2. 1. Texto evangélico
E, tendo Jesus entrado em Jericó, ia passando.
E eis que havia ali um homem, chamado Zaqueu; e era este um chefe dos publicanos e
rico.
E procurava ver quem era Jesus e não podia, por causa da multidão, pois era de pequena
estatura.
E, correndo adiante, subiu a uma figueira para o ver, porque havia de passar por ali.
E, quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e disse-lhe:
Zaqueu, desce depressa, porque, hoje, me convém pousar em tua casa.
E, apressando-se, desceu e recebeu-o com júbilo.
E, vendo todos isso, murmuravam, dizendo que entrara para ser hóspede de um
homem pecador.
E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade
dos meus bens; e, se em alguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado.
E disse-lhe Jesus: Hoje, veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão.
Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido (Lucas, 19: 1-10).
3. O episódio de Zaqueu, relatado pelo evangelista Lucas, nos conduz a
significativas reflexões.
Por ele compreendemos que há, como sempre houve e haverá, certas almas que
se entregam ao mal apenas porque não foram despertadas para o bem; almas
que preservam, contudo, alguns escaninhos indenes às misérias e torpezas
mundanas, constituindo-se terreno fértil onde a semente dos ideais nobres e
generosos pode, a qualquer momento, germinar, florescer e frutificar
abundantemente.
Zaqueu era uma dessas almas. Arrecadador de impostos, enriquecera
ilicitamente e vivia defraudando o próximo com exações e lucros escandalosos,
mas, a despeito disso, a doutrina do Mestre encontrara ressonância em seu
coração e por isso ardia em desejos de conhecê-lo. 2
4.
5. Aparentemente, o encontro entre Jesus e Zaqueu foi casual.
Sabemos, porém, que não foi assim, como se observa no último
versículo do texto evangélico:
“Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia
perdido”.
Por outro lado, sabemos que Jesus aproveitava todas as circunstâncias
para ensinar e encaminhar as pessoas ao bem.
Assim também aconteceu com Zaqueu que, a partir daquele instante,
teve a existência transformada.
A ida a Jericó foi um momento especial para Jesus porque, logo
depois, começaria seu suplício culminado com a crucificação.
6.
7. IRMÃO X RELATA ATRAVÉS DE CHICO XAVIER:
“Muitos viam em Zaqueu o avarento incorrigível;
Mas Jesus nele identificou o homem rico de nobre
coração, capaz de transfigurar a riqueza em trabalho e
beneficência.” 9
8. Refletindo, porém, sobre tais acontecimentos percebemos que
também nós somos continuamente visitados por Jesus, acudidos pela
misericórdia divina, por ele intermediada em nosso benefício.
9. Zaqueu não mais se comprazia com a vida que levava, daí a sua evidente
necessidade de conhecer Jesus, correndo à frente da multidão e subindo
numa árvore para que pudesse localizar o Mestre.
É importante destacar, a propósito, algumas características da
personalidade de Zaqueu.
Mesmo sendo desprezado pelos seus conterrâneos, de viver insatisfeito,
talvez preso pelo desânimo ou desespero, não perde tempo em lamentações.
A sua percepção espiritual e a sua acuidade mental, desenvolvidas pelo
exercício contínuo de calcular e raciocinar que a profissão oferecia, lhes
fazem refletir que Jesus é o caminho da sua regeneração espiritual.
Diante desse fato, ele enfrenta os obstáculos e “corre” ao encontro do
Mestre de Nazaré, subindo numa árvore para, daí, poder enxergar o
Senhor e ser visto por ele.
10.
11. Jesus percebeu o que ia pela alma de Zaqueu, notou o quanto era
sincero aquele arroubo de subir na árvore, e daí o ter-lhe solicitado
hospedagem.
Ao acolher Jesus em sua casa, Zaqueu cai aos pés, e exclama:
“Senhor, distribuo aos pobres a metade dos meus haveres; e se lesei a
alguém, seja no que for, restituo-lhe quadruplicado”.
Não diz: distribuirei, hei de restituir, mas sim: distribuo, restituo, o que
caracteriza bem a realidade de sua transformação moral.
E isso ele o faz publicamente, penitenciando-se num gesto de
humildade perfeita, como poucas vezes se descreve nos Evangelhos. 3
13. Zaqueu representa a soma de dificuldades
que os arrependidos trazem no coração.
Sintonizados, entretanto, com o Evangelho de
Jesus, reconhecem que é possível vencer os
desvios de caráter e corrigir os erros
cometidos.
O serviço de Jesus é infinito. Na sua órbita,
há lugar para todas as criaturas e para
todas as idéias sadias em sua expressão
substancial.
Se, na ordem divina, cada árvore produz
segundo a sua espécie, no trabalho cristão,
cada discípulo contribuirá conforme sua
posição evolutiva. 7
14.
15. Atransformação espiritual de Zaqueu apenas começara naquele
encontro com Jesus.
Recebendo a oportunidade de se reajustar perante a Lei de Deus,
deveria, daí para a frente, desenvolver todos os esforços necessários
para o progresso do seu Espírito.
O amanhã lhe reservaria as provações, destinadas a combater as
imperfeições que ainda lhe marcavam a personalidade.
Mas, sob o amparo do Alto saberia, por certo, superá-las e se
transformar, definitivamente, em pessoa de bem.
16. É indispensável organizar o santuário interior e
iluminá-lo, a fim de que as trevas não nos
dominem.
[...] Nossa necessidade básica é de luz própria, de
esclarecimento íntimo, de auto-educação, de
conversão substancial do “eu” ao Reino de Deus.
8
17. OUTRAS VIDAS DE BEZERRA DE MENEZES DEPOIS DE ZAQUEU
Quinto Varro e Quinto Celso
No livro Ave Cristo, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Chico
Xavier, conhecemos mais duas encarnações de Bezerra, como Quinto
Varro e posteriormente como Quinto Celso. Para converter seu filho
Taciano, reencarna-se duas vezes: uma como Quinto Varro (irmão
Corvino) e a seguir como Quinto Celso.
Parmênio
Posteriormente no século V, volta e reencarna como Irmão Parménio,
onde, como as suas outras vidas, mais uma vez é martirizado. Irmão
Parménio, que, em idade avançada é abandonado pela família
anticristã, construíra o recanto a que chamava Casa dos Benefícios,
para melhor cumprir os seus deveres de homem, cujo coração se
represara dos ensinos do Divino Mestre, abrigando sofredores de
18. OUTRAS VIDAS DE BEZERRA DE MENEZES DEPOIS DE ZAQUEU
Adolfo Bezerra de Menezes
Finalmente, reencarna no Brasil como Adolfo Bezerra de Menezes,
com o objetivo de concretizar a fixação do Espiritismo em terras
brasileiras e à união dos espíritas.
Não foi por acaso que chegou ao status de Bezerra de Menezes, em
quem se realizaram as virtudes da humildade, desapego e
simplicidade: tudo isso já vinha sendo trabalhado no seu íntimo há
milénios, pois as virtudes somente se consolidam com o exercício, a
repetição, a impregnação, a troca dos valores do “homem velho”
pelos do “homem novo”, ou sejam, as coisas e interesses do mundo
material vão sendo substituídas pelas coisas e interesses do mundo
espiritual, o que demanda esforço de milénios.
Fonte: Livro Bezerra de Menezes, pelo Espírito Irmão Gilberto. Psicografia de Luiz Guilherme Marques.
Livro O 13º Apóstolo. De Jorge Damas.
Site: Fronteira da Paz.
19. Emmanuel esclarece:
Cada criatura recebeu determinado talento da Providência
Divina para servir no mundo e para receber do mundo o salário
da elevação.
Velho ou moço, com saúde do corpo ou sem ela, recorda que é
necessário movimentar o dom que recebeste do Senhor, para
avançares na direção da Grande Luz.
Ninguém é tão pobre que nada possa dar de si mesmo.
[...] Quem cumpre o dever que lhe é próprio, age naturalmente
a benefício do equilíbrio geral.
[...] Todo o dia é ocasião de semear e colher. 10. FIM
20. 1.KARDEC. Allan. O evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap.
16, item 7, p. 258.
2.CALLIGARIS, Rodolfo. Páginas de espiritismo cristão. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2001. Cap. 6 (A conversão de Zaqueu), p.
24.
3. . p. 24-25.
4.DICIONÁRIO DA BÍBLIA. Volume 1: As pessoas e os lugares. Organizado por Bruce M. Metzger e Michael D. Coogan.
Tradução de Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 2002, p. 130.
5.XAVIER. Francisco Cândido. Boa Nova. Pelo Humberto de Campos. 35. ed.Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 23 (O servo
bom), p. 154-155.
6. . p. 157.
7. . Caminho verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 3 (Examina-te), p. 21.
8. . Cap. 180 (Façamos nossa luz), p. 375-377.
9. . Caridade. Espíritos diversos. 3. ed. São Paulo: Instituto de Difusão Espírita, 1981. Cap. 10 (Ante o próximo), p. 42.
10. . Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 34. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 130 (Na esfera íntima), p. 323-324.