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Primeira PautaJornal Laboratório do Curso de Comunicação Social - Jornalismo - Turma 6º Semestre/2002 Edição nº 26 - 30 de novembro de 2002
Um
lugar
chamado
Portinho
Um
lugar
chamado
Portinho
Geral
População reinvidica
ensino médio
Os moradores solicitam a coloca-
ção de escolas estaduais próximas à
localidade, já que só há municipais.
Com a precariedade na educação, os
alunos são obrigados a se deslocarem
até o centro para conseguir estudar.
Pág. 8
Saúde
Falta posto médico
Sem um posto de saúde os mora-
dores têm que se deslocar três quilô-
metros até os postos dos bairros
mais próximos. Segundo a Associa-
ção de Moradores, a principal causa
é a ausência de mobilização e
interação social da comunidade.
Pág. 4
Comunidade
Ação voluntária
Voluntariado e solidariedade
são a resposta para a cozinha co-
munitária da localidade. Cerca de
vinte mulheres doam seu tempo
para ajudar cerca de 80 crianças,
que pertencem a famílias com a
renda mínima de 270 reais. Pág. 5
Aline Anacleto
A comunidade, próxima ao Jardim Iririú, é um
exemplo do esquecimento do poder público. Os
moradores solicitam o aumento no número de
itinerários, asfaltamento de ruas, a construção de
escolas e melhoria na saúde
Joinville/SC, 30 de novembro de 2002
Primeira Pauta2
Opinião
EDITORIAL
Retirar a maquiagem
PorAline dos Anjos Anacleto
“Cidade das Flores”.
“Cidade das Bicicletas”. “Ci-
dade dos Príncipes”. É o que
se vende para os turistas:
uma bela cidade. Para o re-
cém-eleito governador: uma
cidade sem favela e sem mi-
séria. E, para os moradores
da periferia? Que cidade é
esta?
A maquiagem que a ro-
deia, cega os olhos dos mais
críticos. “Joinville não tem
pobreza!” Nossa cidade, es-
conde seus problemas dentro
das periferias. Como nossa
vizinha Curitiba, através de
“doces” pinceladas, elimina
a pobreza do cenário.
O que nossa cidade ocul-
ta, também, é a luta do povo
da periferia. A “Manchester
Catarinense” convive com a
negligência dos poderes pú-
blicos. São os moradores
das periferias que mantém a
beleza de nosso Centro, com
o suor de seu trabalho na in-
dústria, no comércio e no
mercado informal, enquan-
to seus bairros são esqueci-
dos e escondidos.
A comunidade da locali-
dade Portinho, no bairro Jar-
dim Iririú, é um exemplo do
esquecimento. Apesar de re-
centes melhorias na infra-es-
trutura, os moradores soli-
citam o aumento no núme-
ro de itinerários, asfaltamen-
to de ruas, a construção de
escolas e melhoria na saúde.
Outra deficiência no lo-
cal é a falta de segurança e o
desemprego. Há um cres-
cente aumento na violência,
não só no Portinho, mas em
toda a cidade. A falta de po-
liciamento ajuda a aumentar
esse índice, sendo que a mai-
oria dos crimes é cometida
nas periferias, cuja extensão
fazem de Joinville a “maior
cidade do Estado”. Segun-
do a Delegacia de Investiga-
ções Criminais (DIC), a ci-
dade que acolhe o Balé
Bolshoi enfrenta o aumento
da venda e utilização de en-
torpecentes. O crack é a
droga mais usada no bairro
Boa vista, que possui a mai-
or incidência de “bocas de
fumo”, 29%.
Apesar de tantas dificul-
dades, o Portinho possui um
voluntariado que se envolve
e ajuda em projetos, com
garra e força de vontade,
em busca da melhoria da
qualidade de vida. A Asso-
ciação de Moradores inves-
te na diminuição do desem-
prego, através da especiali-
zação profissional, como
uma aposta para reduzir a vi-
olência. Eles acreditam que
uma coisa acarreta outra, por
isso, são oferecidos cursos
de computação, eletricidade
e marcenaria, a fim de ten-
tar amenizar a violência e ga-
rantir empregos.
As cozinhas comunitárias
são outro exemplo de esperan-
ça e solidariedade. Várias mo-
radoras e mães trabalham vo-
luntariamente para garantir o ali-
mentam das crianças pobres do
bairro. Juntas lutam para pro-
gresso coletivo com responsa-
bilidade social: as crianças que
comem na cozinha, precisam
estar estudando e com sua car-
teira de vacinação em dia. Visi-
tar a localidade e compartilhar
seus problemas foi a forma que
encontramos para retirar um
pouco da maquiagem imposta
sobre Joinville e seus persona-
gens cotidianos, e mostrá-los a
você leitor.
Juliana G. Kock,
editora
EXPEDIENTE
Jornal Laboratório do
Curso de Comunicação So-
cial – Jornalismo – do Insti-
tuto Superior e Centro Edu-
cacional Luterano Bom Je-
sus/IELUSC. Edição noº
26, 30 de Novembro de
2002.
www.ielusc.br
Diretor Geral
Tito L. Lermen
Diretor do Curso
Edelberto Behs
Professor Responsável
Juciano Lacerda
DRT-PB 1.177
Editoras
Juliana G. Kock
Aline dos Anjos Anacleto
EDITORIAS
Serviços
Fernanda Lüttke
Saúde
Sérgio Leal Nunes
Comunidade
Marino Braga Jr.
Cotidiano
Francisco Carlos Farias
Rosa Lopes
Suzana G. F. Lopes
Geral
Cristiane Kamarowski
Alessandra Kupas
Fotografia
Aline dos Anjos Anacleto
Pauteiras
Aline dos Anjos Anacleto
Juliana G. Kock
Diagramação
Adilson Luiz Girardi
Juciano de S. Lacerda
Redação:
Curso de Comunicação
Social - Jornalismo. Rua Ale-
xandre Dohler, 56, centro,
89226-260, Joinville
Tel: (47)4330155
E-mail:
primeirapauta@ielusc.br
Impressão: Gráfica
Helvética
Tiragem:
500 exemplares
Tanto tem se falado em
ser solidário, em exercer a
solidariedade. Mas, na prá-
tica, o que é solidariedade?
Gramaticalmente, a palavra
solidariedade é classificada
como um substantivo, e
substantivos servem para in-
dicar seres, conceitos e atos.
Daí, que a solidariedade
pode ser entendida como
uma atitude. Atitude de
apoio, proteção e cuidado
com alguém.
Grandes epidemias, guer-
ras, catástrofes são exemplos
que nos colocam diante de
situações em que pessoas
precisam ser apoiadas, pro-
tegidas e cuidadas. Nessas
ocasiões é preciso ter a cla-
reza de que precisamos mo-
dificar algumas posturas
pessoais, às vezes, precon-
ceituosas, e nos tornarmos
disponíveis para enfrentar
qualquer dificuldade.
Um grande exemplo de
solidariedade que temos em
Joinville são as cozinhas co-
munitárias, fundadas pelo
padre Luiz Facchini. Há sete
anos ele colocou a idéia em
prática, criando, primeira-
mente, a Fundação Pauli-
Madi Pró-Solidariedade e
Vida, uma espécie de em-
brião do projeto. Existem
atualmente 21 cozinhas co-
munitárias espalhadas por
diversos bairros carentes da
cidade. A expectativa para o
final do ano é que sejam
inauguradas mais três,
totalizando 24 cozinhas co-
munitárias em Joinville.
Importante destacar nes-
te trabalho é que as própri-
as mães das crianças prepa-
ram os alimentos. As crian-
ças têm a oportunidade de
se encontrar com outras pes-
soas, aumentando a possibi-
lidade de trocas afetivas.
Muitas vezes, aprendem
mais nas cozinhas comunitá-
rias do que na própria casa
em que vivem. O trabalho
voluntário edifica a pessoa.
Acompanhar o cotidiano
dessas pessoas nos engran-
deceu muito, pela simplici-
dade e humildade como
constroem o seu dia-a-dia.
Encerro com um poema da
Gabriela Mistral (abaixo), para
que pensemos, reflitamos e seja-
mos solidários de coração.
Solidariedade na prática
“Somos culpados de muitos erros
e muitas falhas,
mas nosso pior crime é abandonar as crianças,
desprezando a fonte de vida.
Muitas das coisas que precisamos podem esperar.
A criança não pode.
É exatamente agora que seus ossos estão se
formando,
seu sangue é produzido e seus sentidos estão se
desenvolvendo.
Para ela não podemos responder “Amanhã”.
Seu nome é ‘Hoje’.”
(Gabriela Mistral)
Primeira Pauta
Joinville/SC, 30 de novembro de 2002
3
Serviços
A população da localidade
Portinho, que fica entre o bair-
ro Jardim Iririú e Parque
Joinville, pede melhorias na
infra-estrutura da área. Apesar
de ter três linhas de ônibus, três
ruas asfaltadas e colocação de
tubos para escoamento de es-
goto em toda área, os mora-
dores querem a melhoria e o
aumento desses serviços. A
energia elétrica e a água já che-
gam a 90% das residências.
A localidade Portinho con-
ta hoje com as linhas Portinho
e Jardim Iririú, que saem do
terminal do Iririú, e a linha
Dom Gregório Warmeling,
que sai do terminal Tupy. Elas
cortam praticamente a Rua
Frontin. A população da área
reivindica mais duas linhas.
Uma que sirva a Rua
Uruguaiana e uma linha que
saia do terminal Tupy, passe
Portinho busca mais qualidade de vida
Fernanda Lüttke
Apesar de recentes avanços na infra-estrutura
e serviços, o local ainda necessita de melhorias
A primavera tem início na ci-
dade de Joinville. Estação em
que mais se vêem os céus da ci-
dade coloridos pelas pipas,
pandorgas, papagaios. Esta si-
tuação vem preocupando a co-
munidade local. Com várias
queixas de quebra de telhados,
cortes nos fios de luz, quedas e
acidentes provocados pelas cri-
anças que vão em busca de seus
brinquedos nas casas da vizi-
nhança. A associação de mora-
dores tenta a proibição da brin-
cadeira.
Em uma visita ao local,
pode-se ver, em grande parte da
fiação, restos de pandorgas e
muitas crianças subindo em te-
lhados e muros das casas para
pela Rua Riacho Santana e vá
até o bairro Cubatão. Isso tra-
rá benefício aos moradores,
que não precisarão caminhar
tanto para chegar até suas ca-
sas. Segundo a Transtusa
(Transporte e Turismo Santo
Antônio Ltda.), ainda não há
um projeto para essas novas
linhas, no entanto a empresa irá
estudar a proposta.
A comunidade também
busca a ampliação da pavi-
mentação das ruas Martinho
Van Biene, Uruguaiana, Areia
Branca e Riacho Santana. Es-
sas obras dependem da Secre-
taria Regional do Comasa/
Boa Vista. Pelo antigo projeto
da Companhia de Desenvol-
vimento e Urbanização de
Joinville (Conurb), as ruas Ro-
cha Pombo e Tabatinga serão
as próximas a serem asfaltadas.
Estas vias foram definidas em
pleito realizado com os mo-
radores, onde mais de 90%
aceitaram a pavimentação. “O
maior problema para nós mo-
radores é o pó em dias secos
e a lama quando chove na ci-
dade”, relata a dona de casa,
Sandra Pianini, residente a Rua
Uruguaiana.
O abastecimento está com
melhor qualidade. “Um dos
motivos é a queda do número
de cortes no fornecimento”,
explica o presidente da Asso-
ciação de Moradores Chico
Mendes, do Portinho, Augusto
Pires de Lima.
A dona de casa Sandra
acredita que a qualidade da
água e todo o saneamento es-
tão em boas condições. O sa-
neamento está com obras em
fase conclusiva em sua grande
parte, com a colocação dos
tubos.
Por conta de lotes irregula-
res no final da Rua Coronel
Vieira com Rodrigo Lobo, os
moradores sofrem com a fal-
ta de abastecimento de luz e
água. São freqüentes os chama-
dos “rabichos”, ligações clan-
destinas feitas de casas ou pos-
tes para outras residências sem
o serviço, enquanto não há a
regularização dos terrenos.
Reclamação
Lixo é jogado em terrenos
baldios, bem como na beira-
da das ruas, causando grande
transtorno em dias de chuva.
Há o entupimento das bocas
de lobo bem como inutiliza-
ção do encanamento que de-
veria dar vazão às águas da
chuva. Por essa razão Augusto
de Lima reclama da falta de
apoio dos moradores em rela-
ção à manter a limpeza das ruas.
brincar com um dos passatem-
pos mais baratos. Isso está cau-
sando problemas na rede elétrica
da área bem como o perigo de
acidentes com as crianças.
Os moradores não acham
uma má idéia a proibição das
diversões com os papagaios.
Com a proibição, seria necessá-
rio um local para divertimento
como parques e campinhos de
futebol, para que as crianças con-
tinuem sua brincadeira. Segun-
do Lamir Machado da Silva,
12 anos, o bairro é bastante
apropriado para a brincadei-
ra. “Não há muito movimen-
to dos carros, é bom para a
gente brincar, basta ter um lu-
gar”, diz. [FL]
Perigo: crianças, pipa e cerol
Mais duas linhas: população pede ampliação de itinerários
Papagaios: diversão expõe crianças ao risco e provoca acidentes na rede elétrica
Fotos: Aline Anacleto
4
Sergio Leal Nunes
Saúde
Sensibilizar a Prefeitura para
a implantação de um posto de
saúde no Portinho é um antigo
objetivo que ainda não foi alcan-
çado pelos moradores. Segundo
o presidente da Associação de
Moradores Chico Mendes,
Augusto Pires de Lima, 56 anos,
morador do local há quinze
anos, a principal causa é a falta
de mobilização comunitária. Em
Saúde não é prioridade no Portinho
Ainda falta um posto de saúde no Portinho, a maior causa é a desmobilização dos moradores
Em março, a associação
conseguiu fazer uma reunião
com a secretária da saúde,
Tânia Eberhardt. Ela ressal-
ta que o Planejamento
Plurianual – PPA, que regu-
lamenta ações administrati-
vas, não prevê um posto de
saúde antes de 2005. E in-
forma que os postos mais
próximos serão ampliados e
que, de acordo os resultados
do censo, pode ser possível
uma reavaliação do PPA. A
intenção da diretoria da as-
sociação de moradores é ins-
talar o posto na própria sede,
entre as ruas Tabatinga e
Rocha Pombo, pela sua cen-
tralização. Mas para isto o
local teria de sofrer adapta-
ções com ampliação do es-
paço. Segundo o vice-presi-
pando. Afirma ainda que, com
um posto, a qualidade da saúde,
na localidade, iria melhorar mui-
to. Atualmente, para conseguir
uma ficha de atendimento nos
postos da região, os usuários já
devem estar na fila desde a meia-
noite.
Maria de Lourdes Paulina
mora na mesma rua. Trabalha
em casa e na cozinha comunitá-
ria da Fundação Pauli-Madi Pró-
Solidariedade e Vida. Sobre a
pouca participação nas reuniões
é irônica: “Para aumentar a par-
ticipação só fazendo uma festa”.
Não foi na reunião sobre o pos-
to de saúde, mas já participou de
outras. Disse que não sabia: “É
que nas segundas-feiras, quando
tem reunião da associação, tenho
também reunião na igreja”.
“Nas reuniões só vão os
membros da diretoria. A gente
convida as pessoas, mas não vai
1991, foram realizadas duas reu-
niões nas associações de mora-
dores do Portinho e Parque
Joinville, para discutir a implan-
tação de um posto de saúde na
região. Enquanto na do Portinho
foram cerca de 30 pessoas, na
outra compareceram mais de
uma centena.
“Quando foi feita uma reu-
nião para discutir o asfaltamen-
to, milhares de pessoas compa-
receram à associação. Quando o
tema é a saúde ou a educação,
não vem ninguém”, desabafa o
presidente. O resultado é que, até
hoje, os habitantes do Portinho
deslocam-se até os postos dos
bairros mais próximos.
Participar das reuniões da As-
sociação Chico Mendes não é
uma atividade comum entre os
moradores do Portinho. Uma
prova da pouca interação social
do local. “Os moradores deve-
riam se unir, conversar mais uns
com os outros, e avisarem os
demais para irem até às reuni-
ões”, desabafa Lourenço Barbo-
sa. Segundo o morador da Rua
Frontin, os membros da associ-
ação vão de casa em casa avi-
sando os moradores. “Eu e mi-
nha esposa fomos pessoalmente
convocados pelo presidente da
associação”, afirma o esmerilha-
dor, que é morador do Portinho
há dez anos. Ele pensa que de-
veria haver mais pessoas partici-
ninguém”, desabafa Claudete
Pavalenice Alves, 35 anos, auxili-
ar de cozinha. A titular da Pasto-
ral da Saúde, órgão ligado à as-
sociação, mora na Rua Tabatinga,
próximo ao mangue. Ela analisa
que as pessoas que querem as-
falto, e só participam destas reu-
niões, não são as mesmas que dis-
putam as fichas de atendimento
nas noites e madrugadas. Para ela,
a qualidade da saúde irá melho-
rar porque vão diminuir as filas.
Mas só o posto não vai resolver.
Pedro de Souza, 51 anos,
sucateiro autônomo, afirma ser
bem atendido nos postos já exis-
tentes. Porem reclama da demo-
ra nas consultas. Segundo o mo-
rador da Rua Tabatinga, existe
um tempo de espera de até três
meses para uma simples consul-
ta médica. “Dá tempo para a
pessoa morrer e ressuscitar”,
ironiza Pedro de Souza.
dente da associação, Adilson
Gonçalves, 52 anos, a prefeitu-
ra comprometeu-se a ajudar na
medida do possível.
Os postos de saúde mais
próximos são os do Parque
Joinville e Jardim Iriríu, distan-
tes três quilômetros, e já enfren-
tam problemas de superlotação.
Para conseguir uma ficha de
atendimento as pessoas devem
chegar de madrugada. Em ca-
sos de emergência, o desloca-
mento em busca de socorro
pode ser ainda maiore. “Eu já
levei muita gente para o Regio-
nal. Já precisei usar o P.A. 24
Horas do Itaum e fui muito bem
atendido. Nós não temos estas
opções neste lado da cidade”,
critica o vice-presidente. Segun-
do ele, os postos mais próximos
atendem diariamente entre 10 a
15 moradores do Portinho.
Mas não são somente ne-
cessidades imediatas que pre-
ocupam os dirigentes da As-
sociação Chico Mendes.
Com a implantação de um
posto de saúde será possível
operacionalizar o Programa
de Saúde Familiar (PSF). “O
PSF é indispensável”, afirma
Augusto Pires de Lima. Nes-
te programa as ações são fo-
calizadas no atendimento
preventivo. Um agente co-
munitário visita cada uma
das famílias do local, dando
orientações sobre cuidados
com a saúde. Cinco pessoas
da associação já estão fazen-
do um curso de capacitação
para futuramente atuar
como voluntários no pro-
grama. [SLN]
Associação busca alternativas
Proximidade com mangue requer mais cuidados com a saúde
Primeira
Joinville/SC, 30 de
Aline Anacleto
5
comunidade
Com o objetivo de benefici-
ar crianças de famílias de baixa
renda foram criadas em Joinville
as cozinhas comunitárias. Vinte e
uma encontram-se espalhadas
em vários bairros da cidade
como Itinga, Ulisses Guimarães
e Boa vista.
Na localidade Portinho, na
Rua Rocha Pombo, a cozinha
atende diariamente, de segunda
à sexta-feira, um número de 50
a 80 crianças, no horário que vai
das 8h às 13h. Desde 1996, é
mantida pela Associação de
Moradores Chico Mendes.
A faixa etária das crianças que
freqüentam o local é de 3 a 14
anos. Nas famílias que fazem par-
te do projeto, 20% dos pais es-
tão desempregados e outros
20% ganham, no máximo, de um
salário mínimo a um salário mí-
nimo e meio. Considerando que
um salário mínimo corresponde
a apenas R$ 200,00, uma cesta
básica, que dependendo do ta-
manho da família não é suficien-
te, custa, no mínimo, R$ 120,00.
Neste caso, sobra para o pai as-
salariado uma importância irri-
sória de R$ 80,00, que não co-
bre as outras despesas como
transporte, água, luz e aluguel. Os
60% restantes possuem uma ren-
da média acima de dois salários.
Para ter acesso à cozinha co-
munitária toda a criança precisa
passar por um processo de
cadastramento, mas, para isso, ela
precisa obrigatoriamente estar na
escola e com sua carteira de va-
cinação em dia.
A Fundação Pauli-Madi Pró-
Solidariedade e Vida é quem for-
nece os grãos para a cozinha e as
frutas e verduras são doadas pe-
las verdureiras da comunidade.
As despesas referentes à água, luz
e manutenção ficam por conta
da Associação, uma vez que a
Cozinhas comunitárias amenizam a fome
Crianças recebem alimentos, ajuda escolar e carinho de moradoras e mães voluntárias
Prefeitura não contribui com ne-
nhuma verba. O valor das fatu-
ras de água e luz é de R$ 60,00,
pago através de uma importân-
cia de R$ 100,00, que são desti-
nados todo o mês pela Igreja São
Pedro, que atende a região do
Portinho. Os R$ 40,00 restantes
são para as demais despesas de
manutenção.
O quadro de voluntários é
composto por vinte mulheres,
donas de casa, que se dividem
em cinco equipes. De cada qua-
tro mães, uma fica responsável
pela administração e as outras três
preparam a comida, servem e
cuidam dos meninos. Em cada
dia da semana atua uma equipe.
Das vinte voluntárias, cinco ali-
mentam seus filhos na cozinha.
Os cardápios não são feitos
metodicamente e também não
há nenhum acompanhamento de
nutricionista. As refeições são
simplesmente preparadas de
acordo com os mantimentos dis-
poníveis no dia, de modo que
os alimentos utilizados são basi-
camente o arroz, o feijão, o ma-
carrão, o fubá, além das verdu-
ras e dos legumes. E a única car-
ne servida é o frango. O bolo, o
arroz doce e a salada de frutas
fazem parte do cardápio das so-
bremesas.
A coordenadora Margarete
Hoft Rosa acredita que o traba-
lho é gratificante. E, segundo ela,
existe a possibilidade da cozinha
comunitária possuir sua sede pró-
pria. A Prefeitura cogitou a libe-
ração de um terreno para este
fim, porém, nenhum documen-
to foi enviado ou solicitado até
o momento, nada até agora foi
oficializado ou sequer con-
firmado.
“A cozinha representa para
mim muito mais que uma famí-
lia, é uma realização pessoal que
me compensa o tempo todo
com harmonia, serenidade, ale-
gria e uma paz interior ainda
maior”, destaca a voluntária
Maria de Fátima Faust Moser,
que há cinco anos se encarrega
de cuidar das crianças.
Marino Braga Jr.
“Venho todos os dias aqui, às
vezes não tenho o que comer em
casa. Acho muito importante o tra-
balho das voluntárias.”
Felipe de Araújo, 12 anos
“Tenho 4 filhos e todos eles
comem aqui. Aprendem mais
coisas aqui do que em casa.”
Márcia Soares, 32 anos,
voluntária há 7 meses
“O trabalho é gratificante e
faz a gente crescer espiritualmen-
te a cada dia.”
Margarete Hoft Rosa,
coordenadora da cozinha
“A cozinha representa mais que
uma família, é uma realização pes-
soal .”
Maria de Fátima F. Moser,
voluntária há 5 anos
a Pauta
novembro de 2002
As crianças precisam estar na escola e com sua carteira de vacinação em dia
Fotos: Aline Anacleto
Joinville/SC, 30 de novembro de 2002
Primeira Pauta
FranciscoCarlos Freitas
Cotidiano
A violência em Joinville au-
mentou consideravelmente nos
últimos meses e a população cla-
ma por policiamento nos bair-
ros onde maior parte dos deli-
tos são cometidos. Segundo es-
tatística do Instituto Médico Le-
gal (IML), comparando com o
número de atendimentos total
do ano passado, em 2002 houve
um crescimento de 10 % e o ano
ainda não terminou. Em 2001,
foram registrados 302 atendi-
mentos contra 339 deste ano. A
estatística do Instituto aponta
também uma mudança nos cri-
mes de homicídio que se torna-
ram mais violentos e com a par-
ticipação maior de mulheres
como vítimas.
O delegado Gilberto Cervi
Silva, titular da Primeira Delega-
cia de Polícia, credita este aumen-
to à questões sociais, como de-
semprego, pobreza, falta de pers-
pectiva, péssimas condições vida,
entre outras dificuldades enfren-
tadas pelos moradores da peri-
feria. Fato contestado pelo pre-
sidente da Associação de Mora-
dores do Loteamento Rosa e
Ulisses Guimarães, Wilson José
Demaria, 51 anos, que analisa a
infra-estrutura e condições de
vida do bairro como boas, mes-
mo assim o número de delitos
tem aumentado muito. “No bair-
População reivindica polícia no bairro
Moradores da periferia são
os que mais sofrem com
a falta de segurança
Auxílio a comunidade 24,61%
Crimes e Contravenções 33,79%
Ocorrências Diversas 28,80%
Emergências / Traumas / Acidentes 7,67%
Contra o Meio Ambiente 0,06%
Incêndios 0,54%
Serviços / Atividades profissionais 1,10%
Serviços / Atividades Afins 0,41%
Trânsito 2,10%
Bairros com maior incidência das bocas de fumo
Boa Vista 29 %
Iririu 27 %
Itaum e Fátima 15 %
Parque Joinville e Jardim Iririu 11 %
Aventureiro 9 %
Escolinha 5 %
Outros 4%
Fonte: Delegacia de Investigações Criminais (DIC).
ro tem uma escola moderna, e
não tem muitos desempregados,
mesmo assim o número de fur-
tos aumentou”, disse ele, afir-
mando que a população tem que
fazer rodízio para deixar suas
casas. “Se uma família sair para
um passeio, não avisar nenhum
vizinho ou deixar alguém em
casa, ao voltar, é praticamente
certo que vai ter surpresas”,
acrescentou Demaria.
Outro bairro que está sendo
ameaçado pela ação dos margi-
nais é o Comasa, onde apenas
em uma tarde de janeiro foram
registados oito assaltos com uso
de arma de fogo. “Já não agüen-
tamos mais, até o Sítio Arqueo-
lógico do Sambaqui foi invadi-
do por vândalos e usuários de
drogas”, afirmou o presidente da
Associação de Moradores Pau-
lo Roberto da Silva, 48 anos, que
diz que o bairro foi esquecido
pela Polícia. “Até a Praça David
da Graça virou ponto de encon-
tro para consumo de drogas e
pessoas desocupadas”, acrescen-
tou Silva.
Blitz e prisões
O capitão Adilson Michelli,
da Segunda Companhia da Polí-
cia Militar da Região Norte, ar-
gumentou que freqüentemente
realiza blitz na Praça e até agora
não foi encontrado ninguém con-
sumindo drogas. Mas salienta que
no bairro é comum a PM efetu-
ar prisões de adolescentes trafi-
cando, cometendo furtos ou as-
saltos à mão armada. “Eles são
soltos poucos horas depois”, dis-
se o capitão, acrescentando que
o Código Penal Brasileiro os pro-
tege e que, por esse motivo, co-
metem a maior parte dos crimes.
“Precisamos efetuar diversas pri-
sões para a criminalidade dimi-
nuir, como fizemos no
Loteamento Nossa Senhora da
Paz, há algum tempo, mas mui-
tos já estão soltos porque eram
adolescentes”, acrescentou.
Ao analisar a situação da Ur-
banização Nossa Senhora da Paz,
a presidente da Associação de
Moradores, Ivonete Vicente, 41
anos, rebate as afirmações do
Comandante Michelli. “Recente-
mente a polícia prendeu alguns
bagrinhos, mas os chefes conti-
nuam soltos, recrutando adoles-
centes e jovens desempregados”,
afirmou. Outra denúncia da pre-
sidente diz respeito à atuação dos
traficantes no bairro que ditam
“o que pode e o que não pode
funcionar”. “Tem um rapaz que
montou uma escola de futebol e
estava tirando os meninos das
ruas, mas foi impedido pelas fre-
qüentes ameaças a sua família”,
disse ela.(Veja no quadro ao lado
as estatísticas de incidência do trá-
fico de drogas nos bairros).
Já os 300 estabelecimentos
comerciais do Iririu não devem
ficar abertos depois das 18 h,
caso contrário, correm sérios ris-
cos de serem assaltados. “Reco-
mendo que fechem até antes,
porque à noite eles assaltam mes-
mo”, disse o comerciante
Manoel Cândido Lemos Filho,
54 anos, que mudou sua residên-
cia para o interior de sua loja, na
Rua Iririu. “Se deixar sozinho
eles entram e roubam tudo”,
contou ele.
O presidente da Associação
de Moradores, Oli Antônio Car-
doso Pinto, classifica como
inexistente o policiamento nos
bairros. “Além deste comercian-
te, o inquilino da Lanchonete da
Sede da Associação de Morado-
res também dorme no local, para
tentar inibir ação dos crimino-
sos”, argumentou Pinto.
Segundo o presidente da As-
sociação de Moradores do
Petrópolis, Osvaldo da Rosa, a
segurança em Joinville é precá-
ria, onde polícia fica em desvan-
tagem aos marginais. “Além dos
baixíssimos salários, carga horá-
ria com trabalho que necessita de
complementação, os PMs tem
que enfrentar falta de equipamen-
tos, usam revolver 38 e os mar-
ginais 765”, disse ele, em conjun-
to com o presidente da Associa-
ção de Moradores Vila Novos
Horizontes, Sadi Machado
Ameida, reivindicando uma mai-
or participação dos policiais nos
bairros.
“Quando a polícia resolve
dar uma batidinha às coisas me-
lhoram muito, precisamos de
rondas, com veículos e polícias
nas ruas”, concluiu Sadi.
Quadro demonstrativo de ocorrências por grupo
6
“Se uma família sair para um
passeio, não avisar nenhum
vizinho ou deixar alguém em
casa, ao voltar, é praticamente
certo que vai ter surpresas”
Wilson José Demaria, 51 anos
Loteamento Rosa e Ulisses Guimarães
Primeira Pauta
Joinville/SC, 30 de novembro de 2002
Rosa Lopes
Cotidiano
Comerciantes se queixam so-
bre a falta de segurança pública
e policiamento na localidade do
Portinho, em Joinville. A falta de
emprego e os baixos salários são
os principais fatores apontados
pela comunidade para o aumen-
to da criminalidade. Para rever-
ter esta situação, moradores se
mobilizam em busca de cursos
especializados para um maior
aperfeiçoamento profissional.
Para permanecer de portas
abertas além de driblar os assal-
tantes, o comerciante do
Portinho tem que ser criativo. É
necessário facilitar o crédito para
a venda de mercadorias. A for-
ma de pagamento encontrada é
o recebimento de notas promis-
sórias, caderneta, vale refeição e
até mesmo vale transporte, devi-
do à baixa renda dos moradores.
Cursos profissionalizantes são a saída
Associaçãodemoradoresapostaemcapacitaçãoparaerradicardesempregoecombaterviolência
Os desempregados procu-
ram a Associação de Morado-
res Chico Mendes que em par-
ceria com a Fundação Munici-
pal Albano, Schmidt promove a
especialização de cursos de com-
putação, eletricidade e marcena-
ria.
Foram ministradas até hoje
150 horas de curso e 146 pes-
soas já estão com o diploma de
computação. As estatísticas da
Fundama sobre as condições de
trabalho dos alunos matriculados
nos cursos de especialização,
apresentam os seguintes resulta-
dos:20% dos estudantes são de-
sempregados, 20% ganham em
média 1 salário mínimo,60% ga-
nham até 2 salários mínimos.
Comparando o Portinho
com outros bairros da periferia
de Joinville, com relação ao de-
semprego e nível de escolarida-
O empresário Wilson Santos,
36, que há 13 anos é proprietá-
rio do mercado Paraná, já foi
vítima de cinco furtos e um as-
salto à mão armada. “Neste úl-
timo assalto levei um grande sus-
to. Renderam minha esposa no
caixa com uma arma apontada
para sua cabeça e levaram cerca
de 2 mil reais”, desabafa o co-
merciante.
Apesar dos acontecimentos,
de, nota-se vários avanços. O
bairro Jarivatuba tem 12% de
desempregados, considerando
450 famílias residentes na região.
A situação entre os dois é simi-
lar, porém o diferencial é a for-
mação de trabalhadores em cur-
sos profissionalizantes existentes
no Portinho, que acaba gerando
maiores oportunidades de em-
prego futuro.Em relação ao Bair-
ro Jardim Edilene, o problema
ainda é mais critico, pois alem de
não ter curso profissional, os tra-
balhadores são obrigados a se
deslocar até o centro para bus-
car formação. A maioria dos de-
sempregados depende de trans-
porte público para se locomover
e não tem condições de pagar as
passagens, e acabam desistindo
do aprendizado. A conseqüência
é o desemprego, por falta de
qualificação profissional. [RL]
O índice de violência em
Joinville continua crescendo.
Conforme o relatório de aten-
dimento do 8º batalhão da Po-
lícia Militar são mais de 10.000
telefonemas por dia, solicitan-
do os mais diversos pedidos,
que vão desde simples informa-
ções e pedidos de auxílio, até
ocorrências mais graves. Des-
sas ligações telefônicas, efetiva-
mente, 350 são configuradas
como ocorrência policias e ne-
cessitam da intervenção dos
profissionais de segurança.
O relatório do 8º Batalhão
da Polícia Militar aponta um
crescimento do número de fur-
tos e o principal alvo são os es-
tabelecimentos comerciais. De
janeiro a setembro de 2001, fo-
ram registradas 394 ocorrências
contra 585 deste ano, apontando
um crescimento de 48,48%. O
relatório da PM aponta outro
dado alarmante, o crescimento de
33,19% nos furtos em residênci-
as. No ano passado foram
registrados 937 arrombamentos
contra 1.248 deste ano.
“Ninguém sabe o que é deter-
minante para a violência em
Joinville, por isso neste momento,
precisamos de uma cota de sacri-
Moradores optam por curso
fício de cada um. É um desafio
a ser abraçado”, destaca o soci-
ólogo e especialista emCrimina-
lidadeGláucioAryDillonSoares.
Para tentar coibir o aumen-
to da criminalidade, a Polícia
Militar irá intensificar as rondas
nos bairros e colocar todo o efe-
tivo nas ruas.“Contaremos com
150 homens auxiliados por um
helicóptero”, afirmou o Segun-
do Tenente Jardel Silva, asses-
sor de comunicação do 8º Bata-
lhão da PM.
Aumenta violência em Joinville
Crédito facilitado é estratégia para seduzir clientela
Santos comenta que não preten-
de mudar de local, pois acredita
que o bairro tem progredido, le-
vando em conta o grande núme-
ro de moradias construídas re-
centemente. Segundo Marlene
Silvestre, dona da padaria Pão
Doce, a violência aumentou de-
vido à falta de emprego. “Eu
recebo cerca de seis pedidos de
emprego por dia”, afirma a
empresária.
7
Futebol: saída para jovens
Para os adolescentes a op-
ção é aprender a jogar futebol
de forma profissional. O pro-
fessor Paulo Rechback, 35,
que é treinador ha mais de um
ano, tem uma equipe forma-
da de 40 alunos entre 12 a 15
anos. Eles se reúnem três ve-
zes por semana e disputam
partidas nos finais de semana,
para aperfeiçoar os passes e in-
centivar as jogadas individuais.
As meninas também pos-
suem seu espaço reservado nas
partidas de futebol. Carlos
Dias, 34, treina cerca de 30
adolescentes de 12 a 17 anos,
duas vezes por semana. Ele
busca incentivar as alunas a tra-
balhar em equipe. [RL]
Suzana G.F. Lopes
De janeiro a setembro de 2001,
foram registradas 394 ocorrências
contra 585 deste ano, apontando
um crescimento de 48,48%
Joinville/SC, 30 de novembro de 2002
Primeira Pauta8
Geral
Cristiane A. Kamarowski
A educação na localidade
do Portinho é precária. Os mo-
radores reclamam da falta que
faz um colégio que possua ensi-
no médio, pois muitos têm que
se deslocar para o centro da ci-
dade. “Fui obrigado a fazer o 2º
grau no colégio Nova Era, do
contrário, ficaria sem estudar”,
afirma o morador Vilmar Pires.
Há somente duas escolas situa-
das na região.
Atendem a comunidade a Es-
cola Profª Laura Andrade, exis-
tente há 18 anos, localizada à Rua
Senador Rodrigo Lobo, perten-
cente ao bairro Jardim Iririú, e a
Escola Hilda Anna Krisch, situa-
da no loteamento Dom Gregório
Warmeling, construída há três
anos. Os estabelecimentos são
municipais e possuem apenas o
ensino fundamental (1ª a 8ª séri-
es). A Escola Laura Andrade
possui também supletivo, de 5ª a
8ª séries.
O presidente da Associação de
moradores Chico Mendes,
Augusto Pires de Lima, 56 anos,
aponta para a necessidade de um
colégio que possua ensino médio
e também de uma creche comu-
nitária. A comunidade já entrou
com um processo junto à Prefei-
tura, para construção da creche,
mas nada foi feito até agora. “Isso
seria ótimo, pois as mães poderi-
am trabalhar fora e ajudar seus
maridos com as despesas da casa”,
justificaopresidentedaassociação.
A evasão escolar é uma cons-
tante na comunidade, as crianças
não recebem incentivo dos pais e
acabam desistindo de estudar.
“Desisti de estudar porque meus
pais falaram que não vale a pena.
Eles também não estudaram”,
revelou Maurício de Oliveira.
A moradora Vanessa
Medeiros, 35 anos, reclama: “Al-
gumas pessoas são acomoda-
das, não se interessam em tra-
População reivindica colégios estaduais
O Portinho precisa de
muitas melhorias, mas os
moradores não recebem aju-
da financeira do Município. E
apesar de todas essas dificul-
dades e necessidades, eles ti-
ram dinheiro de onde não
tem para conseguir o progres-
so do local. A região tem cer-
ca de 450 famílias onde a
maioria é de baixa renda e
têm mais de seis filhos. A me-
tade da população é com-
posta de jovens e adultos.
No início, o Portinho era
uma área de manguezal. “Aqui
era feio, não tinha nada, era
só mato”, diz o morador
Santin Pereira, 60 anos, que
vive na região desde 1985.
Quando ele chegou “havia
apenas umas quatro ou cinco
casas”. Segundo Augusto Pi-
res de Lima, Presidente da
Associação de moradores
Alunos do Portinho obrigam-se
a estudar no Centro da cidade
balhar e muito menos em estu-
dar. Há um certo descaso”.
O secretário de Educação e
Cultura de Joinville, Sylvio
Sneicikowski lamenta: “Infeliz-
mente não há previsões para a
construção de um novo colégio
nessa localidade. Está tudo
meio que estagnado no momen-
to, primeiramente por estarmos
rumando para o final do ano e
também pela transição de go-
verno”.
Segundo Maria José Macha-
do Alvarez, auxiliar de direção
da Escola Hilda Anna Krisch, a
disponibilidade de vagas no lo-
cal é de 1.102 alunos no perío-
do diurno e 109 no período no-
turno. Dentre estes, apenas
20% são alunos do Portinho.
Não há incidência de evasão
escolar na Hilda Anna Krisch.
Os professores estão sempre aler-
ta e costumam controlar a fre-
qüência dos alunos. Um dos pro-
blemas apontados é a questão das
faltas constantes. Houve épocas
em que chegou a ter uma estatís-
tica de 100 faltas por mês. As jus-
tificativas são sempre as mesmas,
o motivo é que as mães precisam
seausentardeixandoosfilhosmais
velhos cuidando dos mais novos.
O auxiliar de direção da Esco-
la Profª Laura Andrade, Dilnei
Alves de Souza, afirmou que a
escola possui em média 1.300 alu-
nos matriculados e, dentre estes,
95% são do Portinho. A escola
possui também o ensino modula-
rizado por meio de apostilas cedi-
das pela Prefeitura, em que se é
possível fazer quatro séries em
aproximadamente dois anos, se o
aluno for esforçado. Os alunos
do modularizado possuem em
média cerca de 40 anos.
PordeterminaçãodaLDB(Lei
de Diretrizes e Bases) o ensino
médio é de responsabilidade do
Estado e não do Município.
Chico Mendes, as pessoas cor-
tavam madeira, roçavam o ter-
reno, mas se no outro dia não
aparecessem, outros iam lá e fa-
ziam sua casa.
Como muitos terrenos fo-
ram invadidos, os moradores
não tinham um documento le-
galizando a situação. O Portinho
não era reconhecido no plane-
jamento urbano do município.
A irregularidade dificultava a ins-
talação de serviços como água
e luz. Por isso, a imobiliária Vi-
são fez uma proposta aos mo-
radores: eles financiariam a ins-
talação desses serviços básicos,
pagando um terço do seu salá-
rio. A Prefeitura somente fez
chegar a água e luz no local.
Em outubro de 1987, foi
fundada a Associação de mo-
radores, com a intenção de fa-
zer melhorias no Portinho.Entre
1990 e 91, a Secretária da Habi-
tação realizou em conjunto com
os moradores a instalação da tu-
bulação. Antes o esgoto corria
a céu aberto. Há uns dez anos
atrás não havia pavimentação.
“Quando chovia a gente ti-
rava a bicicleta nas costas”,
disse Augusto Pires. Algumas
áreas do Portinho já estão sen-
do asfaltadas e a outra parte
está para receber pavimenta-
ção. Os moradores estão de-
cidindo as formas de paga-
mento com a Prefeitura, para
saber o tempo que vai demo-
rar o início das obras.
Augusto Pires afirma que a
localidade inteira deve ter
melhorias: “É onde vivem
pessoas mais pobres, que não
tem um bom salário ou não
tem emprego”.
O Portinho tem esse
nome porque há alguns anos
ele se resumia em algumas ca-
banas de pescadores, com
suas embarcações estaciona-
das ao lado da casa, próxi-
mo ao rio, em cujas águas ain-
da era possível encontrar es-
pécies de peixes.
Moradores do Portinho querem melhorias
Aline Anacleto
Alessandra Kupas
Criança indo para a escola: uma cena que a comunidade quer ver sempre no Portinho

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População do Portinho busca melhorias em serviços e infraestrutura

  • 1. Primeira PautaJornal Laboratório do Curso de Comunicação Social - Jornalismo - Turma 6º Semestre/2002 Edição nº 26 - 30 de novembro de 2002 Um lugar chamado Portinho Um lugar chamado Portinho Geral População reinvidica ensino médio Os moradores solicitam a coloca- ção de escolas estaduais próximas à localidade, já que só há municipais. Com a precariedade na educação, os alunos são obrigados a se deslocarem até o centro para conseguir estudar. Pág. 8 Saúde Falta posto médico Sem um posto de saúde os mora- dores têm que se deslocar três quilô- metros até os postos dos bairros mais próximos. Segundo a Associa- ção de Moradores, a principal causa é a ausência de mobilização e interação social da comunidade. Pág. 4 Comunidade Ação voluntária Voluntariado e solidariedade são a resposta para a cozinha co- munitária da localidade. Cerca de vinte mulheres doam seu tempo para ajudar cerca de 80 crianças, que pertencem a famílias com a renda mínima de 270 reais. Pág. 5 Aline Anacleto A comunidade, próxima ao Jardim Iririú, é um exemplo do esquecimento do poder público. Os moradores solicitam o aumento no número de itinerários, asfaltamento de ruas, a construção de escolas e melhoria na saúde
  • 2. Joinville/SC, 30 de novembro de 2002 Primeira Pauta2 Opinião EDITORIAL Retirar a maquiagem PorAline dos Anjos Anacleto “Cidade das Flores”. “Cidade das Bicicletas”. “Ci- dade dos Príncipes”. É o que se vende para os turistas: uma bela cidade. Para o re- cém-eleito governador: uma cidade sem favela e sem mi- séria. E, para os moradores da periferia? Que cidade é esta? A maquiagem que a ro- deia, cega os olhos dos mais críticos. “Joinville não tem pobreza!” Nossa cidade, es- conde seus problemas dentro das periferias. Como nossa vizinha Curitiba, através de “doces” pinceladas, elimina a pobreza do cenário. O que nossa cidade ocul- ta, também, é a luta do povo da periferia. A “Manchester Catarinense” convive com a negligência dos poderes pú- blicos. São os moradores das periferias que mantém a beleza de nosso Centro, com o suor de seu trabalho na in- dústria, no comércio e no mercado informal, enquan- to seus bairros são esqueci- dos e escondidos. A comunidade da locali- dade Portinho, no bairro Jar- dim Iririú, é um exemplo do esquecimento. Apesar de re- centes melhorias na infra-es- trutura, os moradores soli- citam o aumento no núme- ro de itinerários, asfaltamen- to de ruas, a construção de escolas e melhoria na saúde. Outra deficiência no lo- cal é a falta de segurança e o desemprego. Há um cres- cente aumento na violência, não só no Portinho, mas em toda a cidade. A falta de po- liciamento ajuda a aumentar esse índice, sendo que a mai- oria dos crimes é cometida nas periferias, cuja extensão fazem de Joinville a “maior cidade do Estado”. Segun- do a Delegacia de Investiga- ções Criminais (DIC), a ci- dade que acolhe o Balé Bolshoi enfrenta o aumento da venda e utilização de en- torpecentes. O crack é a droga mais usada no bairro Boa vista, que possui a mai- or incidência de “bocas de fumo”, 29%. Apesar de tantas dificul- dades, o Portinho possui um voluntariado que se envolve e ajuda em projetos, com garra e força de vontade, em busca da melhoria da qualidade de vida. A Asso- ciação de Moradores inves- te na diminuição do desem- prego, através da especiali- zação profissional, como uma aposta para reduzir a vi- olência. Eles acreditam que uma coisa acarreta outra, por isso, são oferecidos cursos de computação, eletricidade e marcenaria, a fim de ten- tar amenizar a violência e ga- rantir empregos. As cozinhas comunitárias são outro exemplo de esperan- ça e solidariedade. Várias mo- radoras e mães trabalham vo- luntariamente para garantir o ali- mentam das crianças pobres do bairro. Juntas lutam para pro- gresso coletivo com responsa- bilidade social: as crianças que comem na cozinha, precisam estar estudando e com sua car- teira de vacinação em dia. Visi- tar a localidade e compartilhar seus problemas foi a forma que encontramos para retirar um pouco da maquiagem imposta sobre Joinville e seus persona- gens cotidianos, e mostrá-los a você leitor. Juliana G. Kock, editora EXPEDIENTE Jornal Laboratório do Curso de Comunicação So- cial – Jornalismo – do Insti- tuto Superior e Centro Edu- cacional Luterano Bom Je- sus/IELUSC. Edição noº 26, 30 de Novembro de 2002. www.ielusc.br Diretor Geral Tito L. Lermen Diretor do Curso Edelberto Behs Professor Responsável Juciano Lacerda DRT-PB 1.177 Editoras Juliana G. Kock Aline dos Anjos Anacleto EDITORIAS Serviços Fernanda Lüttke Saúde Sérgio Leal Nunes Comunidade Marino Braga Jr. Cotidiano Francisco Carlos Farias Rosa Lopes Suzana G. F. Lopes Geral Cristiane Kamarowski Alessandra Kupas Fotografia Aline dos Anjos Anacleto Pauteiras Aline dos Anjos Anacleto Juliana G. Kock Diagramação Adilson Luiz Girardi Juciano de S. Lacerda Redação: Curso de Comunicação Social - Jornalismo. Rua Ale- xandre Dohler, 56, centro, 89226-260, Joinville Tel: (47)4330155 E-mail: primeirapauta@ielusc.br Impressão: Gráfica Helvética Tiragem: 500 exemplares Tanto tem se falado em ser solidário, em exercer a solidariedade. Mas, na prá- tica, o que é solidariedade? Gramaticalmente, a palavra solidariedade é classificada como um substantivo, e substantivos servem para in- dicar seres, conceitos e atos. Daí, que a solidariedade pode ser entendida como uma atitude. Atitude de apoio, proteção e cuidado com alguém. Grandes epidemias, guer- ras, catástrofes são exemplos que nos colocam diante de situações em que pessoas precisam ser apoiadas, pro- tegidas e cuidadas. Nessas ocasiões é preciso ter a cla- reza de que precisamos mo- dificar algumas posturas pessoais, às vezes, precon- ceituosas, e nos tornarmos disponíveis para enfrentar qualquer dificuldade. Um grande exemplo de solidariedade que temos em Joinville são as cozinhas co- munitárias, fundadas pelo padre Luiz Facchini. Há sete anos ele colocou a idéia em prática, criando, primeira- mente, a Fundação Pauli- Madi Pró-Solidariedade e Vida, uma espécie de em- brião do projeto. Existem atualmente 21 cozinhas co- munitárias espalhadas por diversos bairros carentes da cidade. A expectativa para o final do ano é que sejam inauguradas mais três, totalizando 24 cozinhas co- munitárias em Joinville. Importante destacar nes- te trabalho é que as própri- as mães das crianças prepa- ram os alimentos. As crian- ças têm a oportunidade de se encontrar com outras pes- soas, aumentando a possibi- lidade de trocas afetivas. Muitas vezes, aprendem mais nas cozinhas comunitá- rias do que na própria casa em que vivem. O trabalho voluntário edifica a pessoa. Acompanhar o cotidiano dessas pessoas nos engran- deceu muito, pela simplici- dade e humildade como constroem o seu dia-a-dia. Encerro com um poema da Gabriela Mistral (abaixo), para que pensemos, reflitamos e seja- mos solidários de coração. Solidariedade na prática “Somos culpados de muitos erros e muitas falhas, mas nosso pior crime é abandonar as crianças, desprezando a fonte de vida. Muitas das coisas que precisamos podem esperar. A criança não pode. É exatamente agora que seus ossos estão se formando, seu sangue é produzido e seus sentidos estão se desenvolvendo. Para ela não podemos responder “Amanhã”. Seu nome é ‘Hoje’.” (Gabriela Mistral)
  • 3. Primeira Pauta Joinville/SC, 30 de novembro de 2002 3 Serviços A população da localidade Portinho, que fica entre o bair- ro Jardim Iririú e Parque Joinville, pede melhorias na infra-estrutura da área. Apesar de ter três linhas de ônibus, três ruas asfaltadas e colocação de tubos para escoamento de es- goto em toda área, os mora- dores querem a melhoria e o aumento desses serviços. A energia elétrica e a água já che- gam a 90% das residências. A localidade Portinho con- ta hoje com as linhas Portinho e Jardim Iririú, que saem do terminal do Iririú, e a linha Dom Gregório Warmeling, que sai do terminal Tupy. Elas cortam praticamente a Rua Frontin. A população da área reivindica mais duas linhas. Uma que sirva a Rua Uruguaiana e uma linha que saia do terminal Tupy, passe Portinho busca mais qualidade de vida Fernanda Lüttke Apesar de recentes avanços na infra-estrutura e serviços, o local ainda necessita de melhorias A primavera tem início na ci- dade de Joinville. Estação em que mais se vêem os céus da ci- dade coloridos pelas pipas, pandorgas, papagaios. Esta si- tuação vem preocupando a co- munidade local. Com várias queixas de quebra de telhados, cortes nos fios de luz, quedas e acidentes provocados pelas cri- anças que vão em busca de seus brinquedos nas casas da vizi- nhança. A associação de mora- dores tenta a proibição da brin- cadeira. Em uma visita ao local, pode-se ver, em grande parte da fiação, restos de pandorgas e muitas crianças subindo em te- lhados e muros das casas para pela Rua Riacho Santana e vá até o bairro Cubatão. Isso tra- rá benefício aos moradores, que não precisarão caminhar tanto para chegar até suas ca- sas. Segundo a Transtusa (Transporte e Turismo Santo Antônio Ltda.), ainda não há um projeto para essas novas linhas, no entanto a empresa irá estudar a proposta. A comunidade também busca a ampliação da pavi- mentação das ruas Martinho Van Biene, Uruguaiana, Areia Branca e Riacho Santana. Es- sas obras dependem da Secre- taria Regional do Comasa/ Boa Vista. Pelo antigo projeto da Companhia de Desenvol- vimento e Urbanização de Joinville (Conurb), as ruas Ro- cha Pombo e Tabatinga serão as próximas a serem asfaltadas. Estas vias foram definidas em pleito realizado com os mo- radores, onde mais de 90% aceitaram a pavimentação. “O maior problema para nós mo- radores é o pó em dias secos e a lama quando chove na ci- dade”, relata a dona de casa, Sandra Pianini, residente a Rua Uruguaiana. O abastecimento está com melhor qualidade. “Um dos motivos é a queda do número de cortes no fornecimento”, explica o presidente da Asso- ciação de Moradores Chico Mendes, do Portinho, Augusto Pires de Lima. A dona de casa Sandra acredita que a qualidade da água e todo o saneamento es- tão em boas condições. O sa- neamento está com obras em fase conclusiva em sua grande parte, com a colocação dos tubos. Por conta de lotes irregula- res no final da Rua Coronel Vieira com Rodrigo Lobo, os moradores sofrem com a fal- ta de abastecimento de luz e água. São freqüentes os chama- dos “rabichos”, ligações clan- destinas feitas de casas ou pos- tes para outras residências sem o serviço, enquanto não há a regularização dos terrenos. Reclamação Lixo é jogado em terrenos baldios, bem como na beira- da das ruas, causando grande transtorno em dias de chuva. Há o entupimento das bocas de lobo bem como inutiliza- ção do encanamento que de- veria dar vazão às águas da chuva. Por essa razão Augusto de Lima reclama da falta de apoio dos moradores em rela- ção à manter a limpeza das ruas. brincar com um dos passatem- pos mais baratos. Isso está cau- sando problemas na rede elétrica da área bem como o perigo de acidentes com as crianças. Os moradores não acham uma má idéia a proibição das diversões com os papagaios. Com a proibição, seria necessá- rio um local para divertimento como parques e campinhos de futebol, para que as crianças con- tinuem sua brincadeira. Segun- do Lamir Machado da Silva, 12 anos, o bairro é bastante apropriado para a brincadei- ra. “Não há muito movimen- to dos carros, é bom para a gente brincar, basta ter um lu- gar”, diz. [FL] Perigo: crianças, pipa e cerol Mais duas linhas: população pede ampliação de itinerários Papagaios: diversão expõe crianças ao risco e provoca acidentes na rede elétrica Fotos: Aline Anacleto
  • 4. 4 Sergio Leal Nunes Saúde Sensibilizar a Prefeitura para a implantação de um posto de saúde no Portinho é um antigo objetivo que ainda não foi alcan- çado pelos moradores. Segundo o presidente da Associação de Moradores Chico Mendes, Augusto Pires de Lima, 56 anos, morador do local há quinze anos, a principal causa é a falta de mobilização comunitária. Em Saúde não é prioridade no Portinho Ainda falta um posto de saúde no Portinho, a maior causa é a desmobilização dos moradores Em março, a associação conseguiu fazer uma reunião com a secretária da saúde, Tânia Eberhardt. Ela ressal- ta que o Planejamento Plurianual – PPA, que regu- lamenta ações administrati- vas, não prevê um posto de saúde antes de 2005. E in- forma que os postos mais próximos serão ampliados e que, de acordo os resultados do censo, pode ser possível uma reavaliação do PPA. A intenção da diretoria da as- sociação de moradores é ins- talar o posto na própria sede, entre as ruas Tabatinga e Rocha Pombo, pela sua cen- tralização. Mas para isto o local teria de sofrer adapta- ções com ampliação do es- paço. Segundo o vice-presi- pando. Afirma ainda que, com um posto, a qualidade da saúde, na localidade, iria melhorar mui- to. Atualmente, para conseguir uma ficha de atendimento nos postos da região, os usuários já devem estar na fila desde a meia- noite. Maria de Lourdes Paulina mora na mesma rua. Trabalha em casa e na cozinha comunitá- ria da Fundação Pauli-Madi Pró- Solidariedade e Vida. Sobre a pouca participação nas reuniões é irônica: “Para aumentar a par- ticipação só fazendo uma festa”. Não foi na reunião sobre o pos- to de saúde, mas já participou de outras. Disse que não sabia: “É que nas segundas-feiras, quando tem reunião da associação, tenho também reunião na igreja”. “Nas reuniões só vão os membros da diretoria. A gente convida as pessoas, mas não vai 1991, foram realizadas duas reu- niões nas associações de mora- dores do Portinho e Parque Joinville, para discutir a implan- tação de um posto de saúde na região. Enquanto na do Portinho foram cerca de 30 pessoas, na outra compareceram mais de uma centena. “Quando foi feita uma reu- nião para discutir o asfaltamen- to, milhares de pessoas compa- receram à associação. Quando o tema é a saúde ou a educação, não vem ninguém”, desabafa o presidente. O resultado é que, até hoje, os habitantes do Portinho deslocam-se até os postos dos bairros mais próximos. Participar das reuniões da As- sociação Chico Mendes não é uma atividade comum entre os moradores do Portinho. Uma prova da pouca interação social do local. “Os moradores deve- riam se unir, conversar mais uns com os outros, e avisarem os demais para irem até às reuni- ões”, desabafa Lourenço Barbo- sa. Segundo o morador da Rua Frontin, os membros da associ- ação vão de casa em casa avi- sando os moradores. “Eu e mi- nha esposa fomos pessoalmente convocados pelo presidente da associação”, afirma o esmerilha- dor, que é morador do Portinho há dez anos. Ele pensa que de- veria haver mais pessoas partici- ninguém”, desabafa Claudete Pavalenice Alves, 35 anos, auxili- ar de cozinha. A titular da Pasto- ral da Saúde, órgão ligado à as- sociação, mora na Rua Tabatinga, próximo ao mangue. Ela analisa que as pessoas que querem as- falto, e só participam destas reu- niões, não são as mesmas que dis- putam as fichas de atendimento nas noites e madrugadas. Para ela, a qualidade da saúde irá melho- rar porque vão diminuir as filas. Mas só o posto não vai resolver. Pedro de Souza, 51 anos, sucateiro autônomo, afirma ser bem atendido nos postos já exis- tentes. Porem reclama da demo- ra nas consultas. Segundo o mo- rador da Rua Tabatinga, existe um tempo de espera de até três meses para uma simples consul- ta médica. “Dá tempo para a pessoa morrer e ressuscitar”, ironiza Pedro de Souza. dente da associação, Adilson Gonçalves, 52 anos, a prefeitu- ra comprometeu-se a ajudar na medida do possível. Os postos de saúde mais próximos são os do Parque Joinville e Jardim Iriríu, distan- tes três quilômetros, e já enfren- tam problemas de superlotação. Para conseguir uma ficha de atendimento as pessoas devem chegar de madrugada. Em ca- sos de emergência, o desloca- mento em busca de socorro pode ser ainda maiore. “Eu já levei muita gente para o Regio- nal. Já precisei usar o P.A. 24 Horas do Itaum e fui muito bem atendido. Nós não temos estas opções neste lado da cidade”, critica o vice-presidente. Segun- do ele, os postos mais próximos atendem diariamente entre 10 a 15 moradores do Portinho. Mas não são somente ne- cessidades imediatas que pre- ocupam os dirigentes da As- sociação Chico Mendes. Com a implantação de um posto de saúde será possível operacionalizar o Programa de Saúde Familiar (PSF). “O PSF é indispensável”, afirma Augusto Pires de Lima. Nes- te programa as ações são fo- calizadas no atendimento preventivo. Um agente co- munitário visita cada uma das famílias do local, dando orientações sobre cuidados com a saúde. Cinco pessoas da associação já estão fazen- do um curso de capacitação para futuramente atuar como voluntários no pro- grama. [SLN] Associação busca alternativas Proximidade com mangue requer mais cuidados com a saúde Primeira Joinville/SC, 30 de Aline Anacleto
  • 5. 5 comunidade Com o objetivo de benefici- ar crianças de famílias de baixa renda foram criadas em Joinville as cozinhas comunitárias. Vinte e uma encontram-se espalhadas em vários bairros da cidade como Itinga, Ulisses Guimarães e Boa vista. Na localidade Portinho, na Rua Rocha Pombo, a cozinha atende diariamente, de segunda à sexta-feira, um número de 50 a 80 crianças, no horário que vai das 8h às 13h. Desde 1996, é mantida pela Associação de Moradores Chico Mendes. A faixa etária das crianças que freqüentam o local é de 3 a 14 anos. Nas famílias que fazem par- te do projeto, 20% dos pais es- tão desempregados e outros 20% ganham, no máximo, de um salário mínimo a um salário mí- nimo e meio. Considerando que um salário mínimo corresponde a apenas R$ 200,00, uma cesta básica, que dependendo do ta- manho da família não é suficien- te, custa, no mínimo, R$ 120,00. Neste caso, sobra para o pai as- salariado uma importância irri- sória de R$ 80,00, que não co- bre as outras despesas como transporte, água, luz e aluguel. Os 60% restantes possuem uma ren- da média acima de dois salários. Para ter acesso à cozinha co- munitária toda a criança precisa passar por um processo de cadastramento, mas, para isso, ela precisa obrigatoriamente estar na escola e com sua carteira de va- cinação em dia. A Fundação Pauli-Madi Pró- Solidariedade e Vida é quem for- nece os grãos para a cozinha e as frutas e verduras são doadas pe- las verdureiras da comunidade. As despesas referentes à água, luz e manutenção ficam por conta da Associação, uma vez que a Cozinhas comunitárias amenizam a fome Crianças recebem alimentos, ajuda escolar e carinho de moradoras e mães voluntárias Prefeitura não contribui com ne- nhuma verba. O valor das fatu- ras de água e luz é de R$ 60,00, pago através de uma importân- cia de R$ 100,00, que são desti- nados todo o mês pela Igreja São Pedro, que atende a região do Portinho. Os R$ 40,00 restantes são para as demais despesas de manutenção. O quadro de voluntários é composto por vinte mulheres, donas de casa, que se dividem em cinco equipes. De cada qua- tro mães, uma fica responsável pela administração e as outras três preparam a comida, servem e cuidam dos meninos. Em cada dia da semana atua uma equipe. Das vinte voluntárias, cinco ali- mentam seus filhos na cozinha. Os cardápios não são feitos metodicamente e também não há nenhum acompanhamento de nutricionista. As refeições são simplesmente preparadas de acordo com os mantimentos dis- poníveis no dia, de modo que os alimentos utilizados são basi- camente o arroz, o feijão, o ma- carrão, o fubá, além das verdu- ras e dos legumes. E a única car- ne servida é o frango. O bolo, o arroz doce e a salada de frutas fazem parte do cardápio das so- bremesas. A coordenadora Margarete Hoft Rosa acredita que o traba- lho é gratificante. E, segundo ela, existe a possibilidade da cozinha comunitária possuir sua sede pró- pria. A Prefeitura cogitou a libe- ração de um terreno para este fim, porém, nenhum documen- to foi enviado ou solicitado até o momento, nada até agora foi oficializado ou sequer con- firmado. “A cozinha representa para mim muito mais que uma famí- lia, é uma realização pessoal que me compensa o tempo todo com harmonia, serenidade, ale- gria e uma paz interior ainda maior”, destaca a voluntária Maria de Fátima Faust Moser, que há cinco anos se encarrega de cuidar das crianças. Marino Braga Jr. “Venho todos os dias aqui, às vezes não tenho o que comer em casa. Acho muito importante o tra- balho das voluntárias.” Felipe de Araújo, 12 anos “Tenho 4 filhos e todos eles comem aqui. Aprendem mais coisas aqui do que em casa.” Márcia Soares, 32 anos, voluntária há 7 meses “O trabalho é gratificante e faz a gente crescer espiritualmen- te a cada dia.” Margarete Hoft Rosa, coordenadora da cozinha “A cozinha representa mais que uma família, é uma realização pes- soal .” Maria de Fátima F. Moser, voluntária há 5 anos a Pauta novembro de 2002 As crianças precisam estar na escola e com sua carteira de vacinação em dia Fotos: Aline Anacleto
  • 6. Joinville/SC, 30 de novembro de 2002 Primeira Pauta FranciscoCarlos Freitas Cotidiano A violência em Joinville au- mentou consideravelmente nos últimos meses e a população cla- ma por policiamento nos bair- ros onde maior parte dos deli- tos são cometidos. Segundo es- tatística do Instituto Médico Le- gal (IML), comparando com o número de atendimentos total do ano passado, em 2002 houve um crescimento de 10 % e o ano ainda não terminou. Em 2001, foram registrados 302 atendi- mentos contra 339 deste ano. A estatística do Instituto aponta também uma mudança nos cri- mes de homicídio que se torna- ram mais violentos e com a par- ticipação maior de mulheres como vítimas. O delegado Gilberto Cervi Silva, titular da Primeira Delega- cia de Polícia, credita este aumen- to à questões sociais, como de- semprego, pobreza, falta de pers- pectiva, péssimas condições vida, entre outras dificuldades enfren- tadas pelos moradores da peri- feria. Fato contestado pelo pre- sidente da Associação de Mora- dores do Loteamento Rosa e Ulisses Guimarães, Wilson José Demaria, 51 anos, que analisa a infra-estrutura e condições de vida do bairro como boas, mes- mo assim o número de delitos tem aumentado muito. “No bair- População reivindica polícia no bairro Moradores da periferia são os que mais sofrem com a falta de segurança Auxílio a comunidade 24,61% Crimes e Contravenções 33,79% Ocorrências Diversas 28,80% Emergências / Traumas / Acidentes 7,67% Contra o Meio Ambiente 0,06% Incêndios 0,54% Serviços / Atividades profissionais 1,10% Serviços / Atividades Afins 0,41% Trânsito 2,10% Bairros com maior incidência das bocas de fumo Boa Vista 29 % Iririu 27 % Itaum e Fátima 15 % Parque Joinville e Jardim Iririu 11 % Aventureiro 9 % Escolinha 5 % Outros 4% Fonte: Delegacia de Investigações Criminais (DIC). ro tem uma escola moderna, e não tem muitos desempregados, mesmo assim o número de fur- tos aumentou”, disse ele, afir- mando que a população tem que fazer rodízio para deixar suas casas. “Se uma família sair para um passeio, não avisar nenhum vizinho ou deixar alguém em casa, ao voltar, é praticamente certo que vai ter surpresas”, acrescentou Demaria. Outro bairro que está sendo ameaçado pela ação dos margi- nais é o Comasa, onde apenas em uma tarde de janeiro foram registados oito assaltos com uso de arma de fogo. “Já não agüen- tamos mais, até o Sítio Arqueo- lógico do Sambaqui foi invadi- do por vândalos e usuários de drogas”, afirmou o presidente da Associação de Moradores Pau- lo Roberto da Silva, 48 anos, que diz que o bairro foi esquecido pela Polícia. “Até a Praça David da Graça virou ponto de encon- tro para consumo de drogas e pessoas desocupadas”, acrescen- tou Silva. Blitz e prisões O capitão Adilson Michelli, da Segunda Companhia da Polí- cia Militar da Região Norte, ar- gumentou que freqüentemente realiza blitz na Praça e até agora não foi encontrado ninguém con- sumindo drogas. Mas salienta que no bairro é comum a PM efetu- ar prisões de adolescentes trafi- cando, cometendo furtos ou as- saltos à mão armada. “Eles são soltos poucos horas depois”, dis- se o capitão, acrescentando que o Código Penal Brasileiro os pro- tege e que, por esse motivo, co- metem a maior parte dos crimes. “Precisamos efetuar diversas pri- sões para a criminalidade dimi- nuir, como fizemos no Loteamento Nossa Senhora da Paz, há algum tempo, mas mui- tos já estão soltos porque eram adolescentes”, acrescentou. Ao analisar a situação da Ur- banização Nossa Senhora da Paz, a presidente da Associação de Moradores, Ivonete Vicente, 41 anos, rebate as afirmações do Comandante Michelli. “Recente- mente a polícia prendeu alguns bagrinhos, mas os chefes conti- nuam soltos, recrutando adoles- centes e jovens desempregados”, afirmou. Outra denúncia da pre- sidente diz respeito à atuação dos traficantes no bairro que ditam “o que pode e o que não pode funcionar”. “Tem um rapaz que montou uma escola de futebol e estava tirando os meninos das ruas, mas foi impedido pelas fre- qüentes ameaças a sua família”, disse ela.(Veja no quadro ao lado as estatísticas de incidência do trá- fico de drogas nos bairros). Já os 300 estabelecimentos comerciais do Iririu não devem ficar abertos depois das 18 h, caso contrário, correm sérios ris- cos de serem assaltados. “Reco- mendo que fechem até antes, porque à noite eles assaltam mes- mo”, disse o comerciante Manoel Cândido Lemos Filho, 54 anos, que mudou sua residên- cia para o interior de sua loja, na Rua Iririu. “Se deixar sozinho eles entram e roubam tudo”, contou ele. O presidente da Associação de Moradores, Oli Antônio Car- doso Pinto, classifica como inexistente o policiamento nos bairros. “Além deste comercian- te, o inquilino da Lanchonete da Sede da Associação de Morado- res também dorme no local, para tentar inibir ação dos crimino- sos”, argumentou Pinto. Segundo o presidente da As- sociação de Moradores do Petrópolis, Osvaldo da Rosa, a segurança em Joinville é precá- ria, onde polícia fica em desvan- tagem aos marginais. “Além dos baixíssimos salários, carga horá- ria com trabalho que necessita de complementação, os PMs tem que enfrentar falta de equipamen- tos, usam revolver 38 e os mar- ginais 765”, disse ele, em conjun- to com o presidente da Associa- ção de Moradores Vila Novos Horizontes, Sadi Machado Ameida, reivindicando uma mai- or participação dos policiais nos bairros. “Quando a polícia resolve dar uma batidinha às coisas me- lhoram muito, precisamos de rondas, com veículos e polícias nas ruas”, concluiu Sadi. Quadro demonstrativo de ocorrências por grupo 6 “Se uma família sair para um passeio, não avisar nenhum vizinho ou deixar alguém em casa, ao voltar, é praticamente certo que vai ter surpresas” Wilson José Demaria, 51 anos Loteamento Rosa e Ulisses Guimarães
  • 7. Primeira Pauta Joinville/SC, 30 de novembro de 2002 Rosa Lopes Cotidiano Comerciantes se queixam so- bre a falta de segurança pública e policiamento na localidade do Portinho, em Joinville. A falta de emprego e os baixos salários são os principais fatores apontados pela comunidade para o aumen- to da criminalidade. Para rever- ter esta situação, moradores se mobilizam em busca de cursos especializados para um maior aperfeiçoamento profissional. Para permanecer de portas abertas além de driblar os assal- tantes, o comerciante do Portinho tem que ser criativo. É necessário facilitar o crédito para a venda de mercadorias. A for- ma de pagamento encontrada é o recebimento de notas promis- sórias, caderneta, vale refeição e até mesmo vale transporte, devi- do à baixa renda dos moradores. Cursos profissionalizantes são a saída Associaçãodemoradoresapostaemcapacitaçãoparaerradicardesempregoecombaterviolência Os desempregados procu- ram a Associação de Morado- res Chico Mendes que em par- ceria com a Fundação Munici- pal Albano, Schmidt promove a especialização de cursos de com- putação, eletricidade e marcena- ria. Foram ministradas até hoje 150 horas de curso e 146 pes- soas já estão com o diploma de computação. As estatísticas da Fundama sobre as condições de trabalho dos alunos matriculados nos cursos de especialização, apresentam os seguintes resulta- dos:20% dos estudantes são de- sempregados, 20% ganham em média 1 salário mínimo,60% ga- nham até 2 salários mínimos. Comparando o Portinho com outros bairros da periferia de Joinville, com relação ao de- semprego e nível de escolarida- O empresário Wilson Santos, 36, que há 13 anos é proprietá- rio do mercado Paraná, já foi vítima de cinco furtos e um as- salto à mão armada. “Neste úl- timo assalto levei um grande sus- to. Renderam minha esposa no caixa com uma arma apontada para sua cabeça e levaram cerca de 2 mil reais”, desabafa o co- merciante. Apesar dos acontecimentos, de, nota-se vários avanços. O bairro Jarivatuba tem 12% de desempregados, considerando 450 famílias residentes na região. A situação entre os dois é simi- lar, porém o diferencial é a for- mação de trabalhadores em cur- sos profissionalizantes existentes no Portinho, que acaba gerando maiores oportunidades de em- prego futuro.Em relação ao Bair- ro Jardim Edilene, o problema ainda é mais critico, pois alem de não ter curso profissional, os tra- balhadores são obrigados a se deslocar até o centro para bus- car formação. A maioria dos de- sempregados depende de trans- porte público para se locomover e não tem condições de pagar as passagens, e acabam desistindo do aprendizado. A conseqüência é o desemprego, por falta de qualificação profissional. [RL] O índice de violência em Joinville continua crescendo. Conforme o relatório de aten- dimento do 8º batalhão da Po- lícia Militar são mais de 10.000 telefonemas por dia, solicitan- do os mais diversos pedidos, que vão desde simples informa- ções e pedidos de auxílio, até ocorrências mais graves. Des- sas ligações telefônicas, efetiva- mente, 350 são configuradas como ocorrência policias e ne- cessitam da intervenção dos profissionais de segurança. O relatório do 8º Batalhão da Polícia Militar aponta um crescimento do número de fur- tos e o principal alvo são os es- tabelecimentos comerciais. De janeiro a setembro de 2001, fo- ram registradas 394 ocorrências contra 585 deste ano, apontando um crescimento de 48,48%. O relatório da PM aponta outro dado alarmante, o crescimento de 33,19% nos furtos em residênci- as. No ano passado foram registrados 937 arrombamentos contra 1.248 deste ano. “Ninguém sabe o que é deter- minante para a violência em Joinville, por isso neste momento, precisamos de uma cota de sacri- Moradores optam por curso fício de cada um. É um desafio a ser abraçado”, destaca o soci- ólogo e especialista emCrimina- lidadeGláucioAryDillonSoares. Para tentar coibir o aumen- to da criminalidade, a Polícia Militar irá intensificar as rondas nos bairros e colocar todo o efe- tivo nas ruas.“Contaremos com 150 homens auxiliados por um helicóptero”, afirmou o Segun- do Tenente Jardel Silva, asses- sor de comunicação do 8º Bata- lhão da PM. Aumenta violência em Joinville Crédito facilitado é estratégia para seduzir clientela Santos comenta que não preten- de mudar de local, pois acredita que o bairro tem progredido, le- vando em conta o grande núme- ro de moradias construídas re- centemente. Segundo Marlene Silvestre, dona da padaria Pão Doce, a violência aumentou de- vido à falta de emprego. “Eu recebo cerca de seis pedidos de emprego por dia”, afirma a empresária. 7 Futebol: saída para jovens Para os adolescentes a op- ção é aprender a jogar futebol de forma profissional. O pro- fessor Paulo Rechback, 35, que é treinador ha mais de um ano, tem uma equipe forma- da de 40 alunos entre 12 a 15 anos. Eles se reúnem três ve- zes por semana e disputam partidas nos finais de semana, para aperfeiçoar os passes e in- centivar as jogadas individuais. As meninas também pos- suem seu espaço reservado nas partidas de futebol. Carlos Dias, 34, treina cerca de 30 adolescentes de 12 a 17 anos, duas vezes por semana. Ele busca incentivar as alunas a tra- balhar em equipe. [RL] Suzana G.F. Lopes De janeiro a setembro de 2001, foram registradas 394 ocorrências contra 585 deste ano, apontando um crescimento de 48,48%
  • 8. Joinville/SC, 30 de novembro de 2002 Primeira Pauta8 Geral Cristiane A. Kamarowski A educação na localidade do Portinho é precária. Os mo- radores reclamam da falta que faz um colégio que possua ensi- no médio, pois muitos têm que se deslocar para o centro da ci- dade. “Fui obrigado a fazer o 2º grau no colégio Nova Era, do contrário, ficaria sem estudar”, afirma o morador Vilmar Pires. Há somente duas escolas situa- das na região. Atendem a comunidade a Es- cola Profª Laura Andrade, exis- tente há 18 anos, localizada à Rua Senador Rodrigo Lobo, perten- cente ao bairro Jardim Iririú, e a Escola Hilda Anna Krisch, situa- da no loteamento Dom Gregório Warmeling, construída há três anos. Os estabelecimentos são municipais e possuem apenas o ensino fundamental (1ª a 8ª séri- es). A Escola Laura Andrade possui também supletivo, de 5ª a 8ª séries. O presidente da Associação de moradores Chico Mendes, Augusto Pires de Lima, 56 anos, aponta para a necessidade de um colégio que possua ensino médio e também de uma creche comu- nitária. A comunidade já entrou com um processo junto à Prefei- tura, para construção da creche, mas nada foi feito até agora. “Isso seria ótimo, pois as mães poderi- am trabalhar fora e ajudar seus maridos com as despesas da casa”, justificaopresidentedaassociação. A evasão escolar é uma cons- tante na comunidade, as crianças não recebem incentivo dos pais e acabam desistindo de estudar. “Desisti de estudar porque meus pais falaram que não vale a pena. Eles também não estudaram”, revelou Maurício de Oliveira. A moradora Vanessa Medeiros, 35 anos, reclama: “Al- gumas pessoas são acomoda- das, não se interessam em tra- População reivindica colégios estaduais O Portinho precisa de muitas melhorias, mas os moradores não recebem aju- da financeira do Município. E apesar de todas essas dificul- dades e necessidades, eles ti- ram dinheiro de onde não tem para conseguir o progres- so do local. A região tem cer- ca de 450 famílias onde a maioria é de baixa renda e têm mais de seis filhos. A me- tade da população é com- posta de jovens e adultos. No início, o Portinho era uma área de manguezal. “Aqui era feio, não tinha nada, era só mato”, diz o morador Santin Pereira, 60 anos, que vive na região desde 1985. Quando ele chegou “havia apenas umas quatro ou cinco casas”. Segundo Augusto Pi- res de Lima, Presidente da Associação de moradores Alunos do Portinho obrigam-se a estudar no Centro da cidade balhar e muito menos em estu- dar. Há um certo descaso”. O secretário de Educação e Cultura de Joinville, Sylvio Sneicikowski lamenta: “Infeliz- mente não há previsões para a construção de um novo colégio nessa localidade. Está tudo meio que estagnado no momen- to, primeiramente por estarmos rumando para o final do ano e também pela transição de go- verno”. Segundo Maria José Macha- do Alvarez, auxiliar de direção da Escola Hilda Anna Krisch, a disponibilidade de vagas no lo- cal é de 1.102 alunos no perío- do diurno e 109 no período no- turno. Dentre estes, apenas 20% são alunos do Portinho. Não há incidência de evasão escolar na Hilda Anna Krisch. Os professores estão sempre aler- ta e costumam controlar a fre- qüência dos alunos. Um dos pro- blemas apontados é a questão das faltas constantes. Houve épocas em que chegou a ter uma estatís- tica de 100 faltas por mês. As jus- tificativas são sempre as mesmas, o motivo é que as mães precisam seausentardeixandoosfilhosmais velhos cuidando dos mais novos. O auxiliar de direção da Esco- la Profª Laura Andrade, Dilnei Alves de Souza, afirmou que a escola possui em média 1.300 alu- nos matriculados e, dentre estes, 95% são do Portinho. A escola possui também o ensino modula- rizado por meio de apostilas cedi- das pela Prefeitura, em que se é possível fazer quatro séries em aproximadamente dois anos, se o aluno for esforçado. Os alunos do modularizado possuem em média cerca de 40 anos. PordeterminaçãodaLDB(Lei de Diretrizes e Bases) o ensino médio é de responsabilidade do Estado e não do Município. Chico Mendes, as pessoas cor- tavam madeira, roçavam o ter- reno, mas se no outro dia não aparecessem, outros iam lá e fa- ziam sua casa. Como muitos terrenos fo- ram invadidos, os moradores não tinham um documento le- galizando a situação. O Portinho não era reconhecido no plane- jamento urbano do município. A irregularidade dificultava a ins- talação de serviços como água e luz. Por isso, a imobiliária Vi- são fez uma proposta aos mo- radores: eles financiariam a ins- talação desses serviços básicos, pagando um terço do seu salá- rio. A Prefeitura somente fez chegar a água e luz no local. Em outubro de 1987, foi fundada a Associação de mo- radores, com a intenção de fa- zer melhorias no Portinho.Entre 1990 e 91, a Secretária da Habi- tação realizou em conjunto com os moradores a instalação da tu- bulação. Antes o esgoto corria a céu aberto. Há uns dez anos atrás não havia pavimentação. “Quando chovia a gente ti- rava a bicicleta nas costas”, disse Augusto Pires. Algumas áreas do Portinho já estão sen- do asfaltadas e a outra parte está para receber pavimenta- ção. Os moradores estão de- cidindo as formas de paga- mento com a Prefeitura, para saber o tempo que vai demo- rar o início das obras. Augusto Pires afirma que a localidade inteira deve ter melhorias: “É onde vivem pessoas mais pobres, que não tem um bom salário ou não tem emprego”. O Portinho tem esse nome porque há alguns anos ele se resumia em algumas ca- banas de pescadores, com suas embarcações estaciona- das ao lado da casa, próxi- mo ao rio, em cujas águas ain- da era possível encontrar es- pécies de peixes. Moradores do Portinho querem melhorias Aline Anacleto Alessandra Kupas Criança indo para a escola: uma cena que a comunidade quer ver sempre no Portinho