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Como refinar o
uso de antibióticos
EM OFTALMOLOGIA
VETERINÁRIA
Conceitos básicos de terapia antibiótica, sensibilidade bacteriana,
contaminação das formulações nos frascos e estratégias para
escolher o melhor antibiótico em oftalmologia veterinária
GASTRO
Vômito ou
regurgitação?
Como identificar?
ABHV
Boa gestão de
pessoas resulta em
sucesso no negócio
CIÊNCIA, CLÍNICA E NEGÓCIOS
Nº 42
Junho de 2018
ISSN 2359-5086
Pág. 56
NUTRIÇÃO
OTITE EXTERNA
em cães e gatos
Lívea Maria Gomes e
Susan D. Allendorf
As otopatias são afecções muito comuns,dentre elas
estão as otites externas, responsáveis por uma parcela
importante dos atendimentos de rotina em clínicas de
pequenos animais (aproximadamente 10 a 20%).
A otite externa é uma inflamação que pode ocorrer
de forma aguda ou crónica e afeta parcial ou totalmente
o epitélio do canal auditivo externo, incluindo as estru-
turas anatómicas do pavilhão auricular e, em casos mais
graves pode acometer até a orelha média e interna. Além
disso, por causar alterações da estrutura e funcionalidade
normal do canal auditivo externo, a otite externa facilita
a inflamação e o desenvolvimento de infeções secundá-
rias bacterianas e fúngicas.
É mais frequente em regiões tropicais; ocorre em
cães (5 a 20% da população canina) mais do que em ga-
tos; e têm seu pico de incidência em animais de 3 a 6
anos.
As otites podem ser classificadas de acordo com:
•	 Quanto a porção acometida do conduto audi-
tivo: externa, média ou interna;
É muito comum uma otite externa crónica evo-
luir para uma otite média atravessando a membrana
timpânica.
•	 Quanto ao seu comprometimento: uni ou bi-
lateral;
•	 Quanto a sua intensidade e duração: aguda,
subaguda ou crônica;
Se os sinais clínicos se manifestarem num período
inferior a sete dias confirma-se uma otite externa aguda.
Se variar entre sete e trinta dias a otite classifica-se como
subaguda. No caso dos sinais clínicos se manifestarem
por mais de trinta dias deverá ser considerado um pro-
cesso crônico.
A otite externa não deve ser vista como uma doença
isolada do canal auditivo, mas sim um sinal clínico de
uma etiologia multifatorial e sua severidade dependerá
da interação de vários fatores.
Os fatores predisponentes por si só não causam a
otite externa, são responsáveis pelas alterações do mi-
croclima do canal auditivo, tornando o animal mais sus-
cetível a esta patologia. Os fatores predisponentes mais
comuns são:
•	 A conformação anatômica, tipo e quantidade
de pelos das orelhas em algumas raças (Airedale, Bas-
set hound, Beagle, Boxer, Bulldog, Caniche Miniatura,
Chow chow, Cockers, Dalmata, Golden Retriever, La-
brador Retriever, Lhasa Apso, Pastor Alemão, Pastor
Inglês, Poodle, Pug, Setter Irlandês, Shar pei, Shi Tzu,
Schnauzer, Springer e Terriers);
•	 Umidade excessiva nas orelhas (clima local ou
em animais que molham muito as orelhas);
•	 Doenças obstrutivas nas orelhas (neoplasias,
pólipos ou granulomas) e sistêmicas (hipotiroidismo,
hiperadreocorticismo, terapia imunosupressiva, diabetes
mellitus ou doenças virais);
•	 Efeitos terapêuticos (limpeza excessiva, reações
Um problema tão comum para
os veterinários quanto doloroso
para os animais
Pág. 57
medicamentosas, uso excessivo de antibióticos ou trau-
mas decorrentes de citologias).
Os fatores primários são aqueles que podem induzir
diretamente a uma inflamação no canal auditivo sendo
a causa primária:
•	 Doenças dermatológicas associadas ao elevado
número de Parasitas que ficam no canal auditivo alimen-
tando-se de detritos celulares e fluidos tecidulares como
o sangue e a linfa, principalmente os ácaros Otodectes
cynotis (otite otodécica - presentes em até 50% dos
casos de otite externa diagnosticadas em gatos e entre
5% a 10% em cães), mas também o Demodex canis (de-
modicose), Sarcoptes scabiei, Otobius megnini, Cheyle-
tiella spp., Trombicula autumnalis, as pulgas Spilopsylla
cuniculi. e as picadas de moscas Stomoxys calcitrans;
•	 Hipersensibilidade (dermatite atópica, reação
adversa a alimentos e por contato);
•	 Doenças auto-imunes (lupus eritematoso, pên-
figo foliáceo e pênfigo eritematoso);
•	 Presença de corpos estranhos (pragana, plantas,
pêlo, areia, sujidade, cerúmen e restos medicamentosos
endurecidos) mais comum em cães jovens, de caça ou
trabalho. Geralmente é uma afecção unilateral;
•	 Alterações queratinização (seborreia idiopática
primária, hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo e alte-
ração das hormonas sexuais).
Os fatores perpetuantes não são responsáveis por
iniciar uma otite externa, porém podem fazer com que
perdure por mais tempo quando se encontra instalada.
Os agentes infecciosos secundários perpetuantes
geralmente são agentes comensais constituintes da mi-
crobiota saudável do duto auditivo (pouco variada e es-
tável) e, que quando ocorrem alterações na temperatura,
humidade e pH, podem alterar as proporções qualitativa
e quantitativa desses microrganismos que se tornam pa-
tógenos oportunistas:
•	 Bactérias:
o	 Cocos: Staphylococcus spp, Streptococcus spp e En-
terococcus spp;
o	 Bacilos: Pseudomonas spp., Proteus spp., Cor-
neybacteria spp. e Escherichia coli;
•	 Fungos e Leveduras como a Malassezia spp.
(mais comum) e mais raramente Candida spp., Asper-
gillus spp e outros fungos saprófitas.
As bactérias que colonizam o ouvido externo de-
gradam os lípidos encontrados na seborreia, originan-
do assim ácidos gordos livres, que podem ser utilizados
como substrato pelos fungos e leveduras, promovendo
uma relação simbiótica entre estes dois tipos de micror-
ganismos.
É muito frequente o animal manifestar dor, des-
conforto e como sinais típicos ficar nervoso e agitado,
vocalizar, esfregar as orelhas contra superfícies, abanar
e/ou coçar a cabeça com as patas. Muitas vezes o tutor
não consegue identificar a doença, sendo diagnosticada
apenas durante o exame clínico de estado geral feito pelo
veterinário.
Em casos agudos é possível verificar tumefação e
eritema do pavilhão auricular e do canal auditivo exter-
no que podem também ser acompanhadas por erosões e
ulcerações no local.
Com o progresso da otite externa é possível identi-
ficar alterações como o aumento de exsudação cerumi-
nosa ou purulenta, mau odor, head-tilt, reflexo otopodal
e autotraumatismos podendo desenvolver-se otohema-
tomas e perfuração do tímpano.
São consideradas sequelas comuns a estenose do
canal auditivo externo, hiperplasia epitelial e glandular,
calcificação e fibrose da cartilagem auricular e diminui-
ção da audição.
O plano de diagnóstico inclui a realização de uma
anamnese detalhada, exames clínicos completos, físicos,
dermatológicos, otológicos visuais, otoscópico do duto
auditivo, palpação do ouvido externo, citologia do cerú-
men ou exsudado a partir de uma zaragatoa auricular e
em casos mais severos, realizar exames imagiológicos ou
biópsia para exame histopatológico a fim de diagnosticar
a otite externa e avaliar sua gravidade.
Embora a otite externa não apresente uma ameaça
a vida, é muito dolorosa ao animal e, por isso, o principal
objetivo do tratamento é reduzir a inflamação do canal
auditivo e promover maior conforto.
A terapêutica médica foca-se principalmente na
identificação e dedicação aos fatores predisponentes e
primários,educação do cliente,limpeza auricular,terapia
com medicamentos tópicos e/ou sistémicos (em casos
mais graves ou de otite média) para eliminação das infe-
ções secundárias e terapias preventiva e de manutenção.
Por se tratar de uma etiologia multifatorial, o ideal
é a utilização de medicamentos compostos com espectro
mais amplo possível, combinando princípios ativos an-
tifúngicos, antibióticos e antiparasitários, além de anti-
Pág. 58
-inflamatórios que aliviem o sofrimento do animal.
Devido à utilização indiscriminada de alguns anti-
bióticos convencionais de uso veterinário há uma preo-
cupação emergente quanto ao aparecimento de resistên-
cia múltipla das bactérias a estes fármacos aos quais o
uso repetido sem tratativa de resolução das demais cau-
sas acaba por resultar em baixa efetividade.
Nutricionalmente, dietas pobres em zinco e ácidos
graxos podem predispor os animais a esta doença, por
isso, torna-se interessante o uso de suplementos alimen-
tares que ofereçam estes nutrientes e também estimulem
o sistema imunológico para responder melhor ao trata-
mento.
Somente em casos onde não há resposta ao trata-
mento, em que ocorra a calcificação grave do duto au-
ditivo ou alterações patológicas permanentes, pode ser
indicado o tratamento cirúrgico. As técnicas cirúrgicas
indicadas na terapêutica de otite externa são: ablação da
porção lateral do duto auditivo externo, do canal vertical
e total do duto auditivo associado a osteotomia lateral da
bolha timpânica.
Esta patologia quando não tratada corretamente
pode tornar-se crônica ou de caráter recorrente, evoluir
para otite média, surdez, doença vestibular, paralisia do
nervo facial e progredir para uma otite interna que pode
causar meningoencefalite. Portanto, o tratamento mal
VITRINE
CERUMISYN E OTOSYN. LABORATÓRIO: König
Cerumisyn é uma loção ceruminolítica para aplicação direta no conduto auditivo externo
de cães e gatos, desenvolvida especialmente para facilitar a remoção do cerúmen e a hi-
gienização auricular. Ajuda na prevenção das otites externas e no tratamento das infecções
já instaladas.
Otosyn é uma solução em excipiente não oleoso de base anidra e pH básico, de uso tópico
e fácil aplicação. É indicado para cães e gatos no tratamento de dermatite atópica, sarnas
otodécicas e otites externas eritememato-ceruminosas ou purulentas, agudas e crônicas,
de origem bacteriana, micótica ou parasitária, causadas por microrganismos sensíveis ao
Tiabendazol (antiparasitário e antifúngico) e ao Sulfato de Neomicina (bactericida) presen-
tes em sua fórmula. Otosyn possui ainda em sua composição o Acetonido de Triancinolona,
um corticosteroide com atividades anti-inflamatórias e imunossupressoras, capaz de ali-
viar os sintomas do processo inflamatório como eritema, inchaço, desconforto, dor, coceira
e calor, além de agir sinergicamente a ação dos antimicrobianos da fórmula.
Informações: http://konigbrasil.com.br/linha-dermatologica-produtos/
LÍVEA MARIA GOMES
Zootecnista
Formada pela FZEA-USP (Pirassununga/SP), pós-
graduada em Controle de Qualidade na Indústria de
Alimentos pela Universidade de Sorocaba (Sorocaba/
SP) e mestre em Nutrição e Produção Animal pela
FMVZ-UNESP (Botucatu/SP) - Departamento de
Nutrição da König do Brasil LTDA
SUSAN D. ALLENDORF
Médica-veterinária
Formada pela UNIMAR (Marília/SP), pós-graduada em
Gerenciamento Econômico e Estratégico de Projetos
pela FGV, Mestre e Doutora em Medicina Preventiva,
Epidemiologia e Saúde Pública pela FMVZ-UNESP
(Botucatu/SP) – Departamento Técnico da König do
Brasil LTDA.
CONFIRA AS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
NO CONTEÚDO ONLINE COMPLEMENTAR EM
WWW.REVISTAVETSCIENCE.COM.BR
OU NO APP REVISTA VETSCIENCE
feito pode tornar-se trabalhoso e frustrante para o dono,
penoso para o animal e um desafio terapêutico para o
clínico.
EDIÇÃO 42
ARTIGO:
Otite externa em cães e gatos: um problema tão comum para os
veterinários quanto doloroso para os animais
Autoras: Lívea Maria Gomes e Susan D. Allendorf
Pág. 8
NUTRIÇÃO
Referências
bibliográficas
ALVES, S. V. G. Identificação de otite externa em cães apresentados
à consulta vacinal. 2016. 69 p. Dissertação de Mestrado - Universi-
dade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Me-
dicina Veterinária, Lisboa, 2016.
AZEVEDO, R. S. de. Semiologia do canal auditivo em cães e gatos:
revisão de literatura. 2016. 33 p . Trabalho de Conclusão de Curso
– Universidade do Rio Grande do Sul, Faculdade de Medicina Veter-
inária, Porto Alegre, 2017.
BERSELLI, M.; LUTZ, D. C. Perfil de susceptibilidade a antimicrobi-
anos dos principais agentes causadores de otite externa em cães
e gatos. Seminário de Iniciação Científica, Seminário Integrado de
Ensino, Pesquisa e Extensão e Mostra Universitária, 2016.
BREIA, M. I. M. dos S. Utilização de um composto à base de flor-
fenicol, betametasona e terbinafina no tratamento de otite externa
diagnosticada por citologia. 2017. 44 p. Tese de Doutorado - Univer-
sidade de Lisboa, Faculdade de Medicina Veterinária, Lisboa, 2017.
CAMPOS, D. R. et al. Caracterização clínica e citológica de Malasse-
zia pachydermatis da orelha de cães. Brazilian Journal of Veterinary
Medicine, v. 36, n. 3, p. 344-346, 2014.
CARVALHO, L. C. A. Etiologia e perfil de resistência de bactérias isola-
das de otite externa em cães. 2017. 96 p. Dissertação de Mestrado –
UniversidadedoRioGrandedoNorte,CiênciasBiológicas,Natal,2017.
GHELLER, B. G. et al. Patógenos bacterianos encontrados em cães
com otite externa e seus perfis de suscetibilidade a diversos antimi-
crobianos. PUBVET, v. 11, p. 103-206, 2016.
LUZ, G. de P da. et al. Avaliação da eficácia da associação de tiaben-
dazol, sulfato de neomicina, dexametasona e cloridrato lidocaína no
tratamento da otoacaríase. Revista Acadêmica: Ciência Animal, v.
12, n. 4, p. 260-269, 2014.
MORAES, L. A. et al. Diagnóstico microbiológico e multirresistência
bacteriana in vitro de otite externa de cães–Comunicação curta. Vet-
erinária e Zootecnia, v. 21, n. 1, p. 98-101, 2014.
NEVES, R. C. S. M. et al. Avaliação dos métodos de otoscopia e ex-
ame do swab parasitológico no diagnóstico da otocariose canina:
uma abordagem bayesiana. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 35, n.
7, p. 659-663, 2015.
SILVA, C. Z. da. Identificação e susceptibilidade de bactérias isoladas
de otite externa em cães aos antimicrobianos. 2014. 37 p. Universi-
dade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Veterinária, Porto
Alegre, 2014.

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Otite Externa em cães e gatos

  • 1. Como refinar o uso de antibióticos EM OFTALMOLOGIA VETERINÁRIA Conceitos básicos de terapia antibiótica, sensibilidade bacteriana, contaminação das formulações nos frascos e estratégias para escolher o melhor antibiótico em oftalmologia veterinária GASTRO Vômito ou regurgitação? Como identificar? ABHV Boa gestão de pessoas resulta em sucesso no negócio CIÊNCIA, CLÍNICA E NEGÓCIOS Nº 42 Junho de 2018 ISSN 2359-5086
  • 2. Pág. 56 NUTRIÇÃO OTITE EXTERNA em cães e gatos Lívea Maria Gomes e Susan D. Allendorf As otopatias são afecções muito comuns,dentre elas estão as otites externas, responsáveis por uma parcela importante dos atendimentos de rotina em clínicas de pequenos animais (aproximadamente 10 a 20%). A otite externa é uma inflamação que pode ocorrer de forma aguda ou crónica e afeta parcial ou totalmente o epitélio do canal auditivo externo, incluindo as estru- turas anatómicas do pavilhão auricular e, em casos mais graves pode acometer até a orelha média e interna. Além disso, por causar alterações da estrutura e funcionalidade normal do canal auditivo externo, a otite externa facilita a inflamação e o desenvolvimento de infeções secundá- rias bacterianas e fúngicas. É mais frequente em regiões tropicais; ocorre em cães (5 a 20% da população canina) mais do que em ga- tos; e têm seu pico de incidência em animais de 3 a 6 anos. As otites podem ser classificadas de acordo com: • Quanto a porção acometida do conduto audi- tivo: externa, média ou interna; É muito comum uma otite externa crónica evo- luir para uma otite média atravessando a membrana timpânica. • Quanto ao seu comprometimento: uni ou bi- lateral; • Quanto a sua intensidade e duração: aguda, subaguda ou crônica; Se os sinais clínicos se manifestarem num período inferior a sete dias confirma-se uma otite externa aguda. Se variar entre sete e trinta dias a otite classifica-se como subaguda. No caso dos sinais clínicos se manifestarem por mais de trinta dias deverá ser considerado um pro- cesso crônico. A otite externa não deve ser vista como uma doença isolada do canal auditivo, mas sim um sinal clínico de uma etiologia multifatorial e sua severidade dependerá da interação de vários fatores. Os fatores predisponentes por si só não causam a otite externa, são responsáveis pelas alterações do mi- croclima do canal auditivo, tornando o animal mais sus- cetível a esta patologia. Os fatores predisponentes mais comuns são: • A conformação anatômica, tipo e quantidade de pelos das orelhas em algumas raças (Airedale, Bas- set hound, Beagle, Boxer, Bulldog, Caniche Miniatura, Chow chow, Cockers, Dalmata, Golden Retriever, La- brador Retriever, Lhasa Apso, Pastor Alemão, Pastor Inglês, Poodle, Pug, Setter Irlandês, Shar pei, Shi Tzu, Schnauzer, Springer e Terriers); • Umidade excessiva nas orelhas (clima local ou em animais que molham muito as orelhas); • Doenças obstrutivas nas orelhas (neoplasias, pólipos ou granulomas) e sistêmicas (hipotiroidismo, hiperadreocorticismo, terapia imunosupressiva, diabetes mellitus ou doenças virais); • Efeitos terapêuticos (limpeza excessiva, reações Um problema tão comum para os veterinários quanto doloroso para os animais
  • 3. Pág. 57 medicamentosas, uso excessivo de antibióticos ou trau- mas decorrentes de citologias). Os fatores primários são aqueles que podem induzir diretamente a uma inflamação no canal auditivo sendo a causa primária: • Doenças dermatológicas associadas ao elevado número de Parasitas que ficam no canal auditivo alimen- tando-se de detritos celulares e fluidos tecidulares como o sangue e a linfa, principalmente os ácaros Otodectes cynotis (otite otodécica - presentes em até 50% dos casos de otite externa diagnosticadas em gatos e entre 5% a 10% em cães), mas também o Demodex canis (de- modicose), Sarcoptes scabiei, Otobius megnini, Cheyle- tiella spp., Trombicula autumnalis, as pulgas Spilopsylla cuniculi. e as picadas de moscas Stomoxys calcitrans; • Hipersensibilidade (dermatite atópica, reação adversa a alimentos e por contato); • Doenças auto-imunes (lupus eritematoso, pên- figo foliáceo e pênfigo eritematoso); • Presença de corpos estranhos (pragana, plantas, pêlo, areia, sujidade, cerúmen e restos medicamentosos endurecidos) mais comum em cães jovens, de caça ou trabalho. Geralmente é uma afecção unilateral; • Alterações queratinização (seborreia idiopática primária, hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo e alte- ração das hormonas sexuais). Os fatores perpetuantes não são responsáveis por iniciar uma otite externa, porém podem fazer com que perdure por mais tempo quando se encontra instalada. Os agentes infecciosos secundários perpetuantes geralmente são agentes comensais constituintes da mi- crobiota saudável do duto auditivo (pouco variada e es- tável) e, que quando ocorrem alterações na temperatura, humidade e pH, podem alterar as proporções qualitativa e quantitativa desses microrganismos que se tornam pa- tógenos oportunistas: • Bactérias: o Cocos: Staphylococcus spp, Streptococcus spp e En- terococcus spp; o Bacilos: Pseudomonas spp., Proteus spp., Cor- neybacteria spp. e Escherichia coli; • Fungos e Leveduras como a Malassezia spp. (mais comum) e mais raramente Candida spp., Asper- gillus spp e outros fungos saprófitas. As bactérias que colonizam o ouvido externo de- gradam os lípidos encontrados na seborreia, originan- do assim ácidos gordos livres, que podem ser utilizados como substrato pelos fungos e leveduras, promovendo uma relação simbiótica entre estes dois tipos de micror- ganismos. É muito frequente o animal manifestar dor, des- conforto e como sinais típicos ficar nervoso e agitado, vocalizar, esfregar as orelhas contra superfícies, abanar e/ou coçar a cabeça com as patas. Muitas vezes o tutor não consegue identificar a doença, sendo diagnosticada apenas durante o exame clínico de estado geral feito pelo veterinário. Em casos agudos é possível verificar tumefação e eritema do pavilhão auricular e do canal auditivo exter- no que podem também ser acompanhadas por erosões e ulcerações no local. Com o progresso da otite externa é possível identi- ficar alterações como o aumento de exsudação cerumi- nosa ou purulenta, mau odor, head-tilt, reflexo otopodal e autotraumatismos podendo desenvolver-se otohema- tomas e perfuração do tímpano. São consideradas sequelas comuns a estenose do canal auditivo externo, hiperplasia epitelial e glandular, calcificação e fibrose da cartilagem auricular e diminui- ção da audição. O plano de diagnóstico inclui a realização de uma anamnese detalhada, exames clínicos completos, físicos, dermatológicos, otológicos visuais, otoscópico do duto auditivo, palpação do ouvido externo, citologia do cerú- men ou exsudado a partir de uma zaragatoa auricular e em casos mais severos, realizar exames imagiológicos ou biópsia para exame histopatológico a fim de diagnosticar a otite externa e avaliar sua gravidade. Embora a otite externa não apresente uma ameaça a vida, é muito dolorosa ao animal e, por isso, o principal objetivo do tratamento é reduzir a inflamação do canal auditivo e promover maior conforto. A terapêutica médica foca-se principalmente na identificação e dedicação aos fatores predisponentes e primários,educação do cliente,limpeza auricular,terapia com medicamentos tópicos e/ou sistémicos (em casos mais graves ou de otite média) para eliminação das infe- ções secundárias e terapias preventiva e de manutenção. Por se tratar de uma etiologia multifatorial, o ideal é a utilização de medicamentos compostos com espectro mais amplo possível, combinando princípios ativos an- tifúngicos, antibióticos e antiparasitários, além de anti-
  • 4. Pág. 58 -inflamatórios que aliviem o sofrimento do animal. Devido à utilização indiscriminada de alguns anti- bióticos convencionais de uso veterinário há uma preo- cupação emergente quanto ao aparecimento de resistên- cia múltipla das bactérias a estes fármacos aos quais o uso repetido sem tratativa de resolução das demais cau- sas acaba por resultar em baixa efetividade. Nutricionalmente, dietas pobres em zinco e ácidos graxos podem predispor os animais a esta doença, por isso, torna-se interessante o uso de suplementos alimen- tares que ofereçam estes nutrientes e também estimulem o sistema imunológico para responder melhor ao trata- mento. Somente em casos onde não há resposta ao trata- mento, em que ocorra a calcificação grave do duto au- ditivo ou alterações patológicas permanentes, pode ser indicado o tratamento cirúrgico. As técnicas cirúrgicas indicadas na terapêutica de otite externa são: ablação da porção lateral do duto auditivo externo, do canal vertical e total do duto auditivo associado a osteotomia lateral da bolha timpânica. Esta patologia quando não tratada corretamente pode tornar-se crônica ou de caráter recorrente, evoluir para otite média, surdez, doença vestibular, paralisia do nervo facial e progredir para uma otite interna que pode causar meningoencefalite. Portanto, o tratamento mal VITRINE CERUMISYN E OTOSYN. LABORATÓRIO: König Cerumisyn é uma loção ceruminolítica para aplicação direta no conduto auditivo externo de cães e gatos, desenvolvida especialmente para facilitar a remoção do cerúmen e a hi- gienização auricular. Ajuda na prevenção das otites externas e no tratamento das infecções já instaladas. Otosyn é uma solução em excipiente não oleoso de base anidra e pH básico, de uso tópico e fácil aplicação. É indicado para cães e gatos no tratamento de dermatite atópica, sarnas otodécicas e otites externas eritememato-ceruminosas ou purulentas, agudas e crônicas, de origem bacteriana, micótica ou parasitária, causadas por microrganismos sensíveis ao Tiabendazol (antiparasitário e antifúngico) e ao Sulfato de Neomicina (bactericida) presen- tes em sua fórmula. Otosyn possui ainda em sua composição o Acetonido de Triancinolona, um corticosteroide com atividades anti-inflamatórias e imunossupressoras, capaz de ali- viar os sintomas do processo inflamatório como eritema, inchaço, desconforto, dor, coceira e calor, além de agir sinergicamente a ação dos antimicrobianos da fórmula. Informações: http://konigbrasil.com.br/linha-dermatologica-produtos/ LÍVEA MARIA GOMES Zootecnista Formada pela FZEA-USP (Pirassununga/SP), pós- graduada em Controle de Qualidade na Indústria de Alimentos pela Universidade de Sorocaba (Sorocaba/ SP) e mestre em Nutrição e Produção Animal pela FMVZ-UNESP (Botucatu/SP) - Departamento de Nutrição da König do Brasil LTDA SUSAN D. ALLENDORF Médica-veterinária Formada pela UNIMAR (Marília/SP), pós-graduada em Gerenciamento Econômico e Estratégico de Projetos pela FGV, Mestre e Doutora em Medicina Preventiva, Epidemiologia e Saúde Pública pela FMVZ-UNESP (Botucatu/SP) – Departamento Técnico da König do Brasil LTDA. CONFIRA AS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS NO CONTEÚDO ONLINE COMPLEMENTAR EM WWW.REVISTAVETSCIENCE.COM.BR OU NO APP REVISTA VETSCIENCE feito pode tornar-se trabalhoso e frustrante para o dono, penoso para o animal e um desafio terapêutico para o clínico.
  • 5. EDIÇÃO 42 ARTIGO: Otite externa em cães e gatos: um problema tão comum para os veterinários quanto doloroso para os animais Autoras: Lívea Maria Gomes e Susan D. Allendorf Pág. 8 NUTRIÇÃO Referências bibliográficas ALVES, S. V. G. Identificação de otite externa em cães apresentados à consulta vacinal. 2016. 69 p. Dissertação de Mestrado - Universi- dade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Faculdade de Me- dicina Veterinária, Lisboa, 2016. AZEVEDO, R. S. de. Semiologia do canal auditivo em cães e gatos: revisão de literatura. 2016. 33 p . Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade do Rio Grande do Sul, Faculdade de Medicina Veter- inária, Porto Alegre, 2017. BERSELLI, M.; LUTZ, D. C. Perfil de susceptibilidade a antimicrobi- anos dos principais agentes causadores de otite externa em cães e gatos. Seminário de Iniciação Científica, Seminário Integrado de Ensino, Pesquisa e Extensão e Mostra Universitária, 2016. BREIA, M. I. M. dos S. Utilização de um composto à base de flor- fenicol, betametasona e terbinafina no tratamento de otite externa diagnosticada por citologia. 2017. 44 p. Tese de Doutorado - Univer- sidade de Lisboa, Faculdade de Medicina Veterinária, Lisboa, 2017. CAMPOS, D. R. et al. Caracterização clínica e citológica de Malasse- zia pachydermatis da orelha de cães. Brazilian Journal of Veterinary Medicine, v. 36, n. 3, p. 344-346, 2014. CARVALHO, L. C. A. Etiologia e perfil de resistência de bactérias isola- das de otite externa em cães. 2017. 96 p. Dissertação de Mestrado – UniversidadedoRioGrandedoNorte,CiênciasBiológicas,Natal,2017. GHELLER, B. G. et al. Patógenos bacterianos encontrados em cães com otite externa e seus perfis de suscetibilidade a diversos antimi- crobianos. PUBVET, v. 11, p. 103-206, 2016. LUZ, G. de P da. et al. Avaliação da eficácia da associação de tiaben- dazol, sulfato de neomicina, dexametasona e cloridrato lidocaína no tratamento da otoacaríase. Revista Acadêmica: Ciência Animal, v. 12, n. 4, p. 260-269, 2014. MORAES, L. A. et al. Diagnóstico microbiológico e multirresistência bacteriana in vitro de otite externa de cães–Comunicação curta. Vet- erinária e Zootecnia, v. 21, n. 1, p. 98-101, 2014. NEVES, R. C. S. M. et al. Avaliação dos métodos de otoscopia e ex- ame do swab parasitológico no diagnóstico da otocariose canina: uma abordagem bayesiana. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 35, n. 7, p. 659-663, 2015. SILVA, C. Z. da. Identificação e susceptibilidade de bactérias isoladas de otite externa em cães aos antimicrobianos. 2014. 37 p. Universi- dade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Veterinária, Porto Alegre, 2014.