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Primeira.PautaDistribuição Gratuita
A maior universidade, um novo shopping-cen-
ter, grandes redes varejistas e uma visível desigual-
dade social são os cenários do Norte
Maior região em extensão e população, Sul sofre
com histórico esquecimento do poder público:
falta infraestrutura e há enormes problemas sociais
Natureza verdejante, área litorânea propícia
para pesca, predominância operária e tradição no
ensino profissionalizante são destaques do Leste
Cortada pela BR-101, a Zona Oeste tem os bair-
ros mais distantes do Centro, sofre com problemas
de alagamento e faz divisa com duas cidades
Que cidade é essa?
INVILLEJ
Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social do Bom Jesus/Ielusc - Maio de 2009
Foto:LindaTomelin
Foto:CláudioCostaFoto:AriadnaStraliotto
Foto:RayanaBorba
Maio.20092 P.P
O que cabe em 198 quilômetros
quadrados? Uma dica: é o tamanho
da área urbana de Joinville. Alguns
responderiam que cabem milhares
de campos de futebol ou muitos
hectares de Mata Atlântica. Para res­
ponder, o Primeira Pauta destacou
repórteres que percorreram os con­
finsdacidade.Estivemosnasúltimas
casas de dois jardins: o Edi­lene, no
extremo sul, e o Paraíso, no lado to­
talmente oposto. Chegamos à beira
do mar na Vigorelli e ao pé da Serra
do Mar, na derradeira residência
joinvilense antes de Schroeder.
Encontramos realidades dignas
de Primeiro Mundo e outras com­
paráveis às regiões mais pobres do
planeta. A equipe que circulou pela
Zona Norte, por exemplo, trouxe um
dado curioso: enquanto um terreno
médio no Jardim Paraíso custa em
torno de R$ 25 mil, não é possível
encontrar um bom espaço para con­
struir no América por menos R$ 300
mil. Do Norte também vem outro
contraste: o aluguel e instalação de
meiadúziadepalmeirasqueserviram
de decoração para a festa de lança­
mento do Joinville Garten Shopping,
no Centreventos, saíram pela bagate­
la de R$ 30 mil. Mais, portanto, que
um terreno no Jardim Paraíso, apenas
algunsquilômetrosàfrente,seguindo
pela Avenida Santos Dumont.
Nas áreas remotas do Vila Nova,
nossa equipe entrou na casa da úl­
tima moradora antes da divisa com
Guaramirim. A distância da casa até
o Centro de Guaramirim é de 15
quilômetros. Até a parte comercial
do Vila Nova, são 18. Até o Centro
de Joinville, a viagem é um pouco
maior: 30 quilômetros. A energia
elétrica é fornecida por Joinville. Já a
coletadelixoéfeitaporGuaramirim.
Paga-se IPTU para a Prefeitura de
Joinville, mas todos votam em Guar­
amirim. Por estar no meio do cam­
inho, a família não conta com cor­
reio, telefone, internet, TV a cabo e
fornecimento de água. O transporte
públicoquasechega:opontofinalda
linha Circular Oeste, a que vai mais
longe, fica ainda um quilômetro
antes da morada dessa família.
Segundo estimativas divulgadas
pelo Ippuj em 2008, Joinville conta
com 492.101 habitantes. Em 28
anos, a população mais que dobrou.
Porém, o crescimento está se de­
sacelerando.Ataxadeaumentopop­
ulacional, que era de mais de 6% ao
ano nas décadas de 50 a 70, hoje mal
chega a 1,89%. Os joinvilenses são
predominantemente jovens: 35,2%
têm entre 20 e 39 anos. A população
reside em 129,7 mil domicílios.
Essa gente toda consome 1.557
litros de água por segundo. Con­
forme a Águas de Joinville, o sistema
funciona no limite. São quase 125
mil ligações que contemplam 98%
da população. Os dados são desani­
madores quando o assunto é coleta
deesgoto:apenas16,2%dasresidên­
cias têm acesso à rede. E a Engepasa
Ambiental coleta, por mês, quase 11
mil toneladas de lixo.
Entrando na questão da mobi­
lidade, a cidade conta com 1.663
quilômetros de vias. Apenas 668
quilômetros são asfaltados. Por es­
sas vias trafegam 242.851 veículos,
157 mil dos quais são automóveis.
O transporte coletivo, operado pelas
concessionárias Gidion e Transtusa,
carrega 4,37 milhões usuários por
mês. A cidade conta ainda com 217
táxis.Otransporteparaoutraslocali­
dades movimentou 1,27 milhão de
passageiros na Rodoviária e 116,5
mil passageiros no aeroporto em
2007.
Apresentados esses dados, o
Primeira Pauta convida você a fazer
uma viagem aos quatro cantos de
Joinville. Neste passeio, você encon­
trará muita gente que mora perto
da sua casa ou que você encontra
caminhando na Rua do Príncipe ou
na 15 de Novembro. Mas também
conhecerá pessoas que chegaram
aqui há longo tempo e cujos filhos
jamais estiveram no Centro. Como
o garoto Uesley, morador do Paraíso
2, que tem 12 anos e ainda não foi
apresentado à Rua da Palmeiras.
Você poderá, nas nossas páginas,
defrontar-se com o maior problema
que Joinville sofre na atualidade: a
falta de identidade com a cidade. Ao
mesmo tempo, irá se deparar com o
maior atributo de Joinville: a multi­
plicidade. Boa leitura!
Aos quatro cantos
492.101 habitantes (esti­
mativa de 2008)
1,89% de crescimento da
população ao ano (nas décadas de 60,
70 e 80 era mais de 6%)
2.267 mulheres a mais, em
relação à população masculina
35,2% da população tem
entre 20 e 39 anos.
129,7 mil domicílios
(83,7% próprios, 10,5% alugados,
5% cedidos e 0,6% ocupados)
1.557litrosdeáguaconsumi­
dos por segundo.
125 mil ligações de água
(atendem 98% da população)
16,2% das residências têm
acesso à rede de esgoto
11 miltoneladas de lixo
160 mil linhas telefônicas
fixas instaladas, aproximadamente
1.663 quilômetros de vias
(apenas 668 quilômetros asfaltados)
243 mil veículos (quase
157 mil automóveis)
4,37 milhões usuários
do transporte coletivo por mês
1,27 milhão de pas­
sageiros na Estação Rodoviária em
2007
116,5 mil passageiros no
aeroporto em 2007
S
O
N
L
Osnúmerosdacidade
Por Jouber Castro
Associação Educacional
Luterana Bom Jesus/Ielusc
Coordenação do Curso de Comunica-
ção Social - Jornalismo: Sílvio Melatti
Professores responsáveis: Guilherme
Diefenthaeler (MTB 6207/RS) e Sílvio
Melatti (MTB 6528/RS)
Disciplina: Produção e Difusão em
Meios Impressos 2
Edição 74 - Abril de 2009
Produção: Ariadna Straliotto, Ariane
Olsen, Charles França, Cláudio Costa,
Daniela de Tofol, Francine Hellmann,
Jouber Castro, Juliano Reinert, Linda
Tomelin, Rayana Borba, Rafaela
Mazzaro, Rosimeri Back e Tatiane
Martins.
Impressão: Jornal A Notícia (tiragem: 2
mil exemplares)
Contato com a redação:
Rua Princesa Isabel, 438, Centro. Caixa
Postal: 24 - 89201-270
Joinville/SC. Telefone: (47) 3026-8000.
E-mail: primeirapauta.ielusc@gmail.com
Foto:AriadnaStraliotto
Fonte: Cidade em Dados – Ippuj
Foto:CharlesFrança
Foto:CláudioCosta
Experiências e peculiaridades nos confins de Joinville
Maio.2009 P.P 3
O que há conosco?
Especialistas refletem sobre os extremos sociais da cidade
S
Jardim Paraíso e Condomínio Orleans: exemplos de como a distribuição de renda é desigual em Joinville
O
N
L
Em Joinville, há quem more
tão longe que jamais pôs os pés
no Centro. E também há pessoas
que nem sequer se sentem parte
de Joinville, com endereços situa­
dos lá na divisa com outros muni­
cípios – cujos serviços públicos se
encontram mais acessíveis e próxi­
mos do que os da cidade-mãe.
Que impacto isso traz para a
identidade local? De certa forma,
a rotina de carências financeiras,
o difícil acesso a meios de trans­
porte e uma série de ou­tros fatores
ope­ram como limites pessoais – e,
consequentemente, fazem com
que o reconhecimento do univer­
so em que se vive seja reduzido a
meia dúzia de particularidades.
A partir daí, segundo a psicóloga
e mestre em Educação e Cultura
Márcia Suely Amaral, infere-se “a
relação com o desco­nhecido e a
ausência do sentimento de per­
tencimento a uma determinada
comunidade: o homem age sobre
seu meio, transformando-o e sen­
do transformado por ele”.
A construção da identidade
de cada indivíduo é produto da
intera­ção com o outro
e com esse meio. Ao
consi­derar uma série
de aspectos – como re­
gionalismos, condições
econômicas, etnias e
culturas –, nota-se uma
multiplicidade de fato­
res que podem contri­
buir com a formação do
ser humano.
Márcia explica que,
quando faltam víncu­
los do sujeito com sua
própria cidade – como
ocorre em várias regi­
ões de Joinville –, deve-
se observar as políticas
e estratégias exis­tentes
de inserção do indiví­
duo na sociedade e, por
sua vez, as possibilida­
des de desenvolver um saudável
sentimento de se reconhecer e ser
reconhecido nesse ambiente. “Essa
é uma condição política”, reforça.
Na opinião do cientista políti­
co Elton Zattar Guerra, o joinvi­
lense sofre até hoje a influência de
lideranças políticas que só pensam
em seus próprios inte­resses – “os
caciques eleitorais de Joinville”,
define o especialista. Para solucio­
nar, Elton reitera que é necessário
um novo panorama político, com
novas li­deranças e novas ideias.
Entre as ferramentas políticas dis­
poníveis para tornar a cidade mais
iguali­tária, com mais espaços para
a representatividade do cidadão, o
que Elton leva mais em conta é a
participação popular, nas associa­
ções de moradores e nas reuniões
da Câmara de Verea­dores, por
exemplo, que deveria ser maciça,
mas é escassa.
“A participação popular é es­
sencial para todas as áreas, como
na discussão do Plano Diretor e na
aplicação de recursos pela cidade”,
argumenta. Segundo o cientista
político, a Câmara de Vereado­
res de Joinville perdeu o sentido:
“Ape­nas interesses pessoais são
levados em conta, os vereadores
estão interessados somente nas be­
nesses do poder e nos altos salários
recebidos, dentre outras ‘cositas
mas’”. Elton lamen­
ta que os quatro
cantos de Joinville
não recebam aten­
ção política sufi­
ciente para superar
seus problemas
e se desenvolver,
pois, em seu enten­
dimento, os verea­
dores, que deve­
riam fazer a ligação
entre a população e
o Poder Executivo,
não cumprem esse
papel.
	O especialis­
ta ainda manifesta
preocupação com
o futuro do gover­
no comandado por
Carlito Merss: “Eu
estou apreensivo e desmotivado
com o ‘des’governo do PT, creio
que ele vá cometer os mesmos er­
ros do governo fede­ral”.
Terra de contrastes (políti­
cos, sociais, econômicos), Join­
ville sente os efeitos da crise
econômica global. De acordo
com o Instituto de Planejamen­
to para o Desenvolvimento Sus­
tentável de Joinville (Ippuj), a
cidade é responsável por cerca
de 20% das exportações catari­
nenses. Segun­do a prefeitura, a
atividade industrial gera um fa­
turamento de US$ 14,8 bilhões
por ano. Mas, para a economista
Anemarie Dalchau Müller, a eco­
nomia de Joinville não tem força
suficiente para atra­vessar a crise
internacional sem solavancos
– que, aliás, já foram sentidos.
“Joinville, como os demais cen­
tros industriais do país, sofre as
consequências do enco­lhimento
do mercado mundial.”
Anemarie cita alguns exem­
plos: as exportações de bens de
capital sofreram queda de 25,3%
no primeiro bimestre de 2009,
comparativamenteaomesmope­
ríodo de 2008. Bens intermediá­
rios tiveram um recuo de 21,6%
e bens de consumo experimenta­
ram uma redução de 36,3%. “Já
pudemos sentir o impacto dessas
quedas na geração de emprego”,
ressalta. A economista explica
que as principais indús­trias join­
vilenses tiveram um início de ano
muito difícil. A Whirlpool per­
deu 26,% nas vendas. Na Buss­
car, a diminuição foi de 10,8%,
enquanto na metalúrgica Schultz
a retração chegou a 60%. “Com
isso, a geração de novos postos
de trabalho fica comprometida
e as empresas demitem, último
recurso de diminuir despesas.”
Mas os segmentos voltados para
o mercado interno ainda não
sentiram retração tão forte quan­
to os exportadores.
Em Joinville, é comum a exis­
tência dos “centros de bairro”,
como no Vila Nova e Nova Bra­
sília. A economista acredita que
esse fenômeno já demonstra o
que pode ser feito para melhorar
a distribuição de renda na cida­
de. “Bairros com ‘vida própria’
geram e deixam riqueza em seu
local, contribuindo para o desen­
volvimento equitativo e sustentá­
vel. Bairros com essas caracterís­
ticas passam a ter mais expressão
política, social e, logicamente,
econômica, contribuindo para o
crescimento mais equilibrado.”
Joinville não foge à regra do
Brasil na má distribuição de ren­
da. “Somos um país com renda
altamente concentrada. Mas essa
questão não tem solução a curto
prazo”, esclarece. “Há necessida­
de de uma ação conjunta entre
poder público e setor privado,
buscando o desenvolvimento de
nossos bairros ‘de dentro para
fora’, como já vem ocorrendo.”
Para a especialista, há boas
perspectivas. “Joinville cami­nha
para a condição de cidade adul­
ta, amadurecida, deixando de ser
eminentemente industrial para
se transformar em uma cidade
voltada ao comércio e à presta­
ção de serviços.”
Por Rosimeri Back
“A
participação
popular é
essencial para
todas as áreas,
como na
discussão do
Plano Diretor
e na aplicação
de recursos
pela cidade”,
diz cientista
político
Os efeitos da crise
Fotos:CláudioCosta
Maio.20094 P.P
Norte
Quem percorre a Região Nor-
te de Joinville, de um extremo ao
outro, percebe um contraste de
realidades. De prédios com arqui-
tetura moderna e edificações que
compõem a reserva cultural da ci-
dade, chega-se a lugares reféns do
descaso, tanto em relação à cultura
e ao lazer, quanto – até mesmo – da
infraestrutura básica.
O América e o Jardim Paraíso
são bairros que representam muito
bem essa sobreposição de realida-
des.Enquantoopreçomédiodeum
lotenoJardimParaísogiraemtorno
de R$ 30 mil, no América esse valor
pode ser multiplicado por dez.
O América, batizado em home-
nagem ao América Futebol Clube,
que tem sede na região, concentra
grande parte dos patrimônios cul-
turais de Joinville, como Cidadela
Cultural, Museu de Arte, Centre-
ventos Cau Hansen, Teatro Jua-
rez Machado, Arquivo Histórico
e Casa da Cultura. É rodeado por
mansões luxuosas, endereço de
três dos maiores supermercados e
da maioria das lojas de carros, 23
no total.
Grandes redes varejistas na-
cionais e estaduais se instalaram
por ali. O Giassi, de Içara, no Sul
do Estado, concentrava seus negó-
cios naquela região, quando sur-
giu a oportunidade de fincar base
no Norte de Santa Catarina, que
pouco conhecia a marca. O bairro
escolhido para instalar o empre-
endimento que exigiria o maior
investimento da história do Giassi
foi o América, pela proximidade do
Centro e por conta do elevado po-
der aquisitivo dos moradores, que,
segundo dados do Ippuj, chega a
mais de 20 salários mínimos para
29% dos habitantes. Já no Jardim
Paraíso, para se ter ideia, a maior
parte dos moradores vive com ren-
da entre um e três salários.
Vizinho ao Giassi está o Big, da
gigante norte-americana Wall Mart.
Já o Angeloni, ao expandir sua atua-
ção na cidade, fechou a loja do Sho-
pping Mueller e migrou para um
pedaço do América que contempla
também os bairros Bom Retiro,
Santo Antônio e Costa e Silva.
Como em todo bairro, o Améri-
ca também tem problemas: ruas es-
buracadas, calçadas mal feitas e falta
de planejamento urbano. A presi-
dente da associação de moradores,
Gabriela Loyola, conta que a maior
preocupação de quem vive ali é a
ameaça de alteração no zoneamen-
to, com o interesse de transformar
algumas ruas limítrofes ao Centro
em área comercial. E foi justamen-
te por essa possível mudança que a
associação surgiu. Mas tais preocu-
paçõesparecemminúsculasquando
comparadasàsquesepodeobservar
quando se atravessa a longa Santos
Dumont rumo ao Jardim Paraíso.
População: 75.818
Bairro: América, Bom Retiro, Costa e
Silva, Jardim Paraíso, Jardim Sofia,
Santo Antônio, Vila Cubatão e Zona
Industrial Norte.
Área total: 45,5 km²
% do território de Joinville: 23%
% da população de Joinville: 16,2%
Mais populoso: Costa e Silva (25.321)
GRANDES REDES
SE INSTALARAM
NO AMÉRICA
No América, condomínios luxuosos retratam parte da elevada condição econômica dos moradores do bairro
Os pilares ao Norte
Cerca de seis mil estudantes
se deslocam diariamente para o
bairro Bom Retiro, que abriga o
maior complexo universitário da
cidade, com a maior instituição
de ensino superior local, a Uni-
ville, e a única pública, a Udesc.
A partir de do ano que vem, um
novo shopping será instalado.
Administrado pela Almeida
Júnior, dona de outros shoppin-
gs no Estado, o Joinville Garten
Shopping selecionou a região
depois de pesquisa que apontou
a Zona Norte como região mais
promissora e de melhor infraes-
trutura.Universidadespróximase
acesso fácil, pela Santos Dumont
(caminho para o aeroporto) ou
pela Edgar Nelson Meister, que
desemboca na BR-101, foram al-
guns dos chamarizes.
O empreendimento promete
ser o mais moderno da região.
O grupo busca, ainda, empresas
varejistas de diversos lugares do
país, o que pode conferir ainda
mais valorização, tanto pelo sho-
pping em si quanto pelas vagas de
emprego que serão criadas.
Vizinho ao Bom Retiro, o
Distrito Industrial abriga princi-
palmente indústrias e suas recrea-
tivas. Grande parte da população
se desloca até lá para trabalhar, já
que as principais fontes de renda,
tanto do município quanto de
seus moradores, concentram-se
no bairro. Só a matriz da Buss-
car, fabricante de carrocerias
de ônibus, tem mais de seis mil
trabalhadores. Além da Embra-
co, Whirlpool, Docol, Schultz e
Franke Douat, que se localizam
no maior bairro em extensão ter-
ritorial de Joinville.
Já no Costa e Silva, transpor-
tadoras se instalaram ao longo da
Rua Benjamin Constant, que dá
acesso à BR-101. Por isso, o bairro
oferece condições viárias impor-
tantes para as empresas. A proxi-
midade com o Distrito Industrial
também colabora para as trans-
portadoras e auxilia no escoamen-
to dos produtos fabricados.
Ainda em construção, o Joinville Garten Shopping aposta na Região Norte pelas características promissoras
Por Juliano Reinert e
Rafaela Mazzaro
Fotos:CláudioCosta
Brilhos e contrastes
N
Realidades díspares fazem parte de uma mesma região
Maio.2009 P.P 5
Norte
Estabelecimentos: 6.741
% dos estabelecimentos de Join­
ville: 20,2%
Perfil: indústrias e universidade
O que é bom: empregos
O que é ruim: áreas esquecidas
O que vem por aí: Joinville Garten
Shopping, novo supermercado da
Wal-Mart e Eixão Norte-Sul
Paraíso distante
Mesmo com os problemas roti­
neiros de enchente, Valdeomira de
Souza, 41 anos, diz que não troca
o Jardim Paraíso por outro bairro.
Moradora há 17 anos, ela conta
que, quando chegou, o bairro era
tomado pelo mato. “Hoje, o Paraíso
é uma cidade”, diz Valdeomira, que
trabalha como assistente de cabele­
leira, cria os filhos e resolve quase
todas as necessidades nas imedia­
ções de casa. Só embarca no ônibus
paracruzaraRegiãoNortenoinício
de cada mês, para receber a pensão
em um banco que fica no Centro, ou
quando precisa de consulta médica
com algum especialista.
Há três anos, sua comunidade
luta por um posto regional de saúde.
Para conseguir atendimento espe­
cializado ou medicamento espe­
cífico, é preciso se deslocar para o
Costa e Silva, onde está a unidade
responsável pela região. No Jardim
Paraíso, são cinco unidades
de saúde para controle pre­
ventivo. Uma delas atende em
horário estendido para casos
mais urgentes.
Para Ademar Nogueira,
presidente da Associação
de Moradores do Jardim Paraíso
(Amopar), o fato de o bairro não
dar acesso a nenhum outro, ficando
isolado do resto da cidade, dificulta
a vinda de investimentos públi­
cos e privados. Até 1992, o Jardim
Paraíso pertencia ao município de
São Francisco do Sul. Foi anexada
a Joinville apenas quando o gover­
nador Vilson Kleinübing atendeu o
resultado de um plebiscito.
Apesar de todos os proble­
mas, muitos projetos sociais são
desenvolvidos. O diretor Horácio
Dal Zot, da Escola Estadual Nagib
Zattar, única responsável pelo en­
sino médio no bairro, afirma que
há muitas pessoas interessadas em
aplicar iniciativas para melhorar
a qualidade de vida das famílias,
devido à conhecida carência do
Paraíso, mas nem sempre encon­
tram receptividade dos líderes
comunitários. “É preciso ter
força de vontade para abraçar
uma ideia”, revela o diretor.
O esgoto a céu aberto que
passa em frente às casas dos
lotes invadidos é um perigo
constante para as crianças que
brincam livres pelas ruas. O PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento), do governo fede­
ral, promete mudar essa situação.
Serão 360 famílias contempladas
com novas moradias.
Quem passeia de carro pelo
Jardim Paraíso precisa ter cuidado
para desviar das crianças que brin­
cam com bolinhas de gude nas
ruas sem asfalto. O único lazer de
que o bairro dispõe é a quadra de
areia e um parquinho localizado
logo na entrada. Nesse sentido, o
Paraíso se assemelha ao América:
o bairro mais próximo ao Centro
da cidade também carece de lu­
gares para diversão.
Já os filhos da ajudante de
cabelereira, que nunca sentou
em um banco escolar, conhecem
pouco o resto da cidade. Eles não
têm noção dos limites territoriais
de Joinville. Para essas crianças, o
Jardim Paraíso é a sua cidade. Os
quatro nunca foram à Rua das Pal­
meiras, que fica a 10 quilômetros
de casa. Mas Uesley, 12 anos, tem
a vaga lembrança de ter visitado
uma vez o Shopping Mueller.
Além do Jardim Paraíso, ou­
tros bairros sofrem as conse­
quencias da desigualdade social.
O Jardim Sofia, também carente,
padece ainda mais que o Paraíso,
visto que este, por uma fama de
longa data em relação à pobreza,
recebe mais ajuda e é mais co­
nhecido pelas necessidades, em­
bora esteja longe de conquistar
tudo que almeja. Já no Sofia, a
população reclama da falta de
iniciativas e investimentos bási­
cos, apontando que são ainda
mais esquecidos que muitos
bairros.
Crianças brincam próximas às valetas onde corre o esgoto nas ruas sem infraestrutura do Jardim Paraíso – um dos bairros mais pobres do extremo norte da cidade
ISOLAMENTO DO
BAIRRO DIFICULTA
INVESTIMENTOS
hOJE O
PARAÍSO É UM
BAIRRO QUE
VIROU CIDADE.”
Valdeomira de Souza
“
Maio.20096 P.P
População: 189.279
Bairros: Adhemar Garcia, Anita Ga-
ribaldi, Boehmerwald, Bucarein, Fá-
tima, Floresta, Guanabara, Itaum,
Itinga, Jarivatuba, João Costa,
Paranaguamirim, Parque Guarani,
Petrópolis, Profipo, Santa Catarina
e Ulysses Guimarães
Área total: 72,3 km²
Sul Grande, mas deficiente
Valas a céu aberto e poeira fazem parte da maior região da cidade
S
Homogênea. Essa é a palavra
que um visitante pouco atento po-
deria utilizar ao começar a percor-
rer a Zona Sul. Ruas longas e bem
desenhadas, contornadas com
prédios que oferecem de tudo.
São lojas, supermercados, farmá-
cias e restaurantes dividindo as
atenções dos moradores. No vai-
vém de automóveis que disputam
lugar com pedestres e ciclistas, a
urbanidade se mistura com a mo-
dernidade. Mas essa sensação de
unidade chega ao fim quando se
alcançam os bairros mais periféri-
cos. Estradas de chão, muito bar-
ro e valas a céu aberto compõem
o cenário de onde vivem milhares
de joinvilenses.
Quase nos limites territoriais
de Joinville, onde a cidade abraça
o município vizinho de Araquari
e reparte com ele o bairro Itinga,
estão amostras da precariedade so-
cial. O crescimento desordenado,
somado à falta de infraestrutura,
resulta em localidades sem sanea-
mento básico, asfalto e transporte
eficiente.
A doméstica Leonordete Mar-
tins, 41 anos, é uma das perso-
nagens dessa realidade. Mora em
uma casa precária de madeira,
isolada no alto de um morro des-
matado e de barro vermelho. Para
chegar lá, há duas formas: por
uma rua não asfaltada ou atraves-
sando um barranco. Em ambas, o
pé sai sujo e enlameado. A diarista
vive em Joinville há 14 anos e há
10 se mudou para o Itinga. Junto
com os irmãos, veio do interior
de São Paulo atrás da mãe que já
morava aqui. Tem três filhos, dois
moram com o pai. Leonordete
ressalta que o que mais gosta na
cidade é a liberdade que não ti-
nha em São Paulo. “Mas de sobre-
vivência...”, lamenta, sublinhando
as reticências.
Ao falar do bairro, a doméstica
conta que gosta do lugar e que não
há muitos problemas, mas basta es-
tender a conversa para lembrar que
só para pegar ônibus é preciso an-
dar cerca de três quadras pelas ruas
de barro até a avenida principal. No
posto de saúde, acentua que a de-
mora para conseguir consultar com
ummédicoédecercade30dias.Se
surgirem emergências, é necessário
se deslocar até um Pronto Atendi-
mento em “Joinville”. Mas, ao olhar
para a sua casa, a doméstica afirma
que “a comunidade precisa mesmo
é de habitação”.
Além de ressaltar os proble-
mas já citados pela diarista, o
presidente da Associação de Mo-
radores do Bairro Itinga, Sérgio
Aristides Corrente, aponta como
principal reclamação a água que
se acumula na pista da rodovia. A
estrada corta todo o bairro e, em
dias de chuva, já causou acidentes
graves. Entretanto, a reivindicação
mais antiga da comunidade é a pa-
vimentação. “A Zona Sul sempre
foi ignorada pelos governantes”,
desabafa o morador. Ele relata
ainda que a região precisa de mais
uma escola de ensino fundamen-
tal, de mais profissionais nos dois
postos de saúde e de reforço no
transporte coletivo. “Mais do que
construir coisas novas, é preciso
investir no que já se tem”.
Diante de tantas necessidades,
o secretário Paulo Roberto Rodri-
gues, responsável pela Regional do
Boehmerwaldt, que atende tam-
bém o Itinga, reconhece que a uni-
dade acaba se tornando um órgão
ineficiente para a comunidade. “A
demanda é enorme. Não tem como
atender todas as necessidades, a se-
cretaria não dá conta.” São cerca de
40 pedidos recebidos por dia. Eles
chegam pelos próprios moradores
ou por representantes locais. Em
geral, as solicitações se referem ao
ensaibramento das ruas. “Quando
percebemos que a secretaria não
pode resolver o problema, encami-
nhamos para o Seinfra.”
Mais próximo do Centro está o
bairro Floresta, cuja infraestrutura,
embora ainda tenha o que ser me-
lhorada, é bem mais avançada que
nas regiões periféricas. Lá, o prin-
cipal problema enfrentado pelos
moradores são as enchentes, cada
vez mais frequentes. Só neste ano,
a comerciante Rosa Maria de Sou-
za, 51 anos, já teve a casa invadida
pelas águas oito vezes. “A cada chu-
va é um novo desespero”, lamenta a
comerciante.
De acordo com o secretário
regional do Itaum, Manoel de
Medeiros Machado, as principais
causas das enchentes são o entupi-
mento das bocas-de-lobo e tubu-
lação obstruída. Além de disponi-
bilizar pessoal para esse serviço, há
também a necessidade de desasso-
reamento dos córregos da região.
ESTRADA DE
CHÃO COMPÕE
O CENÁRIO
O Sul é uma região de contrastes entre bairros extremamente carentes e com boa qualidade de vida. Em todos eles, o asfalto poderia estar mais presente
Fotos:LindaTomelin
Por Linda Tomelin, Tatiane
Martins e Francine Hellmann
Maio.2009 P.P 7
trabalho
até o dia 15
de cada mês.
depois, dou
uma parada.”
leopoldo Teixeira
“
Sul
% do território de Joinville: 36,6%
% da população: 40,6%
Estabelecimentos: 9.264
Perfil: maior região de Joinville, tem
atraído novos investimentos
O que vem por aí: nova fábrica da
GM, campus da UFSC, condomínio
industrial da Ajorpeme e
Eixão Norte-Sul
Diz-se por aí que Joinville é a
cidade das flores e dos príncipes,
mas quem conhece a Zona Sul
pouco vê de flores ou de rea­leza
nos bairros. Dividida pelo con-
trasteentreoasfaltodasruasprin-
cipais e o pó das estradas de chão,
a região é a maior em tamanho e
população. São 72,3 km2
reparti-
dos entre 189.279 habitantes.
De ponta a ponta, 17 bairros
compõem a região, sendo o Buca-
rein o mais próximo do centro, a
apenas 1,61 quilômetros. O mais
distante é o Itinga, situado a 8,39
km, já na divisa com Araquari e
que chega a se dividir entre as
duas cidades.
De acordo com os limites
geo­gráficos, ficam na Região Sul
o Hospital Municipal São José e a
Maternidade Darcy Vargas. Além
desses dois principais centros de
atendimento, cada bairro conta
com pelo menos um posto de
saúde. São exceção o Anita Ga-
ribaldi e o Itinga, que têm dois,
e o Paranaguamirim, que tem
quatro.
No Panágua, apelido dado
pela população, o maior número
de postos de saúde se explica pelo
fato de o bairro ser o mais populo-
so da região. A estrutura de saúde
precisa atender 23.366 pessoas
que vivem em 12,65 km². Tam-
bém no Paranaguamirim, estão os
principais loteamentos da cidade.
São conglomerados de pessoas
que dividem áreas com estruturas
deficientes de saneamento e infra-
estrutura. Jardim Edilene, Morro
do Amaral e Estevão de Matos são
cenários dessa realidade.
A Zona Sul é também a
maior região em estabelecimen-
tos, com 27,8% do total da cida-
de. Estão incluídos nessa conta
indústrias, serviços, comércio e
autônomos.
Apaixonado pelo bairro
Sábado, por volta das 9 horas.
Leopoldo Teixeira, 68 anos, ajeita
galões de produtos coloridos nas
caixas fixadas em frente e atrás de
uma bicicleta vermelha. Aproxi-
ma-se do portão e se dispõe calma-
mente a contar sua própria história
desde que chegou a Joinville há
14 anos, frisando que a casa onde
mora, localizada na quadra 5, lote
15, do loteamento Jardim Edilene,
no Paranaguamirim, foi construída
com as próprias mãos.
Teixeira é natural de Getúlio
Vargas, cidade gaúcha que fica na
região do Alto Uruguai. Saiu da sua
cidade em busca de melhores con-
dições de vida. Veio para cá porque
uma irmã já morava em Joinville.
“O custo de vida aqui é bem me­
lhor, lá é um lugar difícil para fazer
qualquer coisa”, conta.
Logo que chegou, morou no
Guanabara. Depois, comprou um
terreno no extremo sul da cidade,
local irregular que, na época, per­
tencia a Araquari. “Era um lugar
muito feio”, relembra Teixeira. Não
havia coleta de lixo, nem insta-
lações de luz. “Um vizi­nho tinha
‘gam­biarra’ para cinco casas”, re­vela
seu Teixeira.
Trouxe consigo a esposa e três
filhos, hoje já casados. A família viu
a região progredir. Os cinco netos
da família estudaram na escolas pú-
blicas próximas, há fornecimento
de água e luz, os terrenos foram
regularizados e transferidos para
Joinville e o caminhão de lixo passa
três vezes por semana. Porém, essas
melhorias apenas deram à comuni-
dade condições mínimas de vida.
Teixeira gosta do bairro, mas
lembra que por lá não há oportu-
nidade de emprego, que ainda exis­
tem valas abertas em muitas ruas,
que há poucos horários de ônibus
e que o asfalto chegou apenas até
a rua principal de acesso ao lotea-
mento. A falta de saneamento bási-
co ainda é o principal problema e
os esgotos a céu aberto propiciam a
proliferação de bichos e doenças.
Hoje, já aposentado, pedala
pela região vendendo produtos de
limpeza que compra concentrado
e dilui. Ele conta que trabalha até
o dia 15 de cada mês. “Depois a
gente dá uma parada”.
As múltiplas faces da
Zona Sul
Falta de saneamento básico está presente em toda a região, porém nos bairros periféricos é mais visível
Maio.20098 P.P
Leste
Popu-
lação:
137.998
Bairros:
Aventureiro,
Boa Vista,
Comasa,
Espinheiros,
Iririú, Jar-
dim Iririú,
Saguaçu e
Zona Indus-
trial Tupy
Área to-
tal: 38,7 km²
% do
território de
Joinville:
19,5%
% da
população
de Joinville:
29,6%
Mais
populoso:
Aventureiro
(34.917)
Região operáriaL
Panorâmica da Zona Leste, vista do Mirante: arborizada, contornada por água, a região compreende oito bairros e está em ritmo acelerado de desenvolvimento
Fábricas,pescadoreseumpólodeensinopioneiro
Por Ariadna Straliotto e
Daniela de Tofol
Contornada por uma quantidade
imensa de água, entre rios e man­
guezais, a Zona Leste se destaca pelas
características litorâneas e pelas ruas
pavimentadas. São 134 quilômetros
de asfalto, segundo dados do Ippuj
de 2006. A área residencial é ocupa­
da, principalmente, por operários da
indústria.
Um dos aspectos que contri­
buíram para a ocupação dessa região
foi a instalação da Fundição Tupy,
na década de 30. Em 1959, a Escola
Técnica Tupy foi inaugurada com o
objetivo de oferecer ensino profis­
sionalizante aos funcionários da fá­
brica. Até hoje, a procura por cursos
técnicos promove um movimento de
migrantes de outras cidades. Vitor
Gabriel Ramos, 14 anos, é um desses
estudantes.  Desde  março, ele  reside
em Joinville, atraído pela ETT. Ape­
sar das dificuldades enfrentadas por
morar sozinho, garante que “vale a
pena pela qualidade do ensino”. Os
exemplos de sucesso de familiares
que trabalham na instituição moti­
varam o garoto a ingressar na escola.
Cortando o Boa Vista, logo se
pode chegar à via principal do bairro
Espinheiros, a Rua Prefeito Baltasar
Buschle. Da janela do ônibus, obser­
va-se um bairro em franco desenvol­
vimento, com casas em construção
e asfalto, inclusive em algumas ruas
paralelas. Do lado direito da Baltasar
Buschle, o mangue avisa que aquele é
o limite do território. Ali, o lixo joga­
do sobre o mangue contrasta com a
beleza natural da paisagem
As casas próximas à região dos
manguezais são invadidas com as fre­
quentes cheias. A maré alta aliada às
chuvas contínuas traz transtornos aos
moradores. Na Secretaria Regional
do Boa Vista, que atende também ao
Espinheiros, as principais reivindica­
ções dos moradores são por saibro,
desentupimento de boca-de-lobo e
colocação ou troca de tubulação. No
Iririú e no Jardim Iririú, os cidadãos
solicitam limpeza de boca-de-lobo,
pavimentação e reparo de buracos.
Percorrendo a Rua São Borges, já
em um braço da Baía da Babitonga,
encontra-seaassociaçãodepescadores
do Boa Vista, com 37 boxes para batei­
ras – que são barcos pequenos de fun­
do achatado. Ali, pescadores da região
e de outras cidades ancoram as embar­
cações até o momento de voltar para
o alto mar. Em algumas casas, vizi­nhas
à associação, as redes de pesca pen­
duradas nas varandas evidenciam a
profissão dos moradores.
Associação de Pescadores reúne adeptos do ofício no bairro Boa VistaFundada em 1959, ETT nasceu para oferecer formação aos operários da Tupy
Fotos:AriadnaStraliotto
Maio.2009 P.P 9
Leste
Estabe-
lecimentos:
6.370
% dos
estabele-
cimentos
de Joinville:
19,1%
Perfil:
região
litorânea,
mistura de
manguezais
e indústrias
O que é
bom: eco-
nomia em
constante
crescimento.
O que é
ruim: polui-
ção da área
litorânea
O que
vem por aí:
Parque Por-
ta do Mar
Eu não
tenho medo.
Nasci no mar,
esse é o meu
lugar.”
Genésio Batista, 65
“
Uma vida dividida
entre o mar e a terra
Às margens de um dos braços da Baía da
Babitonga, em uma região majoritariamente
residencial, há um recanto de pescadores. A
Associação de Pescadores Boa Vista é só o
ponto de partida de Genésio Batista da Silva,
65 anos, para o seu refúgio de descanso. “Eu
não tenho medo. Nasci no mar, esse é o meu
lugar”, afirma, sorrindo. Aposentado desde
1991, ex-operário da Fundição Tupy e da
antiga Consul, a pesca é um passatempo. Aos
sábados e feriados, pela madrugada, a bateira,
de motor 8 HP, enfrenta os movimentos do
mar há 15 anos e volta carregada com cerca de
45 quilos de camarão. Cada quilo é vendido a
R$ 12. “O pessoal do bairro conhece, procura
e compra. São muitos anos aqui.”
Ali, no mangue, também é possível pescar
tainhotas, quando a maré sobe. “Só que tem
muita poluição. Acaba com tudo”, lamenta o
homem com olhar perdido. Genésio conhece
o ofício da pesca desde os 12 anos de idade,
quando acompanhava o pai na localidade de
Barracos, em Garuva. De lá para cá, já teve
quatro bateiras. A pretensão agora é comprar
um motor de 15 HP para chegar mais rápido a
Barra do Sul. Embora a família, que por vezes o
acompanha, goste da velocidade da navegação,
“eles dizem que devagari­nho é bom para ver a
paisagem e os passarinhos revoando”.
Integrante da associação de pescadores, que
dispõe de 32 boxes para bateiras, ele paga aluguel
de R$ 15, com taxas de água e luz inclusas. Quer
dizer: até o momento, só taxa de água, porque a
“luzvaiserpuxadaainda”.Apenas18dos32boxes
játêminstalaçãoelétrica.
Morador da região há mais de 20 anos,
Genésio afirma que os habitantes da comuni-
dade já não têm mais o sossego de antes: “A
gentepodiadormirsemtrancarasportas,sem
gradenasjanelas.Agora,temqueseramigode
longe. Sempre desconfiando”.
A marginalidade dos jovens dependentes
das drogas assombra quem mora no local. De
madrugada, para sair mar afora ele precisa da
rondadaviaturadapolíciamilitar,queilumina
o local e o protege das emboscadas. Ainda
assim, o pescador quer coletar muito peixe e
colecionar histórias. É cedo para se aposentar
do ofício: “Quero pescar até quando puder,
enquanto a saúde deixar”.
A infraestrutura do Iate Clube e a beleza da paisagem atraem sócios, que partem dali para outras praias
Ajuda entre
moradores
Em um bairro de classe operária da
Região Leste, a associação de moradores
reivindica a necessidade de uma área de
lazer. Nada parecido com o Iate Clube, mas
um lugar para a meninada se divertir. Com
17.630 moradores, o Boa Vista tenta jun-
tar fundos para tirar do papel o projeto de
uma recreativa com quadra polies­portiva,
quiosques e parque infantil. O objetivo da
associação é visitar as empresas da região,
apresentar o projeto e tentar parcerias para
construção. O terreno onde hoje fica a sede
da entidade é o local escolhido para a obra.
Atualmente, 27 sócios contribuem
mensalmente com uma quantia que varia
entre R$ 2 e R$ 10. O valor banca parte
dos gastos mensais da instituição. Rosane
Belmiro, secretária da associação, relata que
a maioria dos moradores procura a entidade
em busca de auxílio na procura de emprego
ou quando precisam de ajuda para conser-
tar suas casas.
A comunidade realiza bingos benefi-
centes, ações entre amigos ou doações. “A
parceria com empresas ajudaria muito, mas
são poucas as que colaboram”, ressalta Ro-
sane. Na sede, a comunidade também pode
receber assessoria jurídica gratuita uma vez
por semana.
Luxo no bairro dos mangues
Com vista privilegiada, em uma
regiãodistantedocentro,oJoinville
Iate Clube (JIC), fundado há trinta
anos por um grupo de amigos, é o
recanto de muitos empresários e
executivos. Situado no miolo do
Espinheiros, colado em uma região
pobre, o local tem uma área con-
struída de 7.788 metros quadrados.
A coordenadora administrativa Lu-
cimar de Almeida Valentim conta
que cerca de 90% dos associados
moram em Joinville. Os demais são
de Blumenau, Curitiba e São Paulo.
Opulência é característica
marcante no JIC. A ostentação e
o luxo chamam atenção de quem
mora nos arredores e até mesmo
de turistas que, por um atrativo ou
outro, acabam passando por ali.
Claro que, dos 8.154 moradores
do Espinheiros, nenhum é associa-
do ao clube. A maioria dos 22 fun-
cionários mora nas redondezas, no
Espinheiros ou no Comasa.
Uma estra-
da paralela de
acesso restrito
leva os curiosos
até a portaria.
Lá, a segurança
é reforçada. Lu-
cimarcontaque
muitos conseguem entrar pedin­
do para usufruir do restaurante,
mas acabam passeando pelo local.
Mesmo assim, o clube evita liberar
a entrada, “porque o patrimônio é
muito grande”, justifica a adminis­
tradora.
A região foi estrategicamente
escolhida para abrigar o em-
preendimento pela facilidade de
navegação de grandes
embarcações. Enquan­
to os navegantes par-
tem para destinos
como Capri, em São
Francisco do Sul, e An-
gra dos Reis, no Rio de
Janeiro, os passageiros
do ônibus circular que passa perto
dali já estão acostumados com o
mesmo percurso.
Iate Clube
ostenta
beleza no
Espinheiros
Maio.200910 P.P
Oeste
População:
57.515
Bairros:
Atiradores,
Glória, Morro
do Meio, Nova
Brasília, São
Marcos e Vila
Nova
Área total:
39,8 km²
% do território
de Joinville:
20,1%
% da popula-
ção de Joinvil-
le: 12,3%
Bairro mais
populoso: Vila
Nova (19.824)
Estabeleci-
mentos: 3.954
% dos estabe-
lecimentos de
Joinville: 11,8%
Seja bem-vindoO
No perímetro joinvilense da
SC-413, há três cemitérios. O mais
antigo é propriedade da Igreja Lu-
terana e fica na esquina com a es-
trada que leva ao bairro Duas Ma-
mas, em Schroeder. Lá, ninguém
foi enterrado há menos de 50 anos.
O mais velho dos “moradores” do
cemitério é Karl Wille, nascido
em 1847 e falecido
em outubro de 1922.
Pon­to comum entre
os enterrados: todos
são de des­cendência
alemã.
Mas não é só no bairro Vila
Nova que a colonização germâ-
nica predomina. Os alemães se
espalha­ram por todo o Sul do Bra-
sil. Em Santa Catarina, as colônias
se formaram aos poucos.
A partir do início do século
20, foram trazidos do Rio Gran-
de do Sul mais imigrantes para
ocu­par novas colônias no Oeste
do Estado, que já não eram ex-
clusivamente alemãs – também
continham outros grupos de imi-
grantes, principalmente italianos.
Mesmo assim, estima-se que pelo
menos um quarto
da popu­lação cata­
rinense seja de ori­
gem germânica.
Em cidades
como Joinville e
Blumenau, ainda é preservada
como valor cultural a arquitetura
germânica das casas. Só na SC-
413, da Rua 15 de Novembro até
o limite com Guaramirim, exis-
tem quatro dessas casinhas.
De origem alemã
Por Charles França e
Rayana Borba
A Zona Oeste é a porta de entra-
da de Joinville. O tradicional pórtico
da Rua 15 de Novembro dá as boas-
vindas aos turistas. A região oferece
várias opções de acomodação, tan­to
para os que têm Joinville como des­­
tino quanto para quem está só de pas-
sagem. Os dois principais acessos da
cidade estão localizados nessa parte
do mapa, que também abriga a ro-
doviária.
É a BR-101 que divide os quase
40 quilômetros quadrados da Zona
Oeste. Os bairros Glória e Atira-
dores, mais próximos do centro, fo-
ram colonizados pelos descendentes
de alemães. A localização permitiu o
desenvolvimento dessa porção mais
nobre, na qual estão situados os prin-
cipais restaurantes e lojas da cidade.
Os dois bairros também abrigam os
principais complexos de segurança
de Joinville: os batalhões da Polícia
Militar e do Exército. Do outro lado
da rodovia, espalham-se os bairros
Vila Nova, São Marcos, Nova Brasília
e Morro do Meio. Is­so não apenas
torna aquelas localida­des desconhe-
cidas pela maioria da população, mas
também faz com que elas apresentem
característicasúnicas,emcomparação
aos bairros quase homogêneos e mais
próximos à região central.
Colonização
germânica
predomina
Em estilo germânico, o pórtico, um dos cartões -postais de Joinville, dá as boas-vindas aos que chegam à cidade; Zona Oeste é dividida pela BR-101
Foto:CláudioCosta
O Vila Nova é um bairro de ex­tre­
mos. Afastado do centro, para chegar
lá é preciso atravessar a BR-101. Na
Rua 15 de Novembro – onde está o
terminal de ônibus –, a vida comercial
do bairro tomou forma. As ruas liga-
das à 15 de Novembro foram pensa-
das de modo a conferir organização ao
bairro. São todas paralelas à via princi-
pal, da mesma forma que as transver-
sais são paralelas umas às outras. Isso
se deve à partilha que as imobiliárias
fizeram dos loteamentos.
A maior concentração de mora­
dores está do lado direito da 15, sen-
tido Centro-bairro. No lado esquerdo,
onde mora Joana Luz, o relevo é mais
baixo e propício às enchentes. A dona
de uma barraquinha de produtos ca-
seiros ainda lembra da primeira vez
que viu a água porta adentro, há mais
de 15 anos. “Era final da tarde e eu
estava voltando do trabalho. Na rua,
a água batia quase no joelho. Dentro
de casa, na canela”, conta, exaltada.
Ela diz que não conseguiu tirar nada
da cozinha. Prejuízos: fogão e refrige-
rador enferrujados, compressor da ge-
ladeira estragado e móveis podres. Jo-
ana viu a água entrar em sua casa mais
“duas ou três vezes”. O saneamento
básico chegou até onde ela mora. O
esgoto não existe mais. Mesmo assim,
Joana não pensa em sair do Vila Nova.
“Sair para quê? Não me falta nada
aqui”, diz, levantando os ombros.
A parte rural é mais deslocada. Lá,
encontra-se a área de turismo rural,
algumas propriedades com planta-
ção de arroz, morros, rios e o parque
aquático Water Valley. O Vila Nova é
o único bairro de Joinville a fazer li-
mite com duas cidades: Schroeder e
Guaramirim.
Minicidade
Maio.2009 P.P 11
Oeste
Pobre e distante
Ligado ao Vila Nova pela Estrada
Aratacas,ondeficaocampodetreina­
mentodoJEC,oMorrodoMeioéum
dos bairros mais desconhecidos e de­
sassistidos de Joinville. Seguindo pela
longa estrada é fácil descobrir quando
se chega ao Morro do Meio. É grotes­
ca a diferença na urbanização entre os
dois bairros. Se na SC-413 as poucas
casas são, em sua maioria, de alvena­
ria – rebocadas, pintadas, em terrenos
grandes, com jardins bem cuidados –,
no Morro do Meio a situação é outra.
Quase todas as moradias são de ma­
deira, algumas com paredes podres.
Dá até para ver a marca deixada pelas
enchentes passadas: uma faixa em
marrom claro, de quase um metro.
São raras as casas de alvenaria e
com paredes rebocadas. Os terrenos
não são murados e o esgoto corre a
céu aberto. Nessas condições, vive a
viúva Maria Zenita da Silva, 61 anos.
A aposentada recebe R$ 600 por
mês e paga R$ 200 de prestação pelo
terreno onde mora. Na última chuva
quealagouJoinville,emmarço,acasa
dela foi parcialmente destelhada e a
água chegou a entrar na cozinha. Os
sinais da lama continuam na parede
de madeira. O forno do fogão tam­
bém estragou.
Do lado de fora, a boca-de-lobo
abertaquasedeixaoesgototransbor­
dar. Como a entrada do terreno é
mais alta do que os fundos, a casa de
Maria, para se manter na horizontal,
está equilibrada por alguns pilares.
Embaixo da casa, que abriga ainda
os dois filhos, a nora e a neta de
Maria, há uma pequena lagoa esver­
deada. Lembrança das enchentes de
novembro passado, que aceleraram
o apodrecimento das paredes.  Ela
reclama que já pediu ajuda para a
Vigilância Sanitária por ter medo de
que a água fomentasse a proliferação
dos mosquitos da dengue. Até agora,
diz, nada foi feito.
Muitas quadras dos loteamentos
do Morro do Meio se encontram em
zonas de alagamento. Essa é a razão
pela qual mais de 15 famílias foram
proibidas de voltar para suas casas
quandoascheiastomaramSantaCata­
rina em 2008.
Do outro lado do rio
Eles moram bem longe: a casa da família de Ademar Felipe fica a 30 quilômetros do Centro de Joinville e a apenas 15 do Centro de Guaramirim
No limite entre Joinville e Guara­
mirim mora a família Felipe. Eles não
têm vizinhos. O terreno onde resi­
dem é cortado pelo mesmo rio que
separa as duas cidades. A casa, que
fica em Joinville, pertence à família de
Ademar Felipe, 49 anos. Lá, as corres­
pondências só chegam por meio de
Sedex. Pudera: nem transporte pú­
blico passa por ali. O ponto de ônibus
mais próximo fica a um quilômetro
de distância. A família não teve es­
colha senão comprar um carro.
A água não é fornecida pela Com­
panhiaÁguasdeJoinville:vemdireta­
mente da serra e é extraída do poço.
O lixo é recolhido pelo município de
Guaramirim, mas a energia elétrica é
suprida por Joinville. Telefone fixo,
eles não têm, usam o “celular rural”.
O aparelho permanece preso a uma
antena de captação de sinal para fun­
cionar.
Ademar trabalha na Engepasa de
Joinville. A esposa, Janete, 44 anos,
é dona-de-casa. O filho do casal,
Marcos Antônio, trabalha em Guara­
mirim. O rapaz namora uma moça de
outra cidade vizinha, Jaraguá do Sul, e
costuma passar os finais de semana na
casa dela. A filha Fátima, de 13 anos,
estuda na parte urbanizada do Vila
Nova e vai para a escola com o ônibus
que a cidade disponibiliza para trans­
portar os estudantes de regiões mais
afastadas. Qualquer coisa de que pre­
cisam, compram em Guaramirim. E é
para a cidade do outro lado do rio que
a família Felipe pretende se mudar
ainda neste ano.
Fotos:CharlesFrança
Maria zenita, do
morro do meio, Tem medo
de que a água parada
embaixo da casa transmita
dengue para a família
Perfil: região
onde se
encontram os
bairros mais
distantes do
Centro, carac-
teriza-se por
conter bairros
praticamente
autônomos
do resto da
cidade, como
Vila Nova e
Nova Brasília.
Seu território é
cortado pela
BR-101.
O que é bom:
infra-estrutura
comercial
O que é ruim:
transporte
para localida-
des distantes
O que vem
por aí: pavi-
mentação das
ruas
Maio.200912 P.P
Carlito, com os servidores da Saúde e da Educação, aos 100 dias de governo: ampliar horizontes
Desafios de CarlitoPor Jouber Castro
O prefeito Carlito Merss comple­
tou os clássicos cem dias de mandato
com uma pilha de proble­mas sobre a
mesa. Ele passou boa parte desse perío­
do reclamando das dívidas deixadas
pelo antecessor. Segundo o balanço de
2008, são R$ 9.015.677,28 de défi­
cit e R$ 51.391.464,38 em empenhos
anulados no final de dezembro. Contas
que Carlito considera dívidas a pagar.
Mesmo assim, o prefeito está otimista
em relação às obras de infraestrutura,
contando com os recursos que a cidade
tem recebido do governo federal. Car­
lito revela o que o deixaria satis­feito ao
término do mandato, em 2012: “Che­
gar a 70% da cidade com saneamento,
oqueédifícil;acabarcomoturnointer­
mediário,começandopelasduasescolas
que estamos inau­gurando; e manter o
Hospital São José funcionan­do 100%
legal, como também os postos e o PA
do Aventureiro”. A equipe do Primeira
Pauta, na viagem aos quatro cantos da
cidade, recolheu observações e proble­
mas que foram levados à mesa de reu­
niões do gabinete do prefeito. Foram
selecionados os três assuntos mais ques­
tionados pelas pessoas ouvidas: sanea­
mento básico, enchentes e habitação.
Saneamento: dinheiro
no bolso e trabalho
Uma das reclamações recor­
rentes entre moradores do Jardim
Edilene e do Jardim Paraíso, regiões
pobres da cidade, foi a ausência de
saneamento básico. O esgoto a céu
aberto corre ao lado de casas e torna
o ambiente propício para doenças.
A cidade conta, oficialmente, com
11 mil ligações de esgoto e 130 mil
domicílios. Carlito diagnostica pro­
blema e solução: “Hoje, as residên­
cias ligadas à rede de esgoto são
menos de 5% do total. Isso ocorre
porque durante quase 30 anos se
permitiram loteamentos irregulares.
Agora a legislação é dura. De dez
anos para cá, a prefeitura só licencia
loteamento se o loteador garantir o
básico: iluminação, tubulação. Nos­
soobjetivoéchegar,em2012,a70%
das casas com saneamento básico”.
Segundo o prefeito, boa parte dos
terrenos da cidade não está regulari­
zada, o que dificulta a chegada do
poder público: “Essa regularização
atingiria de 3 a 5 mil lotes. Parte de­
les tem esgoto a céu aberto. A maior
solicitação dos secretários regionais
édetubos,paracolocarnafrentedas
casas e não deixar o esgoto assim”.
Carlito se reuniu com repre­
sentantes da empreiteira SL, de
Brasília, que ficou responsável pe­
lo saneamento do Jardim Paraíso e
de uma área do Paranaguamirim. A
intenção era permitir o reinício das
obras. Para isso, alguém precisará
abrir os cofres: “Teremos que rene­
gociar, pois eles querem aditivos no
contrato. Vamos utilizar os recursos
do PAC [Programa de Aceleração
do Crescimento, do governo fede­
ral]”. Carlito se refere aos R$ 66 mil­
hões destinados ao investimento na
rede de água e esgoto de Joinville
pelo Ministério das Cidades. O pre­
feito conta, nesse processo, com a
solidez da Águas de Joinville: “Te­
mos intervenções em andamento
no Morro do Amaral, no Morro do
Meio,noJardimParaíso.Aprincipal
parceira que tenho nesse campo é a
Águas de Joinville. Por isso a preo­
cupação de que ela continue saudá­
vel. Se for inviável, não pode ser
usada para conseguir empréstimos”.
Enchentes: a dor
de cabeça vai longe
O fim de 2008 e o início de 2009
foram marcados pela intensificação
de um fenômeno já conhecido dos
moradoresdeJoinville:asenchentes.
Foram abundantes as imagens divul­
gadasnaimprensadecasasarrasadas,
famíliasdesabrigadaseruasalagadas.
Regiões como Jardim Sofia, Jativoca
e Morro do Meio ainda se recu­
peravam de uma das cheias quando
foram atingidos novamente, com
intensidade ainda maior. O prefeito
atribui o problema à falta de cuidado
que moradores e poder público vêm
tendo com o leito dos rios e com as
bocas-de-lobo. “Temos 96 quilôme­
tros de rios e valas. Encontramos ca­
sos de lugares onde há dez anos não
se faz uma limpeza. Realizamos, em
70 dias, a limpeza básica de quase 40
quilômetros. O trabalho está sendo
feito pela Secretaria de Infraestru­
tura Urbana, pela Defesa Civil e por
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A medida principal da atual
gestão deverá ser a formalização do
Plano Diretor de Dragagem da Bacia
do Rio Cachoeira, que prevê ações
para evitar as cheias nos bairros
próximos do Centro. O montante
total – mais de R$ 300 milhões, em
regime de empréstimo – está vindo
do Banco Interamericano de Desen­
volvimento(BID).“Aprimeirainter­
vençãodeverásernoRioMorroAlto,
que passa perto do Ginásio Ivan Ro­
drigues. Com as medidas do plano,
a velocidade do rio deve aumentar e
ele será desafogado. Haverá indeni­
zações, casas serão retiradas e pontes
alargadas, já que o rio está estrangu­
lado. São apenas dois quilômetros e
meio,masocustodedesapropriação
será altíssimo”. Carlito enumera os
lugaresqueserãocontempladospelo
plano: “Toda a bacia do Cachoei­ra,
para tentar resolver seis ou sete pon­
tos de enchentes no Bom Retiro, na
Getúlio Vargas, no Floresta. A gente
sabe onde estão os rios entupidos.
Não precisa ser engenheiro ambien­
tal para entender isso”.
Pedidos de limpeza da região cen­
tral do Cachoeira ainda não po­derão
ser atendidos. “Desobstruir bocas-
de-lobo e fazer as limpezas possíveis
são paliativos. O governador tenta há
quase dois anos uma dragagem do
Cachoei­ra,masnãoconsegueporquea
Fatma [Fundação do Meio Ambiente,
de nível estadual] não libe­ra. Não tem
onde deixar o entu­lho. Quem draga
deve dizer onde vai o bota-fora.” Qual
asolução?Oprefeitoresponde:“Fazer
esse grande plano de drenagem e não
permitir mais que se construa em al­
gumas áreas. Simplesmente proibir”
ampliarrededeesgoto
eresolverdramasda
saúdesãoprioridades
Habitação: onde
res­ta uma esperança
A cidade planeja uma revira­
volta habitacional, com os recur­
sos do novo programa do gover­
no fede­ral. “É a primeira vez na
história que temos um programa
nacional. Não havia política para
quem ganha até cinco salários
mínimos. Temos de atingir esse
público e a prefeitura não tem
dinheiro”, argumenta Carli­to. O
planejamento deve se intensificar,
para garantir a parcela de novas
moradias que cabe a Joinville.
Em se tratando de saneamento e
infraes­trutura para habi­tação, a
parceria com Brasília será vital:
“Temos, hoje, entre 7 e 8 mil pes­
soas que podem entrar nesse pro­
grama, e a Secretaria da Habitação
está refazendo o cadastro. Temos
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moradias do pacote. Com os pro­
jetos que já encaminhamos, po­
demos a 700 casas neste ano, em
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Os extremos sociais de Joinville

  • 1. Primeira.PautaDistribuição Gratuita A maior universidade, um novo shopping-cen- ter, grandes redes varejistas e uma visível desigual- dade social são os cenários do Norte Maior região em extensão e população, Sul sofre com histórico esquecimento do poder público: falta infraestrutura e há enormes problemas sociais Natureza verdejante, área litorânea propícia para pesca, predominância operária e tradição no ensino profissionalizante são destaques do Leste Cortada pela BR-101, a Zona Oeste tem os bair- ros mais distantes do Centro, sofre com problemas de alagamento e faz divisa com duas cidades Que cidade é essa? INVILLEJ Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social do Bom Jesus/Ielusc - Maio de 2009 Foto:LindaTomelin Foto:CláudioCostaFoto:AriadnaStraliotto Foto:RayanaBorba
  • 2. Maio.20092 P.P O que cabe em 198 quilômetros quadrados? Uma dica: é o tamanho da área urbana de Joinville. Alguns responderiam que cabem milhares de campos de futebol ou muitos hectares de Mata Atlântica. Para res­ ponder, o Primeira Pauta destacou repórteres que percorreram os con­ finsdacidade.Estivemosnasúltimas casas de dois jardins: o Edi­lene, no extremo sul, e o Paraíso, no lado to­ talmente oposto. Chegamos à beira do mar na Vigorelli e ao pé da Serra do Mar, na derradeira residência joinvilense antes de Schroeder. Encontramos realidades dignas de Primeiro Mundo e outras com­ paráveis às regiões mais pobres do planeta. A equipe que circulou pela Zona Norte, por exemplo, trouxe um dado curioso: enquanto um terreno médio no Jardim Paraíso custa em torno de R$ 25 mil, não é possível encontrar um bom espaço para con­ struir no América por menos R$ 300 mil. Do Norte também vem outro contraste: o aluguel e instalação de meiadúziadepalmeirasqueserviram de decoração para a festa de lança­ mento do Joinville Garten Shopping, no Centreventos, saíram pela bagate­ la de R$ 30 mil. Mais, portanto, que um terreno no Jardim Paraíso, apenas algunsquilômetrosàfrente,seguindo pela Avenida Santos Dumont. Nas áreas remotas do Vila Nova, nossa equipe entrou na casa da úl­ tima moradora antes da divisa com Guaramirim. A distância da casa até o Centro de Guaramirim é de 15 quilômetros. Até a parte comercial do Vila Nova, são 18. Até o Centro de Joinville, a viagem é um pouco maior: 30 quilômetros. A energia elétrica é fornecida por Joinville. Já a coletadelixoéfeitaporGuaramirim. Paga-se IPTU para a Prefeitura de Joinville, mas todos votam em Guar­ amirim. Por estar no meio do cam­ inho, a família não conta com cor­ reio, telefone, internet, TV a cabo e fornecimento de água. O transporte públicoquasechega:opontofinalda linha Circular Oeste, a que vai mais longe, fica ainda um quilômetro antes da morada dessa família. Segundo estimativas divulgadas pelo Ippuj em 2008, Joinville conta com 492.101 habitantes. Em 28 anos, a população mais que dobrou. Porém, o crescimento está se de­ sacelerando.Ataxadeaumentopop­ ulacional, que era de mais de 6% ao ano nas décadas de 50 a 70, hoje mal chega a 1,89%. Os joinvilenses são predominantemente jovens: 35,2% têm entre 20 e 39 anos. A população reside em 129,7 mil domicílios. Essa gente toda consome 1.557 litros de água por segundo. Con­ forme a Águas de Joinville, o sistema funciona no limite. São quase 125 mil ligações que contemplam 98% da população. Os dados são desani­ madores quando o assunto é coleta deesgoto:apenas16,2%dasresidên­ cias têm acesso à rede. E a Engepasa Ambiental coleta, por mês, quase 11 mil toneladas de lixo. Entrando na questão da mobi­ lidade, a cidade conta com 1.663 quilômetros de vias. Apenas 668 quilômetros são asfaltados. Por es­ sas vias trafegam 242.851 veículos, 157 mil dos quais são automóveis. O transporte coletivo, operado pelas concessionárias Gidion e Transtusa, carrega 4,37 milhões usuários por mês. A cidade conta ainda com 217 táxis.Otransporteparaoutraslocali­ dades movimentou 1,27 milhão de passageiros na Rodoviária e 116,5 mil passageiros no aeroporto em 2007. Apresentados esses dados, o Primeira Pauta convida você a fazer uma viagem aos quatro cantos de Joinville. Neste passeio, você encon­ trará muita gente que mora perto da sua casa ou que você encontra caminhando na Rua do Príncipe ou na 15 de Novembro. Mas também conhecerá pessoas que chegaram aqui há longo tempo e cujos filhos jamais estiveram no Centro. Como o garoto Uesley, morador do Paraíso 2, que tem 12 anos e ainda não foi apresentado à Rua da Palmeiras. Você poderá, nas nossas páginas, defrontar-se com o maior problema que Joinville sofre na atualidade: a falta de identidade com a cidade. Ao mesmo tempo, irá se deparar com o maior atributo de Joinville: a multi­ plicidade. Boa leitura! Aos quatro cantos 492.101 habitantes (esti­ mativa de 2008) 1,89% de crescimento da população ao ano (nas décadas de 60, 70 e 80 era mais de 6%) 2.267 mulheres a mais, em relação à população masculina 35,2% da população tem entre 20 e 39 anos. 129,7 mil domicílios (83,7% próprios, 10,5% alugados, 5% cedidos e 0,6% ocupados) 1.557litrosdeáguaconsumi­ dos por segundo. 125 mil ligações de água (atendem 98% da população) 16,2% das residências têm acesso à rede de esgoto 11 miltoneladas de lixo 160 mil linhas telefônicas fixas instaladas, aproximadamente 1.663 quilômetros de vias (apenas 668 quilômetros asfaltados) 243 mil veículos (quase 157 mil automóveis) 4,37 milhões usuários do transporte coletivo por mês 1,27 milhão de pas­ sageiros na Estação Rodoviária em 2007 116,5 mil passageiros no aeroporto em 2007 S O N L Osnúmerosdacidade Por Jouber Castro Associação Educacional Luterana Bom Jesus/Ielusc Coordenação do Curso de Comunica- ção Social - Jornalismo: Sílvio Melatti Professores responsáveis: Guilherme Diefenthaeler (MTB 6207/RS) e Sílvio Melatti (MTB 6528/RS) Disciplina: Produção e Difusão em Meios Impressos 2 Edição 74 - Abril de 2009 Produção: Ariadna Straliotto, Ariane Olsen, Charles França, Cláudio Costa, Daniela de Tofol, Francine Hellmann, Jouber Castro, Juliano Reinert, Linda Tomelin, Rayana Borba, Rafaela Mazzaro, Rosimeri Back e Tatiane Martins. Impressão: Jornal A Notícia (tiragem: 2 mil exemplares) Contato com a redação: Rua Princesa Isabel, 438, Centro. Caixa Postal: 24 - 89201-270 Joinville/SC. Telefone: (47) 3026-8000. E-mail: primeirapauta.ielusc@gmail.com Foto:AriadnaStraliotto Fonte: Cidade em Dados – Ippuj Foto:CharlesFrança Foto:CláudioCosta Experiências e peculiaridades nos confins de Joinville
  • 3. Maio.2009 P.P 3 O que há conosco? Especialistas refletem sobre os extremos sociais da cidade S Jardim Paraíso e Condomínio Orleans: exemplos de como a distribuição de renda é desigual em Joinville O N L Em Joinville, há quem more tão longe que jamais pôs os pés no Centro. E também há pessoas que nem sequer se sentem parte de Joinville, com endereços situa­ dos lá na divisa com outros muni­ cípios – cujos serviços públicos se encontram mais acessíveis e próxi­ mos do que os da cidade-mãe. Que impacto isso traz para a identidade local? De certa forma, a rotina de carências financeiras, o difícil acesso a meios de trans­ porte e uma série de ou­tros fatores ope­ram como limites pessoais – e, consequentemente, fazem com que o reconhecimento do univer­ so em que se vive seja reduzido a meia dúzia de particularidades. A partir daí, segundo a psicóloga e mestre em Educação e Cultura Márcia Suely Amaral, infere-se “a relação com o desco­nhecido e a ausência do sentimento de per­ tencimento a uma determinada comunidade: o homem age sobre seu meio, transformando-o e sen­ do transformado por ele”. A construção da identidade de cada indivíduo é produto da intera­ção com o outro e com esse meio. Ao consi­derar uma série de aspectos – como re­ gionalismos, condições econômicas, etnias e culturas –, nota-se uma multiplicidade de fato­ res que podem contri­ buir com a formação do ser humano. Márcia explica que, quando faltam víncu­ los do sujeito com sua própria cidade – como ocorre em várias regi­ ões de Joinville –, deve- se observar as políticas e estratégias exis­tentes de inserção do indiví­ duo na sociedade e, por sua vez, as possibilida­ des de desenvolver um saudável sentimento de se reconhecer e ser reconhecido nesse ambiente. “Essa é uma condição política”, reforça. Na opinião do cientista políti­ co Elton Zattar Guerra, o joinvi­ lense sofre até hoje a influência de lideranças políticas que só pensam em seus próprios inte­resses – “os caciques eleitorais de Joinville”, define o especialista. Para solucio­ nar, Elton reitera que é necessário um novo panorama político, com novas li­deranças e novas ideias. Entre as ferramentas políticas dis­ poníveis para tornar a cidade mais iguali­tária, com mais espaços para a representatividade do cidadão, o que Elton leva mais em conta é a participação popular, nas associa­ ções de moradores e nas reuniões da Câmara de Verea­dores, por exemplo, que deveria ser maciça, mas é escassa. “A participação popular é es­ sencial para todas as áreas, como na discussão do Plano Diretor e na aplicação de recursos pela cidade”, argumenta. Segundo o cientista político, a Câmara de Vereado­ res de Joinville perdeu o sentido: “Ape­nas interesses pessoais são levados em conta, os vereadores estão interessados somente nas be­ nesses do poder e nos altos salários recebidos, dentre outras ‘cositas mas’”. Elton lamen­ ta que os quatro cantos de Joinville não recebam aten­ ção política sufi­ ciente para superar seus problemas e se desenvolver, pois, em seu enten­ dimento, os verea­ dores, que deve­ riam fazer a ligação entre a população e o Poder Executivo, não cumprem esse papel. O especialis­ ta ainda manifesta preocupação com o futuro do gover­ no comandado por Carlito Merss: “Eu estou apreensivo e desmotivado com o ‘des’governo do PT, creio que ele vá cometer os mesmos er­ ros do governo fede­ral”. Terra de contrastes (políti­ cos, sociais, econômicos), Join­ ville sente os efeitos da crise econômica global. De acordo com o Instituto de Planejamen­ to para o Desenvolvimento Sus­ tentável de Joinville (Ippuj), a cidade é responsável por cerca de 20% das exportações catari­ nenses. Segun­do a prefeitura, a atividade industrial gera um fa­ turamento de US$ 14,8 bilhões por ano. Mas, para a economista Anemarie Dalchau Müller, a eco­ nomia de Joinville não tem força suficiente para atra­vessar a crise internacional sem solavancos – que, aliás, já foram sentidos. “Joinville, como os demais cen­ tros industriais do país, sofre as consequências do enco­lhimento do mercado mundial.” Anemarie cita alguns exem­ plos: as exportações de bens de capital sofreram queda de 25,3% no primeiro bimestre de 2009, comparativamenteaomesmope­ ríodo de 2008. Bens intermediá­ rios tiveram um recuo de 21,6% e bens de consumo experimenta­ ram uma redução de 36,3%. “Já pudemos sentir o impacto dessas quedas na geração de emprego”, ressalta. A economista explica que as principais indús­trias join­ vilenses tiveram um início de ano muito difícil. A Whirlpool per­ deu 26,% nas vendas. Na Buss­ car, a diminuição foi de 10,8%, enquanto na metalúrgica Schultz a retração chegou a 60%. “Com isso, a geração de novos postos de trabalho fica comprometida e as empresas demitem, último recurso de diminuir despesas.” Mas os segmentos voltados para o mercado interno ainda não sentiram retração tão forte quan­ to os exportadores. Em Joinville, é comum a exis­ tência dos “centros de bairro”, como no Vila Nova e Nova Bra­ sília. A economista acredita que esse fenômeno já demonstra o que pode ser feito para melhorar a distribuição de renda na cida­ de. “Bairros com ‘vida própria’ geram e deixam riqueza em seu local, contribuindo para o desen­ volvimento equitativo e sustentá­ vel. Bairros com essas caracterís­ ticas passam a ter mais expressão política, social e, logicamente, econômica, contribuindo para o crescimento mais equilibrado.” Joinville não foge à regra do Brasil na má distribuição de ren­ da. “Somos um país com renda altamente concentrada. Mas essa questão não tem solução a curto prazo”, esclarece. “Há necessida­ de de uma ação conjunta entre poder público e setor privado, buscando o desenvolvimento de nossos bairros ‘de dentro para fora’, como já vem ocorrendo.” Para a especialista, há boas perspectivas. “Joinville cami­nha para a condição de cidade adul­ ta, amadurecida, deixando de ser eminentemente industrial para se transformar em uma cidade voltada ao comércio e à presta­ ção de serviços.” Por Rosimeri Back “A participação popular é essencial para todas as áreas, como na discussão do Plano Diretor e na aplicação de recursos pela cidade”, diz cientista político Os efeitos da crise Fotos:CláudioCosta
  • 4. Maio.20094 P.P Norte Quem percorre a Região Nor- te de Joinville, de um extremo ao outro, percebe um contraste de realidades. De prédios com arqui- tetura moderna e edificações que compõem a reserva cultural da ci- dade, chega-se a lugares reféns do descaso, tanto em relação à cultura e ao lazer, quanto – até mesmo – da infraestrutura básica. O América e o Jardim Paraíso são bairros que representam muito bem essa sobreposição de realida- des.Enquantoopreçomédiodeum lotenoJardimParaísogiraemtorno de R$ 30 mil, no América esse valor pode ser multiplicado por dez. O América, batizado em home- nagem ao América Futebol Clube, que tem sede na região, concentra grande parte dos patrimônios cul- turais de Joinville, como Cidadela Cultural, Museu de Arte, Centre- ventos Cau Hansen, Teatro Jua- rez Machado, Arquivo Histórico e Casa da Cultura. É rodeado por mansões luxuosas, endereço de três dos maiores supermercados e da maioria das lojas de carros, 23 no total. Grandes redes varejistas na- cionais e estaduais se instalaram por ali. O Giassi, de Içara, no Sul do Estado, concentrava seus negó- cios naquela região, quando sur- giu a oportunidade de fincar base no Norte de Santa Catarina, que pouco conhecia a marca. O bairro escolhido para instalar o empre- endimento que exigiria o maior investimento da história do Giassi foi o América, pela proximidade do Centro e por conta do elevado po- der aquisitivo dos moradores, que, segundo dados do Ippuj, chega a mais de 20 salários mínimos para 29% dos habitantes. Já no Jardim Paraíso, para se ter ideia, a maior parte dos moradores vive com ren- da entre um e três salários. Vizinho ao Giassi está o Big, da gigante norte-americana Wall Mart. Já o Angeloni, ao expandir sua atua- ção na cidade, fechou a loja do Sho- pping Mueller e migrou para um pedaço do América que contempla também os bairros Bom Retiro, Santo Antônio e Costa e Silva. Como em todo bairro, o Améri- ca também tem problemas: ruas es- buracadas, calçadas mal feitas e falta de planejamento urbano. A presi- dente da associação de moradores, Gabriela Loyola, conta que a maior preocupação de quem vive ali é a ameaça de alteração no zoneamen- to, com o interesse de transformar algumas ruas limítrofes ao Centro em área comercial. E foi justamen- te por essa possível mudança que a associação surgiu. Mas tais preocu- paçõesparecemminúsculasquando comparadasàsquesepodeobservar quando se atravessa a longa Santos Dumont rumo ao Jardim Paraíso. População: 75.818 Bairro: América, Bom Retiro, Costa e Silva, Jardim Paraíso, Jardim Sofia, Santo Antônio, Vila Cubatão e Zona Industrial Norte. Área total: 45,5 km² % do território de Joinville: 23% % da população de Joinville: 16,2% Mais populoso: Costa e Silva (25.321) GRANDES REDES SE INSTALARAM NO AMÉRICA No América, condomínios luxuosos retratam parte da elevada condição econômica dos moradores do bairro Os pilares ao Norte Cerca de seis mil estudantes se deslocam diariamente para o bairro Bom Retiro, que abriga o maior complexo universitário da cidade, com a maior instituição de ensino superior local, a Uni- ville, e a única pública, a Udesc. A partir de do ano que vem, um novo shopping será instalado. Administrado pela Almeida Júnior, dona de outros shoppin- gs no Estado, o Joinville Garten Shopping selecionou a região depois de pesquisa que apontou a Zona Norte como região mais promissora e de melhor infraes- trutura.Universidadespróximase acesso fácil, pela Santos Dumont (caminho para o aeroporto) ou pela Edgar Nelson Meister, que desemboca na BR-101, foram al- guns dos chamarizes. O empreendimento promete ser o mais moderno da região. O grupo busca, ainda, empresas varejistas de diversos lugares do país, o que pode conferir ainda mais valorização, tanto pelo sho- pping em si quanto pelas vagas de emprego que serão criadas. Vizinho ao Bom Retiro, o Distrito Industrial abriga princi- palmente indústrias e suas recrea- tivas. Grande parte da população se desloca até lá para trabalhar, já que as principais fontes de renda, tanto do município quanto de seus moradores, concentram-se no bairro. Só a matriz da Buss- car, fabricante de carrocerias de ônibus, tem mais de seis mil trabalhadores. Além da Embra- co, Whirlpool, Docol, Schultz e Franke Douat, que se localizam no maior bairro em extensão ter- ritorial de Joinville. Já no Costa e Silva, transpor- tadoras se instalaram ao longo da Rua Benjamin Constant, que dá acesso à BR-101. Por isso, o bairro oferece condições viárias impor- tantes para as empresas. A proxi- midade com o Distrito Industrial também colabora para as trans- portadoras e auxilia no escoamen- to dos produtos fabricados. Ainda em construção, o Joinville Garten Shopping aposta na Região Norte pelas características promissoras Por Juliano Reinert e Rafaela Mazzaro Fotos:CláudioCosta Brilhos e contrastes N Realidades díspares fazem parte de uma mesma região
  • 5. Maio.2009 P.P 5 Norte Estabelecimentos: 6.741 % dos estabelecimentos de Join­ ville: 20,2% Perfil: indústrias e universidade O que é bom: empregos O que é ruim: áreas esquecidas O que vem por aí: Joinville Garten Shopping, novo supermercado da Wal-Mart e Eixão Norte-Sul Paraíso distante Mesmo com os problemas roti­ neiros de enchente, Valdeomira de Souza, 41 anos, diz que não troca o Jardim Paraíso por outro bairro. Moradora há 17 anos, ela conta que, quando chegou, o bairro era tomado pelo mato. “Hoje, o Paraíso é uma cidade”, diz Valdeomira, que trabalha como assistente de cabele­ leira, cria os filhos e resolve quase todas as necessidades nas imedia­ ções de casa. Só embarca no ônibus paracruzaraRegiãoNortenoinício de cada mês, para receber a pensão em um banco que fica no Centro, ou quando precisa de consulta médica com algum especialista. Há três anos, sua comunidade luta por um posto regional de saúde. Para conseguir atendimento espe­ cializado ou medicamento espe­ cífico, é preciso se deslocar para o Costa e Silva, onde está a unidade responsável pela região. No Jardim Paraíso, são cinco unidades de saúde para controle pre­ ventivo. Uma delas atende em horário estendido para casos mais urgentes. Para Ademar Nogueira, presidente da Associação de Moradores do Jardim Paraíso (Amopar), o fato de o bairro não dar acesso a nenhum outro, ficando isolado do resto da cidade, dificulta a vinda de investimentos públi­ cos e privados. Até 1992, o Jardim Paraíso pertencia ao município de São Francisco do Sul. Foi anexada a Joinville apenas quando o gover­ nador Vilson Kleinübing atendeu o resultado de um plebiscito. Apesar de todos os proble­ mas, muitos projetos sociais são desenvolvidos. O diretor Horácio Dal Zot, da Escola Estadual Nagib Zattar, única responsável pelo en­ sino médio no bairro, afirma que há muitas pessoas interessadas em aplicar iniciativas para melhorar a qualidade de vida das famílias, devido à conhecida carência do Paraíso, mas nem sempre encon­ tram receptividade dos líderes comunitários. “É preciso ter força de vontade para abraçar uma ideia”, revela o diretor. O esgoto a céu aberto que passa em frente às casas dos lotes invadidos é um perigo constante para as crianças que brincam livres pelas ruas. O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do governo fede­ ral, promete mudar essa situação. Serão 360 famílias contempladas com novas moradias. Quem passeia de carro pelo Jardim Paraíso precisa ter cuidado para desviar das crianças que brin­ cam com bolinhas de gude nas ruas sem asfalto. O único lazer de que o bairro dispõe é a quadra de areia e um parquinho localizado logo na entrada. Nesse sentido, o Paraíso se assemelha ao América: o bairro mais próximo ao Centro da cidade também carece de lu­ gares para diversão. Já os filhos da ajudante de cabelereira, que nunca sentou em um banco escolar, conhecem pouco o resto da cidade. Eles não têm noção dos limites territoriais de Joinville. Para essas crianças, o Jardim Paraíso é a sua cidade. Os quatro nunca foram à Rua das Pal­ meiras, que fica a 10 quilômetros de casa. Mas Uesley, 12 anos, tem a vaga lembrança de ter visitado uma vez o Shopping Mueller. Além do Jardim Paraíso, ou­ tros bairros sofrem as conse­ quencias da desigualdade social. O Jardim Sofia, também carente, padece ainda mais que o Paraíso, visto que este, por uma fama de longa data em relação à pobreza, recebe mais ajuda e é mais co­ nhecido pelas necessidades, em­ bora esteja longe de conquistar tudo que almeja. Já no Sofia, a população reclama da falta de iniciativas e investimentos bási­ cos, apontando que são ainda mais esquecidos que muitos bairros. Crianças brincam próximas às valetas onde corre o esgoto nas ruas sem infraestrutura do Jardim Paraíso – um dos bairros mais pobres do extremo norte da cidade ISOLAMENTO DO BAIRRO DIFICULTA INVESTIMENTOS hOJE O PARAÍSO É UM BAIRRO QUE VIROU CIDADE.” Valdeomira de Souza “
  • 6. Maio.20096 P.P População: 189.279 Bairros: Adhemar Garcia, Anita Ga- ribaldi, Boehmerwald, Bucarein, Fá- tima, Floresta, Guanabara, Itaum, Itinga, Jarivatuba, João Costa, Paranaguamirim, Parque Guarani, Petrópolis, Profipo, Santa Catarina e Ulysses Guimarães Área total: 72,3 km² Sul Grande, mas deficiente Valas a céu aberto e poeira fazem parte da maior região da cidade S Homogênea. Essa é a palavra que um visitante pouco atento po- deria utilizar ao começar a percor- rer a Zona Sul. Ruas longas e bem desenhadas, contornadas com prédios que oferecem de tudo. São lojas, supermercados, farmá- cias e restaurantes dividindo as atenções dos moradores. No vai- vém de automóveis que disputam lugar com pedestres e ciclistas, a urbanidade se mistura com a mo- dernidade. Mas essa sensação de unidade chega ao fim quando se alcançam os bairros mais periféri- cos. Estradas de chão, muito bar- ro e valas a céu aberto compõem o cenário de onde vivem milhares de joinvilenses. Quase nos limites territoriais de Joinville, onde a cidade abraça o município vizinho de Araquari e reparte com ele o bairro Itinga, estão amostras da precariedade so- cial. O crescimento desordenado, somado à falta de infraestrutura, resulta em localidades sem sanea- mento básico, asfalto e transporte eficiente. A doméstica Leonordete Mar- tins, 41 anos, é uma das perso- nagens dessa realidade. Mora em uma casa precária de madeira, isolada no alto de um morro des- matado e de barro vermelho. Para chegar lá, há duas formas: por uma rua não asfaltada ou atraves- sando um barranco. Em ambas, o pé sai sujo e enlameado. A diarista vive em Joinville há 14 anos e há 10 se mudou para o Itinga. Junto com os irmãos, veio do interior de São Paulo atrás da mãe que já morava aqui. Tem três filhos, dois moram com o pai. Leonordete ressalta que o que mais gosta na cidade é a liberdade que não ti- nha em São Paulo. “Mas de sobre- vivência...”, lamenta, sublinhando as reticências. Ao falar do bairro, a doméstica conta que gosta do lugar e que não há muitos problemas, mas basta es- tender a conversa para lembrar que só para pegar ônibus é preciso an- dar cerca de três quadras pelas ruas de barro até a avenida principal. No posto de saúde, acentua que a de- mora para conseguir consultar com ummédicoédecercade30dias.Se surgirem emergências, é necessário se deslocar até um Pronto Atendi- mento em “Joinville”. Mas, ao olhar para a sua casa, a doméstica afirma que “a comunidade precisa mesmo é de habitação”. Além de ressaltar os proble- mas já citados pela diarista, o presidente da Associação de Mo- radores do Bairro Itinga, Sérgio Aristides Corrente, aponta como principal reclamação a água que se acumula na pista da rodovia. A estrada corta todo o bairro e, em dias de chuva, já causou acidentes graves. Entretanto, a reivindicação mais antiga da comunidade é a pa- vimentação. “A Zona Sul sempre foi ignorada pelos governantes”, desabafa o morador. Ele relata ainda que a região precisa de mais uma escola de ensino fundamen- tal, de mais profissionais nos dois postos de saúde e de reforço no transporte coletivo. “Mais do que construir coisas novas, é preciso investir no que já se tem”. Diante de tantas necessidades, o secretário Paulo Roberto Rodri- gues, responsável pela Regional do Boehmerwaldt, que atende tam- bém o Itinga, reconhece que a uni- dade acaba se tornando um órgão ineficiente para a comunidade. “A demanda é enorme. Não tem como atender todas as necessidades, a se- cretaria não dá conta.” São cerca de 40 pedidos recebidos por dia. Eles chegam pelos próprios moradores ou por representantes locais. Em geral, as solicitações se referem ao ensaibramento das ruas. “Quando percebemos que a secretaria não pode resolver o problema, encami- nhamos para o Seinfra.” Mais próximo do Centro está o bairro Floresta, cuja infraestrutura, embora ainda tenha o que ser me- lhorada, é bem mais avançada que nas regiões periféricas. Lá, o prin- cipal problema enfrentado pelos moradores são as enchentes, cada vez mais frequentes. Só neste ano, a comerciante Rosa Maria de Sou- za, 51 anos, já teve a casa invadida pelas águas oito vezes. “A cada chu- va é um novo desespero”, lamenta a comerciante. De acordo com o secretário regional do Itaum, Manoel de Medeiros Machado, as principais causas das enchentes são o entupi- mento das bocas-de-lobo e tubu- lação obstruída. Além de disponi- bilizar pessoal para esse serviço, há também a necessidade de desasso- reamento dos córregos da região. ESTRADA DE CHÃO COMPÕE O CENÁRIO O Sul é uma região de contrastes entre bairros extremamente carentes e com boa qualidade de vida. Em todos eles, o asfalto poderia estar mais presente Fotos:LindaTomelin Por Linda Tomelin, Tatiane Martins e Francine Hellmann
  • 7. Maio.2009 P.P 7 trabalho até o dia 15 de cada mês. depois, dou uma parada.” leopoldo Teixeira “ Sul % do território de Joinville: 36,6% % da população: 40,6% Estabelecimentos: 9.264 Perfil: maior região de Joinville, tem atraído novos investimentos O que vem por aí: nova fábrica da GM, campus da UFSC, condomínio industrial da Ajorpeme e Eixão Norte-Sul Diz-se por aí que Joinville é a cidade das flores e dos príncipes, mas quem conhece a Zona Sul pouco vê de flores ou de rea­leza nos bairros. Dividida pelo con- trasteentreoasfaltodasruasprin- cipais e o pó das estradas de chão, a região é a maior em tamanho e população. São 72,3 km2 reparti- dos entre 189.279 habitantes. De ponta a ponta, 17 bairros compõem a região, sendo o Buca- rein o mais próximo do centro, a apenas 1,61 quilômetros. O mais distante é o Itinga, situado a 8,39 km, já na divisa com Araquari e que chega a se dividir entre as duas cidades. De acordo com os limites geo­gráficos, ficam na Região Sul o Hospital Municipal São José e a Maternidade Darcy Vargas. Além desses dois principais centros de atendimento, cada bairro conta com pelo menos um posto de saúde. São exceção o Anita Ga- ribaldi e o Itinga, que têm dois, e o Paranaguamirim, que tem quatro. No Panágua, apelido dado pela população, o maior número de postos de saúde se explica pelo fato de o bairro ser o mais populo- so da região. A estrutura de saúde precisa atender 23.366 pessoas que vivem em 12,65 km². Tam- bém no Paranaguamirim, estão os principais loteamentos da cidade. São conglomerados de pessoas que dividem áreas com estruturas deficientes de saneamento e infra- estrutura. Jardim Edilene, Morro do Amaral e Estevão de Matos são cenários dessa realidade. A Zona Sul é também a maior região em estabelecimen- tos, com 27,8% do total da cida- de. Estão incluídos nessa conta indústrias, serviços, comércio e autônomos. Apaixonado pelo bairro Sábado, por volta das 9 horas. Leopoldo Teixeira, 68 anos, ajeita galões de produtos coloridos nas caixas fixadas em frente e atrás de uma bicicleta vermelha. Aproxi- ma-se do portão e se dispõe calma- mente a contar sua própria história desde que chegou a Joinville há 14 anos, frisando que a casa onde mora, localizada na quadra 5, lote 15, do loteamento Jardim Edilene, no Paranaguamirim, foi construída com as próprias mãos. Teixeira é natural de Getúlio Vargas, cidade gaúcha que fica na região do Alto Uruguai. Saiu da sua cidade em busca de melhores con- dições de vida. Veio para cá porque uma irmã já morava em Joinville. “O custo de vida aqui é bem me­ lhor, lá é um lugar difícil para fazer qualquer coisa”, conta. Logo que chegou, morou no Guanabara. Depois, comprou um terreno no extremo sul da cidade, local irregular que, na época, per­ tencia a Araquari. “Era um lugar muito feio”, relembra Teixeira. Não havia coleta de lixo, nem insta- lações de luz. “Um vizi­nho tinha ‘gam­biarra’ para cinco casas”, re­vela seu Teixeira. Trouxe consigo a esposa e três filhos, hoje já casados. A família viu a região progredir. Os cinco netos da família estudaram na escolas pú- blicas próximas, há fornecimento de água e luz, os terrenos foram regularizados e transferidos para Joinville e o caminhão de lixo passa três vezes por semana. Porém, essas melhorias apenas deram à comuni- dade condições mínimas de vida. Teixeira gosta do bairro, mas lembra que por lá não há oportu- nidade de emprego, que ainda exis­ tem valas abertas em muitas ruas, que há poucos horários de ônibus e que o asfalto chegou apenas até a rua principal de acesso ao lotea- mento. A falta de saneamento bási- co ainda é o principal problema e os esgotos a céu aberto propiciam a proliferação de bichos e doenças. Hoje, já aposentado, pedala pela região vendendo produtos de limpeza que compra concentrado e dilui. Ele conta que trabalha até o dia 15 de cada mês. “Depois a gente dá uma parada”. As múltiplas faces da Zona Sul Falta de saneamento básico está presente em toda a região, porém nos bairros periféricos é mais visível
  • 8. Maio.20098 P.P Leste Popu- lação: 137.998 Bairros: Aventureiro, Boa Vista, Comasa, Espinheiros, Iririú, Jar- dim Iririú, Saguaçu e Zona Indus- trial Tupy Área to- tal: 38,7 km² % do território de Joinville: 19,5% % da população de Joinville: 29,6% Mais populoso: Aventureiro (34.917) Região operáriaL Panorâmica da Zona Leste, vista do Mirante: arborizada, contornada por água, a região compreende oito bairros e está em ritmo acelerado de desenvolvimento Fábricas,pescadoreseumpólodeensinopioneiro Por Ariadna Straliotto e Daniela de Tofol Contornada por uma quantidade imensa de água, entre rios e man­ guezais, a Zona Leste se destaca pelas características litorâneas e pelas ruas pavimentadas. São 134 quilômetros de asfalto, segundo dados do Ippuj de 2006. A área residencial é ocupa­ da, principalmente, por operários da indústria. Um dos aspectos que contri­ buíram para a ocupação dessa região foi a instalação da Fundição Tupy, na década de 30. Em 1959, a Escola Técnica Tupy foi inaugurada com o objetivo de oferecer ensino profis­ sionalizante aos funcionários da fá­ brica. Até hoje, a procura por cursos técnicos promove um movimento de migrantes de outras cidades. Vitor Gabriel Ramos, 14 anos, é um desses estudantes.  Desde  março, ele  reside em Joinville, atraído pela ETT. Ape­ sar das dificuldades enfrentadas por morar sozinho, garante que “vale a pena pela qualidade do ensino”. Os exemplos de sucesso de familiares que trabalham na instituição moti­ varam o garoto a ingressar na escola. Cortando o Boa Vista, logo se pode chegar à via principal do bairro Espinheiros, a Rua Prefeito Baltasar Buschle. Da janela do ônibus, obser­ va-se um bairro em franco desenvol­ vimento, com casas em construção e asfalto, inclusive em algumas ruas paralelas. Do lado direito da Baltasar Buschle, o mangue avisa que aquele é o limite do território. Ali, o lixo joga­ do sobre o mangue contrasta com a beleza natural da paisagem As casas próximas à região dos manguezais são invadidas com as fre­ quentes cheias. A maré alta aliada às chuvas contínuas traz transtornos aos moradores. Na Secretaria Regional do Boa Vista, que atende também ao Espinheiros, as principais reivindica­ ções dos moradores são por saibro, desentupimento de boca-de-lobo e colocação ou troca de tubulação. No Iririú e no Jardim Iririú, os cidadãos solicitam limpeza de boca-de-lobo, pavimentação e reparo de buracos. Percorrendo a Rua São Borges, já em um braço da Baía da Babitonga, encontra-seaassociaçãodepescadores do Boa Vista, com 37 boxes para batei­ ras – que são barcos pequenos de fun­ do achatado. Ali, pescadores da região e de outras cidades ancoram as embar­ cações até o momento de voltar para o alto mar. Em algumas casas, vizi­nhas à associação, as redes de pesca pen­ duradas nas varandas evidenciam a profissão dos moradores. Associação de Pescadores reúne adeptos do ofício no bairro Boa VistaFundada em 1959, ETT nasceu para oferecer formação aos operários da Tupy Fotos:AriadnaStraliotto
  • 9. Maio.2009 P.P 9 Leste Estabe- lecimentos: 6.370 % dos estabele- cimentos de Joinville: 19,1% Perfil: região litorânea, mistura de manguezais e indústrias O que é bom: eco- nomia em constante crescimento. O que é ruim: polui- ção da área litorânea O que vem por aí: Parque Por- ta do Mar Eu não tenho medo. Nasci no mar, esse é o meu lugar.” Genésio Batista, 65 “ Uma vida dividida entre o mar e a terra Às margens de um dos braços da Baía da Babitonga, em uma região majoritariamente residencial, há um recanto de pescadores. A Associação de Pescadores Boa Vista é só o ponto de partida de Genésio Batista da Silva, 65 anos, para o seu refúgio de descanso. “Eu não tenho medo. Nasci no mar, esse é o meu lugar”, afirma, sorrindo. Aposentado desde 1991, ex-operário da Fundição Tupy e da antiga Consul, a pesca é um passatempo. Aos sábados e feriados, pela madrugada, a bateira, de motor 8 HP, enfrenta os movimentos do mar há 15 anos e volta carregada com cerca de 45 quilos de camarão. Cada quilo é vendido a R$ 12. “O pessoal do bairro conhece, procura e compra. São muitos anos aqui.” Ali, no mangue, também é possível pescar tainhotas, quando a maré sobe. “Só que tem muita poluição. Acaba com tudo”, lamenta o homem com olhar perdido. Genésio conhece o ofício da pesca desde os 12 anos de idade, quando acompanhava o pai na localidade de Barracos, em Garuva. De lá para cá, já teve quatro bateiras. A pretensão agora é comprar um motor de 15 HP para chegar mais rápido a Barra do Sul. Embora a família, que por vezes o acompanha, goste da velocidade da navegação, “eles dizem que devagari­nho é bom para ver a paisagem e os passarinhos revoando”. Integrante da associação de pescadores, que dispõe de 32 boxes para bateiras, ele paga aluguel de R$ 15, com taxas de água e luz inclusas. Quer dizer: até o momento, só taxa de água, porque a “luzvaiserpuxadaainda”.Apenas18dos32boxes játêminstalaçãoelétrica. Morador da região há mais de 20 anos, Genésio afirma que os habitantes da comuni- dade já não têm mais o sossego de antes: “A gentepodiadormirsemtrancarasportas,sem gradenasjanelas.Agora,temqueseramigode longe. Sempre desconfiando”. A marginalidade dos jovens dependentes das drogas assombra quem mora no local. De madrugada, para sair mar afora ele precisa da rondadaviaturadapolíciamilitar,queilumina o local e o protege das emboscadas. Ainda assim, o pescador quer coletar muito peixe e colecionar histórias. É cedo para se aposentar do ofício: “Quero pescar até quando puder, enquanto a saúde deixar”. A infraestrutura do Iate Clube e a beleza da paisagem atraem sócios, que partem dali para outras praias Ajuda entre moradores Em um bairro de classe operária da Região Leste, a associação de moradores reivindica a necessidade de uma área de lazer. Nada parecido com o Iate Clube, mas um lugar para a meninada se divertir. Com 17.630 moradores, o Boa Vista tenta jun- tar fundos para tirar do papel o projeto de uma recreativa com quadra polies­portiva, quiosques e parque infantil. O objetivo da associação é visitar as empresas da região, apresentar o projeto e tentar parcerias para construção. O terreno onde hoje fica a sede da entidade é o local escolhido para a obra. Atualmente, 27 sócios contribuem mensalmente com uma quantia que varia entre R$ 2 e R$ 10. O valor banca parte dos gastos mensais da instituição. Rosane Belmiro, secretária da associação, relata que a maioria dos moradores procura a entidade em busca de auxílio na procura de emprego ou quando precisam de ajuda para conser- tar suas casas. A comunidade realiza bingos benefi- centes, ações entre amigos ou doações. “A parceria com empresas ajudaria muito, mas são poucas as que colaboram”, ressalta Ro- sane. Na sede, a comunidade também pode receber assessoria jurídica gratuita uma vez por semana. Luxo no bairro dos mangues Com vista privilegiada, em uma regiãodistantedocentro,oJoinville Iate Clube (JIC), fundado há trinta anos por um grupo de amigos, é o recanto de muitos empresários e executivos. Situado no miolo do Espinheiros, colado em uma região pobre, o local tem uma área con- struída de 7.788 metros quadrados. A coordenadora administrativa Lu- cimar de Almeida Valentim conta que cerca de 90% dos associados moram em Joinville. Os demais são de Blumenau, Curitiba e São Paulo. Opulência é característica marcante no JIC. A ostentação e o luxo chamam atenção de quem mora nos arredores e até mesmo de turistas que, por um atrativo ou outro, acabam passando por ali. Claro que, dos 8.154 moradores do Espinheiros, nenhum é associa- do ao clube. A maioria dos 22 fun- cionários mora nas redondezas, no Espinheiros ou no Comasa. Uma estra- da paralela de acesso restrito leva os curiosos até a portaria. Lá, a segurança é reforçada. Lu- cimarcontaque muitos conseguem entrar pedin­ do para usufruir do restaurante, mas acabam passeando pelo local. Mesmo assim, o clube evita liberar a entrada, “porque o patrimônio é muito grande”, justifica a adminis­ tradora. A região foi estrategicamente escolhida para abrigar o em- preendimento pela facilidade de navegação de grandes embarcações. Enquan­ to os navegantes par- tem para destinos como Capri, em São Francisco do Sul, e An- gra dos Reis, no Rio de Janeiro, os passageiros do ônibus circular que passa perto dali já estão acostumados com o mesmo percurso. Iate Clube ostenta beleza no Espinheiros
  • 10. Maio.200910 P.P Oeste População: 57.515 Bairros: Atiradores, Glória, Morro do Meio, Nova Brasília, São Marcos e Vila Nova Área total: 39,8 km² % do território de Joinville: 20,1% % da popula- ção de Joinvil- le: 12,3% Bairro mais populoso: Vila Nova (19.824) Estabeleci- mentos: 3.954 % dos estabe- lecimentos de Joinville: 11,8% Seja bem-vindoO No perímetro joinvilense da SC-413, há três cemitérios. O mais antigo é propriedade da Igreja Lu- terana e fica na esquina com a es- trada que leva ao bairro Duas Ma- mas, em Schroeder. Lá, ninguém foi enterrado há menos de 50 anos. O mais velho dos “moradores” do cemitério é Karl Wille, nascido em 1847 e falecido em outubro de 1922. Pon­to comum entre os enterrados: todos são de des­cendência alemã. Mas não é só no bairro Vila Nova que a colonização germâ- nica predomina. Os alemães se espalha­ram por todo o Sul do Bra- sil. Em Santa Catarina, as colônias se formaram aos poucos. A partir do início do século 20, foram trazidos do Rio Gran- de do Sul mais imigrantes para ocu­par novas colônias no Oeste do Estado, que já não eram ex- clusivamente alemãs – também continham outros grupos de imi- grantes, principalmente italianos. Mesmo assim, estima-se que pelo menos um quarto da popu­lação cata­ rinense seja de ori­ gem germânica. Em cidades como Joinville e Blumenau, ainda é preservada como valor cultural a arquitetura germânica das casas. Só na SC- 413, da Rua 15 de Novembro até o limite com Guaramirim, exis- tem quatro dessas casinhas. De origem alemã Por Charles França e Rayana Borba A Zona Oeste é a porta de entra- da de Joinville. O tradicional pórtico da Rua 15 de Novembro dá as boas- vindas aos turistas. A região oferece várias opções de acomodação, tan­to para os que têm Joinville como des­­ tino quanto para quem está só de pas- sagem. Os dois principais acessos da cidade estão localizados nessa parte do mapa, que também abriga a ro- doviária. É a BR-101 que divide os quase 40 quilômetros quadrados da Zona Oeste. Os bairros Glória e Atira- dores, mais próximos do centro, fo- ram colonizados pelos descendentes de alemães. A localização permitiu o desenvolvimento dessa porção mais nobre, na qual estão situados os prin- cipais restaurantes e lojas da cidade. Os dois bairros também abrigam os principais complexos de segurança de Joinville: os batalhões da Polícia Militar e do Exército. Do outro lado da rodovia, espalham-se os bairros Vila Nova, São Marcos, Nova Brasília e Morro do Meio. Is­so não apenas torna aquelas localida­des desconhe- cidas pela maioria da população, mas também faz com que elas apresentem característicasúnicas,emcomparação aos bairros quase homogêneos e mais próximos à região central. Colonização germânica predomina Em estilo germânico, o pórtico, um dos cartões -postais de Joinville, dá as boas-vindas aos que chegam à cidade; Zona Oeste é dividida pela BR-101 Foto:CláudioCosta O Vila Nova é um bairro de ex­tre­ mos. Afastado do centro, para chegar lá é preciso atravessar a BR-101. Na Rua 15 de Novembro – onde está o terminal de ônibus –, a vida comercial do bairro tomou forma. As ruas liga- das à 15 de Novembro foram pensa- das de modo a conferir organização ao bairro. São todas paralelas à via princi- pal, da mesma forma que as transver- sais são paralelas umas às outras. Isso se deve à partilha que as imobiliárias fizeram dos loteamentos. A maior concentração de mora­ dores está do lado direito da 15, sen- tido Centro-bairro. No lado esquerdo, onde mora Joana Luz, o relevo é mais baixo e propício às enchentes. A dona de uma barraquinha de produtos ca- seiros ainda lembra da primeira vez que viu a água porta adentro, há mais de 15 anos. “Era final da tarde e eu estava voltando do trabalho. Na rua, a água batia quase no joelho. Dentro de casa, na canela”, conta, exaltada. Ela diz que não conseguiu tirar nada da cozinha. Prejuízos: fogão e refrige- rador enferrujados, compressor da ge- ladeira estragado e móveis podres. Jo- ana viu a água entrar em sua casa mais “duas ou três vezes”. O saneamento básico chegou até onde ela mora. O esgoto não existe mais. Mesmo assim, Joana não pensa em sair do Vila Nova. “Sair para quê? Não me falta nada aqui”, diz, levantando os ombros. A parte rural é mais deslocada. Lá, encontra-se a área de turismo rural, algumas propriedades com planta- ção de arroz, morros, rios e o parque aquático Water Valley. O Vila Nova é o único bairro de Joinville a fazer li- mite com duas cidades: Schroeder e Guaramirim. Minicidade
  • 11. Maio.2009 P.P 11 Oeste Pobre e distante Ligado ao Vila Nova pela Estrada Aratacas,ondeficaocampodetreina­ mentodoJEC,oMorrodoMeioéum dos bairros mais desconhecidos e de­ sassistidos de Joinville. Seguindo pela longa estrada é fácil descobrir quando se chega ao Morro do Meio. É grotes­ ca a diferença na urbanização entre os dois bairros. Se na SC-413 as poucas casas são, em sua maioria, de alvena­ ria – rebocadas, pintadas, em terrenos grandes, com jardins bem cuidados –, no Morro do Meio a situação é outra. Quase todas as moradias são de ma­ deira, algumas com paredes podres. Dá até para ver a marca deixada pelas enchentes passadas: uma faixa em marrom claro, de quase um metro. São raras as casas de alvenaria e com paredes rebocadas. Os terrenos não são murados e o esgoto corre a céu aberto. Nessas condições, vive a viúva Maria Zenita da Silva, 61 anos. A aposentada recebe R$ 600 por mês e paga R$ 200 de prestação pelo terreno onde mora. Na última chuva quealagouJoinville,emmarço,acasa dela foi parcialmente destelhada e a água chegou a entrar na cozinha. Os sinais da lama continuam na parede de madeira. O forno do fogão tam­ bém estragou. Do lado de fora, a boca-de-lobo abertaquasedeixaoesgototransbor­ dar. Como a entrada do terreno é mais alta do que os fundos, a casa de Maria, para se manter na horizontal, está equilibrada por alguns pilares. Embaixo da casa, que abriga ainda os dois filhos, a nora e a neta de Maria, há uma pequena lagoa esver­ deada. Lembrança das enchentes de novembro passado, que aceleraram o apodrecimento das paredes.  Ela reclama que já pediu ajuda para a Vigilância Sanitária por ter medo de que a água fomentasse a proliferação dos mosquitos da dengue. Até agora, diz, nada foi feito. Muitas quadras dos loteamentos do Morro do Meio se encontram em zonas de alagamento. Essa é a razão pela qual mais de 15 famílias foram proibidas de voltar para suas casas quandoascheiastomaramSantaCata­ rina em 2008. Do outro lado do rio Eles moram bem longe: a casa da família de Ademar Felipe fica a 30 quilômetros do Centro de Joinville e a apenas 15 do Centro de Guaramirim No limite entre Joinville e Guara­ mirim mora a família Felipe. Eles não têm vizinhos. O terreno onde resi­ dem é cortado pelo mesmo rio que separa as duas cidades. A casa, que fica em Joinville, pertence à família de Ademar Felipe, 49 anos. Lá, as corres­ pondências só chegam por meio de Sedex. Pudera: nem transporte pú­ blico passa por ali. O ponto de ônibus mais próximo fica a um quilômetro de distância. A família não teve es­ colha senão comprar um carro. A água não é fornecida pela Com­ panhiaÁguasdeJoinville:vemdireta­ mente da serra e é extraída do poço. O lixo é recolhido pelo município de Guaramirim, mas a energia elétrica é suprida por Joinville. Telefone fixo, eles não têm, usam o “celular rural”. O aparelho permanece preso a uma antena de captação de sinal para fun­ cionar. Ademar trabalha na Engepasa de Joinville. A esposa, Janete, 44 anos, é dona-de-casa. O filho do casal, Marcos Antônio, trabalha em Guara­ mirim. O rapaz namora uma moça de outra cidade vizinha, Jaraguá do Sul, e costuma passar os finais de semana na casa dela. A filha Fátima, de 13 anos, estuda na parte urbanizada do Vila Nova e vai para a escola com o ônibus que a cidade disponibiliza para trans­ portar os estudantes de regiões mais afastadas. Qualquer coisa de que pre­ cisam, compram em Guaramirim. E é para a cidade do outro lado do rio que a família Felipe pretende se mudar ainda neste ano. Fotos:CharlesFrança Maria zenita, do morro do meio, Tem medo de que a água parada embaixo da casa transmita dengue para a família Perfil: região onde se encontram os bairros mais distantes do Centro, carac- teriza-se por conter bairros praticamente autônomos do resto da cidade, como Vila Nova e Nova Brasília. Seu território é cortado pela BR-101. O que é bom: infra-estrutura comercial O que é ruim: transporte para localida- des distantes O que vem por aí: pavi- mentação das ruas
  • 12. Maio.200912 P.P Carlito, com os servidores da Saúde e da Educação, aos 100 dias de governo: ampliar horizontes Desafios de CarlitoPor Jouber Castro O prefeito Carlito Merss comple­ tou os clássicos cem dias de mandato com uma pilha de proble­mas sobre a mesa. Ele passou boa parte desse perío­ do reclamando das dívidas deixadas pelo antecessor. Segundo o balanço de 2008, são R$ 9.015.677,28 de défi­ cit e R$ 51.391.464,38 em empenhos anulados no final de dezembro. Contas que Carlito considera dívidas a pagar. Mesmo assim, o prefeito está otimista em relação às obras de infraestrutura, contando com os recursos que a cidade tem recebido do governo federal. Car­ lito revela o que o deixaria satis­feito ao término do mandato, em 2012: “Che­ gar a 70% da cidade com saneamento, oqueédifícil;acabarcomoturnointer­ mediário,começandopelasduasescolas que estamos inau­gurando; e manter o Hospital São José funcionan­do 100% legal, como também os postos e o PA do Aventureiro”. A equipe do Primeira Pauta, na viagem aos quatro cantos da cidade, recolheu observações e proble­ mas que foram levados à mesa de reu­ niões do gabinete do prefeito. Foram selecionados os três assuntos mais ques­ tionados pelas pessoas ouvidas: sanea­ mento básico, enchentes e habitação. Saneamento: dinheiro no bolso e trabalho Uma das reclamações recor­ rentes entre moradores do Jardim Edilene e do Jardim Paraíso, regiões pobres da cidade, foi a ausência de saneamento básico. O esgoto a céu aberto corre ao lado de casas e torna o ambiente propício para doenças. A cidade conta, oficialmente, com 11 mil ligações de esgoto e 130 mil domicílios. Carlito diagnostica pro­ blema e solução: “Hoje, as residên­ cias ligadas à rede de esgoto são menos de 5% do total. Isso ocorre porque durante quase 30 anos se permitiram loteamentos irregulares. Agora a legislação é dura. De dez anos para cá, a prefeitura só licencia loteamento se o loteador garantir o básico: iluminação, tubulação. Nos­ soobjetivoéchegar,em2012,a70% das casas com saneamento básico”. Segundo o prefeito, boa parte dos terrenos da cidade não está regulari­ zada, o que dificulta a chegada do poder público: “Essa regularização atingiria de 3 a 5 mil lotes. Parte de­ les tem esgoto a céu aberto. A maior solicitação dos secretários regionais édetubos,paracolocarnafrentedas casas e não deixar o esgoto assim”. Carlito se reuniu com repre­ sentantes da empreiteira SL, de Brasília, que ficou responsável pe­ lo saneamento do Jardim Paraíso e de uma área do Paranaguamirim. A intenção era permitir o reinício das obras. Para isso, alguém precisará abrir os cofres: “Teremos que rene­ gociar, pois eles querem aditivos no contrato. Vamos utilizar os recursos do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento, do governo fede­ ral]”. Carlito se refere aos R$ 66 mil­ hões destinados ao investimento na rede de água e esgoto de Joinville pelo Ministério das Cidades. O pre­ feito conta, nesse processo, com a solidez da Águas de Joinville: “Te­ mos intervenções em andamento no Morro do Amaral, no Morro do Meio,noJardimParaíso.Aprincipal parceira que tenho nesse campo é a Águas de Joinville. Por isso a preo­ cupação de que ela continue saudá­ vel. Se for inviável, não pode ser usada para conseguir empréstimos”. Enchentes: a dor de cabeça vai longe O fim de 2008 e o início de 2009 foram marcados pela intensificação de um fenômeno já conhecido dos moradoresdeJoinville:asenchentes. Foram abundantes as imagens divul­ gadasnaimprensadecasasarrasadas, famíliasdesabrigadaseruasalagadas. Regiões como Jardim Sofia, Jativoca e Morro do Meio ainda se recu­ peravam de uma das cheias quando foram atingidos novamente, com intensidade ainda maior. O prefeito atribui o problema à falta de cuidado que moradores e poder público vêm tendo com o leito dos rios e com as bocas-de-lobo. “Temos 96 quilôme­ tros de rios e valas. Encontramos ca­ sos de lugares onde há dez anos não se faz uma limpeza. Realizamos, em 70 dias, a limpeza básica de quase 40 quilômetros. O trabalho está sendo feito pela Secretaria de Infraestru­ tura Urbana, pela Defesa Civil e por três equipes da Engepasa, duas delas contratadas por nós”, explica. A medida principal da atual gestão deverá ser a formalização do Plano Diretor de Dragagem da Bacia do Rio Cachoeira, que prevê ações para evitar as cheias nos bairros próximos do Centro. O montante total – mais de R$ 300 milhões, em regime de empréstimo – está vindo do Banco Interamericano de Desen­ volvimento(BID).“Aprimeirainter­ vençãodeverásernoRioMorroAlto, que passa perto do Ginásio Ivan Ro­ drigues. Com as medidas do plano, a velocidade do rio deve aumentar e ele será desafogado. Haverá indeni­ zações, casas serão retiradas e pontes alargadas, já que o rio está estrangu­ lado. São apenas dois quilômetros e meio,masocustodedesapropriação será altíssimo”. Carlito enumera os lugaresqueserãocontempladospelo plano: “Toda a bacia do Cachoei­ra, para tentar resolver seis ou sete pon­ tos de enchentes no Bom Retiro, na Getúlio Vargas, no Floresta. A gente sabe onde estão os rios entupidos. Não precisa ser engenheiro ambien­ tal para entender isso”. Pedidos de limpeza da região cen­ tral do Cachoeira ainda não po­derão ser atendidos. “Desobstruir bocas- de-lobo e fazer as limpezas possíveis são paliativos. O governador tenta há quase dois anos uma dragagem do Cachoei­ra,masnãoconsegueporquea Fatma [Fundação do Meio Ambiente, de nível estadual] não libe­ra. Não tem onde deixar o entu­lho. Quem draga deve dizer onde vai o bota-fora.” Qual asolução?Oprefeitoresponde:“Fazer esse grande plano de drenagem e não permitir mais que se construa em al­ gumas áreas. Simplesmente proibir” ampliarrededeesgoto eresolverdramasda saúdesãoprioridades Habitação: onde res­ta uma esperança A cidade planeja uma revira­ volta habitacional, com os recur­ sos do novo programa do gover­ no fede­ral. “É a primeira vez na história que temos um programa nacional. Não havia política para quem ganha até cinco salários mínimos. Temos de atingir esse público e a prefeitura não tem dinheiro”, argumenta Carli­to. O planejamento deve se intensificar, para garantir a parcela de novas moradias que cabe a Joinville. Em se tratando de saneamento e infraes­trutura para habi­tação, a parceria com Brasília será vital: “Temos, hoje, entre 7 e 8 mil pes­ soas que podem entrar nesse pro­ grama, e a Secretaria da Habitação está refazendo o cadastro. Temos potencial para conseguir 4 mil moradias do pacote. Com os pro­ jetos que já encaminhamos, po­ demos a 700 casas neste ano, em áreas regularizadas. Basta, a partir de agora, não deixar a ocupação ser feita de maneira desordenada”. (Colaboração: Ariane Olsen) S O N L Foto:SecretariadeComunicação/PMJ