As relações precoces estabelecem-se entre a criança e os cuidadores nos primeiros tempos de vida, influenciando o desenvolvimento da criança. Comportamentos como sorrir e chorar permitem que a criança comunique suas necessidades. A qualidade destas relações, especialmente a disponibilidade e comunicação dos cuidadores, gera segurança e confiança na criança.
2. Relações precoces
• relações recíprocas que se estabelecem
entre a criança nos primeiros tempos de
vida e quem cuida dela
• manifestam-se por comportamentos
como sorrir, chorar, vocalizar, agarrar,
gatinhar
• a qualidade destas relações influência o
desenvolvimento fisiológico e
psicológico do indivíduo
Relações precoces
3. Competências básicas do bebé
as expressões
faciais
o choro o sorriso
estratégias usadas pelo bebé para captar a atenção da mãe/cuidadores
impossibilidade do bebé em correr para a mãe
imaturidade do bebé / neotonia
vocalizações
Relações precoces
4. a disponibilidade da mãe face às necessidades do bebé
proporciona ao bebé um
sentimento interno de segurança
gerador de uma confiança básica
que lhe permite encarar o mundo
de forma positiva
As competências da mãe
A comunicação é um dos aspectos mais
marcantes da relação
Relações precoces
5. Competências para comunicar
eficácia da comunicação entre
o bebé e as figuras parentais
A qualidade da
relação pode ser
positiva ou negativa em função da
capacidade dos cuidadores
responderem adequadamente aos
estados emocionais do bebé
Relações precoces
6. A importância da relação mãe - filho
mãe continente
mãe que reage com eficácia às necessidades do bebé
comunica bem com o bebé
transforma a ansiedade e angústia do bebé em bem estar
o medo e a ansiedade do bebé (conteúdo) são transferidos para a mãe
o modelo continente – conteúdo
(teoria de W. Bion)
Relações precoces
7. processo através do qual o bebé e os
progenitores comunicam estados
emocionais e respondem de modo
adequado
o bebé é um sujeito ativo
Regulação mútua
Relações precoces
8. A relação mãe-bebé inicia-se muito antes do
nascimento
esta relação é constituída pelas fantasias da
mãe face ao bebé
o bébé idealizado
Relações precoces
9. A imaturidade do bebé humano
predispõe-no para o desenvolvimento de competências
relacionais com quem cuida dele sob a forma de
vinculação
comportamento que permite à pessoa, criança ou adulto,
aproximar-se ou manter a proximidade das suas figuras
preferenciais ou privilegiadas
Relações precoces
10. Vários autores que mostraram a importância das relações do
bebé desde que nasce
John Bowlby (1907-1990)
Mary Ainsworth (1913-1990)
Harry Harlow (1905-1981)
René Spitz (1887-1974)
Relações precoces
11. John Bowlby
(1907-1990)
Bowlby defende que:
• a vinculação é uma necessidade primária, básica, inata
• os fundamentos da personalidade do adulto têm por base
as ligações precoces e socio-afectivas da criança
• o sentimento de confiança desenvolve-se com base nas
ligações afectivas que se constroem durante a infância
Relações precoces
12. comportamentos de vinculação:
Sorriso, choro, agarrar, as vocalizações, expressões faciais…
… informam a mãe / cuidadores das necessidades do bebé
Relações precoces
13. • as figuras de vinculação (mãe / cuidadores) proporcionam:
- segurança
- aceitação
- proteção
- recursos emocionais e sociais
O 1º vínculo é fundamental para um desenvolvimento equilibrado e
marca as relações futuras
influencia o nível da auto-estima, confiança e capacidade para
se relacionar
Relações precoces
14. Críticas à conceção de Bowlby:
• não ter em conta o papel do pai
• limitou a vinculação à diade (bébé/mãe)
• a relação triangular mãe – bebé - pai marca a qualidade
das relações sociais futuras
Mãe Pai
Bebé
Relações precoces
15. Mary Ainsworth
(1913-1990)
• procura distinguir diferentes tipos de
vinculação
• desenvolve uma metodologia de
avaliação da qualidade da vinculação:
“Experiência da Situação Estranha”
Relações precoces
16. Experiência “Situação Estranha”
• colocação de uma criança com aproximadamente um ano de
idade, num ambiente não familiar, com a mãe, e um estranho.
• sequência de 8 episódios nos quais se alterna a
presença/ausência da mãe
• situação criada para avaliar as diferenças individuais na
organização do comportamento de vinculação na infância.
a autora distingue padrões de resposta
• vinculação segura (choram com a ausência da mãe)
• vinculação insegura/ evitante (indiferentes à saída da mãe)
• vinculação ambivalente/resistente (ansiedade mesmo antes
da mãe sair)
Relações precoces
17. A teoria da vinculação de Mary Ainsworth:
• chama a atenção para a qualidade das relações quotidianas
que a mãe / cuidadores estabelecem com a criança
• concluiu que os tipos de vinculação identificados permitem prever
a adaptação psicológica da criança e do seu desenvolvimento ao
longo dos anos
crítica feita à investigadora - não ter tido em conta as características
de ordem cultural
Relações precoces
18. Harry Harlow
(1905-1981)
• desenvolveu experiências sobre a privação maternal e social
em macacos Rhesus
• demonstrou a importância dos cuidados, do conforto e do
amor nas primeiras etapas do desenvolvimento
• pôs em causa as teorias que defendiam que a vinculação
afectiva da criança à mãe / cuidadores dependia apenas das
necessidades fisiológicas
Relações precoces
19. • o contacto conforto reconfortante seria mais importante para a
segurança do bebé do que a alimentação.
• chama a atenção para as consequências das carências afectivas
• a necessidade do contacto físico com a mãe/cuidadores está na
base da vinculação
Relações precoces
20. René Spitz
(1887-1974)
• designou por hospitalismo o conjunto de perturbações que o
bebé pode sofrer devido à ausência de uma relação afetiva
priveligiada com um adulto
• o hospitalismo ocorre sobretudo nas crianças que estão numa
instituição sem contacto com a mãe ou outros agentes
maternantes
Algumas consequências do hospitalismo:
• perturbação do desenvolvimento psicológico
• depressão
• elevada alta taxa de mortalidade
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21. Estas consequências são em parte irreversíveis contudo:
• há crianças que, tendo sofrido situações muito penalizadoras,
conseguem resistir e desenvolverem-se com equilíbrio
(resilientes)
• não se pode ser determinista dada a característica da
plasticidade e adaptabilidade do ser humano.
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22. Conclusão
As relações precoces são:
• estruturantes da nossa identidade
• organizadoras da nossa saúde mental
• fundamentais para o nosso bem-estar e personalidade.
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