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Evolucao da ciencia, Comparação de Thomas Kuhn e Karl
Popper- filosofia 11 ano
Didática da Filosofia II (Universidade Nova de Lisboa)
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Popper- filosofia 11 ano
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A evolução da ciência na perspetiva de Popper e de Kuhn
• Segundo Popper, a evolução da ciência é um progresso, apesar de nenhuma teoria poder ser
verificada ou considerada verdadeira. Umas teorias são eliminadas e outras são corroboradas, o
que significa que sobrevivem aos testes destinados a refutá-las, havendo uma crescente
aproximação à verdade.
• Para justificar esse progresso / avanço da ciência, Popper usa o critério da verosimilhança, em
que uma teoria se pode aproximar mais da verdade do que outra. O progresso da ciência não é
uma acumulação de teorias verdadeiras porque nunca podemos estar certos da verdade de uma
teoria. A verdade é um ideal regulador.
• Dizer que uma teoria é verosímil é dizer que essa teoria se aproxima da verdade, que nos dá
uma descrição aproximadamente correta da realidade, mas nunca completamente correta. As
teorias científicas são conjeturas e hipóteses sempre falsificáveis.
• O que torna uma teoria melhor que outra é o facto de ser verosímil, de se aproximar mais da
verdade porque foi submetida a testes muitos rigorosos e resiste a tentativas de refutação.
• O que torna uma teoria verosímil é o facto de ser capaz de resolver problemas que a teoria
anterior não foi capaz de resolver para além de resolver problemas que as outras conseguiram
resolver.
• A evolução da ciência como crescente aproximação à verdade é objetiva para Popper, pois o
método das conjeturas e das refutações assegura testes rigorosos, lógica e racionalmente
regulados, e é a experiência que tem a última palavra quanto à refutabilidade de uma teoria.
Nessa avaliação não tem papel de relevo a personalidade dos cientistas, os seus gostos e as
condicionantes sociológicas e políticas. Os fatores subjetivos são neutralizados.
• A ideia de evolução da ciência em Popper pode ser resumida dizendo que é um progresso em
direção à verdade. As teorias refutadas inserem-se no movimento de busca de verosimilhança
ou de aproximação à verdade. Este progresso é racional e objetivo. A ciência para Popper não é
um conjunto de conhecimentos assegurados, mas um método que se define pelo pensamento
crítico. Os conhecimentos são os meios que devem ser mobilizados para a formulação de novas
perguntas e conjeturas, e não reduz a ciência aos seus resultados.
• Para Kuhn, um paradigma é um conjunto de regras para a aplicação das teorias à realidade, para
usar instrumentos e que tipos de instrumentos, é um conjunto de ideias filosóficas sobre o que
é a realidade e como funciona, e um modelo que orienta a atividade dos cientistas.
• A existência de paradigmas é importante para a comunidade científica porque além de
determinarem o ambiente intelectual e tecnológico em que a atividade se desenvolve, não
• podemos falar de comunidade científica nem em ciência sem a adesão a este modelo explicativo
e regulador. A ciência é paradigmática porque não é obra de génios malignos.
• A ciência normal é o período da evolução da ciência que é determinada pelo consenso
generalizado da comunidade científica em torno de um paradigma e pelo seu aperfeiçoamento
e desenvolvimento. É uma atividade relativamente conservadora porque o paradigma não é
questionado. Contudo durante esse período há progresso científico porque se procura mediante
o paradigma explicar novos factos ou resolver puzzles cujo interesse para os cientistas é
determinado por aquele.
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• Uma anomalia é um problema teórico ou empírico que não é solucionado de acordo com os
meios explicativos fornecidos pelo paradigma vigente.
• O facto de os cientistas que adotam um dado paradigma não conseguirem resolver anomalias
não significa que o paradigma é abandonado, exceto quando essa anomalia é séria ou se se
acumulam anomalias graves que ameaçam as bases do paradigma. Uma anomalia por si não
implica crise do paradigma ou perda de confiança no seu poder explicativo; ao contrário do que
pensava Popper, os cientistas não são falsificacionistas.
• A crise paradigmática é o período em que a confiança no paradigma enfraquece devido a
anomalias graves e persistentes, podendo dar origem a um período de ciência extraordinária.
• A ciência extraordinária é o período que se caracteriza pelo surgimento de divisões na
comunidade científica, em que surgem paradigmas alternativos que se tornam formas rivais de
ver o mundo.
• A revolução científica é a substituição do paradigma existente por um novo que conquista a
adesão da comunidade científica.
• Para os cientistas, esta mudança implica uma conversão mental porque cada paradigma
corresponde, segundo Kuhn, a uma forma de ver o mundo radicalmente diferente da do
paradigma anterior.
• Dado que são formas incompatíveis de ver o mundo, Kuhn caracteriza os paradigmas como
sendo incomensuráveis.
• Dizer que os paradigmas são incomensuráveis significa dizer que não há uma medida ou um
padrão comum que, acima de qualquer dos paradigmas, permita avaliar os méritos e os defeitos
de cada um deles.
• A incomensurabilidade dos paradigmas implica que não possamos dizer que um paradigma é
melhor do que outro ou que tem um poder explicativo e preditivo superior.
• Há mudança, mas a ideia de progresso ou de avanço científico torna-se problemática. O novo
paradigma não é, portanto, algo que se insira num processo de crescente aproximação à
verdade.
• Por não haver propriamente falando um progresso ou avanço científico de paradigma para
paradigma, a substituição de um por outro não é um processo completamente arbitrário, pois
existem critérios objetivos (poder explicativo e preditivo, abrangência, simplicidade e
fecundidade) que permitem demarcar a ciência da não ciência. Contudo, cada cientista avalia de
forma diferente a importância de cada um destes critérios. Além de que fatores sociológicos
(prestígio dos proponentes de um paradigma, interesses extracientíficos e gostos pessoais)
também influenciam as escolhas, sendo os fatores subjetivos que mais parecem pesar nas
decisões.
• Resumindo a ideia de evolução de ciência de Kuhn, podemos dizer que a ciência é um
empreendimento comum, porque fora de uma comunidade de praticantes ligados a uma dada
forma de ver o mundo e de fazer ciência, não há ciência. A ciência evolui, muda, mas não há
progresso em direção a um ideal de verdade, dada a incomensurabilidade dos paradigmas. Essa
mudança não é marcada pela estrita racionalidade e objetividade porque as escolhas entre
paradigmas associam critérios objetivos e subjetivos. A racionalidade das escolhas entre
paradigmas é questionável porque são a personalidade dos cientistas, os seus gostos, interesses
e capacidade de influenciar os pares que decidem em última instância. A comunidade científica
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não é orientada pelo ideal de verdade nem pela racionalidade e objetividade. A ciência muda e
evolui, mas essa evolução não é puramente racional nem completamente objetiva.
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  • 2. A evolução da ciência na perspetiva de Popper e de Kuhn • Segundo Popper, a evolução da ciência é um progresso, apesar de nenhuma teoria poder ser verificada ou considerada verdadeira. Umas teorias são eliminadas e outras são corroboradas, o que significa que sobrevivem aos testes destinados a refutá-las, havendo uma crescente aproximação à verdade. • Para justificar esse progresso / avanço da ciência, Popper usa o critério da verosimilhança, em que uma teoria se pode aproximar mais da verdade do que outra. O progresso da ciência não é uma acumulação de teorias verdadeiras porque nunca podemos estar certos da verdade de uma teoria. A verdade é um ideal regulador. • Dizer que uma teoria é verosímil é dizer que essa teoria se aproxima da verdade, que nos dá uma descrição aproximadamente correta da realidade, mas nunca completamente correta. As teorias científicas são conjeturas e hipóteses sempre falsificáveis. • O que torna uma teoria melhor que outra é o facto de ser verosímil, de se aproximar mais da verdade porque foi submetida a testes muitos rigorosos e resiste a tentativas de refutação. • O que torna uma teoria verosímil é o facto de ser capaz de resolver problemas que a teoria anterior não foi capaz de resolver para além de resolver problemas que as outras conseguiram resolver. • A evolução da ciência como crescente aproximação à verdade é objetiva para Popper, pois o método das conjeturas e das refutações assegura testes rigorosos, lógica e racionalmente regulados, e é a experiência que tem a última palavra quanto à refutabilidade de uma teoria. Nessa avaliação não tem papel de relevo a personalidade dos cientistas, os seus gostos e as condicionantes sociológicas e políticas. Os fatores subjetivos são neutralizados. • A ideia de evolução da ciência em Popper pode ser resumida dizendo que é um progresso em direção à verdade. As teorias refutadas inserem-se no movimento de busca de verosimilhança ou de aproximação à verdade. Este progresso é racional e objetivo. A ciência para Popper não é um conjunto de conhecimentos assegurados, mas um método que se define pelo pensamento crítico. Os conhecimentos são os meios que devem ser mobilizados para a formulação de novas perguntas e conjeturas, e não reduz a ciência aos seus resultados. • Para Kuhn, um paradigma é um conjunto de regras para a aplicação das teorias à realidade, para usar instrumentos e que tipos de instrumentos, é um conjunto de ideias filosóficas sobre o que é a realidade e como funciona, e um modelo que orienta a atividade dos cientistas. • A existência de paradigmas é importante para a comunidade científica porque além de determinarem o ambiente intelectual e tecnológico em que a atividade se desenvolve, não • podemos falar de comunidade científica nem em ciência sem a adesão a este modelo explicativo e regulador. A ciência é paradigmática porque não é obra de génios malignos. • A ciência normal é o período da evolução da ciência que é determinada pelo consenso generalizado da comunidade científica em torno de um paradigma e pelo seu aperfeiçoamento e desenvolvimento. É uma atividade relativamente conservadora porque o paradigma não é questionado. Contudo durante esse período há progresso científico porque se procura mediante o paradigma explicar novos factos ou resolver puzzles cujo interesse para os cientistas é determinado por aquele. Downloaded by Carolina Oliveira (co476956@gmail.com) lOMoARcPSD|9959109
  • 3. • Uma anomalia é um problema teórico ou empírico que não é solucionado de acordo com os meios explicativos fornecidos pelo paradigma vigente. • O facto de os cientistas que adotam um dado paradigma não conseguirem resolver anomalias não significa que o paradigma é abandonado, exceto quando essa anomalia é séria ou se se acumulam anomalias graves que ameaçam as bases do paradigma. Uma anomalia por si não implica crise do paradigma ou perda de confiança no seu poder explicativo; ao contrário do que pensava Popper, os cientistas não são falsificacionistas. • A crise paradigmática é o período em que a confiança no paradigma enfraquece devido a anomalias graves e persistentes, podendo dar origem a um período de ciência extraordinária. • A ciência extraordinária é o período que se caracteriza pelo surgimento de divisões na comunidade científica, em que surgem paradigmas alternativos que se tornam formas rivais de ver o mundo. • A revolução científica é a substituição do paradigma existente por um novo que conquista a adesão da comunidade científica. • Para os cientistas, esta mudança implica uma conversão mental porque cada paradigma corresponde, segundo Kuhn, a uma forma de ver o mundo radicalmente diferente da do paradigma anterior. • Dado que são formas incompatíveis de ver o mundo, Kuhn caracteriza os paradigmas como sendo incomensuráveis. • Dizer que os paradigmas são incomensuráveis significa dizer que não há uma medida ou um padrão comum que, acima de qualquer dos paradigmas, permita avaliar os méritos e os defeitos de cada um deles. • A incomensurabilidade dos paradigmas implica que não possamos dizer que um paradigma é melhor do que outro ou que tem um poder explicativo e preditivo superior. • Há mudança, mas a ideia de progresso ou de avanço científico torna-se problemática. O novo paradigma não é, portanto, algo que se insira num processo de crescente aproximação à verdade. • Por não haver propriamente falando um progresso ou avanço científico de paradigma para paradigma, a substituição de um por outro não é um processo completamente arbitrário, pois existem critérios objetivos (poder explicativo e preditivo, abrangência, simplicidade e fecundidade) que permitem demarcar a ciência da não ciência. Contudo, cada cientista avalia de forma diferente a importância de cada um destes critérios. Além de que fatores sociológicos (prestígio dos proponentes de um paradigma, interesses extracientíficos e gostos pessoais) também influenciam as escolhas, sendo os fatores subjetivos que mais parecem pesar nas decisões. • Resumindo a ideia de evolução de ciência de Kuhn, podemos dizer que a ciência é um empreendimento comum, porque fora de uma comunidade de praticantes ligados a uma dada forma de ver o mundo e de fazer ciência, não há ciência. A ciência evolui, muda, mas não há progresso em direção a um ideal de verdade, dada a incomensurabilidade dos paradigmas. Essa mudança não é marcada pela estrita racionalidade e objetividade porque as escolhas entre paradigmas associam critérios objetivos e subjetivos. A racionalidade das escolhas entre paradigmas é questionável porque são a personalidade dos cientistas, os seus gostos, interesses e capacidade de influenciar os pares que decidem em última instância. A comunidade científica Downloaded by Carolina Oliveira (co476956@gmail.com) lOMoARcPSD|9959109
  • 4. não é orientada pelo ideal de verdade nem pela racionalidade e objetividade. A ciência muda e evolui, mas essa evolução não é puramente racional nem completamente objetiva. Downloaded by Carolina Oliveira (co476956@gmail.com) lOMoARcPSD|9959109
  • 5. Downloaded by Carolina Oliveira (co476956@gmail.com) lOMoARcPSD|9959109
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