2. 1. Texto evangélico
Quatro homens aproximaram-se de Jesus , conduzindo um paralítico.
E, não podendo aproximarem-se dele, por causa da multidão, descobriram um buraco no
telhado onde estavam e, baixaram a maca em que o paralítico estava deitado.
E Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico:
Filho, perdoados estão os teus pecados(errar o alvo(cumprimento da Lei divina) seja por ignorância,
rebeldia ou maldade)
E estavam ali assentados alguns dos escribas, que duvidavam em seu coração, dizendo:
Por que diz este assim blasfêmias?
Quem pode perdoar pecados, senão Deus? E Jesus lhes disse:
Por que arrazoais(duvidais) sobre estas coisas em vosso coração?
Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem poder para perdoar pecados(erros).
Disse ao paralítico :
Levanta-te, e toma o teu leito(maca), e vai para tua casa.
E levantou-se e, tomando logo o leito, saiu em presença de todos, de sorte que todos se
admiraram e glorificaram a Deus, dizendo: Nunca tal vimos. (Marcos, 2:3-12).
3. Quem eram os escribas?
Secretários dos reis de Judá;
Alguns intendentes dos exércitos judeus.
Doutores que ensinavam a lei de Moisés e
as interpretavam para o povo.
Faziam causa comum com os fariseus, de
cujos princípios partilhavam, bem como da
antipatia que aqueles votavam aos
inovadores.
Daí o envolvê-los Jesus nas reprovações
que lançava aos fariseus.
Os escribas eram os
profissionais que tinham a
função de escrever textos,
registrar dados numéricos,
redigir leis, copiar e arquivar
informações. Como poucas
pessoas dominavam a arte da
escrita, possuíam grande
destaque social.
4. A leitura atenta do relato de Marcos nos
revela alguns ensinamentos que
merecem ser destacados:
o desejo do paralítico ser curado;
ex: cachorro que deitava sobre oma caixa com prego.. Ele não levantava porque doía o suficiente pra
ele uivar , mas não pra ele levantar.
o dedicado apoio dos quatro amigos;
as dificuldades que o doente e os seus
amigos tiveram que enfrentar;
a bênção da cura realizada por Jesus;
a oportuna lição que o Mestre
forneceu aos escribas em resposta à
crítica que deles recebera.
5. À época de Jesus as curas tinham um
caráter mágico, devido ao pouco
desenvolvimento da Ciência.
Evoluindo esta, afastou-se radicalmente da
religião por considerar as suas práticas
supersticiosas.
Nos dias atuais, porém, sabemos que o
apoio espiritual está sendo, aos poucos,
aceito pela Ciência;
“[...] em sua luta contra a doença, a
medicina utiliza os mais variados
procedimentos e sistemas para a
recuperação da saúde e restauração do
equilíbrio de um organismo doente.” 8
Ex: Tia de uma cliente que sempre fez corretamente seus preventivos e agora está com cancer e metástase. Diz ela estar
revoltada contra Deus.
6. No país, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o Instituto de Psiquiatria (IPq) da USP, por
meio do Programa de Saúde, Espiritualidade e Religiosidade (Proser), e a Faculdade de Medicina
da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), com o Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e
Saúde (Nupes), têm investigado o quanto a espiritualidade (não necessariamente a religiosidade)
do paciente auxilia na cura de doenças físicas e psíquicas - que podem ser agravadas a partir de
sentimentos ruins e pensamentos destrutivos.
Nos Estados Unidos, grandes instituições de ensino como a Escola de Medicina de Stanford, as
Universidades Duke, a da Flórida, a do Texas e Columbia mantêm centros de estudos exclusivos
sobre o assunto, assim como a Universidade de Munique, na Alemanha, a de Calgary, no Canadá,
e o Royal College of Psychiatrists, no Reino Unido. Para os centros de pesquisa, há um conjunto
de evidências que indicam que diversas expressões da espiritualidade têm impacto significativo
na saúde e no bem-estar, associadas a menores níveis de mortalidade, depressão, suicídio, uso
de drogas, ou mesmo internações e medicamentos.
7. Se os Espíritos superiores tem poder, por que não curam
todas as doenças?
Emmanuel responde no livro O consolador , questão 95:
– Para o homem da Terra, a saúde pode significar o
equilíbrio perfeito dos órgãos materiais;
Para o plano espiritual, a saúde é a perfeita harmonia da
alma;
Em muitos casos há necessidade da contribuição preciosa
das moléstias e deficiências transitórias da Terra.”
Assim, em nosso plano evolutivo, saúde é a perfeita
harmonia da alma e a doença é o medicamento.
8. Neste sentido, assinala Bezerra de
Menezes:
O Consolador que Jesus prometeu
encontra-se na Terra para arrancar,
pelas raízes, os fatores que levam ao
desespero e à alucinação;
Não apenas para enxugar as lágrimas
que os olhos vertem, senão para
extirpar as causas das problemáticas
aflitivas da criatura humana.
9. As curas realizadas por Jesus
têm como base:
1) a sua poderosa vontade e grande
piedade pelo sofrimento daquele
homem;
2) suas elevadíssimas energias magnéticas;
3) e o grande amor demonstrado pelos
sofredores e desvalidos de todos os
tempos.6
10. No passado como no presente, continuam chegando
até Jesus os doentes do corpo e da alma, dele
recebendo o amparo para que possam suportar ou
solucionar os tormentos que lhes marcam a existência.
O paralítico era um Espírito em expiação.
Num corpo entrevado, resgatava os erros do
passado.
O sofrimento resignado lhe abrira o coração
para o amor e despertara-lhe o desejo de
viver nobremente.
E por fim desenvolveu em seu íntimo a fé na
bondade divina.9
11. Entretanto, independentemente do tipo de enfermidade, o
processo de cura só se concretiza com a devida superação dos
obstáculos, simbolizada na palavra “multidão” existente nesta
frase:
“E não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão”.
Multidão de dificuldades que surgem no nosso caminho devem
ser superadas com ajuda do Cristo e dos amigos.
Às vezes, os obstáculos se revelam como sendo intransponíveis,
em razão dos bloqueios que impomos a nós mesmos quando, na
busca do equilíbrio, devemos nos ajustar aos lances da
cooperação fraterna ou à orientação das medidas terapêuticas.
12. “Subir ao telhado” significa :
Manter-se em sintonia com os benfeitores
elevando o nosso padrão vibratório.
O buraco no telhado pode indicar uma brecha
que foi aberta nos condicionamentos mentais do
doente(cristalizações), necessária para conduzi-lo,
definitivamente, a Jesus.
Em todo processo de cura ocorre,
primeiramente, uma subida.
No caso do paralítico, esta subida foi facilitada
pelo auxílio dos seus quatro amigos.
Quer isto dizer que é preciso o Espírito
oferecer condições (vontade firme) para se libertar
do seu passado de erro, claramente evidenciado
na paralisia, resultante da manifestação da lei de
causa e efeito.
13. » E Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico:
Filho, perdoados estão os teus pecados (Mc 2:5).
Allan Kardec explica as palavras do Cristo:
Por meio da pluralidade das existências, o Espiritismo
ensina que os males e aflições da vida são muitas vezes
expiações do passado, bem como que sofremos na vida
presente as conseqüências das faltas que cometemos em
existência anterior e, assim, até que tenhamos pago a
dívida de nossas imperfeições, pois que as existências são
solidárias umas com as outras.
14. Se, portanto, a enfermidade daquele homem era uma expiação do
mal que ele praticara, o dizer-lhe Jesus: Teus pecados te são
redimidos equivalia a dizer-lhe:
Pagaste a tua dívida; a fé que agora possuis elidiu a causa da tua
enfermidade; conseguintemente, mereces ficar livre dela. 3
OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
15.
16. Sabemos que a cura foi efetivada porque
Jesus percebeu que o tempo de expiação da
doença tinha chegado ao fim.
As causas geradoras da paralisia
deixavam de existir, a partir daquele
momento, e que a expiação chegava ao seu
término.
As verdades espíritas nos orientam que
nada acontece por acaso e que todo efeito
tem uma causa geradora.
17.
18. O Espiritismo nos estimula responder: “que”, “porque”, “qual”,
“quem”, “onde” etc., necessários à análise, comparação e comprovação
dos fatos.
Sendo assim, a ideia da reencarnação explica como e porque o
enfermo adquiriu a paralisia, e como fazer para dela se libertar.
Como reconstruir seu passado delituoso?
Entregando-se ao trabalho de caridade;
Dedicando-se ao próximo;
amando e compreendendo...
Só assim liquidaremos nossos débitos escabrosos, acumulados no
decorrer dos séculos.
19. A expressão imperativa: “Levanta-te”
está carregada de grande magnetismo e
determinação.
A partir daquele momento não existe
mais um paralítico e, sim, um Espírito
que deve adotar nova atitude, dispor-se
ao labor, não esquecendo, no entanto,
de que carrega consigo resíduos ou
reflexos de uma experiência menos feliz,
vivida anteriormente.
20. A autoridade do Mestre se evidencia na sua palavra
e no exemplo. Esta é a fórmula que devemos aplicar
em todo processo de melhoria espiritual.
Quando Jesus determina: “toma o teu leito, e vai
para tua casa”, expressa orientação segura, como se ele
dissesse ao doente:
“aproveita o instrumento de expiação que a
reencarnação concedeu, aqui simbolicamente
representado pelo leito, e continua no teu progresso
espiritual (vai para casa).”
22. 1. KARDEC. Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 124. ed. Rio de janeiro: FEB, 2005.
Introdução, item: Escribas, p. 37.
2. . Cap. 5, item 6, p. 101-102.
3. . A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 48. ed. Rio de janeiro: FEB, 2005. Cap. 15, item 15, p. 318.
4. . O livro dos espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 86. ed. Rio de janeiro: FEB, 2005, questão 625, p.308.
5.ASSOCIAÇÃO MÉDICO-ESPÍRITADE MINAS GERAIS. Das patologias aos transtornos mentais. 1. ed. Belo Horizonte:
INEDE. Prefácio, p. 11
6.CALLIGARIS, Rodolfo. Páginas de espiritismo cristão. 5. ed. Rio de janeiro: FEB, 2001, cap. 47 (O paralítico de Cafarnaum), p.
151.
7.FAJARDO, Cláudio. Jesus terapeuta. EDIAME. Belo Horizonte: 2002, cap. 9 (Cura de um paralítico), p.227.
8.MARTIN CLARET. A essência das terapias. 1. ed. São Paulo: Martin Claret, 2002. Item: Terapêutica, p. 10.
9.RIGONATTI, Eliseu. O evangelho dos humildes. 15.ed. São Paulo: Pensamento-Cultrix, 2003, cap, 9 (O paralítico de
Cafarnaum), p. 72.
10.XAVIER. Francisco Cândido. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 76
(Edificações), p. 168.
11. . Cap. 118 (O paralítico), p. 251. 12. . p. 251-252.