8. Cada religião [...] explica Deus à sua
maneira;
Cada teoria o descreve a seu modo.
E de tudo isso resulta uma confusão, um
caos inextricável (que não se desembaraça).
[...] Dessa confusão, os ateus têm tirado
argumentos para negar a existência de Deus;
Os positivistas, para o declarar
«incognoscível» (que não se pode conhecer, ou
ser explicado).
Como remediar tal desordem?
Como escapar a essas contradições?
9. Da mais simples maneira.
Basta elevarmo-nos acima das teorias e
dos sistemas, bastante alto para as ligar em seu
conjunto e pelo que têm de comum.
Basta elevarmo-nos até à grande Causa, na qual
tudo se resume e tudo se explica (10).
Duvidar da existência de Deus é negar que
todo efeito tem uma causa e declarar que o nada
pode fazer alguma coisa.
A prova da existência de Deus, como dizem
os Espíritos Superiores, pode ser encontrada em
um [...] axioma que aplicais às vossas ciências.
10. Não há efeito sem causa.
Procurai a causa de tudo o que não é obra
do homem e a vossa razão responderá (6).
Vemos constantemente uma imensidade
de efeitos, cuja causa não está na
Humanidade, pois que a Humanidade é
impotente para produzi-los, ou, sequer, para
os explicar.
[...] Tais efeitos absolutamente não se
produzem ao acaso, fortuitamente e em
desordem.
11. Desde a organização do mais pequenino
inseto e da mais insignificante semente, até a lei
que rege os mundos que circulam, no Espaço,
tudo atesta uma ideia diretora, uma
combinação, uma previdência, uma solicitude,
que ultrapassam todas as combinações
humanas.
A causa é, pois, soberanamente inteligente (9).
Constitui princípio elementar que se julgue uma
causa pelos seus efeitos, mesmo quando não se
seja a causa (ou seja, mesmo quando ela se
conserve oculta).
12. Se um pássaro é atingido por um projétil
mortal, deduz-se que um hábil atirador o atingiu,
mesmo que não se veja o atirador.
Portanto, nem sempre é necessário ter
visto uma coisa para saber que ela existe.
Em tudo, observando os efeitos que se
chega ao conhecimento das causas (1).
Outro princípio igualmente elementar, tão
verdadeiro que é admitido como axioma
(verdade incontestável), é que todo efeito
inteligente tem que ter (decorrer) de uma causa
inteligente.
13. Se perguntassem qual é o construtor de
certo mecanismo engenhoso, que pensaríamos
daquele que respondesse que ele se fez a si
mesmo?
Quando se contempla uma obra-prima da
arte ou da indústria, diz-se que ela deve ter sido
produzida por um homem de gênio, porque só
uma alta inteligência poderia concebê-la.
Reconhece-se, no entanto, que terá sido
obra de um homem, porque se sabe que a coisa
não está acima da capacidade humana;
14. Mas, a ninguém dirá que ela do cérebro de
um idiota ou de um ignorante, nem, e menos
ainda que ela seja o trabalho de um animal, ou
produto do acaso (2).
Como nenhum ser humano pode criar o que
a Natureza produz, a causa primária (primeira) há
de estar numa inteligência superior à
Humanidade.
Sejam quais forem os prodígios realizados
pela inteligência humana, esta inteligência tem
também uma causa, e quanto maior for a sua
realização, maior deve ser a causa primária.
15. Esta inteligência superior é a causa primária
(primeira) de todas as coisas, qualquer que seja o
nome pelo qual o homem a designe (8).
Pois bem! Lançando o olhar em torno de si,
sobre as obras da Natureza, e observando a
previdência, a sabedoria, a harmonia que
presidem a todas as coisas, reconhecemos que
nenhuma há que não ultrapasse o mais alto
alcance da inteligência humana.
Ora, desde que o homem não a pode
produzir, é que elas são produto de uma
inteligência superior à Humanidade, a não ser que
admitamos haver efeitos sem causa (3).
16. A harmonia que regula as forças do
Universo revela combinações e fins determinados,
e por isso mesmo um poder inteligente.
Atribuir a formação primária ao acaso, seria
uma falta de senso, porque o acaso é cego e não
pode produzir efeitos inteligentes.
Um acaso inteligente já não seria um acaso. (7).
Deus não se mostra, mas afirma-se (revela-se)
mediante suas obras (4).
A existência de Deus é pois, uma fato
assente (uma realidade comprovada), não só pela
revelação, mas também pela evidência material
dos fatos.
17. Os povos selvagens não tiveram
(nenhuma) revelação;
No entretanto, creem instintivamente na
existência de um poder sobre-humano.
Eles veem coisas que estão acima do
poder Humano;
Por isso concluem que elas são
provenientes de um ente superior .
Provêm de um ente superior à
Humanidade.
Não são eles mais lógicos do que os que
pretendem (que acreditam) que tais coisas se
fizeram a si mesmas? (5).
19. Conta-se que um velho árabe analfabeto
orava com tanto fervor e com tanto carinho,
cada noite, que, certa vez, o rico chefe de
grande caravana chamou-o à sua presença e
lhe perguntou:
— Por que oras com tanta fé? Como
sabes que Deus existe, quando nem ao menos
sabes ler?
O crente fiel respondeu:
— Grande senhor, conheço a existência
de Nosso Pai Celeste pelos sinais dele.
— Como assim? — indagou o chefe,
admirado.
20. O servo humilde explicou-se:
— Quando o senhor recebe uma carta
de pessoa ausente, como reconhece quem a
escreveu?
— Pela letra.
— Quando o senhor recebe uma joia,
como é que se informa quanto ao autor dela?
— Pela marca do ourives.
O empregado sorriu e acrescentou:
— Quando ouve passos de animais, ao
redor da tenda, como sabe, depois, se foi um
carneiro, um cavalo ou um boi?
21. — Pelos rastros – responde o chefe,
surpreendido.
Então, o velho crente convidou-o para
fora da barraca e, mostrando-lhe o céu onde a
lua brilhava, cercada por multidões de estrelas,
exclamou, respeitoso:
— Senhor, aqueles sinais, lá em cima,
não podem ser dos homens!
Nesse momento, o orgulhoso
caravaneiro, de olhos lacrimosos, ajoelhou-se
na areia e começou a orar também.
XAVIER, Francisco Cândido. Pai Nosso. Pelo Espírito
Meimei. 27ª edição – Rio de Janeiro: FEB, 2006 – Cap. I.
22.
23. Nenhum homem que tenha vivido conhece
mais sobre a vida depois da morte que eu ou
você.
Toda religião simplesmente desenvolveu-
se com base no medo, ganância, imaginação e
poesia.
24.
25. A percepção do
desconhecido é a mais
fascinante das
experiências.
Albert
Einstein
1879-1955
O homem que não
tem os olhos abertos
para o misterioso
passará pela vida sem
ver nada.
27. 1. KARDEC, Allan. O Gênese. Tradução de
J. Herculano Pires. 23ª ed. São Paulo: LAKE,
2010. Capítulo II DEUS - Item: Existência de Deus
– Questão 2 - Pág. 53.
2. ______. Questão 3 - Pág. 53.
3. ______. Questão 5 - Pág. 54.
4. ______. Questão 6 - Pág. 55.
5. ______. Questão 7 - Pág. 55.
6._____. O livro dos Espíritos. Tradução de
J. Herculano Pires. 68ª ed. São Paulo: LAKE,
2009. Livro Primeiro – As Causas Primárias –
Capítulo I DEUS – Item II – Provas da Existência
de Deus – Questão 4 - Pág. 57
28. 7. ______. Questão 8 – Comentário - Pág.
58.
8. ______. Questão 9 – Comentário - Págs.
58-59.
9._____. Obras Póstumas. Tradução de
Guillon Ribeiro - 38ª ed. Rio de Janeiro: FEB
2005 – Profissão e Fé Espírita Raciocinada
Primeira Parte – Capítulo I DEUS – Item I – Pág.
31
4. DENIS, Léon. O Grande Enigma. 14ª ed.
Rio de Janeiro: FEB 2005 – 1ª Parte – Cap. 9 –
(Objeções e Contradições) - Págs. 110-111.