O conto "Campo Geral" descreve a vida de Miguilim, um menino que vive no interior de Minas Gerais no início do século XX. O texto retrata as dificuldades da infância de Miguilim e suas relações com a família, outras crianças e animais que povoam seu universo. No final, descobre-se que Miguilim é míope e recebe óculos, o que representa seu amadurecimento e abertura para um mundo mais amplo.
2. Título: Campo Geral
Autor: Guimarães Rosa
Ano de publicação: Publicado em
1959 em meio à obra Corpo de
Baile e posteriormente no livro
Manuelzão e Miguilim em 1964
3º Fase do modernismo
3. Gênero Literário: Novela
Foco Narrativo: narrador
onisciente, narrado em 3°
pessoa, com predominância do
tempo psicológico, embora haja o
cronológico - Perspectiva de
Miguilim.
4. Tempo: Início do Séc. XX
Espaço: Interior de Minas Gerais -
Mutum
5. Miguilim: Menino com grande sensibilidade, de cabelos pretos como a mãe.
Muitas de suas dificuldades revelam-se, no final, como causada por uma
irritação visual.
Dito: Irmão mais novo, porém sabia ser responsável. Ruivo. Morreu de tétano.
Nhô Bero (Bernardo Caz): pai de Miguilim, homem rude, não conseguia
expressar afeto facilmente.
Tio Terês: tio e amigo de Miguilim.
Tomezinho (Tomé de Jesus Casseim Caz): Ruivo, como o pai, menino de quatro
anos irmão de Miguilim.
Nhanina, mãe de Miguilim: Não gostava do Mutum, terá relações
extraconjugais.
Vovó Izidra: Vestia-se sempre de preto e defendia Miguilin.
6. Chica: irmã de Miguilim, tinha os cabelos pretos como a mãe.
Liovaldo: irmão mais velho de Miguilim, morava fora de Mutum.
Mãitina: preta velha, empregada da casa, cultuava rituais africanos.
Drelina: Maria Adrelina Cessim Caz, irmã mais velha de Miguilim.
Luisaltino: empregado contratado por Nhô Bero, que vai assassiná-lo por ele
por ciúme, já que havia sido amante de Nhanina.
Saluz: vaqueiro de Nhô Bero.
Grivo: menino de origem carente;
7. “Campo Geral” trata da história de um menino chamado Miguilim, que vive
com sua família no interior do Brasil, nos campos das “Gerais”. O texto mostra
a infância difícil do garoto, sua visão de mundo e a maneira de relacionar-se
com os adultos, com as outras crianças e com os animais. Povoam o “universo”
de Miguilim o pai duro e violento; a mãe carinhosa e envolvida com outros
homens; os vários irmãos e irmãs, entre os quais se destaca “Dito”, um
pequeno sábio; a avó, Izidra, mulher forte, mas bondosa; as fiéis empregadas,
amigas e boas cozinheiras; os animais domésticos e selvagens; os vizinhos
curandeiros, entre outros
8. Estilo: Criador de uma espécie de regionalismo universal, que narra temas
essenciais como: amor, deus, diabo, vingança; emoldurados pelos espaços, e
pelos costumes do sertão mineiro. Mistura dicção popular e erudita por meio
de uma linguagem com muitos neologismos, usando muitos recursos poéticos.
• Regionalismo: Há uma valorização da cultura regional e das tradições
populares do país, que são incorporadas à literatura.
• Experimentalismo: Os escritores passam a experimentar novas formas de
escrita, como o uso de técnicas narrativas fragmentadas, o emprego de
personagens coletivos e a mistura de gêneros literários.
• Existencialismo: Há uma reflexão sobre a existência humana e a condição
do homem no mundo.
9. • Amor e amizade;
• Traição e violência;
• Bem x Mal (Dito e Liovaldo)/
• Relação de afeto entre homem e
natureza;
• Prosa poética - narração com ritmo -
narrador epilírico;
• Personagens contadores de estórias -
Dito, Seo aristeo, Grivo;
10. • Narração com marcas sonoras:
aliteração (repetição de consoantes)
e assonância (repetição de vogais)
11. Reinventar uma certa oralidade – falar
mineiro – reinventar porque não é
exatamente reproduzir, ninguém
exatamente fala do jeito que o
Guimarães Rosa escreve. Ele cria um
texto de um modo que parece muito essa
oralidade. E, por outro lado, é tentar
refrescar de algum modo o nosso olhar
pra realidade, essa poesia, essa riqueza
expressiva da vida.
12. Dito - falar poético
"é que a gente pode ficar sempre alegre,
alegre, mesmo com toda coisa ruim que
acontece acontecendo. A gente deve de
poder ficar então mais alegre, mais
alegre, por dentro!..."
13. Ritual de passagem: simbologia do
amadurecimento - visão infantil -> olhar
adulto
• simbolismo do óculos - saber do
interior (jeito peculiar de enxergar o
mundo) + saber da cidade
(complemento do saber com viés de
progresso)
14. A novela possui uma nota alegórica em seu encerramento: quando Dr.
José Lourenço chega a Mutum e descobre que Miguilim era míope,
fazendo com que o garoto use óculos pela primeira vez, e por isso ele
passa a ver um mundo mais nítido (como se o visse pela primeira vez ou a
chegada de outro ciclo, metáfora do amadurecimento e da chegada da
vida adulta). Isso permite que Miguilim parta para a cidade e possa
adentrar outro universo mais amplo, em uma narrativa de formação, que
mostra toda a poesia e a beleza da infância. O final da novela deixa os fios
narrativos soltos, possibilitando várias abordagens e interpretações.
15.
16. A obra de Guimarães Rosa é marcada
por temáticas do popular, ainda que seu
escrever seja canônico. Identifique e
comente um elemento popular no texto
de "Campo Geral"