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CIÊNCIA, CLÍNICA E NEGÓCIOS
Nº 40
Abril de 2018
ISSN 2359-5086
CONTROLE
DA DOR
CRÔNICA EM
CÃES COM
OSTEOARTROSEOsteoartrose, osteoartrite ou ainda, doença articular
degenerativa, é um dos motivos mais comuns para a
procura de um médico-veterinário, pois promovem dor
crônica, de diferentes intensidades, com importante
repercussão negativa na qualidade de vida do animal
ENDOSCOPIA
Quando solicitar
uma endoscopia?
FELINOS
Reconhecendo
e tratando a dor
em felinos
Pág. 28
PREVENÇÃO
PLATINOSOMOSE
EM GATOS
Quando o caçador
vira vítima
Lívea Maria Gomes e Susan D. Allendorf
A platinossomose é uma enfermidade infecciosa
parasitária sistêmica comum e de grande relevância na
medicina felina, sobretudo em áreas tropicais de todo
o mundo. Causada por trematódeos do gênero Pla-
tynosomum spp. os quais parasitam o fígado, vesícula
biliar,ductos biliares e menos comumente,o intestino
delgado, ductos pancreáticos e pulmões, acarretando
em vários prejuízos à saúde de gatos domésticos e sel-
vagens,podendo levá-los a morte (HENDRIX,1995;
PIMENTEL et al., 2005; CARVALHO, 2017; RA-
MOS et al., 2017).
O gênero Platynosomum é o parasito mais comu-
mente reportado dentre as muitas espécies de trema-
tódeos encontradas no fígado e vias biliares de gatos
(TAMS, 1994). Existem muitas controvérsias refe-
rentes à nomenclatura e à falta de estudos recentes
de taxonomia do parasito, sendo que na maioria dos
trabalhos sobre este assunto todas as espécies citadas
podem ser entendidas como sinônimas (MALDO-
NADO, 1945).
Dentre as desordens hepáticas mais importantes
e comuns nos felinos domésticos, as colangites e co-
langiohepatites ficam atrás apenas da lipidose hepá-
tica (SOLDAN e MARQUES, 2011; AZEVEDO
et al., 2013). Para demonstrar a dimensão da impor-
tância da doença, vale mencionar que a prevalência
no Brasil varia de 1,07% a 61,54% de acordo com a
localização (AZEVEDO, 2008; GENNARI et al.,
1999; DANIEL et al., 2012).
Apesar de sabermos que o gato é o hospedeiro
definitivo que completa o ciclo com a eliminação dos
ovos do parasito nas fezes e que este ciclo pode envol-
ver até três hospedeiros intermediários,o ciclo de vida
deste parasito ainda não é completamente conhecido
por sua complexidade (CARREIRA et al., 2008).
Em seu trabalho Soldan e Marques (2011) des-
crevem o ciclo que inicia-se com os ovos que saem
do útero do parasito e atingem o ambiente externo
juntamente com as fezes do gato parasitado. Quan-
do os ovos entram em contato com a água liberam
miracídeos permitindo que ele nade em busca do pri-
meiro hospedeiro intermediário - o caramujo aquáti-
co - onde se desenvolvem em esporocistos com cer-
cárias que saem do caracol e penetram no segundo
hospedeiro intermediário os isópodes terrestres (pe-
quenos crustáceos, tatuzinhos, besouros ou cascudos),
onde ocorre a maturação para metacercárias que são
ingeridas juntamente com seu hospedeiro pelo ter-
ceiro hospedeiro intermediário, pequenos vertebra-
dos como lagartixas, sapos ou rãs e ocasionalmente
pássaros insetívoros. As metacercárias se encistam na
vesícula e ducto biliar comum do pequeno vertebrado,
Pág. 29
esperando o hospedeiro definitivo para completarem
o ciclo de vida.O gato ingere a lagartixa com a meta-
cercária encistada que, dentro de poucas horas, migra
para a papila duodenal entrando no ducto biliar co-
mum onde desenvolve-se no trematódeo adulto sexu-
ado em quatro ou cinco semanas
Nas regiões com tipo de clima quente os gatos
infectam-se ingerindo principalmente lagartixas e sa-
pos, pelo hábito predatório (FILHO et al., 2015).
Vários fatores influenciam na prevalência da in-
fecção, dentre os quais: as condições ambientais e cli-
ma do local – alta incidência em regiões tropicais e
subtropicais onde ocorrem maior número de espécies
adequadas de caramujos hospedeiros intermediários
(GEORGI, 1988); estilo de vida do felino – quan-
to maior o nível de confinamento do animal, menor
a incidência da doença (SALOMÃO et al., 2005);
sexo – fêmeas tem maior probabilidade de se infectar
devido ao habito de caçar para alimentar os filhotes
e idade – animais com mais de dois anos de idade
tem maior probabilidade de infeção (FOLEY, 1994;
RODRIGUEZ-VIVAS et al., 2004).
A patologia devido a infecção pelo Platynosomum
spp inclui colangite, colecistite, colelitíase (inflama-
ção,fibrose,hiperplasia e obstrução no sistema biliar),
colangiohepatite (inflamação que se estende para o
interior do parênquima hepático) que podem evoluir
para cirrose, hepatopatia geral e o acometimento de
outros locais (NEWELL et al., 2001; LEAL et al.,
2011). Além disso, a infecção pode favorecer o apa-
recimento de contaminação secundária bacteriana e
pode ter relação com a pancreatite, refluxo hepato-
biliar e doença inflamatória intestinal (SOLDAN E
MARQUES, 2011).
As manifestações clínicas e sintomatologia são
frequentemente inexistentes ou inespecíficas varian-
do conforme a resposta individual, carga parasitária,
severidade e o tempo da infestação (SALOMÃO,
2005;WATSON e BUNCH,2009).Envolvem febre,
petéquias, equimoses, anorexia, anemia, desidratação,
perda de peso, sialorreia, letargia, depressão, icterícia,
diarreia mucóide,vômito,ascite,distensão e dor abdo-
minal,hepatomegalia,e por isso podem passar desper-
cebidos ou confundir o diagnóstico clínico definitivo
da doença (DAY, 1994; SAMPAIO ET AL., 2006;
MICHAELSEN et al., 2012; FILHO et al., 2015).
Como os sinais clínicos são inespecíficos,é indis-
pensável à solicitação de exames complementares na
tentativa de se realizar o diagnóstico precoce. Segun-
do Sobral (2017) a principal forma de diagnóstico é
a visualização de ovos marrons e operculados em exa-
mes coproparasitológicos, principalmente através de
técnicas de sedimentação e flutuação. Exames com-
plementares de ultrassonografia, radiografia, citolo-
gia biliar, perfil bioquímico e hemograma podem ser
associados para confirmação do parasitismo (SAM-
PAIO et al., 2006; SOUZA-FILHO et al., 2015).
A ultrassonografia, por exemplo, possibilita a
identificação de anormalidades no fígado, principal
órgão acometido pela parasitose, e a verificar a neces-
sidade de uma intervenção cirúrgica precoce em casos
de vazamento de bile e obstrução biliar (AZEVEDO
et al., 2013). As principais anormalidades observadas
incluem distensão e tortuosidade do ducto biliar co-
mum,distensão e engrossamento da parede da vesícu-
la biliar, fígado aumentado, hipoecóico e com bordos
irregulares (BIELSA e GREINER, 1985; MAR-
TINS,2012; CASTRO e ALBUQUERQUE,2008)
Alterações em hemogramas de felinos parasita-
dos por Platinossomum spp, refletem de forma incon-
sistente a infestação. Soldan e Marques (2011) eluci-
daram que modificações no exame de sangue não são
patognomônicas para a parasitose.É característico da
doença o aumento nos níveis de eosinófilos, enzimas
hepáticas - principalmente da alanina aminotrans-
ferase (ALT) e aspartato aminotransferase (AST),
fosfatase alcalina (ALP), gamaglutamiltransferase
(GGP) - e ocasionalmente de bilirrubina sérica.
Embora essas alterações direcionem o médico
veterinário a uma possível injúria hepática, não são
alterações específicas e não oferecem informações so-
bre o nível de desenvolvimento da doença, desta for-
ma deve-se associar a outros parâmetros para fecha-
mento do diagnóstico (DAY, 1994; NEWELL ET
AL., 2001; NORMAN, 2014).
A eficiência do tratamento adotado para platino-
somose depende do grau e da extensão dos danos cau-
sados pelo parasito no animal,quanto mais cedo diag-
Pág. 30
nosticado,maior a chance de resolução da patologia.
O fármaco praziquantel é o anti-helmíntico
mais utilizado, com bons índices de cura (RAMOS
et al.,2017).Embora uma única possa ser efetiva para
alguns gatos, ainda não se sabe a dose e tempo ideal
do tratamento. A recomendação de Soldan e Mar-
ques (2011) é administrar uma dose diária de 20 mg/
kg via oral por 3 a 5 dias para obtenção do máximo
efeito. Já Shell et al. (2015) demonstra que uma dose
única de 5,75 mg/ kg, via oral, com reforço após 10
semanas garante o decréscimo progressivo e sucessi-
vo, até zerar a contagem de ovos.
O tratamento de suporte dos gatos parasitados
pode incluir suplementação nutricional, corticos-
teroideterapia (CANEY e GRUFFYDD-JONES,
2005), prednisolona em casos de eosinofílica signifi-
cativa (NORSWORTHY,2004) e antibioticoterapia
(penicilinas sintéticas) em casos de colangite supura-
tiva associada à platinosomose.
Quando ocorre o insucesso no tratamento clí-
nico medicamentoso, faz se necessário a intervenção
cirúrgica (colecistoenterostomia).
Existe ainda uma correlação da infestação por
helmintos com o aparecimento de câncer nos sítios
lesados pelo parasito (SANTOS et al., 1981).
A forma de evitar essa parasitose, seria evitar o
contato dos gatos com os hospedeiros intermediários,
mas é uma situação complicada de se fazer, já que os
felinos têm o hábito predatório (PAULA,2010).Para
animais que vivem em áreas tropicais ou endêmicas e
têmacessoaambientesexternoséconvenienteotrata-
mento trimestral com Praziquantel (FOLEY, 1994).
VITRINE
CESTODAN​® INJETÁVEL
LABORATÓRIO: König
Descrição: Desenvolvido a partir de seu princípio ativo Praziquantel, é o
mais eficaz, seguro e primeiro tenicida de largo espectro injetável para uso em
medicina veterinária. Ideal no combate e controle de todas as espécies de tênias
(Taenia hydatigena; Taenia multiceps; Taenia ovis; Taenia psciformis; Taenia tae-
niformis) que acometem cães e gatos. Por ser injetável, é de especial importân-
cia em campanhas de luta contra a hidatidose. Indicado também no combate
as parasitoses provocadas por Echinococcus granulosus, Dipylidium caninum e
demais espécies de cestódeos.
Informações: http://www.koniglab.com/pt/producto/portugues-cestodan/
LÍVEA MARIA GOMES
Zootecnista
Formada pela FZEA-USP (Pirassununga/SP), pós-
graduada em Controle de Qualidade na Indústria de
Alimentos pela Universidade de Sorocaba (Sorocaba/
SP) e mestre em Nutrição e Produção Animal pela
FMVZ-UNESP (Botucatu/SP) - Departamento de
Nutrição da König do Brasil LTDA
SUSAN D. ALLENDORF
Médica-veterinária
Formada pela UNIMAR (Marília/SP), pós-graduada em
Gerenciamento Econômico e Estratégico de Projetos
pela FGV, Mestre e Doutora em Medicina Preventiva,
Epidemiologia e Saúde Pública pela FMVZ-UNESP
(Botucatu/SP) – Departamento Técnico da König do
Brasil LTDA.
CONFIRA AS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
NO CONTEÚDO ONLINE COMPLEMENTAR EM
WWW.REVISTAVETSCIENCE.COM.BR
OU NO APP REVISTA VETSCIENCE
PREVENÇÃO
Referências bibliográficas
ARTIGO:
Platinosomose em gatos –
Quando o caçador vira vítima
EDIÇÃO 40
Autora: Lívea Maria Gomes.
Co-autora: Susan D. Allendorf
AZEVEDO, F. D. Alterações hepatobiliares em gatos domésti-
cos (Felis catus domesticus) parasitados por Platynosomum
illiciens (Braun, 1901) Kossak, 1910 observadas através dos
exames radiográfico, ultra-sonográfico e de tomografia com-
putadorizada. Dissertação: Mestrado. 2008. UFFRJ, Rio de
Janeiro. 62p.
AZEVEDO, F. D. et al. Avaliação radiográfica e ultrassonográfica
do fígado e da vesícula biliar em gatos domésticos (Felis catus
domesticus) parasitados por Platynosomum illiciens (BRAUN,
1901) Kossak, 1910. Revista Brasileira de Medicina Veter-
inária, v. 35, n. 3, p. 283-288, jul/set 2013.
BIELSA, L. M.; GREINER, E. C. Liver Flukes (Platynosomum con-
cinnum in Cats). Journal of the American Hospital Association,
v. 21, p. 269-274, mar/ abr 1985.
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Disease. In: ETTINGER, J.S.; FELDMAN, E.C. Textbook of veteri-
nary internal medicine: diseases of the dog and cat. Missouri:
Elsevier Saunders, 2005, p.1448-1453.
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complex secondary to Platynosomum fastosum infection in a
cat. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 17, suple-
mento 1, p. 184-187, 2008.
CASTRO, L. S.; ALBUQUERQUE, G. R. Ocorrência de Platynoso-
mum illiciens em felinos selvagens mantidos em cativeiro no
Estado da Bahia, Brasil. Revista Brasileira de Parasitologia Vet-
erinária, v. 17, n. 4, p. 239-241, 2008.
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with Platynosomum fastosum infection in a cat. Brazilian Jour-
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Diseases and Clinical Management. Philadelphia: W.B. Saun-
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(Platynosomum concinnum) in Brazilian cats: Prevalence and
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FILHO, R. P. S. et al. Primeiro relato de infecção natural pelo
Platynosomum spp. em gato doméstico no município de For-
taleza, Ceará, Brasil.Arquivos de Ciências Veterinárias e Zoolo-
gia da UNIPAR, v. 18, n. 1, p. 59-63, jan./mar. 2015.
FOLEY, R. H. Plstynosomum concinnum Infention in Cats. The
Compendium on Continuing Education for the Practicing Veter-
inarian. Flórida, v. 16, p. 1271-1277, 1994.
GEORGI, J. R. Trematódeos. Parasitologia Veterinária. São Pau-
lo: Manole, 1988, p. 83-94.
Pág. 3
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feline esophagus, stomach and liver. Veterinary Medicine. Ala-
bama, v. 90, p. 473-476, 1995.
LEAL, P. D. S. A. et al. Avaliação da administração oral de ácido
ursodesoxicólico (audc) no diagnóstico da infecção natural por
Platynosomum illiciens em gatos. Revista Brasileira de Medici-
na Veterinária, v. 33, n. 4, p. 229-233, out/dez. 2011.
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fastosum Kossak, 1910 (Trematoda Dicrocoeliidae). Annals of
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Graduação “Lato Sensu” em Clínica Médica e Cirurgia de Feli-
nos) – Universidade Paulista, Belo Horizonte, 2012.
MICHAELSEN, R. et al. Platynosomum concinnum (Trematoda:
Dicrocoeliidae) em gato doméstico da cidade de Porto Alegre,
Rio Grande do Sul, Brasil. Veterinária em Foco, v. 10, n. 1, p.
53-60, 2012.
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sum Kossack, 1910 infection in a cat: First reported case in
Trinidad and Tobago. Revue Médecine Vétérinaire, v. 164, n. 1,
p. 9-12, 2013.
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tológico de Platynosomum, Looss (1907) em felino no Estado
de Santa Catarina. 2015. 5f. Trabalho da Mostra Nacional de
Iniciação Científica e Tecnológica e Interdisciplinar –Instituto
Federal Catarinese – 2015.
NEWELL, S. M. et al. Quantitative Hepatobiliary Scintigraphy in
Normal Cats and in Cats with Experimental cholangiohepatitis.
Veterinary Radiology & Ultrasound. Florida, v. 42, p. 70-76,
2001.
NORMAN, P. S. H. Diagnóstico diferencial de doenças hepatobi-
liares em gatos. 2014. 33f. Trabalho monográfico (Graduação)
– Universidade Federal do Rio Grande Faculdade de Veter-
inária, Porto Alegre, RS, 2014.
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cas. In: NORSWORTHY et al. O Paciente Felino. São Paulo: Man-
ole, 2004, p. 540-555.
PAULA, C. L. Platinosomíase em felinos domésticos: um diferen-
cial para obstrução biliar. 2010. 21f. Trabalho de conclusão de
curso (Graduação) -Faculdade de Medicina Veterinária e Zoo-
tecnia da Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP, 2010.
PIMENTEL, D. C. G. et al. Encefalopatia hepática por platinos-
somíase: relato de caso. Revista de Educação Continuada da
Associação de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais, v. 3,
supl. 1, p. 209-211, 2005.
RAMOS, D. G. S.; SANTOS, A. R. G. L. O.; FREITAS, L. C.; BRA-
GA, I. A.; SILVA, E. P.; SOARES, L. M. C.; ANTONIASSI, N. A. B.;
FURLAN, F. H.; PACHECO, R. C.; Feline platynosomiasis: analysis
of the association of infection levels with pathological and bio-
chemical findings. Brazilian Journal of Veterinary Parasitology,
v.26, n.1, p. 54-59, 2017.
RODRIGUEZ-VIVAS, R. I. et al. Prevalence, abundance and risk
factors of liver fluke (Platynosomum concinnum) infection in
cats in Mexico. The Veterinary Record. México, v. 154, p. 693-
694, 2004.
SALOMÃO, M. et al. Ultrasonography in Hepatobiliary Evaluation
of Domestic Cats (Felis catus, L., 1758) Infected by Platynoso-
mum Looss, 1907. International Journal of Applied Research in
Veterinary Medicine. Brazil, v. 3, p. 271-279, 2005.
SAMPAIO, M. A. S. et al. Infecção natural pelo Platynosomum
Looss 1907, em gato no município de Salvador, Bahia. Revista
Brasileira de Saúde e Produção Animal, v. 7, n. 1, p. 01-06,
2006.
SANTOS, J. A. et al. Colangiocarcinomas em gatos com parasit-
ismo de dutos biliares por Platynosomum fastosum. Pesquisa
Veterinária Brasileira, v. 1, n. 1, p. 31-36, 1981.
SHELL, L.; KETZIS, J.; HALL, R.; RAWLINS, G.; PLESSIS, W. Prazi-
quantel treatment for Platynosomum species infection of a do-
mestic cat on St Kitts, West Indies. Journal of Feline Medicine
and Surgery Open Reports, v. 1, n. 1, p. 1-4, 2015.
SOBRAL, M. C. G. de O. Infecções por parasitos gastrintestinais
em gatos domésticos de Araguaína, Tocantins. 2017. Disser-
tação (Mestrado em Sanidade Animal e Saúde Pública) - Trópi-
cos da Universidade Federal do Tocantins, Araguaína.
SOLDAN, M. H. e MARQUES, S. M. T. Platinosomose: aborda-
gem na clínica felina. Revista da FZVA, v. 18, n. 1, 2011.
TAMS, T. R. Hepatobiliary Parasites. In: SHERDING, R.G. The
Cat: Diseases and Clinical Management. Philadelphia: W. B.
Saunders Company, 1994, p. 607-611.
TERRA, J. P. et al. Diagnóstico Anatomopatológico de Linfoma
Mediastínico, Aelurostrongilose e Platinosomose em um Felino.
Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer, v. 11, n. 21,
p. 2167, 2015.
WATSON, P. J.; BUNCH, S. E. Hepatobiliary and exocrine pancre-
atic disorders. Small Animal Internal Medicine. 4th ed., Mosby
Elsevier, p. 520-40, 2009.
PREVENÇÃO
EDIÇÃO 40
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Controle da platinossomose em gatos

  • 1. CIÊNCIA, CLÍNICA E NEGÓCIOS Nº 40 Abril de 2018 ISSN 2359-5086 CONTROLE DA DOR CRÔNICA EM CÃES COM OSTEOARTROSEOsteoartrose, osteoartrite ou ainda, doença articular degenerativa, é um dos motivos mais comuns para a procura de um médico-veterinário, pois promovem dor crônica, de diferentes intensidades, com importante repercussão negativa na qualidade de vida do animal ENDOSCOPIA Quando solicitar uma endoscopia? FELINOS Reconhecendo e tratando a dor em felinos
  • 2. Pág. 28 PREVENÇÃO PLATINOSOMOSE EM GATOS Quando o caçador vira vítima Lívea Maria Gomes e Susan D. Allendorf A platinossomose é uma enfermidade infecciosa parasitária sistêmica comum e de grande relevância na medicina felina, sobretudo em áreas tropicais de todo o mundo. Causada por trematódeos do gênero Pla- tynosomum spp. os quais parasitam o fígado, vesícula biliar,ductos biliares e menos comumente,o intestino delgado, ductos pancreáticos e pulmões, acarretando em vários prejuízos à saúde de gatos domésticos e sel- vagens,podendo levá-los a morte (HENDRIX,1995; PIMENTEL et al., 2005; CARVALHO, 2017; RA- MOS et al., 2017). O gênero Platynosomum é o parasito mais comu- mente reportado dentre as muitas espécies de trema- tódeos encontradas no fígado e vias biliares de gatos (TAMS, 1994). Existem muitas controvérsias refe- rentes à nomenclatura e à falta de estudos recentes de taxonomia do parasito, sendo que na maioria dos trabalhos sobre este assunto todas as espécies citadas podem ser entendidas como sinônimas (MALDO- NADO, 1945). Dentre as desordens hepáticas mais importantes e comuns nos felinos domésticos, as colangites e co- langiohepatites ficam atrás apenas da lipidose hepá- tica (SOLDAN e MARQUES, 2011; AZEVEDO et al., 2013). Para demonstrar a dimensão da impor- tância da doença, vale mencionar que a prevalência no Brasil varia de 1,07% a 61,54% de acordo com a localização (AZEVEDO, 2008; GENNARI et al., 1999; DANIEL et al., 2012). Apesar de sabermos que o gato é o hospedeiro definitivo que completa o ciclo com a eliminação dos ovos do parasito nas fezes e que este ciclo pode envol- ver até três hospedeiros intermediários,o ciclo de vida deste parasito ainda não é completamente conhecido por sua complexidade (CARREIRA et al., 2008). Em seu trabalho Soldan e Marques (2011) des- crevem o ciclo que inicia-se com os ovos que saem do útero do parasito e atingem o ambiente externo juntamente com as fezes do gato parasitado. Quan- do os ovos entram em contato com a água liberam miracídeos permitindo que ele nade em busca do pri- meiro hospedeiro intermediário - o caramujo aquáti- co - onde se desenvolvem em esporocistos com cer- cárias que saem do caracol e penetram no segundo hospedeiro intermediário os isópodes terrestres (pe- quenos crustáceos, tatuzinhos, besouros ou cascudos), onde ocorre a maturação para metacercárias que são ingeridas juntamente com seu hospedeiro pelo ter- ceiro hospedeiro intermediário, pequenos vertebra- dos como lagartixas, sapos ou rãs e ocasionalmente pássaros insetívoros. As metacercárias se encistam na vesícula e ducto biliar comum do pequeno vertebrado,
  • 3. Pág. 29 esperando o hospedeiro definitivo para completarem o ciclo de vida.O gato ingere a lagartixa com a meta- cercária encistada que, dentro de poucas horas, migra para a papila duodenal entrando no ducto biliar co- mum onde desenvolve-se no trematódeo adulto sexu- ado em quatro ou cinco semanas Nas regiões com tipo de clima quente os gatos infectam-se ingerindo principalmente lagartixas e sa- pos, pelo hábito predatório (FILHO et al., 2015). Vários fatores influenciam na prevalência da in- fecção, dentre os quais: as condições ambientais e cli- ma do local – alta incidência em regiões tropicais e subtropicais onde ocorrem maior número de espécies adequadas de caramujos hospedeiros intermediários (GEORGI, 1988); estilo de vida do felino – quan- to maior o nível de confinamento do animal, menor a incidência da doença (SALOMÃO et al., 2005); sexo – fêmeas tem maior probabilidade de se infectar devido ao habito de caçar para alimentar os filhotes e idade – animais com mais de dois anos de idade tem maior probabilidade de infeção (FOLEY, 1994; RODRIGUEZ-VIVAS et al., 2004). A patologia devido a infecção pelo Platynosomum spp inclui colangite, colecistite, colelitíase (inflama- ção,fibrose,hiperplasia e obstrução no sistema biliar), colangiohepatite (inflamação que se estende para o interior do parênquima hepático) que podem evoluir para cirrose, hepatopatia geral e o acometimento de outros locais (NEWELL et al., 2001; LEAL et al., 2011). Além disso, a infecção pode favorecer o apa- recimento de contaminação secundária bacteriana e pode ter relação com a pancreatite, refluxo hepato- biliar e doença inflamatória intestinal (SOLDAN E MARQUES, 2011). As manifestações clínicas e sintomatologia são frequentemente inexistentes ou inespecíficas varian- do conforme a resposta individual, carga parasitária, severidade e o tempo da infestação (SALOMÃO, 2005;WATSON e BUNCH,2009).Envolvem febre, petéquias, equimoses, anorexia, anemia, desidratação, perda de peso, sialorreia, letargia, depressão, icterícia, diarreia mucóide,vômito,ascite,distensão e dor abdo- minal,hepatomegalia,e por isso podem passar desper- cebidos ou confundir o diagnóstico clínico definitivo da doença (DAY, 1994; SAMPAIO ET AL., 2006; MICHAELSEN et al., 2012; FILHO et al., 2015). Como os sinais clínicos são inespecíficos,é indis- pensável à solicitação de exames complementares na tentativa de se realizar o diagnóstico precoce. Segun- do Sobral (2017) a principal forma de diagnóstico é a visualização de ovos marrons e operculados em exa- mes coproparasitológicos, principalmente através de técnicas de sedimentação e flutuação. Exames com- plementares de ultrassonografia, radiografia, citolo- gia biliar, perfil bioquímico e hemograma podem ser associados para confirmação do parasitismo (SAM- PAIO et al., 2006; SOUZA-FILHO et al., 2015). A ultrassonografia, por exemplo, possibilita a identificação de anormalidades no fígado, principal órgão acometido pela parasitose, e a verificar a neces- sidade de uma intervenção cirúrgica precoce em casos de vazamento de bile e obstrução biliar (AZEVEDO et al., 2013). As principais anormalidades observadas incluem distensão e tortuosidade do ducto biliar co- mum,distensão e engrossamento da parede da vesícu- la biliar, fígado aumentado, hipoecóico e com bordos irregulares (BIELSA e GREINER, 1985; MAR- TINS,2012; CASTRO e ALBUQUERQUE,2008) Alterações em hemogramas de felinos parasita- dos por Platinossomum spp, refletem de forma incon- sistente a infestação. Soldan e Marques (2011) eluci- daram que modificações no exame de sangue não são patognomônicas para a parasitose.É característico da doença o aumento nos níveis de eosinófilos, enzimas hepáticas - principalmente da alanina aminotrans- ferase (ALT) e aspartato aminotransferase (AST), fosfatase alcalina (ALP), gamaglutamiltransferase (GGP) - e ocasionalmente de bilirrubina sérica. Embora essas alterações direcionem o médico veterinário a uma possível injúria hepática, não são alterações específicas e não oferecem informações so- bre o nível de desenvolvimento da doença, desta for- ma deve-se associar a outros parâmetros para fecha- mento do diagnóstico (DAY, 1994; NEWELL ET AL., 2001; NORMAN, 2014). A eficiência do tratamento adotado para platino- somose depende do grau e da extensão dos danos cau- sados pelo parasito no animal,quanto mais cedo diag-
  • 4. Pág. 30 nosticado,maior a chance de resolução da patologia. O fármaco praziquantel é o anti-helmíntico mais utilizado, com bons índices de cura (RAMOS et al.,2017).Embora uma única possa ser efetiva para alguns gatos, ainda não se sabe a dose e tempo ideal do tratamento. A recomendação de Soldan e Mar- ques (2011) é administrar uma dose diária de 20 mg/ kg via oral por 3 a 5 dias para obtenção do máximo efeito. Já Shell et al. (2015) demonstra que uma dose única de 5,75 mg/ kg, via oral, com reforço após 10 semanas garante o decréscimo progressivo e sucessi- vo, até zerar a contagem de ovos. O tratamento de suporte dos gatos parasitados pode incluir suplementação nutricional, corticos- teroideterapia (CANEY e GRUFFYDD-JONES, 2005), prednisolona em casos de eosinofílica signifi- cativa (NORSWORTHY,2004) e antibioticoterapia (penicilinas sintéticas) em casos de colangite supura- tiva associada à platinosomose. Quando ocorre o insucesso no tratamento clí- nico medicamentoso, faz se necessário a intervenção cirúrgica (colecistoenterostomia). Existe ainda uma correlação da infestação por helmintos com o aparecimento de câncer nos sítios lesados pelo parasito (SANTOS et al., 1981). A forma de evitar essa parasitose, seria evitar o contato dos gatos com os hospedeiros intermediários, mas é uma situação complicada de se fazer, já que os felinos têm o hábito predatório (PAULA,2010).Para animais que vivem em áreas tropicais ou endêmicas e têmacessoaambientesexternoséconvenienteotrata- mento trimestral com Praziquantel (FOLEY, 1994). VITRINE CESTODAN​® INJETÁVEL LABORATÓRIO: König Descrição: Desenvolvido a partir de seu princípio ativo Praziquantel, é o mais eficaz, seguro e primeiro tenicida de largo espectro injetável para uso em medicina veterinária. Ideal no combate e controle de todas as espécies de tênias (Taenia hydatigena; Taenia multiceps; Taenia ovis; Taenia psciformis; Taenia tae- niformis) que acometem cães e gatos. Por ser injetável, é de especial importân- cia em campanhas de luta contra a hidatidose. Indicado também no combate as parasitoses provocadas por Echinococcus granulosus, Dipylidium caninum e demais espécies de cestódeos. Informações: http://www.koniglab.com/pt/producto/portugues-cestodan/ LÍVEA MARIA GOMES Zootecnista Formada pela FZEA-USP (Pirassununga/SP), pós- graduada em Controle de Qualidade na Indústria de Alimentos pela Universidade de Sorocaba (Sorocaba/ SP) e mestre em Nutrição e Produção Animal pela FMVZ-UNESP (Botucatu/SP) - Departamento de Nutrição da König do Brasil LTDA SUSAN D. ALLENDORF Médica-veterinária Formada pela UNIMAR (Marília/SP), pós-graduada em Gerenciamento Econômico e Estratégico de Projetos pela FGV, Mestre e Doutora em Medicina Preventiva, Epidemiologia e Saúde Pública pela FMVZ-UNESP (Botucatu/SP) – Departamento Técnico da König do Brasil LTDA. CONFIRA AS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS NO CONTEÚDO ONLINE COMPLEMENTAR EM WWW.REVISTAVETSCIENCE.COM.BR OU NO APP REVISTA VETSCIENCE
  • 5. PREVENÇÃO Referências bibliográficas ARTIGO: Platinosomose em gatos – Quando o caçador vira vítima EDIÇÃO 40 Autora: Lívea Maria Gomes. Co-autora: Susan D. Allendorf AZEVEDO, F. D. Alterações hepatobiliares em gatos domésti- cos (Felis catus domesticus) parasitados por Platynosomum illiciens (Braun, 1901) Kossak, 1910 observadas através dos exames radiográfico, ultra-sonográfico e de tomografia com- putadorizada. Dissertação: Mestrado. 2008. UFFRJ, Rio de Janeiro. 62p. AZEVEDO, F. D. et al. Avaliação radiográfica e ultrassonográfica do fígado e da vesícula biliar em gatos domésticos (Felis catus domesticus) parasitados por Platynosomum illiciens (BRAUN, 1901) Kossak, 1910. Revista Brasileira de Medicina Veter- inária, v. 35, n. 3, p. 283-288, jul/set 2013. BIELSA, L. M.; GREINER, E. C. Liver Flukes (Platynosomum con- cinnum in Cats). Journal of the American Hospital Association, v. 21, p. 269-274, mar/ abr 1985. CANEY, S. M. A.; GRUFFYDD-JONES, T. J. Feline Inflamatory Liver Disease. In: ETTINGER, J.S.; FELDMAN, E.C. Textbook of veteri- nary internal medicine: diseases of the dog and cat. Missouri: Elsevier Saunders, 2005, p.1448-1453. CARREIRA, V. S.et al. Feline cholangitis/cholangiohepatitis complex secondary to Platynosomum fastosum infection in a cat. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 17, suple- mento 1, p. 184-187, 2008. CASTRO, L. S.; ALBUQUERQUE, G. R. Ocorrência de Platynoso- mum illiciens em felinos selvagens mantidos em cativeiro no Estado da Bahia, Brasil. Revista Brasileira de Parasitologia Vet- erinária, v. 17, n. 4, p. 239-241, 2008. DANIEL, Alexandre GT et al. Polycystic liver disease associated with Platynosomum fastosum infection in a cat. Brazilian Jour- nal of Veterinary Pathology, v. 5, n. 3, p. 137-141, 2017. DAY, D. G. Diseases of the liver. In: SHERDING, R.G. The Cat: Diseases and Clinical Management. Philadelphia: W.B. Saun- ders Company, 1994, p. 1297-1340. DE CARVALHO, T. K. et al. Diagnóstico anatomohistopatológico de platinosomose em felino: Relato de caso. Acta Biomedica Brasiliensia, v. 8, n. 2, p. 140-146, 2017. FERREIRA, A. M. R.; ALMEIDA, E. C. P. Liver Fluke Infection (Platynosomum concinnum) in Brazilian cats: Prevalence and Pathology. FelinePratice, v. 27, n. 2, p. 19-22, 1999. FILHO, R. P. S. et al. Primeiro relato de infecção natural pelo Platynosomum spp. em gato doméstico no município de For- taleza, Ceará, Brasil.Arquivos de Ciências Veterinárias e Zoolo- gia da UNIPAR, v. 18, n. 1, p. 59-63, jan./mar. 2015. FOLEY, R. H. Plstynosomum concinnum Infention in Cats. The Compendium on Continuing Education for the Practicing Veter- inarian. Flórida, v. 16, p. 1271-1277, 1994. GEORGI, J. R. Trematódeos. Parasitologia Veterinária. São Pau- lo: Manole, 1988, p. 83-94. Pág. 3
  • 6. HENDRIX, C. M. Identifying and controlling helminthes of the feline esophagus, stomach and liver. Veterinary Medicine. Ala- bama, v. 90, p. 473-476, 1995. LEAL, P. D. S. A. et al. Avaliação da administração oral de ácido ursodesoxicólico (audc) no diagnóstico da infecção natural por Platynosomum illiciens em gatos. Revista Brasileira de Medici- na Veterinária, v. 33, n. 4, p. 229-233, out/dez. 2011. MALDONADO, J. E. The life history and biology of Platynosomum fastosum Kossak, 1910 (Trematoda Dicrocoeliidae). Annals of Tropical Medicine and Public Health, v. 21, p. 17-39, 1945. MARTINS, S. B. U. Diagnósticos diferenciais de icterícia em pa- cientes felinos. 2012. 45f. Trabalho monográfico (Curso de Pós Graduação “Lato Sensu” em Clínica Médica e Cirurgia de Feli- nos) – Universidade Paulista, Belo Horizonte, 2012. MICHAELSEN, R. et al. Platynosomum concinnum (Trematoda: Dicrocoeliidae) em gato doméstico da cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Veterinária em Foco, v. 10, n. 1, p. 53-60, 2012. MONTSERIN, S. A. S. et al. Clinical case: Platynosomum fasto- sum Kossack, 1910 infection in a cat: First reported case in Trinidad and Tobago. Revue Médecine Vétérinaire, v. 164, n. 1, p. 9-12, 2013. MORAES, A. V. et al. Relato do primeiro diagnóstico parasi- tológico de Platynosomum, Looss (1907) em felino no Estado de Santa Catarina. 2015. 5f. Trabalho da Mostra Nacional de Iniciação Científica e Tecnológica e Interdisciplinar –Instituto Federal Catarinese – 2015. NEWELL, S. M. et al. Quantitative Hepatobiliary Scintigraphy in Normal Cats and in Cats with Experimental cholangiohepatitis. Veterinary Radiology & Ultrasound. Florida, v. 42, p. 70-76, 2001. NORMAN, P. S. H. Diagnóstico diferencial de doenças hepatobi- liares em gatos. 2014. 33f. Trabalho monográfico (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande Faculdade de Veter- inária, Porto Alegre, RS, 2014. NORSWORTHY, G. D. Fascíolas Hepaticas, biliares e pancreáti- cas. In: NORSWORTHY et al. O Paciente Felino. São Paulo: Man- ole, 2004, p. 540-555. PAULA, C. L. Platinosomíase em felinos domésticos: um diferen- cial para obstrução biliar. 2010. 21f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação) -Faculdade de Medicina Veterinária e Zoo- tecnia da Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP, 2010. PIMENTEL, D. C. G. et al. Encefalopatia hepática por platinos- somíase: relato de caso. Revista de Educação Continuada da Associação de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais, v. 3, supl. 1, p. 209-211, 2005. RAMOS, D. G. S.; SANTOS, A. R. G. L. O.; FREITAS, L. C.; BRA- GA, I. A.; SILVA, E. P.; SOARES, L. M. C.; ANTONIASSI, N. A. B.; FURLAN, F. H.; PACHECO, R. C.; Feline platynosomiasis: analysis of the association of infection levels with pathological and bio- chemical findings. Brazilian Journal of Veterinary Parasitology, v.26, n.1, p. 54-59, 2017. RODRIGUEZ-VIVAS, R. I. et al. Prevalence, abundance and risk factors of liver fluke (Platynosomum concinnum) infection in cats in Mexico. The Veterinary Record. México, v. 154, p. 693- 694, 2004. SALOMÃO, M. et al. Ultrasonography in Hepatobiliary Evaluation of Domestic Cats (Felis catus, L., 1758) Infected by Platynoso- mum Looss, 1907. International Journal of Applied Research in Veterinary Medicine. Brazil, v. 3, p. 271-279, 2005. SAMPAIO, M. A. S. et al. Infecção natural pelo Platynosomum Looss 1907, em gato no município de Salvador, Bahia. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v. 7, n. 1, p. 01-06, 2006. SANTOS, J. A. et al. Colangiocarcinomas em gatos com parasit- ismo de dutos biliares por Platynosomum fastosum. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 1, n. 1, p. 31-36, 1981. SHELL, L.; KETZIS, J.; HALL, R.; RAWLINS, G.; PLESSIS, W. Prazi- quantel treatment for Platynosomum species infection of a do- mestic cat on St Kitts, West Indies. Journal of Feline Medicine and Surgery Open Reports, v. 1, n. 1, p. 1-4, 2015. SOBRAL, M. C. G. de O. Infecções por parasitos gastrintestinais em gatos domésticos de Araguaína, Tocantins. 2017. Disser- tação (Mestrado em Sanidade Animal e Saúde Pública) - Trópi- cos da Universidade Federal do Tocantins, Araguaína. SOLDAN, M. H. e MARQUES, S. M. T. Platinosomose: aborda- gem na clínica felina. Revista da FZVA, v. 18, n. 1, 2011. TAMS, T. R. Hepatobiliary Parasites. In: SHERDING, R.G. The Cat: Diseases and Clinical Management. Philadelphia: W. B. Saunders Company, 1994, p. 607-611. TERRA, J. P. et al. Diagnóstico Anatomopatológico de Linfoma Mediastínico, Aelurostrongilose e Platinosomose em um Felino. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer, v. 11, n. 21, p. 2167, 2015. WATSON, P. J.; BUNCH, S. E. Hepatobiliary and exocrine pancre- atic disorders. Small Animal Internal Medicine. 4th ed., Mosby Elsevier, p. 520-40, 2009. PREVENÇÃO EDIÇÃO 40 Pág. 4