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Latour
Carlos Jonathan Santos
FOCO DA CRISTALIZAÇÃO DA ESTRUTURA SOCIAL
 O foco fundamental para a análise do sistema como um sistema
diferenciado diz respeito à maneira como os papéis dentro dele são
diferenciados e, por sua vez, esses papéis diferenciados são integrados,
isto é, numa "malha" para formar um sistema funcional.
 A diferenciação do sistema social pode então ser tratada sob dois
elementos principais:
 (1) Sistema de papéis diferenciados
 (2) Distribuição dos papéis
 O processo de distribuição de papéis é chamado de alocação.
 Há três problemas contextuais de alocação no sistema social:
 (1) Distribuição de pessoal ou dos atores entre os papéis
 (2) Distribuição de bens
 (3) Distribuição de recompensas
A DIFERENCIAÇÃO INTERNA DOS SISTEMAS SOCIAIS -
INSTITUIÇÕES RELACIONAIS
 1. A categorização das unidades-atores como objetos de orientação.
Sua diferenciação e distribuição classificatória, ou seja, seus objetos
(status), dentro do sistema social.
 Esta classificação está relacionada com o que às vezes foi chamado de
"categorização" da análise da estrutura social.
 Exemplo de categorização
 a. Atores individuais
 (1) Sexo; (2) Idade; (3) Traços de personalidade; (4) Localização; (5)
Competências técnicas
 b. Coletivo
 (1) Tamanho do grupo; (2) Composição dos diferentes tipos de papéis
desempenhado pelos atores; (3) Local de foco territorial (a condição
do membro é vinculado ao seu território?).
2. A Classificação dos tipos de papel-orientador e sua distribuição dentro
do sistema social.
 Está classificação diz respeito à distribuição dos tipos de funções que cada
ator desempenha.
 Exemplo de categorização
 Atores individuais
 Instrumental: é orientado para o outro, principalmente como fonte de
bens. Ele quer adquirir direitos ou serviços.
 Moral: é orientado para o outro em termos de ”moralidade privada”.
Tem padrões ego-integrativos, que podem ou não ser abandonados.
Isso depende do coletivo.
 Coletivo
 Primazia instrumental de orientação, com funções instrumentais
voltadas para a coletividade maior. Exemplo, as obrigações do
exército para o "estado" do qual ele é uma parte organizacional.
3 - A ”Economia” de orientações instrumentais
 A lógica dessa classificação reside na análise da natureza dos bens, das
recompensas e dos direitos.
 O "complexo ecológico instrumental", visto a partir de qualquer ego
dado como um ponto de referência.
 1. O papel técnico do ego.
 2. Estruturação das relações de “disposição” do ego.
 3. Estruturação das relações de "remuneração" do ego.
 4. Estruturação das relações de gestão de bens do ego.
 5. Estruturação das relações de cooperação do ego.
 O sistema social pode, dentro dos limites da permissividade dos
interesses privados, ser concebido a partir de tais complexos ecológicos
instrumentais.
4. A "Economia" das Orientações Expressivas
 O complexo "ecológico" de reciprocidades expressivas com qualquer
ego dado como ponto de referência.
 1. A gratidão específica do ego e a orientação expressiva-simbólica
para um objeto particular, ou classe de objetos.
 2. Estruturação das relações de receptividade do ego.
 3. Estruturação das relações de resposta do ego.
 4. Estruturação de ocasiões.
 5. Estruturação de ligações e lealdade difusa do ego.
5. Sistema de Orientação Cultural
 Trata de sistemas de crenças e de símbolos expressivos
 Sistemas de crenças.
 a. Empírica: Ciência e conhecimento empírico.
 b. Não empírica: Filosofia e conhecimento sobrenatural.
 Simbolismo avaliativo.
 a. Simbolização da solidariedade coletiva.
 b. Simbolização de padrões de significado; simbolismo
religioso.
 Os papéis de cientista, filósofo, teólogo, artista e sacerdote - no
sentido de "administrado de seitas" - estão aqui.
6. Estruturas integrativas
 A sexta categoria diz respeito à estrutura integrativa global do
sistema social como um todo.
 É necessário considerar a própria sociedade como uma coletividade
global.
 Institucionalização dos padrões reguladores que governam e
definem os limites da esfera privada de orientação - para
indivíduos e sub-coletividades.
 Mediante ações espontâneas e sanções informais.
 Através de um mecanismo de aplicação formal.
 Através da diferenciação dos papéis de liderança e da
institucionalização de sua autoridade.

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  • 2. FOCO DA CRISTALIZAÇÃO DA ESTRUTURA SOCIAL  O foco fundamental para a análise do sistema como um sistema diferenciado diz respeito à maneira como os papéis dentro dele são diferenciados e, por sua vez, esses papéis diferenciados são integrados, isto é, numa "malha" para formar um sistema funcional.  A diferenciação do sistema social pode então ser tratada sob dois elementos principais:  (1) Sistema de papéis diferenciados  (2) Distribuição dos papéis  O processo de distribuição de papéis é chamado de alocação.  Há três problemas contextuais de alocação no sistema social:  (1) Distribuição de pessoal ou dos atores entre os papéis  (2) Distribuição de bens  (3) Distribuição de recompensas
  • 3. A DIFERENCIAÇÃO INTERNA DOS SISTEMAS SOCIAIS - INSTITUIÇÕES RELACIONAIS  1. A categorização das unidades-atores como objetos de orientação. Sua diferenciação e distribuição classificatória, ou seja, seus objetos (status), dentro do sistema social.  Esta classificação está relacionada com o que às vezes foi chamado de "categorização" da análise da estrutura social.  Exemplo de categorização  a. Atores individuais  (1) Sexo; (2) Idade; (3) Traços de personalidade; (4) Localização; (5) Competências técnicas  b. Coletivo  (1) Tamanho do grupo; (2) Composição dos diferentes tipos de papéis desempenhado pelos atores; (3) Local de foco territorial (a condição do membro é vinculado ao seu território?).
  • 4. 2. A Classificação dos tipos de papel-orientador e sua distribuição dentro do sistema social.  Está classificação diz respeito à distribuição dos tipos de funções que cada ator desempenha.  Exemplo de categorização  Atores individuais  Instrumental: é orientado para o outro, principalmente como fonte de bens. Ele quer adquirir direitos ou serviços.  Moral: é orientado para o outro em termos de ”moralidade privada”. Tem padrões ego-integrativos, que podem ou não ser abandonados. Isso depende do coletivo.  Coletivo  Primazia instrumental de orientação, com funções instrumentais voltadas para a coletividade maior. Exemplo, as obrigações do exército para o "estado" do qual ele é uma parte organizacional.
  • 5. 3 - A ”Economia” de orientações instrumentais  A lógica dessa classificação reside na análise da natureza dos bens, das recompensas e dos direitos.  O "complexo ecológico instrumental", visto a partir de qualquer ego dado como um ponto de referência.  1. O papel técnico do ego.  2. Estruturação das relações de “disposição” do ego.  3. Estruturação das relações de "remuneração" do ego.  4. Estruturação das relações de gestão de bens do ego.  5. Estruturação das relações de cooperação do ego.  O sistema social pode, dentro dos limites da permissividade dos interesses privados, ser concebido a partir de tais complexos ecológicos instrumentais.
  • 6. 4. A "Economia" das Orientações Expressivas  O complexo "ecológico" de reciprocidades expressivas com qualquer ego dado como ponto de referência.  1. A gratidão específica do ego e a orientação expressiva-simbólica para um objeto particular, ou classe de objetos.  2. Estruturação das relações de receptividade do ego.  3. Estruturação das relações de resposta do ego.  4. Estruturação de ocasiões.  5. Estruturação de ligações e lealdade difusa do ego.
  • 7. 5. Sistema de Orientação Cultural  Trata de sistemas de crenças e de símbolos expressivos  Sistemas de crenças.  a. Empírica: Ciência e conhecimento empírico.  b. Não empírica: Filosofia e conhecimento sobrenatural.  Simbolismo avaliativo.  a. Simbolização da solidariedade coletiva.  b. Simbolização de padrões de significado; simbolismo religioso.  Os papéis de cientista, filósofo, teólogo, artista e sacerdote - no sentido de "administrado de seitas" - estão aqui.
  • 8. 6. Estruturas integrativas  A sexta categoria diz respeito à estrutura integrativa global do sistema social como um todo.  É necessário considerar a própria sociedade como uma coletividade global.  Institucionalização dos padrões reguladores que governam e definem os limites da esfera privada de orientação - para indivíduos e sub-coletividades.  Mediante ações espontâneas e sanções informais.  Através de um mecanismo de aplicação formal.  Através da diferenciação dos papéis de liderança e da institucionalização de sua autoridade.