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ASPECTOS NEUROPSICOLÓGICOS
DO AUTISMO
Psic. Victor Nóbrega
Agosto/2018
INTRODUÇÃO
• Os transtornos do neurodesenvolvimento
• As manifestações do TEA são, basicamente, comportamentais e qualitativas,
relacionadas à dificuldade na interação social e na comunicação, além de se
evidenciarem padrões de comportamento repetitivos e esteriotipados.
• Dois grupos de sintomas característicos
1. Déficits na comunicação e interações sociais
2. Comportamentos repetitivos e esteriotipados
ESCALAS DE DIAGNÓSTICO E RASTREIO DO TEA
• Children Autism Rating Scale
• Autism Diagnostic Observation
Schedule (16 a 35 meses)
• Checklist for Autism in Toddlers
• Autism Begavior Checklist
• Autism Screening Questionnaire
INTRODUÇÃO
• Necessária visão geral e multidisciplinar
• O diagnóstico requer discriminação de várias formas com que a criança
utiliza a linguagem, a comunicação simbólica e a atividade imaginativa, já
nos seus primeiros três anos de vida
• As alterações precoces do âmbito da socialização são consideradas o
elemento central do TEA, tendo enorme impacto na vida diária dos indivíduos
afetados e levando à dificuldades na adaptação social, no desenvolvimento
da linguagem verbal e não verbal e no comportamento.
• A adaptação ao meio, na perspectiva da neuropsicologia, é associado à
cognição social
INTRODUÇÃO
• Processos cognitivos como atenção, memória, linguagem e funções
executivas são necessárias para a cognição social, apesar de serem
construtos diferentes e usarem sistemas de processamento semi-
independentes.
• Tanto os prejuízos na cognição social como aqueles que afetam os
processos cognitivos têm sido considerados elementos centrais na
compreensão dos sintomas e da funcionalidade das pessoas com TEA
• A neuropsicologia permite um refinamento na avaliação das alterações da
linguagem, na função executiva e na cognição social, que pode auxiliar o
diagnóstico precoce e dar subsídios neurobiológicos e comportamentais para
o planejamento das intervenções mais efetivas
Capacidade de identificar, manipular e adequar o comportamento a partir das
informações sociais percebidas e processadas em um contexto específico
A COGNIÇÃO SOCIAL
COGNIÇÃO SOCIAL
• Psicologia social durante a revolução cognitiva
• Como as pessoas processam informações no contexto social, o que envolve
a percepção do outro, atribuições causais de si e dos outros, julgamento
social para a tomada de decisões e outros elementos.
• As possibilidades de dividir experiências com outras pessoas, compartilhar a
atenção, compreender o que o outro está sentindo (empatia) e reconhecer
expressões faciais constituem expressões da cognição social.
• Inclui as funções relacionadas à percepção social, como teoria da mente,
reconhecimento de emoções e coerência central.
OS MODELOS DA COGNIÇÃO SOCIAL
Modelo de Processamento
Interativo:
 Modelo de processamento interativo:
proposto a partir de uma base neural
dividida em dois sistemas: um
reflexivo (relacionados a processos
automáticos modulados por estruturas
límbicas mais filogeneticamente
primitivas, como a amígdala) e outro
refletivo (processos voluntários mais
recentes que envolvem áreas
neocorticais como o lobo pré-frontal e
circuitos executivos relacionados
Modelo Conceitual
Dividido em 4 habilidades
1. Percepção emocional
2. Percepção social
3. Teoria da mente
4. Estilo de atribuição
COGNIÇÃO SOCIAL
• Habilidades de cognição social podem ser verificadas com base na Escala
de Comportamento Adaptativo (entrevista semiestruturada que verifica
habilidades de 4 domínios [AVD e autonomia, comunicação, socialização e
motricidade] na faixa dos 0 a 18 anos.
• Subteste de compreensão das escalas Wechsler de inteligência avalia
situações em que o indivíduo precisa fazer uma leitura dos sinais fornecidos
pelo ambiente social e observar padrões comportamentais. Dificuldades para
compreender senso comum, juízo social e provérbios podem ser inferidos
por meio desta tarefa.
• Inventários de habilidades sociais podem ser utilizados
Capacidade de inferir e compreender estados mentais dos outros
TEORIA DA MENTE
TEORIA DA MENTE
• Teoria: o processo envolve um sistema de inferências sobre estados não
diretamente observáveis, mas que podem ser usados para predizer o
comportamento.
• Quatro módulos cerebrais que interagem formando a leitura mental
1. Detentor de intencionalidade: capacidade de interpretar determinado
estímulo ou situação a partir do seu desejo para uma meta específica
2. Direção do olhar: detecção do olhar do outro em direção ao estímulo/objeto
ou ao indivíduo, incluindo a interpretação de que o que o primeiro vê é o
mesmo que o segundo vê
TEORIA DA MENTE
• Quatro módulos cerebrais que interagem formando a leitura mental
3. Atenção compartilhada: a partir dos módulos anteriores, as informações são
captadas e enviadas para este. Percepção da relação de si, do outro e do
estímulo (olharia para um objeto e depois para a outra pessoa, inter-
relacionando-os).
4. Integração: das informações anteriores, obtendo a percepção do desejo,
intenção e crença do outro e originando assim um aparato teórico coerente.
A partir da integração desses módulos, o indivíduo forma sua capacidade para
compreender o comportamento do outro em um contexto específico e, com
essas informações, pode definir e direcionar o seu próprio comportamento
INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA TEORIA DA
MENTE
Teste de Sally-Ann (situação da cesta/caixa): crianças com TEA têm
dificuldades para compreender o que a personagem pensava e antecipar o
seu comportamento com base no seu pensamento.
NEPSY-II (32 subtestes e 4 tarefas tardias que avaliam funções como
atenção, memória, aprendizagem, linguagem, processamento visuoespecial,
habilidade sensorio-motora, função executiva e percepção social). O
subteste de teoria da mente através de duas tarefas: 1- verbal (compreensão
e percepção da intenção de si e dos outros, decepção, crenças, emoções e
imitação) 2- contextual (habilidade de relacionar uma situação com a emoção
em um determinado contexto social).
Subteste de compreensão de metáforas da Bateria Montreal de Avaliação da
Comunicação. As respostas do TEA tendem a ser concretas
CAPACIDADE DE INTEGRAR FONTES DE INFORMAÇÕES PARA ESTABELECER SIGNIFICADO EM UM
CONTEXTO COM COERÊNCIA, PERCEBENDO O TODO DA INFORMAÇÃO TANTO VERBAL COMO VISUAL.
COERÊNCIA CENTRAL
COERÊNCIA CENTRAL
• São evidenciadas, no TEA, alterações no processamento gestáltico das
informações, privilegiando-se partes ao invés do todo.
• Podem ser reveladas na execução tardia da Figura Complexa de Rey, uma
vez que o foco da atenção recai nos detalhes da figura, e não na percepção
do todo.
• Dificuldades em tarefas verbais de integração de sentenças em um parágrafo
ou de identificação de figuras fragmentadas
As emoções são percebidas por meio de mudanças faciais sutis e também na modulação/entonação da
voz, que dão ênfase à emoção específica expressa em determinado contexto social
RECONHECIMENTO DE EMOÇÕES
RECONHECIMENTO DE EMOÇÕES
• Já nos primeiros meses os bebês respondem às expressões faciais
maternas; com 2 anos, as crianças mostram maior capacidade para nomear
as emoções; aos 3 já relatam experiências emocionais; e aos 4 já percebem
que as reações emocionais podem variar de pessoa para pessoa.
• TEA: alterações da identificação, processamento e prosódia afetiva de
emoções. Dificuldade na identificação de emoções primárias de medo, raiva,
surpresa e nojo.
INSTRUMENTOS PARA RECONHECIMENTO DE
EMOÇÕES
Subteste de reconhecimento de emoções da bateria NEPSY-II (reconhecer
emoções em faces de crianças).
Teste de conhecimento emocional (medida CE). 3 a 6 anos. Importante
ferramenta na abordagem precoce
Coeficiente de empatia e sistematização para crianças
Teste dos olhos
Capacidade para aquisição e utilização de sistemas complexos de comunicação
LINGUAGEM
LINGUAGEM
• No TEA, déficits na linguagem tendem a ser globais e em geral são
percebidos logo nos primeiros anos de vida, quando são esperadas as
respostas imediatas aos chamados, bem como as expressões iniciais de
comunicação oral e, com o tempo, das capacidades de abstração e narrativa
• Impacto nas relações sociais, comunicação, expressão e compreensão de
intenções, crenças e desejos do outro.
• Dificuldades de abstração verbal e de narrativa podem ser inferidas por meio
dos subtestes Semelhança e Vocabulário das escalas Wechsler bem como
tarefas qualitativas como contar uma história (capacidade de seqüenciar).
• Alterações na prosódia (entonação monótona e robotizada). Subteste de
prosódia emocional da bateria MAC
Conjunto de processos cognitivos que permitem ao indivíduo engajar-se com propósito em atividades
socialmente relevantes, tomar decisões e monitorar o próprio comportamento para atingir metas
previamente estabelecidas
FUNÇÕES EXECUTIVAS
FUNÇÕES EXECUTIVAS
• Abrange diversas habilidades: iniciar determinada ação, estabelecer metas,
planejar e organizar os processos para seu cumprimento, inibir estímulos
distratores e respostas automáticas, monitorar a eficiência das estratégias
adotadas para resolução dos problemas e, quando necessária, criar novos
esquemas de atuação.
• TEA: dificuldades de planejamento, organização, flexibilidade mental,
controle inibitório e fluência verbal e visual.
• Teste de Classificação de Cartas de Wisconsin: expressam pensamentos
rígidos e dificuldades para avaliar novas estratégias diante de mudanças
• Respostas perserverativas em tarefas de fluência verbal fonológica e visual
FUNÇÕES EXECUTIVAS
• Problemas com a tarefa da Torre de Londres (demanda planejamento,
flexibilidade e organização) demonstrando impulsividade e rigidez
• Baixo desempenho em testes de memória episódica que envolvem
recordação serial (lista de rey), evidenciam falha no controle inibitório
• Baixo desempenho nos subtestes de linguagem nas escalas Wechsler, mas
têm escores médio nos de habilidades visuoconstrutivas e de memória.
• Instrumentos que priorizam inteligência não-verbal são indicados para
indivíduos não-verbais
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VICTORNOBREGA28@HOTMAIL.COM

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Neuropsicologia do autismo

  • 1. ASPECTOS NEUROPSICOLÓGICOS DO AUTISMO Psic. Victor Nóbrega Agosto/2018
  • 2. INTRODUÇÃO • Os transtornos do neurodesenvolvimento • As manifestações do TEA são, basicamente, comportamentais e qualitativas, relacionadas à dificuldade na interação social e na comunicação, além de se evidenciarem padrões de comportamento repetitivos e esteriotipados. • Dois grupos de sintomas característicos 1. Déficits na comunicação e interações sociais 2. Comportamentos repetitivos e esteriotipados
  • 3. ESCALAS DE DIAGNÓSTICO E RASTREIO DO TEA • Children Autism Rating Scale • Autism Diagnostic Observation Schedule (16 a 35 meses) • Checklist for Autism in Toddlers • Autism Begavior Checklist • Autism Screening Questionnaire
  • 4. INTRODUÇÃO • Necessária visão geral e multidisciplinar • O diagnóstico requer discriminação de várias formas com que a criança utiliza a linguagem, a comunicação simbólica e a atividade imaginativa, já nos seus primeiros três anos de vida • As alterações precoces do âmbito da socialização são consideradas o elemento central do TEA, tendo enorme impacto na vida diária dos indivíduos afetados e levando à dificuldades na adaptação social, no desenvolvimento da linguagem verbal e não verbal e no comportamento. • A adaptação ao meio, na perspectiva da neuropsicologia, é associado à cognição social
  • 5. INTRODUÇÃO • Processos cognitivos como atenção, memória, linguagem e funções executivas são necessárias para a cognição social, apesar de serem construtos diferentes e usarem sistemas de processamento semi- independentes. • Tanto os prejuízos na cognição social como aqueles que afetam os processos cognitivos têm sido considerados elementos centrais na compreensão dos sintomas e da funcionalidade das pessoas com TEA • A neuropsicologia permite um refinamento na avaliação das alterações da linguagem, na função executiva e na cognição social, que pode auxiliar o diagnóstico precoce e dar subsídios neurobiológicos e comportamentais para o planejamento das intervenções mais efetivas
  • 6. Capacidade de identificar, manipular e adequar o comportamento a partir das informações sociais percebidas e processadas em um contexto específico A COGNIÇÃO SOCIAL
  • 7. COGNIÇÃO SOCIAL • Psicologia social durante a revolução cognitiva • Como as pessoas processam informações no contexto social, o que envolve a percepção do outro, atribuições causais de si e dos outros, julgamento social para a tomada de decisões e outros elementos. • As possibilidades de dividir experiências com outras pessoas, compartilhar a atenção, compreender o que o outro está sentindo (empatia) e reconhecer expressões faciais constituem expressões da cognição social. • Inclui as funções relacionadas à percepção social, como teoria da mente, reconhecimento de emoções e coerência central.
  • 8. OS MODELOS DA COGNIÇÃO SOCIAL Modelo de Processamento Interativo:  Modelo de processamento interativo: proposto a partir de uma base neural dividida em dois sistemas: um reflexivo (relacionados a processos automáticos modulados por estruturas límbicas mais filogeneticamente primitivas, como a amígdala) e outro refletivo (processos voluntários mais recentes que envolvem áreas neocorticais como o lobo pré-frontal e circuitos executivos relacionados Modelo Conceitual Dividido em 4 habilidades 1. Percepção emocional 2. Percepção social 3. Teoria da mente 4. Estilo de atribuição
  • 9. COGNIÇÃO SOCIAL • Habilidades de cognição social podem ser verificadas com base na Escala de Comportamento Adaptativo (entrevista semiestruturada que verifica habilidades de 4 domínios [AVD e autonomia, comunicação, socialização e motricidade] na faixa dos 0 a 18 anos. • Subteste de compreensão das escalas Wechsler de inteligência avalia situações em que o indivíduo precisa fazer uma leitura dos sinais fornecidos pelo ambiente social e observar padrões comportamentais. Dificuldades para compreender senso comum, juízo social e provérbios podem ser inferidos por meio desta tarefa. • Inventários de habilidades sociais podem ser utilizados
  • 10. Capacidade de inferir e compreender estados mentais dos outros TEORIA DA MENTE
  • 11. TEORIA DA MENTE • Teoria: o processo envolve um sistema de inferências sobre estados não diretamente observáveis, mas que podem ser usados para predizer o comportamento. • Quatro módulos cerebrais que interagem formando a leitura mental 1. Detentor de intencionalidade: capacidade de interpretar determinado estímulo ou situação a partir do seu desejo para uma meta específica 2. Direção do olhar: detecção do olhar do outro em direção ao estímulo/objeto ou ao indivíduo, incluindo a interpretação de que o que o primeiro vê é o mesmo que o segundo vê
  • 12. TEORIA DA MENTE • Quatro módulos cerebrais que interagem formando a leitura mental 3. Atenção compartilhada: a partir dos módulos anteriores, as informações são captadas e enviadas para este. Percepção da relação de si, do outro e do estímulo (olharia para um objeto e depois para a outra pessoa, inter- relacionando-os). 4. Integração: das informações anteriores, obtendo a percepção do desejo, intenção e crença do outro e originando assim um aparato teórico coerente. A partir da integração desses módulos, o indivíduo forma sua capacidade para compreender o comportamento do outro em um contexto específico e, com essas informações, pode definir e direcionar o seu próprio comportamento
  • 13. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA TEORIA DA MENTE Teste de Sally-Ann (situação da cesta/caixa): crianças com TEA têm dificuldades para compreender o que a personagem pensava e antecipar o seu comportamento com base no seu pensamento. NEPSY-II (32 subtestes e 4 tarefas tardias que avaliam funções como atenção, memória, aprendizagem, linguagem, processamento visuoespecial, habilidade sensorio-motora, função executiva e percepção social). O subteste de teoria da mente através de duas tarefas: 1- verbal (compreensão e percepção da intenção de si e dos outros, decepção, crenças, emoções e imitação) 2- contextual (habilidade de relacionar uma situação com a emoção em um determinado contexto social). Subteste de compreensão de metáforas da Bateria Montreal de Avaliação da Comunicação. As respostas do TEA tendem a ser concretas
  • 14. CAPACIDADE DE INTEGRAR FONTES DE INFORMAÇÕES PARA ESTABELECER SIGNIFICADO EM UM CONTEXTO COM COERÊNCIA, PERCEBENDO O TODO DA INFORMAÇÃO TANTO VERBAL COMO VISUAL. COERÊNCIA CENTRAL
  • 15. COERÊNCIA CENTRAL • São evidenciadas, no TEA, alterações no processamento gestáltico das informações, privilegiando-se partes ao invés do todo. • Podem ser reveladas na execução tardia da Figura Complexa de Rey, uma vez que o foco da atenção recai nos detalhes da figura, e não na percepção do todo. • Dificuldades em tarefas verbais de integração de sentenças em um parágrafo ou de identificação de figuras fragmentadas
  • 16. As emoções são percebidas por meio de mudanças faciais sutis e também na modulação/entonação da voz, que dão ênfase à emoção específica expressa em determinado contexto social RECONHECIMENTO DE EMOÇÕES
  • 17. RECONHECIMENTO DE EMOÇÕES • Já nos primeiros meses os bebês respondem às expressões faciais maternas; com 2 anos, as crianças mostram maior capacidade para nomear as emoções; aos 3 já relatam experiências emocionais; e aos 4 já percebem que as reações emocionais podem variar de pessoa para pessoa. • TEA: alterações da identificação, processamento e prosódia afetiva de emoções. Dificuldade na identificação de emoções primárias de medo, raiva, surpresa e nojo.
  • 18. INSTRUMENTOS PARA RECONHECIMENTO DE EMOÇÕES Subteste de reconhecimento de emoções da bateria NEPSY-II (reconhecer emoções em faces de crianças). Teste de conhecimento emocional (medida CE). 3 a 6 anos. Importante ferramenta na abordagem precoce Coeficiente de empatia e sistematização para crianças Teste dos olhos
  • 19. Capacidade para aquisição e utilização de sistemas complexos de comunicação LINGUAGEM
  • 20. LINGUAGEM • No TEA, déficits na linguagem tendem a ser globais e em geral são percebidos logo nos primeiros anos de vida, quando são esperadas as respostas imediatas aos chamados, bem como as expressões iniciais de comunicação oral e, com o tempo, das capacidades de abstração e narrativa • Impacto nas relações sociais, comunicação, expressão e compreensão de intenções, crenças e desejos do outro. • Dificuldades de abstração verbal e de narrativa podem ser inferidas por meio dos subtestes Semelhança e Vocabulário das escalas Wechsler bem como tarefas qualitativas como contar uma história (capacidade de seqüenciar). • Alterações na prosódia (entonação monótona e robotizada). Subteste de prosódia emocional da bateria MAC
  • 21. Conjunto de processos cognitivos que permitem ao indivíduo engajar-se com propósito em atividades socialmente relevantes, tomar decisões e monitorar o próprio comportamento para atingir metas previamente estabelecidas FUNÇÕES EXECUTIVAS
  • 22. FUNÇÕES EXECUTIVAS • Abrange diversas habilidades: iniciar determinada ação, estabelecer metas, planejar e organizar os processos para seu cumprimento, inibir estímulos distratores e respostas automáticas, monitorar a eficiência das estratégias adotadas para resolução dos problemas e, quando necessária, criar novos esquemas de atuação. • TEA: dificuldades de planejamento, organização, flexibilidade mental, controle inibitório e fluência verbal e visual. • Teste de Classificação de Cartas de Wisconsin: expressam pensamentos rígidos e dificuldades para avaliar novas estratégias diante de mudanças • Respostas perserverativas em tarefas de fluência verbal fonológica e visual
  • 23. FUNÇÕES EXECUTIVAS • Problemas com a tarefa da Torre de Londres (demanda planejamento, flexibilidade e organização) demonstrando impulsividade e rigidez • Baixo desempenho em testes de memória episódica que envolvem recordação serial (lista de rey), evidenciam falha no controle inibitório • Baixo desempenho nos subtestes de linguagem nas escalas Wechsler, mas têm escores médio nos de habilidades visuoconstrutivas e de memória. • Instrumentos que priorizam inteligência não-verbal são indicados para indivíduos não-verbais