1. Autocontrole Parte 02 - Analisando
os dados do experimento
Decisões e Preferências
Prof. Márcio Borges Moreira
2. Agora que você já aprendeu bastante sobre
escolhas e autocontrole, vamos analisar os
dados de sua participação no experimento.
Os dados foram enviados para você por e-
mail no dia me que você realizou o
experimento.
3. Antes de partimos para análise propriamente dita dos
dados, vamos relembrar alguns conceitos estudados em
Processos Básicos de Motivação - e que serão
aprofundados em Métodos e Técnicas de Pesquisa em
Psicologia.
Esse conceitos são essenciais para a análise dos dados:
1. Variável dependente
2. Variável independente
4. Primeiramente, vamos relembrar o conceito de
variável:
É uma medida de algum fenômeno ou coisa. Por
exemplo, X e Y são letras. A partir do momento
que essas duas letras passam a representar
alguma medida, passamos a chamá-las de
variáveis. Para estudarmos aspectos do mundo e
dos seres que nele vivem temos que medir esses
aspectos: aquilo que medimos, chamamos de
variáveis.
5. Exemplos de variáveis:
Na Física: Velocidade, Peso, Temperatura,
Aceleração, Densidade, etc.
Na Química: Temperatura, Pressão, etc.
Na Psicologia: Taxa de resposta, Freqüência da
resposta, Latência da resposta, Percentual de
acerto, Número de ocorrências, quantidade de
palavras lembradas, Número de escolhas, etc.
6. Variável dependente (VD):
É o fenômeno que se estuda e que se quer explicar. As
variáveis dependentes se situam, habitualmente, no fim
do processo causal e são sempre definidas na hipótese
ou na questão de pesquisa. Em Psicologia a VD, na
maioria das vezes, refere-se a algum aspecto do
comportamento.
A variável dependente tem esse nome porque o seu
valor depende da ocorrência e do valor da variável
independente. Exemplo: a quantidade de suor (VD) que
é excretada pela minha pele depende da temperatura
do ambiente (VI).
7. Variável independente (VI):
Chamamos de variável independente aquelas variáveis
candidatas a explicar as alterações nas variáveis
dependentes.
Em um experimento nós modificamos o valor da VI e
verificamos se esta alteração na VI produz uma
alteração na VD. Vemos alguém fazendo algo (VD),
queremos saber por que ela faz (VI). A VI é "o por que"
o indivíduo faz, e a VD é o que ele faz, é o
comportamento.
8. Em um experimento, como o que você participou,
buscamos relações entre alterações nos valores da
Variável Independente e alterações nos valores da
Variável Dependente.
Para tanto, manipulamos, isto é alteramos
deliberadamente, os valores da Variável Independente e
medimos, registramos, possíveis alterações nos valores
da Variável Dependente.
Vamos analisar alguns exemplos nos próximos slides...
9. Imagine que você esteja interessado em descobrir se a
quantidade de paginas de leitura (Variável
Independente) influência no desempenho do aluno em
uma prova (Variável Dependente).
Para medirmos a Variável Independente basta contar o
número de páginas. Para manipular o valor da VI, basta
termos textos com diferentes número de páginas.
Para medirmos a Variável Dependente (desempenho do
aluno em uma prova) poderíamos registrar, por
exemplo, a nota do aluno na prova.
10. O procedimento para a realização desse experimento
seria bastante simples:
1. Solicitamos o aluno a ler um texto com um número X
de páginas; aplicamos uma prova; corrigimos a prova e
registramos a nota;
2. Solicitamos o aluno a ler um texto com um número Y
de páginas; aplicamos uma prova; corrigimos a prova e
registramos a nota;
3. Solicitamos o aluno a ler um texto com um número Z
de páginas; aplicamos uma prova; corrigimos a prova e
registramos a nota;
11. Vamos supor que um texto contínha 10 páginas; ou
outro 15 páginas e o terceiro 20 páginas: essa é a
manipulação dos valores da nossa Variável
Independente (quantidade de páginas).
Vamos supor também, que em uma escala de 0 a 10, as
notas do aluno tenham sido:
- 8,7 quando o texto foi de 10 páginas;
- 6,5 quando o texto foi de 15 páginas e;
- 4,6 quando o texto foi de 20 páginas.
Esses são os valores registrados da nossa Variável
Dependente (desempenho do aluno, expresso pela nota
de 0 a 10)
12. Colocando os nossos dados hipotéticos em
um gráfico, teríamos o seguinte resultado:
13. Note que encontramos uma relação entre a VI
(quantidade de páginas) e a VD (desempenho do
aluno, expresso pela nota). Você consegue
identificar qual é essa relação?
14. Como encontramos uma relação entre a VI e a
VD, podemos dizer então que a diminuição da
nota prova ocorrem em função do aumento do
número de páginas, (é causado pelo aumento do
número de páginas).
15. Bom, agora que já relembramos os conceitos de Variável
Independente e Variável Dependente, vamos então ao
nosso experimento real, aquele que você participou há
alguns dias.
Antes de passar para próximo slide, tente imaginar quais
foram no experimento nossas variáveis independente e
dependente.
16. Talvez, dessa vez, você não tenha acertado, pois as
nossas VIs e VD nesse experimento não têm nomes
muito "intuitivos".
A variável dependente nesse experimento é o valor
subjetivo do reforço.
Quanto à variável independente, tivemos, na verdade,
duas (lembre-se que você fez o experimento 2 vezes):
1. Atraso do reforço; (daqui a um mês, daqui a um
ano...)
2. Probabilidade de ocorrência do reforço (com 90% de
chance, com 70% de chance...);
17. Vamos começar pela parte mais fácil: as variáveis independentes.
Na primeira parte do experimento cada tentativa era composta
por uma alternativa sem atraso (ganhar agora) e outra alternativa
com atraso. Lembre-se que 3 atrasos diferentes foram
apresentados:
1. "daqui a um mês";
2. "daqui a seis meses";
3. "daqui a um ano";
Esses foram, portanto, os valores manipulados para a variável
independente que denominamos de atraso do reforço.
18. Na segunda parte do experimento cada tentativa era
composta por uma alternativa certa (100% de chance de
ganhar) e outra alternativa incerta (chance de ganhar
menor que 100%). Lembre-se que 3 probabilidades de
ganho diferentes foram apresentadas:
1. "chance de 90%";
2. "chance de 70%";
3. "chance de 50%";
Esses foram, portanto, os valores manipulados para a
variável independente que denominamos de
probabilidade de ganho do reforço.
19. Vamos agora à nossa variável dependente: desconto
subjetivo do reforço:
Embora não aconteça necessariamente com todos
participantes de uma pesquisa como essa, estamos
interessados, ao manipular os valores da variável
independente, seja o atraso ou seja a probabilidade, em
verificar o ponto que o participante muda sua
preferência - geralmente da alternativa com maior
magnitude para a alternativa de menor magnitude do
reforço.
20. A tabela abaixo mostra os dados de um participante que
realizou o mesmo experimento que você, relativos à
primeira parte em que a variável independente foi o
atraso do reforço. O destaque amarelo indica a
alternativa escolhida pelo participante em cada
tentativa.
Examine a tabela:
21. Note que na terceira tentativa mostrada na tabela o
participante muda sua preferência: ele estava
escolhendo a alternativa com maior magnitude e maior
atraso ("ganhar R$1000,00 daqui a um mês") e passa a
escolher a alternativa com menor magnitude e menor
atraso ("ganhar R$950,00 agora"):
22. Por que isso acontece? Por que ele muda sua preferência? Bom,
você já sabe as resposta para essa pergunta: porque esse
participante avalia subjetivamente "R$950,00 agora" como
valendo mais que "R$1000,00 daqui a um mês".
É nesse ponto em que há a mudança na preferência que
começamos a identificar nossa variável dependente: o desconto
subjetivo do reforço. Consegue imaginar por quê?
23. Pelo seguinte motivo: se identificamos o ponto de
indiferença, identificamos também o desconto subjetivo
do reforço.
Apenas relembrando, o ponto de indiferença é ponto
em que ambas alternativas são avaliadas pelo
participante como sendo iguais. Você se lembra como
calculamos o ponto de indiferença?
24. Vamos lá...
o ponto de indiferença é média entre o valor
apresentado na tentativa em que houve a mudança de
preferência, nesse caso, R$950,00, e o valor
apresentado na tentativa anterior, nesse caso, R$900,00.
Então, o ponto de indiferença para esse participante,
com esses valores será: (950 + 900)/2 = R$925,00.
25. Vamos lá...
Portanto, nosso participante em questão avalia subjetivamente
"R$1000,00 da a um mês" como valendo "R$925,00 agora". O
desconto subjetivo do reforço, nesse caso, é então R$75,00 (1000
- 925). Em termos de porcentagem, podemos dizer que houve um
desconto de 7,5%.
Achamos, portanto, o famoso desconto subjetivo do reforço.
26. Embora tenhamos já identificado uma de nossas
variáveis independentes (atraso) e seus valores (um
mês, seis meses e um ano) e também a o valor de um
desconto subjetivo do reforço, nossa variável
dependente, falta ainda um detalhe para idetificarmos
se relação entre essas variáveis:
Outros valores da Variável Dependente quando outros
valores da Variável Independente são apresentados.
Você consegue imaginar quais seriam eles?
27. Já sabemos qual é o desconto subjetivo do reforço
quando o atraso é de 1 mês: 7,5%. Você deve se lembrar
que os outros dois valores da variável independe eram
"seis meses" e "um ano". A tabela abaixo mostras as
escolhas do nosso participante com esses valores da
variável independente.
28. O próximo slide mostra uma tabela com os valores dos
pontos de indiferenças e decontos (valor e percentual)
já calculados para todos os valores da VI. Mas seria
interessante se você tentasse calcular esses valores
agora, checando se acertou no próximo slide.
29. A tabela abaixo mostra os valores da variável dependente para
cada um dos valores da variável independente.
Acertou os valores do desconto subjetivo do reforço? Se não,
volte alguns slides para relembrar e tente novamente - será
importante saber fazer esses cálculos daqui a pouco. Mas se sim,
vamos em frente... Nos próximos slides analisaremos alguns
gráficos derivados dos dados mostrados na tabela abaixo.
30. O gráfico abaixo mostra o desconto subjetivo do reforço
em função do atraso do reforço. Note que percebemos
uma relação entre a variável independente e a variável
dependente. Você consegue identificar qual relação é
essa?
31. Isso mesmo! Uma primeira relação que podemos notar
no gráfico abaixo é que quanto maior o atraso, maior o
desconto. Mas há outro dado interessante nesse gráfico.
Você consegue dizer qual é?
32. Note que de "1 mês" para "6 meses" temos um
desconto muito maior do que de "6 meses" para "1
ano". Isso nos mostra que há uma desaceleração da taxa
de desconto: quanto mais o tempo passa, mais
lentamente o reforço perde valor.
33. Uma forma mais interessante de se representar
graficamente o desconto do reforço é com seus valores
percentuais, pois permite comparações com outros
dados de outros participantes:
34. Outra forma de apresentarmos nossa variável
dependente é através da avaliação subjetiva (na
verdade, o ponto de indiferença). Como você já, sabe o
ponto de indiferença e o valor equivalente ao valor
maior com atraso:
35. Analisando esse gráfico podemos ver claramente porque
falamos de desconto do reforço: veja as avaliações
subjetivas vão diminuindo conforme aumentam os
atrasos.
36. Com relação à nossa segunda variável independente, a
probabilidade de ganho do reforço, o raciocínio é muito
similar. Vejas os valores da variável independente e
dependente para probabilidade na tabela abaixo (dados
de um outro participante do experimento):
37. O gráfico abaixo mostra a avaliação subjetiva para as
diferentes probabilidades de ganho. Note que à medida
que diminui a probabilidade de ganho, diminui a
avaliação subjetiva. Será que essa pessoa apostaria na
loteria se o prêmio fosse de R$ 1.000,00?
38. Temos falado o tempo todo sobre desconto subjetivo do reforço.
Certamente você já entendeu porque falamos "desconto" e
porque "do reforço". Mas por que subjetivo? Falamos que o
desconto é subjetivo simplesmente porque ele pode varia de
pessoa para pessoa - embora todos descontemos em algum grau.
Veja a tabela abaixo com as avaliações subjetivas para 4
participantes (atraso):
40. É importante notar que mesmo as avaliações subjetivas sendo
diferentes entre os participantes, verificamos o mesmo padrão
para todos: para todos há diminuição do valor; essa diminuição é
maior nos primeiros meses (de um para seis meses) que nos
últimos (de 6 meses para um ano).
41. Agora, para finalizar, você irá reproduzir o gráfico anterior, no
Microsoft Excel, inserindo também os seus dados.
Antes de continuar,
1. Recupere seu arquivo de resultados (que foi enviado para você
por e-mail no dia em que você realizou o experimento);
2. Calcule os pontos de indiferença para cada um dos três valores
da variável independente ("um mês", "seis meses" e "um ano").
No gráfico, você será o Participante 04.
43. Agora, na linha do Participante 04, digite os
valores dos seus pontos de indiferença nas
colunas dos seus respectivos valores da
variável independente.
47. Clique com o botão direito no gráfico, na parte branca
acima da legenda. No menu que aparecerá, clique em
"Selecionar Dados".
48. Na janela que irá aparecer, clique em
"Alternar entre linha/coluna". Depois clique
em "OK".
49. Seu gráfico agora deve estar parecido com
o gráfico abaixo:
Agora só falta inserir os rótulos dos eixos X
e Y...
50. Clique na área do gráfico e menu principal
do Excel irá mudar:
51. Na caixa "Layout de Gráfico", clique na
setinha indicada abaixo para abrir as
opções de layout:
52. Selecione a opção de layout com legenda
para os dois eixos do gráfico:
53. Clique sobre os rótulos dos eixos para alterá-los.
O eixo X deve ser "Atraso do Reforço" e o eixo Y
"Avaliação Subjetiva". Você pode também clicar
sobre as linhas pretas verticais que apareceram
após a mudança de layout para apagá-las.
54. Maravilha! Se deu tudo certo, seu gráfico estará
pronto e parecido com o gráfico abaixo. Se não,
revise o processo e tente novamente. Se ainda
tiver problemas/dúvidas, peça ajuda ao tutor da
disciplina.
55. Após ter concluídos com sucesso o gráfico de
atraso, repita os passos para fazer o gráfico de
probabilidade com seus dados utilizando os
seguintes dados de outros participantes da
pesquisa:
56. Por enquanto é isso! Parabéns pelo trabalho e
pelo esforço.