O documento resume a estrutura e linguagem do livro "Capitães da Areia", de Jorge Amado. O romance é dividido em 3 partes e apresenta um narrador onisciente que simpatiza com os personagens. A linguagem é coloquial e o ritmo da narrativa é descontraído.
2. Ao estudar para os vestibulares, é
necessário prestar atenção em aspectos
além do enredo e das características das
personagens, a exemplo da linguagem e
da estrutura através da qual a história foi
escrita.
Livro Capitães da Areia, de
Jorge Amado: estrutura e
linguagem
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19. 1 - O narrador é onisciente e se simpatiza
com o grupo de menores abandonados. No
seu relato, predomina o discurso indireto
livre.
2 - O estilo coloquial está presente
na linguagem
3 - O ritmo da narrativa é semelhante ao
do contador de histórias: natural e
descontraída.
4 - Nos diálogos, além de usar o registro
20.
21. A obra está dividida em 3 partes:
I. Sob a lua num velho trapiche
abandonado Apresentação dos membros dos
Capitães da Areia e descrição dos espaços físicos,
como o trapiche em que vivem, e da sociedade na
qual estão inseridos por meio de alguns fatos
II. A noite da grande paz dos teus olhos Uma
menina passa a integrar pela primeira vez o grupo
dos meninos de rua, fato explorado nessa parte.
Além de se tornar noiva e esposa de Pedro Bala,
Dora ainda é vista como mãe e irmã pelos demais
garotos
22. III. Canção da Bahia, canção da
liberdade Alguns meninos abandonam
o trapiche, como Volta Seca. Outras
personagens, antes marginalizadas,
desenvolvem consciência política e
alinham-se, cada qual a sua maneira,
ao socialismo, mudança de
comportamento comum na prosa de
Jorge Amado
23. Antes delas, o autor introduz o tema dos menores
abandonados através de uma série de cartas
publicadas no Jornal da Tarde de Salvador. Sob o
título “Cartas à redação”, reuniu-se a notícia de
um dos roubos realizados pelos Capitães da Areia e
cartas que denunciavam alguns problemas
institucionais referentes à delinquência, como as
condições de tratamento das crianças e jovens nos
reformatórios. Em seguida, o diretor do reformatório,
também em carta, convida algum dos jornalistas a
visitar a instituição e observar pelos próprios olhos
como as acusações eram falsas. Com data e
horário marcado, o redator pode observar
a “eficiência” do reformatório e, por isso,
reproduziu nas páginas do jornal a versão oficial.
24. Publicado em 1937, Capitães
da Areia é o sexto romance
de Jorge Amado, um dos
mais famosos e traduzidos
escritores brasileiros do
século 20. No prefácio ao
livro, escreve o romancista
que, com essa obra, encerra
25. O romance, que retrata o cotidiano
de um grupo de meninos de rua,
procura mostrar não apenas os
assaltos e as atitudes violentas de
sua vida bestializada, mas também
as aspirações e os pensamentos
ingênuos, comuns a qualquer
criança.
26. A narrativa, de cunho realista, gira em
torno das peripécias de um grupo de
"meninos de rua" que sobrevive de furtos
e pequenas trapaças. Por viverem em um
trapiche velho e abandonado (uma
espécie de armazém à beira do cais), os
garotos do bando, liderados por Pedro
Bala, são conhecidos pela má fama de
"capitães da areia". É lá, no trapiche
abandonado, que Pedro Bala, órfão, (o
pai foi morto à bala por liderar uma greve,
27. A história é conduzida em função dos destinos
individuais de cada integrante do bando. Assim, Jorge
Amado ilustra a marginalização definitiva de uns (por
exemplo: Sem-Pernas e Volta Seca) e a desalienação
de outros, como Professor, Pirulito e Pedro Bala.
Este, tomando consciência das injustiças sociais, ao
final do romance, torna-se líder (tal como o pai),
lutando ao lado dos trabalhadores grevistas. Pirulito,
devido à vocação, descrita desde o início do romance,
torna-se frade capuchinho, justificando a incansável
luta de padre José Pedro em resgatar aqueles jovens
da marginalidade. Padre José Pedro é uma das
poucas personagens adultas, juntamente com a mãe-
de-santo Don'Aninha, a se aproximar do grupo
marginalizado.
28. O emprego metonímico para a
apresentação das personagens
Uma forma bastante usual nas narrativas
é o narrador apresentar as personagens
por meio da descrição de suas
características físicas e psicológicas. E
nisso, como pudemos ver acima, o
romance de Jorge Amado vale-se da
metonímia, figura de linguagem que
consiste em tomar a parte para
representar o todo.
29. Devido a esse recurso estilístico,
temos a impressão de que "a
qualidade ou o defeito principal de
cada personagem se estendesse e
dominasse todo o indivíduo,
servindo-lhe de emblema e, em
muitos casos, determinando-lhe toda
a ação", conforme afirma o prof.
Álvaro Cardoso Gomes (em Roteiro
de Leitura: Capitães da Areia, Ática,
30. Vejamos alguns exemplos:
João Grande - João Oliveira dos
Santos (Itagi, Bahia, 15 de janeiro de 1933),
mais conhecido como Mestre João Grande,
é um mestre da Capoeira
Volta Seca - Antonio dos Santos,
vulgo Volta Seca, sergipano de Itabaiana,
ingressou no bando de Lampião quase
menino.
Professor - inteligente
Gato - bonito
Sem-Pernas – problema físico nas
pernas
31. Visão paradoxalmente lírico-comunista
Jorge Amado é conhecido por ser um escritor que
cria narradores que aderem às causas das
personagens mais necessitadas, excluídas.
Escolhendo essa forma de criar histórias, através
de narradores que tomam partido pelos mais
fracos, Jorge Amado, claramente, reflete os
princípios ideológicos da esquerda, pois, conforme
já afirmado anteriormente, na época em que
escreveu o romance, o autor pertencia aos quadros
do Partido Comunista. Dessa forma, o narrador,
aqui, funciona como uma espécie de delegado do
autor.
32. No caso do narrador de Capitães da
Areia há muitos traços da
personalidade de Jorge Amado,
que, na época, era ativista político.
No entanto, jamais poderíamos
afirmar que o narrador é o próprio
Jorge Amado. Sendo assim, a
melhor forma de entender essa
relação narrador-autor será a de
delegação deste para com aquele.
34. Para compreender melhor a obra
de Jorge Amado, os
especialistas normalmente a
dividem em 4 fases literárias.
Entenda cada uma delas:
35. A história de Jorge Amado nos ajuda a
compreender aspectos da sua obra.
Como o autor teve uma vida dinâmica,
indo e vindo de muitos países e exílios,
seus romances variaram segundo as
épocas da sua vida e suas experiências.
O crítico literário, Alfredo Bosi, distingue
a obra de autor em 4 fases:
36. Romance Proletário: primeiro momento das águas-fortes da
vida baiana, rural e citadina. Principais obras desta
fase: Cacau e Suor.
Lirismo engajado: depoimentos líricos e sentimentais
espraiados em torno de rixas e amores marinheiros.
Principais obras desta fase: Jubiabá, Mar Morto e Capitães
da Areia.
Região do Cacau: grandes "pinturas" da região do cacau,
com tom épico retratando as lutas entre coronéis e
exportadores. Principais obras desta fase: Terras do Sem-
Fim e São Jorge dos Ilhéus.
Fase desengajada: fase sem engajamento de esquerda,
mais focado no "pitoresco", no "saboroso", no "gorduroso", no
"apimentado". Tendo criado novelas regionalistas, como se
fossem um guia expresso da Bahia. Principais obras desta
37. Embora sua obra seja partilhada em 4 fases, é
possível ainda dividir dois Jorge Amado’s: o
engajado e o desengajado. Segundo o
professor do cursinho Oficina do Estudante,
Lucas Sanches, esta mudança vem de uma
desilusão política pela qual o autor passou.
Em 1950, o escritor se muda para ex-União
Soviética e, um ano após, recebeu o
prêmio Stálin da Paz. Este fato mostra a sua
proximidade com o regime comunista da antiga
potência. No entanto, quanto voltou ao Brasil
em 1955, Jorge Amado parecia estar
38. Deste então, o escritor largou a militância e passou
a dedicar-se somente à literatura. 6 anos depois,
entrou na Academia Brasileira de Letras. É
provável que, ao presenciar as injustiças cometidas
pelo governo de Stálin, Jorge Amado tenha sofrido
por certa decepção e passou a escrever livros com
uma temática mais descompromissada.
De qualquer forma, a obra do autor nem melhorou,
nem piorou. Ela só passou por mudanças. Aliás, isso
é comum de grandes autores. Antero de
Quental, Eça de Queirós e até mesmo Carlos
Drummond de Andrade são exemplos de autores
que tiveram fases mais engajadas no começo e, no
final de suas vidas, experimentaram períodos mais
41. 06/08/2001 - 19h54Morre, aos 88 anos, o escritor Jorge
Amado
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da Folha Online
O escritor baiano Jorge Amado morreu aos 88 anos nesta
segunda-feira, dia 6. Ele morreu por volta das 19h30.
Ele passou mal hoje à tarde e foi levado para o hospital, onde
sofreu uma parada cardiorrespitarória.
Jorge Amado completaria 89 anos no próximo dia 10.
Casado com a também escritora Zélia Gattai, Jorge Amado
estava com a saúde debilitada havia alguns anos. Em junho
passado, ele ficou internado por uma crise de hiperglicemia.
Ele havia sido internado no dia 20 e deixou o hospital no dia