O documento apresenta uma introdução à Bíblia, abordando sua história, formação e características. Resumidamente: (1) A Bíblia foi formada ao longo de milênios através de tradições orais e escritas do povo de Israel e dos primeiros cristãos; (2) Sua composição envolveu diversos autores e períodos históricos, tornando-a uma obra complexa e diversificada; (3) A Igreja estabeleceu critérios para definir os livros canônicos e seu câ
2. Temos um passado nublado em relação
ao uso e à leitura da Palavra de Deus.
3. A Reforma Protestante e o Concílio
de Trento (1545) evitaram que a Bíblia
chegasse ao povo na sua própria
língua (foi exigido o uso da tradução
latina, a Vulgata, para evitar abusos nas
traduções e interpretações).
A Igreja viveu
quase 500 anos
sem Bíblia.
traduções e interpretações).
4. O Concílio de Trento havia
inibido o acesso dos cristãos ao
texto bíblico, enfatizando a
recepção dos sacramentos.
Naquele contexto, fazer pastoral
significava sacramentalizar,significava sacramentalizar,
normalmente, pessoas não
evangelizadas, sem processo de
iniciação cristã e conversão
pessoal.
5. E, para sacramentalizar, em lugar
da Bíblia, se usava o catecismo,
pois catequese consistia em
conhecer a doutrina cristã.
6. A Pastoral Bíblica na América Latina,A Pastoral Bíblica na América Latina,
depois do Concílio Vaticanodepois do Concílio Vaticano II (1962II (1962--1965),1965),
ajudou a devolver a Bíblia na mão do povoajudou a devolver a Bíblia na mão do povo
“Desconhecer
a Escritura é
desconhecer a
Cristo” (DV 25).
9. A Bíblia não é uma rama a mais da árvore daA Bíblia não é uma rama a mais da árvore da
Igreja, mas a seiva que corre por seu troncoIgreja, mas a seiva que corre por seu tronco
e por todas as suas ramas.e por todas as suas ramas.
Não se quer uma Pastoral Bíblica ao lado de outras pastorais, mas uma
pastoral permeada integralmente pela Palavra de Deus na Bíblia.
11. A BÍBLIA É COMO UMA COLCHA DE RETALHOSA BÍBLIA É COMO UMA COLCHA DE RETALHOS
12. PRIMEIRO TESTAMENTO SEGUNDO TESTAMENTO
-Antes de Cristo (a.C.) - a.E.C
-Duração do tempo de redação:
1.000 anos
-A maioria são livros
-No original, maior parte foi
-Depois de Cristo (d.C.) - d.E.C
-Duração do tempo de
redação:100 anos
-A maioria são cartas (21)
-Foi escrito em grego-No original, maior parte foi
escrito em hebraico
-Foi escrito em Israel (alguns
na Babilônia)
-Foi escrito em grego
-Foi escrito em vários lugares
(Síria, Grécia, Ásia Menor,
Roma)
-O NT é uma interpretação do
AT à luz do evento Jesus.
13. Primeiro
Testamento
Segundo
Testamento
BÍBLIA JUDAICABÍBLIA JUDAICA
•39 livros
•Os judeus aceitam como livros sagrados os que
foram escritos na língua hebraica, na terra de
Israel e até o tempo de Esdras (455-428 a.C.).
Eles não aceitam na lista 7 livros que foram
incluídos pelos judeus da diáspora (fora da
Palestina).
•A Bíblia hebraica não traz os livros do Segundo
Testamento. Ela é organizada em três grandes
blocos
-Torá (Lei): Pentateuco (5)
-Profetas (21)
-Escritos (13)
BÍBLIA CATÓLICABÍBLIA CATÓLICA
-Escritos (13)
BÍBLIA PROTESTANTEBÍBLIA PROTESTANTE
• 39 livros do AT e 27 livros do NT= 66
• Não contém 7 livros do AT: Tobias, Judite, I e II
Macabeus, Baruc, Sabedoria e Eclesiástico e
partes dos livros de Daniel e Ester.
46 + 27= 73 livros
15. Reino do Norte e Reino do SulReino do Norte e Reino do Sul
16. A história do povo da Bíblia teve como palco
principal uma área que não passa de uma
pequena região em relação ao tamanho do
nosso planeta e mesmo em relação ao
tamanho do Brasil. É menos que Sergipe, o
estado menor do Brasil.estado menor do Brasil.
-A Palestina é 340 vezes menor que o Brasil.
Cabe mais de 400 vezes dentro do Brasil.
-A Palestina é 7 vezes menor que o RS.
17. Este pequeno pedaço de terra está localizado num lugar estratégico muito
importante, porque liga três grandes continentes: África, Ásia e Europa.
É corredor de passagem, tanto para o comércio como
para a guerra, entre os povos desses três continentes.
19. Israel foi dominado por vários impérios
estrangeiros quando ainda não havia se
constituído como povo...
Grécia em 333 a.CGrécia em 333 a.C
Em 323 a.C. pelos generais:Em 323 a.C. pelos generais:
PtolomeusPtolomeus ouou LágidasLágidas do Egito;do Egito;
em198 a.C. os Selêucidas da Síria.em198 a.C. os Selêucidas da Síria.
20. LINHA DO TEMPO DO NOVO TESTAMENTOLINHA DO TEMPO DO NOVO TESTAMENTO
Tradições
orais e
primeiros
escritos-as
Evangelhos de
Mc, Mt e Lc e
cartas
Evangelho
de João,
Apocalipse
e outras
Jesus de
Nazaré
0 33 67 97 130
“Não estamos sós.
Jesus ressuscitado caminha conosco”.
Época
Apostólica
(1ª geração)
Época
Subapostólica
(2ª geração)
Época Pós-
apostólica
(3ª geração)
escritos-as
cartas
cartas e outras
cartas
21. A BÍBLIA VEMA BÍBLIA VEM
ATÉ NÓSATÉ NÓS
Estes escritos se deslocaram até nós,
atravessando dois ou três mil anos de história.
22. -O mundo antigo da comunicação era uma cultura manuscrita, a
partir da cultura da elite letrada (Império). A maioria das pessoas era
analfabeta. Calcula-se que apenas 2 a 4% da população (do sexo
masculino) da bacia do Mediterrâneo sabiam ler e escrever. Não
havia educação pública e nem necessidade de escrever. Além disso,
os materiais de escrita eram inadequados e caros papiros e
pergaminhos). Muitos contratavam escribas para ler, escrever.
A vida regia-se pela oralidade. As informações e tradições culturais
eram transmitidas por contadores de histórias iletrados. Como
qualquer outra pessoa, os cristãos começaram também a contar
histórias. Tanto mulheres como homens contavam histórias,
tradições cristãs primitivas. A autoridade oral (do que tinha sido dito
ou visto) era democrática e igualitária. Todos são capazes de falar.
Ex.: Jesus é um exemplo de orador, sem instrução formal. As
comunidades cristãs primitivas eram constituídas por pessoas de
status inferior.
23. Durante quase 1 500 anos o NT foi
copiado à mão em papiro e pergaminho.
Uns 5 500 manuscritos são hoje conhecidos e estão
espalhados em museus e bibliotecas universitários do
mundo. Há pedacinhos e até Bíblias inteiras escritos em
grego, preservados a partir das cópias produzidas
antes da invenção da imprensa (1450).
25. LIVROS CANÔNICOSLIVROS CANÔNICOS
“Cânon” em grego significa “cana”, instrumento
usado para medir. Assim, cânon quer dizer “medida”,
“norma” ou “lista”. O cânon bíblico é a relação dos
livros reconhecidos pela Igreja como inspirados para
servirem de guia para nossa caminhada.
O AT - os rabinos fixaram a lista dos livros sagrados,
nos anos 80 d.C, na cidade de Jâmnia.nos anos 80 d.C, na cidade de Jâmnia.
O NT – A primeira definição de um cânon surgiu num
documento ao redor do ano 200. Até o séc. 6, alguns
Pais da Igreja levantavam dúvidas sobre os livros: Hb,
Tg, I e II Pe, II e III João, Judas, Apocalipse... por causa
de estilos diferentes, questões doutrinais suspeitas ou
temáticas muito comuns... Depois a polêmica voltou
somente na Reforma Protestante (séc. 16) e o Concílio
de Trento (1546) reafirmou o cânon tradicional do NT.
26. Apócrifos são os livros que não estão no cânon da
Bíblia. Em grego quer dizer “oculto”, “guardado”. São
112 livros apócrifos: 52 do AT e 60 do NT – forma uma
outra Bíblia.
A literatura apócrifa está composta de Evangelhos (de
Tomé, de Filipe, de Pedro, de Judas e de Maria
Madalena), Atos, Apocalipses, Cartas, Testamentos.
BÍBLIA APÓCRIFABÍBLIA APÓCRIFA
Madalena), Atos, Apocalipses, Cartas, Testamentos.
27. Critérios paraCritérios para
selecionar os escritos:selecionar os escritos:
-ApostolicidadeApostolicidade:: escrito por um apóstolo de Jesus ou discípulo do
apóstolo ou, ainda, atribuído a eles. Obras próximas ao tempo de
Jesus e que garantisse a fidelidade à tradição apostólica.Jesus e que garantisse a fidelidade à tradição apostólica.
--CatolicidadeCatolicidade:: envolve a circulação, o uso universal e a aceitação do
livro na maioria das comunidades. Com isso descartavam-se as
obras compostas em pequenos grupos, de origem duvidosa, não
aceitas como apostólicas pela maioria das comunidades cristãs.
--OrtodoxiaOrtodoxia:: conteúdo não poderia discordar do padrão e não
poderia ser uma ficção. Os escritos deveriam testemunhar a fé
transmitida pelos apóstolos e ser coerentes com ela.
28. EmEm resumoresumo oo processoprocesso foifoi oo seguinteseguinte::
Os livros que chamamos de NT foramOs livros que chamamos de NT foram
escritos; eles foram amplamente lidos; foramescritos; eles foram amplamente lidos; foram
aceitos pelas igrejas como úteis para a vida eaceitos pelas igrejas como úteis para a vida e
a doutrina; foram introduzidos na adoraçãoa doutrina; foram introduzidos na adoração
pública da igreja; ganharam aceitação atravéspública da igreja; ganharam aceitação através
de toda a igreja e não apenas dasde toda a igreja e não apenas dasde toda a igreja e não apenas dasde toda a igreja e não apenas das
comunidades locais; e foram oficialmentecomunidades locais; e foram oficialmente
aprovados mediante decisão formal da igreja.aprovados mediante decisão formal da igreja.
O processo de seleção e
canonização foi lendo e
tortuoso.
32. A Bíblia não é um livro de ciênciasA Bíblia não é um livro de ciências
e nem um livro de históriae nem um livro de história
33. ALGUNS ERROS:ALGUNS ERROS:
-Ler a Bíblia como se tudo fosse história ou de
tomar em sentido literal tudo o que lemos. A
Bíblia contém histórias, mas nem tudo é
história. O propósitos dos redatores dos
escritos bíblicos não foi simplesmente
informar ou de contar algo que aconteceu,
mas em primeiro lugar comunicar uma
mensagem para a vida através daquilo que
aconteceu.aconteceu.
Ler a Bíblia como se tivesse sido escrita ontem
e aqui. Ou redigida direta e expressamente para
nós: “ A Bíblia diz”. O nosso jeito de pensar e
falar é muito diferente dos povos de dois ou
três milênios atrás em uma realidade e cultura
muito diferente da nossa. A linguagem bíblica
se vale de muitos símbolos, imagens e
comparações.
34. Ler a Bíblia como um receituário, no qual se buscam
“respostas mágicas” para cada circunstância da vida
(como um jogo de cartas). A Bíblia não é um manual de
instruções nem de decisões pré-fabricadas. Por
isso,os textos da Bíblia não devem ser tirados de seus
contextos.
Ler a Bíblia como um livro ditado por Deus. O Espírito Santo
soprando o autor o que escrever, como uma ligação telefônica direta
com Deus. A palavra tem sentido pelo contexto e pelo ambiente emcom Deus. A palavra tem sentido pelo contexto e pelo ambiente em
que ela se produz. O Espírito Santo nas letras humanas da Bíblia – a
“inspiração” – deve ser entendido dentro da comunidade em que
nasceu.
Ler a Bíblia como um livro infalível, sem erros. Encontramos
frequentes erros em matérias históricas e geográficas e de ciências
naturais; conceitos religiosos e morais que nós já não podemos
aceitar. A verdade da Bíblia não está na sua exatidão científica, nem
na perfeição teológica, mas sem ser uma referência fidedigna da
experiência que um povo/comunidade teve com Deus,em sua história.
35. BÍBLIA, PALAVRA DE DEUS NA PALAVRA HUMANA
A Bíblia é um livro
divino-humano.
A Palavra de Deus vem
misturada ou junto com a
palavra humana. Mas é
necessário discernir,
distinguir a Palavra de Deusdistinguir a Palavra de Deus
em meio à palavra humana.
Por isso, é importante o
estudo das Escrituras e a
abertura ao Espírito de Deus
que nos ilumina para a
interpretação da presença
de Deus no texto e no nosso
dia a dia.
36. A Bíblia é uma coleção de livros que registra comoA Bíblia é uma coleção de livros que registra como
Deus entrou na vida do povo e, ao mesmo tempo,Deus entrou na vida do povo e, ao mesmo tempo,
como o povo respondeu a Deus.como o povo respondeu a Deus.
37. Nem tudo o que está narrado nos livros
históricos aconteceu do jeito como está
escrito. Mais do que fazer uma descrição
dos fatos como se fosse filmagem, as
Escrituras interpretam a história, a vida.
39. Bíblia nos revela o sentido profundo que está
dentro dos fatos, por trás das palavras. Revela
a presença misteriosa de Deus na vida, na
história, nos fatos, nas pessoas.
40. A leitura da Bíblia exige óculos especiais para ser bem
entendida: os “óculos da f锓óculos da f锓óculos da f锓óculos da fé”. Quem tem fé
enxerga na Bíblia mais do que as histórias que ela
conta. Enxerga nela a Palavra de Deus.
41. A leitura da Bíblia queA leitura da Bíblia que
mais cresce no mundo émais cresce no mundo é
a leitura fundamentalista.a leitura fundamentalista.
Ela cega e mata a vida.Ela cega e mata a vida.
43. LEITURA E ESTUDO DA BÍBLIALEITURA E ESTUDO DA BÍBLIALEITURA E ESTUDO DA BÍBLIALEITURA E ESTUDO DA BÍBLIA
44. O ESTUDO DA BÍBLIAO ESTUDO DA BÍBLIA
Quanto mais conhecemos algo, mais o apreciamos
e o compreendemos.
Estudar a Bíblia é ir atrás dos textos e em torno
deles, é conhecer seu berço e sua natureza.
Estudar um texto bíblico é empenhar-se porEstudar um texto bíblico é empenhar-se por
conhecer suas origens, a linguagem empregada, o
gênero literário, o mundo do escritor e de seus
destinatários, a cultura e as circunstâncias daquele
momento, o contexto vital e social... de tal maneira
que se consiga conhecer as causa e o propósito do
texto, a mensagem do autor inspirado.
45. A LEITURA PESSOAL DA BÍBLIAA LEITURA PESSOAL DA BÍBLIA
A leitura assídua da Bíblia é
a melhor maneira de ir
entrando em seu mundo e
de enriquecer-se com ele.
É a maneira de conhecer a
Deus e sua vontade.Deus e sua vontade.
Ler a Bíblia diariamente. Alguns minutos...
Sempre no mesmo momento do dia, na
mesma hora, até se tornar um hábito...
46. A IgrejaA Igreja
incentiva aincentiva a
LeituraLeitura OranteOrante
da Bíblia, poisda Bíblia, pois
este métodoeste método
nos ajuda anos ajuda anos ajuda anos ajuda a
fazer umafazer uma
leituraleitura
libertadora elibertadora e
comprometidacomprometida
da Bíblia.da Bíblia.
47. Precisamos de
A Leitura Orante não é estudo para aumentar
o conhecimento, mas é um modo de ler a
Bíblia com desejo de “escutar o que Deus tem
a nos dizer, conhecer a sua vontade e viver
melhor o evangelho de Jesus Cristo”
(Carlos Mesters).
Precisamos de
um bom método
para saborear o
sentido da
Palavra de Deus
que está dentro
do texto. Método
é um instrumento.
48. Sugestões de bibliografias:
-ARENS, Eduardo. A Bíblia sem mitos: uma interpretação crítica. São
Paulo: Paulus, 2001.
-GASS, Ildo Bohn. Uma introdução à Bíblia. São Paulo: Paulus/São
Leopoldo: CEBI, 2002. (Coleção de 8 volumes)
-KONIGS, Johan. A Bíblia nas origens e hoje. Petrópolis: Vozes, 1998.
-Serviço de Animação Bíblica. São Paulo: Paulinas,2001. (Coleção de 15
volumes)
-MESTERS, Carlos. Flor sem defesa- uma explicação da Bíblia a partir do
povo. Petrópolis: Vozes, 1983.
-MESTERS, Carlos. Deus onde estás? – uma introdução prática à Bíblia.
Petrópolis: Vozes, 1991.