primazia Heracliteana
concedida ao processo, à indeterminação, ao fluxo, à interpenetração, à
ausência de forma e à mudança incessante.
 (2) A linguagem, e em particular o sistema alfabético, são tecnologias de
organização que nos ajudam a dividir, corrigir, localizar e representar
diferentes aspectos de nossas experiências fenomenais para nós mesmos.
 (3) A tentativa de explorar e, articular formas de conhecimento tácitas e
muitas vezes inconscientes.
 (4) As análises pós-modernas enfatizam o caráter vago, intuitivo,
heterogêneo, múltiplo e linear dos acontecimentos do mundo real.
4.5 AXIOMAS E IMPERATIVOS POSMODERNOS
 A ação e as motivações humanas devem ser entendidas também em termos
de metafísica inconsciente, experiências contextuais embutidas,
memórias acumuladas e tradições culturais arraigadas que criam e
definem as possibilidades de interpratrações.
 Contra as grandes narrativas de verdades universais, controle total e
previsibilidade que define a agenda modernista, o pós-modernismo
defende uma atitude mais hesitante e modesta em relação ao status de
nossas formas atuais de conhecimento.
4.6 TEORIA ORGANIZACIONAL COMO CIÊNCIA POSMODERNA
 Contrariamente à visão comumente defendida, a ordem e a organização não
refletem a lei das coisas, mas sua exceção.
 Sob a aparente estabilidade de nossa vida social organizada estão as forças de
mudança, agitadas e nômades.
 Por meio da organização, passamos a adquirir nossa estrutura de relações,
identidades individuais, códigos de comportamento, hábitos de pensamento,
preferências sociais e nossos ideais e aspirações.
 É esta preocupação de segunda ordem com a organização de nossas formas de
vida social, nossos modos de ver, nossos modos de compreensão e nossos
métodos de criação de conhecimento que constitui a base para uma TO pós-
moderna alternativa.
 É uma reflexão rigorosa e crítica sobre as forças sociais, culturais e históricas
que moldam a forma como vemos, pensamos e agimos dentro das estruturas
institucionalizadas e organizadas do mundo moderno.
4.7 CONCLUSÃO
 Abordar a questão da organização a partir dessa perspectiva pós-moderna,
abre caminhos radicalmente novos para repensar o papel e a função da TO.
A teoria organizacional, de acordo com essa compreensão pós-moderna
expandida, torna-se, assim, um exame crítico das muitas vezes subterrâneas
estratégias sociais e institucionais que ajudam a moldar nossos hábitos de
pensamento, nosso senso de auto identidade, percepções e expectativas da
vida social, bem como nossos valores, crenças e aspirações.
 Desta forma, a TO pós-moderna chama a atenção para a necessidade de que
os gestores sejam mais conscientes das forças sociais subjacentes que
moldam os humores e as capacidades sociais.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Psicologia institucional e procesos grupais
Psicologia institucional e procesos grupaisPsicologia institucional e procesos grupais
Psicologia institucional e procesos grupaisMichelle Mariana
 
Paradigmas sociológicos e análise organizacional, segundo burrel e morgan
Paradigmas sociológicos e análise organizacional, segundo burrel e morganParadigmas sociológicos e análise organizacional, segundo burrel e morgan
Paradigmas sociológicos e análise organizacional, segundo burrel e morganNicemara Cardoso
 
história da psicologia social
história da psicologia social história da psicologia social
história da psicologia social Josevânia Silva
 
87115298 moscovici-representacoes-sociais
87115298 moscovici-representacoes-sociais87115298 moscovici-representacoes-sociais
87115298 moscovici-representacoes-sociaissioliv
 
Seminário sobre José Francisco Valencia: Representações sociais e memória social
Seminário sobre José Francisco Valencia: Representações sociais e memória socialSeminário sobre José Francisco Valencia: Representações sociais e memória social
Seminário sobre José Francisco Valencia: Representações sociais e memória socialMaria Inês Möllmann
 
Mapa conceitual - Filosofia do século XIX
Mapa conceitual - Filosofia do século XIXMapa conceitual - Filosofia do século XIX
Mapa conceitual - Filosofia do século XIXGilberto Cotrim
 
Métodos e técnicas sociais - Sara Magalhães
Métodos e técnicas sociais - Sara MagalhãesMétodos e técnicas sociais - Sara Magalhães
Métodos e técnicas sociais - Sara Magalhãesturma12c1617
 
As regularidades discursivas - Foucault
As regularidades discursivas - Foucault As regularidades discursivas - Foucault
As regularidades discursivas - Foucault Bruna Lessa
 
Psicologia uma nova introdução
Psicologia uma nova introduçãoPsicologia uma nova introdução
Psicologia uma nova introduçãoSFerreira Miranda
 
1 burrel e_morgan - sociological paradigms and organizational analysis
1 burrel e_morgan - sociological paradigms and organizational analysis1 burrel e_morgan - sociological paradigms and organizational analysis
1 burrel e_morgan - sociological paradigms and organizational analysisClaudinei de Almeida
 
Escola Funcionalista
Escola  FuncionalistaEscola  Funcionalista
Escola FuncionalistaOmec
 
As formas elementares_da_vida_religiosa
As formas elementares_da_vida_religiosaAs formas elementares_da_vida_religiosa
As formas elementares_da_vida_religiosaEnio Caldeira Pinto
 
Foucault - o poder e o sujeito
Foucault - o poder e o sujeitoFoucault - o poder e o sujeito
Foucault - o poder e o sujeitoBruno Carrasco
 
Fundamentos da Psicologia Social
Fundamentos da Psicologia SocialFundamentos da Psicologia Social
Fundamentos da Psicologia SocialMarcos Pereira
 
O poder da ideologia
O poder da ideologiaO poder da ideologia
O poder da ideologiaKelly Ane
 
Breve ensaio sobre o metodo dialetico
Breve ensaio sobre o metodo dialeticoBreve ensaio sobre o metodo dialetico
Breve ensaio sobre o metodo dialeticoAlexandre Protásio
 

Mais procurados (20)

Psicologia institucional e procesos grupais
Psicologia institucional e procesos grupaisPsicologia institucional e procesos grupais
Psicologia institucional e procesos grupais
 
Paradigmas sociológicos e análise organizacional, segundo burrel e morgan
Paradigmas sociológicos e análise organizacional, segundo burrel e morganParadigmas sociológicos e análise organizacional, segundo burrel e morgan
Paradigmas sociológicos e análise organizacional, segundo burrel e morgan
 
Texto 4 vygotsky
Texto 4 vygotskyTexto 4 vygotsky
Texto 4 vygotsky
 
Texto 3 marxismo
Texto 3  marxismoTexto 3  marxismo
Texto 3 marxismo
 
história da psicologia social
história da psicologia social história da psicologia social
história da psicologia social
 
87115298 moscovici-representacoes-sociais
87115298 moscovici-representacoes-sociais87115298 moscovici-representacoes-sociais
87115298 moscovici-representacoes-sociais
 
Seminário sobre José Francisco Valencia: Representações sociais e memória social
Seminário sobre José Francisco Valencia: Representações sociais e memória socialSeminário sobre José Francisco Valencia: Representações sociais e memória social
Seminário sobre José Francisco Valencia: Representações sociais e memória social
 
Mapa conceitual - Filosofia do século XIX
Mapa conceitual - Filosofia do século XIXMapa conceitual - Filosofia do século XIX
Mapa conceitual - Filosofia do século XIX
 
Métodos e técnicas sociais - Sara Magalhães
Métodos e técnicas sociais - Sara MagalhãesMétodos e técnicas sociais - Sara Magalhães
Métodos e técnicas sociais - Sara Magalhães
 
As regularidades discursivas - Foucault
As regularidades discursivas - Foucault As regularidades discursivas - Foucault
As regularidades discursivas - Foucault
 
Psicologia uma nova introdução
Psicologia uma nova introduçãoPsicologia uma nova introdução
Psicologia uma nova introdução
 
1 burrel e_morgan - sociological paradigms and organizational analysis
1 burrel e_morgan - sociological paradigms and organizational analysis1 burrel e_morgan - sociological paradigms and organizational analysis
1 burrel e_morgan - sociological paradigms and organizational analysis
 
Escola Funcionalista
Escola  FuncionalistaEscola  Funcionalista
Escola Funcionalista
 
As formas elementares_da_vida_religiosa
As formas elementares_da_vida_religiosaAs formas elementares_da_vida_religiosa
As formas elementares_da_vida_religiosa
 
Foucault - o poder e o sujeito
Foucault - o poder e o sujeitoFoucault - o poder e o sujeito
Foucault - o poder e o sujeito
 
Fundamentos da Psicologia Social
Fundamentos da Psicologia SocialFundamentos da Psicologia Social
Fundamentos da Psicologia Social
 
Representações Sociais
Representações SociaisRepresentações Sociais
Representações Sociais
 
Metodologia
MetodologiaMetodologia
Metodologia
 
O poder da ideologia
O poder da ideologiaO poder da ideologia
O poder da ideologia
 
Breve ensaio sobre o metodo dialetico
Breve ensaio sobre o metodo dialeticoBreve ensaio sobre o metodo dialetico
Breve ensaio sobre o metodo dialetico
 

Semelhante a Teoria Organizacional Pós-Moderna

Estudando as organizações como cultura
Estudando as organizações como culturaEstudando as organizações como cultura
Estudando as organizações como culturaadmeorg
 
Teoria das representações sociais
Teoria das representações sociaisTeoria das representações sociais
Teoria das representações sociaisJhonata Andrade
 
Teoria das representações sociais
Teoria das representações sociaisTeoria das representações sociais
Teoria das representações sociaisJhonata Andrade
 
Aula 1 TF.pptx
Aula 1 TF.pptxAula 1 TF.pptx
Aula 1 TF.pptxCanaldaJ1
 
CurríCulo DiferençAs E Identidades
CurríCulo DiferençAs E IdentidadesCurríCulo DiferençAs E Identidades
CurríCulo DiferençAs E IdentidadesEdneide Lima
 
Apontamentos de Filosofia
Apontamentos de FilosofiaApontamentos de Filosofia
Apontamentos de FilosofiaLuci Bonini
 
Métodos de Investigação e Escrita Científica
Métodos de Investigação e Escrita CientíficaMétodos de Investigação e Escrita Científica
Métodos de Investigação e Escrita Científicaviviprof
 
Foucault aula 2
Foucault aula 2Foucault aula 2
Foucault aula 2jmarruda
 
Apostila de filosofia 6o ef - 1o bimestre
Apostila de filosofia   6o ef - 1o bimestreApostila de filosofia   6o ef - 1o bimestre
Apostila de filosofia 6o ef - 1o bimestreAndrea Parlen
 
A FILOSOFIA E SUA HISTÓRIA
A FILOSOFIA E SUA HISTÓRIAA FILOSOFIA E SUA HISTÓRIA
A FILOSOFIA E SUA HISTÓRIAAlexandre Ramos
 
Via da Complexidade
Via da ComplexidadeVia da Complexidade
Via da ComplexidadeLucila Pesce
 
Teria estruturalista1
Teria estruturalista1Teria estruturalista1
Teria estruturalista1JLMeneghetti
 
Teria estruturalista1
Teria estruturalista1Teria estruturalista1
Teria estruturalista1JLMeneghetti
 

Semelhante a Teoria Organizacional Pós-Moderna (20)

Estudando as organizações como cultura
Estudando as organizações como culturaEstudando as organizações como cultura
Estudando as organizações como cultura
 
Epistemologia de Stephen Toulmin
Epistemologia de Stephen ToulminEpistemologia de Stephen Toulmin
Epistemologia de Stephen Toulmin
 
Teoria das representações sociais
Teoria das representações sociaisTeoria das representações sociais
Teoria das representações sociais
 
Teoria das representações sociais
Teoria das representações sociaisTeoria das representações sociais
Teoria das representações sociais
 
TeCon Aulas 17 e 18
TeCon Aulas 17 e 18TeCon Aulas 17 e 18
TeCon Aulas 17 e 18
 
Aula 1 TF.pptx
Aula 1 TF.pptxAula 1 TF.pptx
Aula 1 TF.pptx
 
Aula 1
Aula 1Aula 1
Aula 1
 
CurríCulo DiferençAs E Identidades
CurríCulo DiferençAs E IdentidadesCurríCulo DiferençAs E Identidades
CurríCulo DiferençAs E Identidades
 
Link foucault
Link foucaultLink foucault
Link foucault
 
Apontamentos de Filosofia
Apontamentos de FilosofiaApontamentos de Filosofia
Apontamentos de Filosofia
 
Estruturalismo funcionalismo
Estruturalismo funcionalismoEstruturalismo funcionalismo
Estruturalismo funcionalismo
 
Métodos de Investigação e Escrita Científica
Métodos de Investigação e Escrita CientíficaMétodos de Investigação e Escrita Científica
Métodos de Investigação e Escrita Científica
 
Aula1arquivoalunos
Aula1arquivoalunosAula1arquivoalunos
Aula1arquivoalunos
 
Miec
MiecMiec
Miec
 
Foucault aula 2
Foucault aula 2Foucault aula 2
Foucault aula 2
 
Apostila de filosofia 6o ef - 1o bimestre
Apostila de filosofia   6o ef - 1o bimestreApostila de filosofia   6o ef - 1o bimestre
Apostila de filosofia 6o ef - 1o bimestre
 
A FILOSOFIA E SUA HISTÓRIA
A FILOSOFIA E SUA HISTÓRIAA FILOSOFIA E SUA HISTÓRIA
A FILOSOFIA E SUA HISTÓRIA
 
Via da Complexidade
Via da ComplexidadeVia da Complexidade
Via da Complexidade
 
Teria estruturalista1
Teria estruturalista1Teria estruturalista1
Teria estruturalista1
 
Teria estruturalista1
Teria estruturalista1Teria estruturalista1
Teria estruturalista1
 

Mais de Carlos Jonathan Santos

Organizational evolution a metamorphosis model of convergence and reorientat...
Organizational evolution  a metamorphosis model of convergence and reorientat...Organizational evolution  a metamorphosis model of convergence and reorientat...
Organizational evolution a metamorphosis model of convergence and reorientat...Carlos Jonathan Santos
 
The social construction of organizational change paradoxes. journal of organi...
The social construction of organizational change paradoxes. journal of organi...The social construction of organizational change paradoxes. journal of organi...
The social construction of organizational change paradoxes. journal of organi...Carlos Jonathan Santos
 
The structureof the social system invariant points of reference for the str...
The structureof the social system   invariant points of reference for the str...The structureof the social system   invariant points of reference for the str...
The structureof the social system invariant points of reference for the str...Carlos Jonathan Santos
 
O silêncio da metafísica em moritz schlick e em rudolf carnap.
O silêncio da metafísica em moritz schlick e em rudolf carnap.O silêncio da metafísica em moritz schlick e em rudolf carnap.
O silêncio da metafísica em moritz schlick e em rudolf carnap.Carlos Jonathan Santos
 
Da sociedade pós industrial à pós-moderna- novas teorias sobre o mundo con...
Da sociedade pós industrial à pós-moderna- novas teorias sobre o mundo con...Da sociedade pós industrial à pós-moderna- novas teorias sobre o mundo con...
Da sociedade pós industrial à pós-moderna- novas teorias sobre o mundo con...Carlos Jonathan Santos
 
Foucault and history in organization studies
Foucault and history in organization studiesFoucault and history in organization studies
Foucault and history in organization studiesCarlos Jonathan Santos
 
Elementos da teoria da estruturação
Elementos da teoria da estruturaçãoElementos da teoria da estruturação
Elementos da teoria da estruturaçãoCarlos Jonathan Santos
 
A estrutura das revoluções científicas
A estrutura das revoluções científicasA estrutura das revoluções científicas
A estrutura das revoluções científicasCarlos Jonathan Santos
 
Cultura Organizacional - cultura como uma metáfora e metáfora de culturas.
Cultura Organizacional - cultura como uma metáfora e metáfora de culturas.Cultura Organizacional - cultura como uma metáfora e metáfora de culturas.
Cultura Organizacional - cultura como uma metáfora e metáfora de culturas. Carlos Jonathan Santos
 
Aprendizagem organizacional (Learning Organizational - The Third Way
Aprendizagem organizacional (Learning Organizational - The Third WayAprendizagem organizacional (Learning Organizational - The Third Way
Aprendizagem organizacional (Learning Organizational - The Third WayCarlos Jonathan Santos
 

Mais de Carlos Jonathan Santos (14)

Organizational evolution a metamorphosis model of convergence and reorientat...
Organizational evolution  a metamorphosis model of convergence and reorientat...Organizational evolution  a metamorphosis model of convergence and reorientat...
Organizational evolution a metamorphosis model of convergence and reorientat...
 
The social construction of organizational change paradoxes. journal of organi...
The social construction of organizational change paradoxes. journal of organi...The social construction of organizational change paradoxes. journal of organi...
The social construction of organizational change paradoxes. journal of organi...
 
The structureof the social system invariant points of reference for the str...
The structureof the social system   invariant points of reference for the str...The structureof the social system   invariant points of reference for the str...
The structureof the social system invariant points of reference for the str...
 
O silêncio da metafísica em moritz schlick e em rudolf carnap.
O silêncio da metafísica em moritz schlick e em rudolf carnap.O silêncio da metafísica em moritz schlick e em rudolf carnap.
O silêncio da metafísica em moritz schlick e em rudolf carnap.
 
Latour
LatourLatour
Latour
 
Da sociedade pós industrial à pós-moderna- novas teorias sobre o mundo con...
Da sociedade pós industrial à pós-moderna- novas teorias sobre o mundo con...Da sociedade pós industrial à pós-moderna- novas teorias sobre o mundo con...
Da sociedade pós industrial à pós-moderna- novas teorias sobre o mundo con...
 
Foucault and history in organization studies
Foucault and history in organization studiesFoucault and history in organization studies
Foucault and history in organization studies
 
Elementos da teoria da estruturação
Elementos da teoria da estruturaçãoElementos da teoria da estruturação
Elementos da teoria da estruturação
 
As regras do método sociológico
As regras do método sociológico As regras do método sociológico
As regras do método sociológico
 
A estrutura das revoluções científicas
A estrutura das revoluções científicasA estrutura das revoluções científicas
A estrutura das revoluções científicas
 
Cultura Organizacional - cultura como uma metáfora e metáfora de culturas.
Cultura Organizacional - cultura como uma metáfora e metáfora de culturas.Cultura Organizacional - cultura como uma metáfora e metáfora de culturas.
Cultura Organizacional - cultura como uma metáfora e metáfora de culturas.
 
Organizational culture
Organizational culture Organizational culture
Organizational culture
 
Aprendizagem organizacional (Learning Organizational - The Third Way
Aprendizagem organizacional (Learning Organizational - The Third WayAprendizagem organizacional (Learning Organizational - The Third Way
Aprendizagem organizacional (Learning Organizational - The Third Way
 
Pesquisa científica qualitativa
Pesquisa científica qualitativa Pesquisa científica qualitativa
Pesquisa científica qualitativa
 

Teoria Organizacional Pós-Moderna

  • 1. CHIA, R. Organization Theory as a Postmodern Science. In: TSOUKAS, H.; KNUDSEN, C. (Eds.). The Oxford Handbook of Organization Theory. Oxford: Oxford University Press, 2003. p. 113– 140. Carlos Jonathan Santos Professora Dra. Maria Luisa
  • 2. 4.1 AS RAIZES METAFÍSICAS DO PENSAMENTO OCIDENTAL MODERNO  As formas contemporâneas de pensamento são circunscritas por dois pressupostos metafísicos opostos e duradouros:  (1) Heráclito: enfatizou a realidade como inclusivamente processual, mutável e emergente – ontologia do torna-se  (2) Parmênides: enfatizou uma concepção de realidade homeostática (equilibrada), permanente e imutável - ontologia do ser  É a mentalidade de inspiração Parmenidiana que tem decisivamente prevaleceu no Ocidente nos últimos quinhentos anos ou mais.  De acordo com esta visão de mundo modernista neo-parmediana, a realidade final é atomística, estável e relativamente imutável.  A crença de que átomos individuais são estáveis e semelhantes a coisas, leva à suposição de que cada aspecto da realidade que se apresenta à nós pode ser observado, diferenciado, registrado, identificado e classificado em um sistema abrangente de representação.
  • 3. 4.2 REPRESENTACIONALISMO: A ESTRATÉGIA EPISTEMOLÓGICA BÁSICA DO MODERNISMO  A idéia de que todos os fenômenos podem ser tratados de forma similar, dividindo-os em partes componentes e, em seguida, remontá-los como necessidades, tornou-se rapidamente a metáfora avassaladora para a análise moderna.  É essa metáfora tipográfica de "montagem" que serve como modelo organizador para o pensamento moderno.  É esta estratégia taxonômica de representação que fornece a motivação para a mentalidade modernista.  Tal estratégia epistemológica implica a quebra, fixação, localização e nomeação de todos os fenômenos. Saber, portanto, implica a capacidade de dizer o que uma coisa é ou o que não é.
  • 4. 4.3 SUPOSIÇÕES-CHAVE DA TEORIA ORGANIZACIONAL MODERNA  Seis principais pressuposições meta-teóricas, com acentuação variada, sustentam o projeto epistemológico da TO moderna.  (1) Objetividade - as organizações são uma realidade objetiva.  (2) Auto identidade – as organizações tem características identificáveis.  (3) Intencionalidade individual - ação deliberada, consciente e decidida por parte de atores individuais.  (4) Causalidade local - as organizações consideram mudar principalmente por meio da intervenção ativa: quer internamente por atores voluntários ou externamente através de agentes de mudança.  (5) Mudança homeostática - a mudança de acordo com o esquema modernista, é algo excepcional porque presume-se que o equilíbrio seja o o estado natural.  (6) Adequação linguística - Para TO moderna, os símbolos, nomes, conceitos, categorias, expressões linguísticas e teorias são a matéria-prima básica necessária para a construção da teoria.
  • 5. 4.4 FILOSOFIA E CIÊNCIAS POSMODERNA  O pós-moderno pode ser mais produtivamente invocado como um estilo de pensamento alternativo - uma nova maneira de pensar - que tenta compreender e desconstruir mais adequadamente a complexidade quase inexorável da ciência e da sociedade moderna com todas as suas consequências e ramificações sociais.  Entendida assim, a crítica pós-moderna tenta revelar a racionalidade moderna como o efeito consequente de uma operação reducionista em que o fluxo fenomênico da experiência vivida é forçosamente esculpido, conceitualmente fixado e sistematicamente subjugado pelos impulsos organizadores amplamente praticados de divisão, nomeação, e representação.  O pós-moderno está centralmente preocupado em dar voz e legitimidade às formas tácitas e muitas vezes não representáveis de conhecimento de que as epistemologias modernas inevitavelmente dependem, mas convenientemente ignoram ou ignoram o processo de criação do conhecimento. Este é o verdadeiro propósito e valor da crítica pós-moderna.
  • 6. 4.5 AXIOMAS E IMPERATIVOS POSMODERNOS  (1) As análises pós-modernas buscam enfatizar a primazia Heracliteana concedida ao processo, à indeterminação, ao fluxo, à interpenetração, à ausência de forma e à mudança incessante.  (2) A linguagem, e em particular o sistema alfabético, são tecnologias de organização que nos ajudam a dividir, corrigir, localizar e representar diferentes aspectos de nossas experiências fenomenais para nós mesmos.  (3) A tentativa de explorar e, articular formas de conhecimento tácitas e muitas vezes inconscientes.  (4) As análises pós-modernas enfatizam o caráter vago, intuitivo, heterogêneo, múltiplo e linear dos acontecimentos do mundo real.
  • 7. 4.5 AXIOMAS E IMPERATIVOS POSMODERNOS  A ação e as motivações humanas devem ser entendidas também em termos de metafísica inconsciente, experiências contextuais embutidas, memórias acumuladas e tradições culturais arraigadas que criam e definem as possibilidades de interpratrações.  Contra as grandes narrativas de verdades universais, controle total e previsibilidade que define a agenda modernista, o pós-modernismo defende uma atitude mais hesitante e modesta em relação ao status de nossas formas atuais de conhecimento.
  • 8. 4.6 TEORIA ORGANIZACIONAL COMO CIÊNCIA POSMODERNA  Contrariamente à visão comumente defendida, a ordem e a organização não refletem a lei das coisas, mas sua exceção.  Sob a aparente estabilidade de nossa vida social organizada estão as forças de mudança, agitadas e nômades.  Por meio da organização, passamos a adquirir nossa estrutura de relações, identidades individuais, códigos de comportamento, hábitos de pensamento, preferências sociais e nossos ideais e aspirações.  É esta preocupação de segunda ordem com a organização de nossas formas de vida social, nossos modos de ver, nossos modos de compreensão e nossos métodos de criação de conhecimento que constitui a base para uma TO pós- moderna alternativa.  É uma reflexão rigorosa e crítica sobre as forças sociais, culturais e históricas que moldam a forma como vemos, pensamos e agimos dentro das estruturas institucionalizadas e organizadas do mundo moderno.
  • 9. 4.7 CONCLUSÃO  Abordar a questão da organização a partir dessa perspectiva pós-moderna, abre caminhos radicalmente novos para repensar o papel e a função da TO. A teoria organizacional, de acordo com essa compreensão pós-moderna expandida, torna-se, assim, um exame crítico das muitas vezes subterrâneas estratégias sociais e institucionais que ajudam a moldar nossos hábitos de pensamento, nosso senso de auto identidade, percepções e expectativas da vida social, bem como nossos valores, crenças e aspirações.  Desta forma, a TO pós-moderna chama a atenção para a necessidade de que os gestores sejam mais conscientes das forças sociais subjacentes que moldam os humores e as capacidades sociais.