[1] O documento discute a história e epistemologia da Psicologia, desde sua origem filosófica até o desenvolvimento como ciência moderna. [2] A Psicologia surgiu como disciplina acadêmica independente no século XIX com Wundt, que estabeleceu o primeiro laboratório experimental. [3] Diversas correntes teóricas se desenvolveram ao longo do século XX, como o behaviorismo, psicanálise e abordagens cognitivas.
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A invenção do espaço psi historia e epistemologia da psicologia 2014 pdf
1. A invenção do espaço psi: história e
epistemologia da Psicologia
PROFA. DRA. JONIA LACERDA FELÍCIO
CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO- SÃO PAULO
2. Epistemologia
Teoria da ciência;
Reflexão sobre a natureza, etapa e limites do conhecimento;
Estudo dos postulados, métodos e conclusões do saber
científico;
Teorias e práticas descritas em sua natureza evolutiva,
paradigmas estruturais e relações com a sociedade e a
história (Aurélio).
3. PSICO-LOGIA
ψυχή, psukhē- espírito, alma
λόγος, logos – conhecimento (grego)
DISCIPLINA ACADÊMICA E APLICADA; CIÊNCIA QUE ESTUDA OS
FENÔMENOS MENTAIS E COMPORTAMENTAIS
PERCEPÇÃO; COGNIÇÃO ( inteligência, memória, atenção,...) ;
AFETOS, EMOÇÕES E SENTIMENTOS; PERSONALIDADE E
TEMPERAMENTO; RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS;
INSTITUIÇÕES E ORGANIZAÇÕES SOCIAIS, ...
4. Estuda-se
DESENVOLVIMENTO HUMANO:
no ciclo de vida, infância,
adolescência, maturidade e
envelhecimento.
NEUROCIÊNCIAS : Sistema
nervoso, inteligência, memória e
outros processos psicobiológicos,
como estresse, sono/vigília;
COMPORTAMENTO HUMANO:
na família, grupos,
organizações, comunidades,
em seus aspectos individuais,
institucionais e sociais;
PSICOPATOLOGIA: o
comportamento normal e
patológico;
PSICOTERAPIAS: As Teorias
Comportamentais, Freudianas,
Junguianas, Rogerianas, de
grupo, de família e casal,...
5. ÁREAS DE ATUAÇÃO
PSICOLOGIA CLÍNICA na
avaliação, aconselhamento e
psicoterapia individual junto a casais,
famílias e grupos em consultórios,
equipes multiprofissionais de clínicas e
organizações públicas e privadas.
PSICOLOGIA HOSPITALAR
clínica na Saúde, para compreensão e
terapêutica dos aspectos psicológicos
inerentes ao adoecer e busca de
condições de vida saudáveis. Trabalha-se
no hospital geral e de especialidades,
junto às pessoas com problemas
gástricos, urológicos, ginecológicos,
oncológicos, entre outros, incluindo a
especialidade psiquiátrica.
PSICOLOGIA DA SAÚDE lida com
as políticas de Saúde, do direito e acesso
ao cuidado e prevenção na Saúde e
condições saudáveis da presença
humana no mundo, do ponto de vista
ecológico.
NEUROPSICOLOGIA atua em
interface com a neurologia e a
psiquiatria, avaliando funções mentais
superiores, como a inteligência,
memória e atenção, visando seu
desenvolvimento e reabilitação.
6. ÁREAS DE ATUAÇÃO
PSICOLOGIA SOCIAL junto às
organizações, movimentos e políticas
sociais, visando a cidadania plena dos
grupos, instituições e comunidades.
PSICOLOGIA JURÍDICA assessora as
instituições jurídicas com os subsídios
psicológicos envolvidos na compreensão e
intervenção das situações avaliadas, como
as que são relacionadas às políticas
públicas de segurança e justiça social.
PSICOLOGIA DO ESPORTE e ÁREA
ACADÊMICA
PSICOLOGIA ESCOLAR intervenção
e assessoria junto aos processos
biopsicossociais implicados no
desenvolvimento educacional, em
atividades junto aos alunos, familiares,
professores e funcionários do sistema
escolar.
PSICOLOGIA
ORGANIZACIONAL nas empresas
e organizações de trabalho, nas
situações que envolvem
relacionamentos interpessoais nas
equipes e na carreira dos trabalhadores,
nos processos de seleção, treinamento,
desenvolvimento profissional e
programas de qualidade de vida no
trabalho.
7. HISTÓRIA DA PSICOLOGIA
A cultura humana sempre tenta constituir respostas
sobre a natureza do homem.
A Psicologia inicialmente se confunde com a
Filosofia na busca de respostas a estas
questões.
Gregos: estudo da psukhē , o espírito humano.
R. Descartes (sec. XVII) : se impõe a distinção
mente/corpo.
Ciência Moderna: só tem quatro séculos.
8. O estudo da Mente na
FISIOLOGIA e FILOSOFIA
ENTRE O SEC. XVIII E XIX:
EMPIRISMO INGLÊS
Noção da tábula rasa:
sensações, memória,
aprendizagem em um
processo associativo
desenvolvem a Mente.
RACIONALISMO
ALEMÃO
A Mente gera ideias,
independente da
estimulação sensorial.
Perceber, recorrer e
raciocinar são
faculdades essenciais.
9. A Psicologia como ciência independente
WILHELM WUNDT (Alemanha, 1832-1920)
1-Delimita a psicologia
como ciência
independente;
2-Estrutura instituições
para o ensino e
pesquisa da Psicologia,
inclusive um periódico;
3-Concebe a Psicologia
como uma ciência
intermediária entre as
ciências da natureza e
as ciências da cultura.
10. 1879NASCIMENTO DA PSICOLOGIA :
Laboratório de Psicofisiologia experimental de
Leipzig, Alemanha
A psicologia surgiu prioritariamente como uma ciência fisiológica e
experimental de pesquisa experimental dos processos mentais
elementares.
Os sujeitos faziam relatos sistemáticos do que acontecia com eles do
ponto de vista perceptivo, em condições controladas.
Wundt abordava os fenômenos que não podiam ser estudados no
laboratório nos produtos socioculturais, como a religião.
Este é o embrião de uma psicologia social dos povos, de analise dos
processos mentais superiores, como o pensamento e a imaginação e os
fenômenos culturais, como a linguagem e os mitos.
11. Os Laboratórios de Psicologia Experimental na
América do Norte.
Pretendia-se integrar estes dois enfoques metodológicos na
ideia de uma UNIDADE PSICOFÍSICA.
Mas este é um debate acadêmico ainda pendente, que foi
motor da rápida expansão da Psicologia em 24 Laboratórios
nos E.U.A. e Canadá entre 1883 e 1893.
E logo surgiram correntes divergentes na Psicologia, que
resultam de sua contínua revisão de caráter científico e
também da própria amplitude do objeto de estudo da
Psicologia, o comportamento e vida emocional do homem e
de outros animais.
12. ESTRUTURALISMO
EDWARD TITCHENER
Contínua pesquisas de
introspecção sistemática em
laboratórios iniciadas por Wundt,
buscando a estrutura dos
elementos básicos da consciência.
FUNCIONALISMO
WILLIAM JAMES
Investigação da função e propósito
da consciência, não apenas de sua
estrutura. Sob a influência do
pragmatismo americano e do
evolucionismo Darwin, se
abordam as características e
propriedades da mente que fazem
com que a pessoa se desenvolva e
funcione em seu meio ambiente
(comportamento= adaptação ao
13. ESTRUTURALISTAS X
processos mentais da consciência e sensações
como o tato, a visão e a audição (como a
consciência chega a conhecer a realidade).
FUNCIONALISTAS
desenvolvimento em crianças,
eficácia das aprendizagens e
técnicas pedagógicas,
diferenças comportamentais
entre os sexos...
PSICOLOGIA APLICADA: G.
STANLEY HALL (The content of
chidrens mind), JAMES CATTELL
(Testes) e JOHN DEWEY
(Educação).
14. Perspectivas teóricas modernas da Psicologia
1. COMPORTAMENTAL (1913 até o presente) = John Watson; Ian
Pavlov; B.F. Skinner = só eventos observáveis são passíveis de
estudos científicos, que analisam os reforços positivos ou
negativos que homem e animais recebem do ambiente em
consequência de suas ações. O comportamento é condicionado
pelo ambiente.
2. PSICANALÍTICA/ PSICODINÂMICA ( 1900 até o presente) =
Sigmund Freud, Carl Jung = supõe determinantes emocionais
inconscientes do comportamento, sempre em inerente conflito
entre amor X ódio; consciente-razão X inconsciente-desejos
irracionais. A personalidade atual reflete o desenvolvimento das
relações humanas desde a infância.
3. HUMANÍSTICA ( anos 50 até o presente) = Carl Rogers, Abraham
Maslow = entendem que há uma singularidade única em cada
experiência humana, e supõe que ela sempre tenha potencial
existencial positivo, voltado ao crescimento, muito diferente dos
animais. Este potencial pode não estar sendo plenamente
atualizado, mas vivências de aceitação incondicional podem
fazer sujeito retomar seu crescimento.
15. Perspectivas teóricas modernas da Psicologia
1. BEHAVIORISMO Objeto de estudo= o comportamento
aparente enquanto fato psicológico concreto; Método =
experimental, observacional, inclusive com animais; Terapêutica =
treino objetivo, o mais breve possível, contando com compreensão
e adesão racional do paciente.
2. GESTALT-HUMANISMO Objeto de estudo= a compreensão
filosófica das ações e processos humanos em sua totalidade;
Método = das ciências humanas, com estudos clínicos e
observacionais, além de análises antropológicas e filosóficas;
Terapêutica = dialética, com ênfase em vivências expressivas e
culturais.
3. PSICANÁLISE Objeto de estudo= compreensão da vida
emocional e da afetividade, que traduz significados e
representações tanto conscientes quanto inconscientes, estas
infantis, conflitivas e não racionais. Método = estudos clínicos e
observacionais Terapêutica= dialética, com ênfase na transferência
afetiva e inconsciente entre paciente e terapeuta, fator essencial
para o insight sobre o inconsciente.
16. Novas perspectivas teóricas da Psicologia
4. COGNITIVA = (anos 50 até o presente) = Jean Piaget, Noam
Chomsky = aborda os pensamentos e processos mentais
como a inteligência, atenção e memória = o
comportamento humano depende de como as pessoas
adquirem, armazenam e processam a informação.
5. BIOLÓGICA = (anos 50 até o presente) = o comportamento
tem bases fisiológicas = o comportamento pode ser
explicado pelas estruturas do corpo e seus processos
bioquímicos.
6. EVOLUCIONISTA = (anos 80 até o presente) = fundamentos
evolucionistas do comportamento = o comportamento
se dirige à solução dos problemas de adaptação; por
isto são selecionados na natureza.
17. Desenvolvimento da Psicologia
Psicologia
Filosófica
Psicologia
Científica (sec.
XIX)
Psicologia
Moderna
(sec. XX)
O estudo da alma
e de sua relação
com o corpo e a
percepção da
realidade.
A Psicologia sem
alma, do estudo
experimental da
consciência em
sua estrutura,
funções e
aprendizagem.
1. BEHAVIORISMO
2. GESTALT
3. PSICANÁLISE
4. Outras escolas
18. HISTÓRIA DOS SABERES PSI E
SUAS IMPLICAÇÕES NO PLANO
DAS PRÁTICAS SOCIAIS.
A INVENÇÃO DO PSICOLÓGICO. QUATRO SÉCULOS
DE SUBJETIVAÇÃO. L.C. FIGUEIREDO. SÃO PAULO:
ESCUTA, 1992
19. O PSICOLÓGICO
SEC XVI RENASCIMENTO
Houve uma falência da vida coletiva que era regulada pela
tradição e obediência às autoridades inatingíveis, o Rei e
Deus. Foi isto possibilitou uma extensa produção filosófica,
científica e artística.
Mas houve perda das raízes e dos referenciais estáveis que
sustentavam a continuidade das identidades individuais ao
longo da vida da pessoa.
Então foi necessário um projeto de consciência reflexiva,
que desse conta das experiências subjetivas, agora
consideradas altamente individualizadas e de caráter
privado.
20. Consciência reflexiva:
dar conta do ‘estranho’.
Este capital de consciência reflexiva determinou uma
crescente separação entre cada indivíduo e os saberes
hierarquizados da tradição coletiva.
O indivíduo foi entregue a si mesmo, a explicações
individualizadas, não coletivas.
Ele passou a ter que lidar com a experiência do ‘estranho’,
os fenômenos que exigem empenho para serem conhecidos
e controlados ( VER Foucault: Vigiar e Punir).
21. Renascimento
Contexto cultural de passagem da Idade Média para
a Idade Moderna na Europa.
Articulação entre os valores do pensamento
medieval católico com os textos e obras artísticas
dos gregos e romanos na Idade Antiga, que
ampliaram reflexão sobre o homem e o mundo.
O homem é a medida de todas as coisas =
humanismo ou antropocentrismo do Renascimento,
onde Deus continua soberano, mas se considerou
legítimo pensar o homem como aquele que acessa o
conhecimento e a criação.
Homem renascentista = aprende e procura saber
sobre todas as artes e ciências.
Leonardo da Vinci = dominava várias ciências e artes
plásticas, a Astronomia, Mecânica, Anatomia,
máquinas e deixou obras-primas.
22. SUJEITO DA MODERNIDADE = SUJEITO EPISTÊMICO PLENO
(L. C. Figueiredo)
Modernidade pretendeu constituir um indivíduo
que fosse senhor de direito sobre todas as coisas.
Por isto, este novo homem devia reconhecer em si
mesmo a fonte primordial de seus erros e desatinos.
Ele agora precisou aprender como se autodisciplinar,
expurgando tudo aquilo que lhe torna suspeito, não
racional e confiável.
O sujeito moderno procura dominar o que o torna
irregular, idiossincrático, pois ele deve experimentar
o pleno exercício da razão.
Nasce a busca por uma subjetividade purificada pela
razão (não só por Deus) = penso, logo existo.
Este homem renascentista procura se livrar do que é
irracional, e nesta busca percebe a experiência em
sua invariância e universalidade.
23. PROJETO EPISTEMOLÓGICO DA
MODERNIDADE
O sujeito moderno é Pleno é fiador de todas as certezas, garantidas pelo
cumprimento das exigências radicais de autonomia, autotransparência,
unidade e reflexibilidade.
Ele passa a se ver como senhor absoluto de sua consciência e vontade,
capaz de representar o mundo de forma isenta, sem qualquer risco de
ilusão.
Esta tentativa de neutralizar as fontes de ilusões humanas será possível
se ele conseguir separar a MENTE, supostamente livre, do CORPO, pois
este estaria preso a determinantes naturais (biológicos) e
sociohistóricos.
É este projeto sobre de Mente que exige a determinação do campo de
conhecimentos Psi.
24. CONSTITUIÇÃO DO PSICOLÓGICO
= ‘Psi’ é o que ultrapassa e oferece resistência à autonomia individual que o
sujeito epistemológico pleno pretende alcançar.
O LUGAR CULTURAL PARA A EMERGÊNCIA DO SABER PSICOLÓGICO É O
ESPAÇO DAS FALHAS DO PROJETO EPISTEMOLÓGICO MODERNO.
‘P S I’ É O NEGATIVO DO SUJEITO PLENO
SEC XIX: houve menos confiança nas virtudes ascéticas dos métodos
renascentistas que pretendiam constituir um sujeito pleno de sua
consciência e vontade, capaz de disciplina e objetividade sem mácula.
O positivismo lógico e a fenomenologia husserliana são tentativas de
resgate do sujeito pleno.
Elas procuram a legitimação através da eficácia tecnológica, daquilo que
‘funciona’, mas não desmascaram de forma radical o desencontro entre
projeto epistemológico moderno e os novos saberes sócio psicológicos.
25. NOVOS SABERES SÓCIO PSICOLÓGICOS
POSITIVISMO BEHAVIORISTA = Nova versão do projeto epistemológico
moderno, pois eles acreditam na eficácia da tecnologia
comportamental, como uma compreensão racional do comportamento
humano e animal.
PSICANÁLISE = Não acreditam no autodomínio, descentramento e
dissolução da unidade do Sujeito. O homem é dividido, não conhece
plenamente nem sua vontade (o ‘desejo inconsciente’). O homem deve
tolerar sua ambivalência conflitiva amor e ódio, razão e desrazão. O
autoconhecimento é meta razoavelmente ‘libertadora’, mas nunca
plena, considerando esta dualidade pulsional e o próprio conceito de
inconsciente.
HUMANISTAS E FENOMENOLÓGICOS = Acreditam em uma plenitude
holística, um ideal de mundo narcísico que reflete uma natureza
potencialmente positiva e realizadora no Homem. Entendem que esta
experiência integral é um ideal de uma busca integradora, que acontece
tanto no plano do sensível quanto do racional.
26. DO SEC XV AO SEC XIX:
A(s) Psicologia(s)
As psicologias NÃO TÊM uma delimitação única do
objeto de estudo, nem consenso sobre como gerar
e validar conhecimentos, ou sobre o que é o
conhecer.
Entretanto, TODAS as psicologias refletem sobre
aspectos que negam a crença em uma
subjetividade plena, desencarnada, capaz de uma
contemplação desinteressada nos objetos.
27. CONTRASTES ENTRE AS PRINCIPAIS
MATRIZES PSICOLÓGICAS
BEHAVIORISTAS PSICANÁLISE HUMANISTAS E
FENOMENOLÓGICOS
Teoria psicológica incapaz
de estabelecer contato com
campo fenomenal.
Desqualifica a experiência
introspectiva.
Desautoriza o sujeito.
Legitima certas formas de
poder disciplinar que
incidem sobre o sujeito.
Pretende um compromisso
simultâneo com plano da
experiência (os significados
e as representações) e com
o plano das suas condições
( as pulsões, o não
representável = o
inconsciente freudiano).
Pretende um acolhimento
integral e holístico da
experiência.
Entende que o contato e o
controle pleno sobre o
impensável é um ideal.
Contribui para as ilusões
narcísicas de autonomia
liberal, espontaneidade e
singularidade românticas.
28. DO SEC XV AO SEC XIX:
A(s) Psicologia(s)
O ESPAÇO PSICOLÓGICO DECORRE DA EVOLUÇÃO
DE DIFERENTES MODOS DE SUBJETIVAÇÃO, DO SEC
XV AO SEC XIX:
1. Construção de identidades e representações
de si individuais, coletivas e nacionais.
2. Crescente separação entre esferas públicas e
privadas.
3. Penetração e aprofundamento dos controles
públicos.
29. DO SEC XV AO SEC XIX:
A(s) Psicologia(s)
Formação de um TERRITÓRIO DE IGNORÂNCIA que é o ESPAÇO
PSICOLÓGICO:
“ Conjunto de aspectos da experiência que ficaram excluídos do campo
das representações identitárias que elaboramos sobre nós mesmos, no
que apresentamos aos outros e que são para nosso próprio uso”.
“ Ao psicológico cabe ter olhos para ver e ouvir este interditado e
excluído”.
No Brasil, o psicólogo deve escutar o que não pode ser ouvido pela
instituição moderna: são as realidades culturais pré-modernas que não
se encaixam nas demandas e serviços formais. Há o perigo de
psicologizar e patologizar o excluído, por isto, mais que outras, nossa
psicologia demanda formação em antropologia e sociologia.
30. PSICOLOGIA COMO UMA CIÊNCIA SOCIAL
(Nikolas Rose): “O século XX foi certamente o século da psicologia.– será que o
século XXI será igual? ”
“O século XX foi o século da psicologia, quando a psicologia se
transformou em DISCIPLINA, com departamentos universitários,
professores especializados, diplomas, qualificações, e quando a
psicologia decolou como uma PROFISSÃO: com corpos profissionais,
qualificações, empregos relacionados e muito mais.
Mais do que isso, esse foi o século da psicologia, porque a psicologia
através do século XX ajudou a construir a sociedade em que nós
vivemos e também o tipo de pessoas em que nos transformamos.
O desenvolvimento da psicologia durante o século XX teve um
importante impacto social em nosso entendimento e tratamento do
distress; nas nossas concepções de normalidade e anormalidade; nas
nossas tecnologias de regulação, normalização, reforma e correção; no
cuidado com crianças e na educação, na propaganda, no marketing e
nas tecnologias de consumo, no controle do comportamento humano,
do industrial ao militar”.
31. PSICOLOGIA COMO UMA CIÊNCIA SOCIAL
(Nikolas Rose): “O século XX foi certamente o século da psicologia.– será que o
século XXI será igual? ”
“A psicologia e as linguagens da psicologia construíram um senso
comum na Europa e na América do Norte, na Austrália, na América
Latina e em muitos outros lugares.
O treinamento psicológico afetou profissionais de orientação de
crianças, de trabalhos sociais, e mesmo de administração de recursos
humanos.
No processo, nossas muitas ideias do “self”, da identidade, da
autonomia, liberdade e da realização pessoal foram reformadas em
termos psicológicos. Seres humanos, nessas regiões, vieram a se
entender como se fossem habitados por um profundo e interno espaço
psicológico, que estaria avaliando- os e agindo sobre eles nos termos
dessa crença.
As pessoas falam de si mesmas numa linguagem psicológica de
descrição pessoal – a linguagem da inteligência, personalidade,
ansiedade, neurose, depressão, trauma, extroversão, introversão –
julgando-se em termos do que penso podermos determinar, quase com
certeza, como uma ‘ética psicológica’.”
32. PSICOLOGIA COMO UMA CIÊNCIA SOCIAL
(Nikolas Rose): “O século XX foi certamente o século da psicologia.– será que o
século XXI será igual? ”
“Esse não foi apenas o processo de individualização; isso também inclui
a “psicologização” da vida coletiva, a invenção da ideia de grupos,
grandes e pequenos, das atitudes, da opinião pública e temas deste
tipo.
Práticas, da indústria ao exército, podem agora ser entendidas em
termos de dinâmicas psicológicas das relações interpessoais. Problemas
sociais, do preconceito e luta de grupos até à criminalidade e pobreza,
são abalizados em termos psicológicos.
Isso não foi apenas uma questão da psicologia se estabelecer como uma
disciplina ou como uma profissão; (...). A psicologia foi uma disciplina
muito generosa, ela se doou para todos os tipos de profissões, da
polícia a comandantes militares, numa condição de fazê-los pensar e
agir, pelo menos de alguma maneira, como psicólogos.
Então, será o século XXI o século da psicologia? (...) Estudos parecem
apontar sobre o papel da psicologia ( no século XXI) como uma ciência
social, e, quem sabe, até como uma ciência política.”
33. A(s) Psicologia (s)
BOCK, A. PSICOLOGIA (S): UMA INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PSICOLOGIA
13ª EDIÇÃO. SÃO PAULO: SARAIVA, 2000.
FIGUEIREDO,LC A INVENÇÃO DO PSICOLÓGICO: QUATRO SÉCULOS DE
SUBJETIVAÇÃO 1500-1900 SÃO PAULO: ESCUTA,2002.
MASSIMI, M.; BROZEK, J. (ORGS.) HISTORIOGRAFIA DA PSICOLOGIA
MODERNA. SÃO PAULO: LOYOLA, 1998.
SCHULTZ, D. HISTÓRIA DA PSICOLOGIA MODERNA. SÃO PAULO: CULTRIX,
1981.
ANDRADE, A.N. IN SOUZA, L. “PSICOLOGIA REFLEXÕES IMPERTINENTES”
IN “O ACOLHIMENTO A PROCESSUALIDADE: ENTRE A MULTIPLICIDADE DA
PSICOLOGIA E A MULTIPLICIDADE DO PSICOLÓGICO” SÃO PAULO: CASA DO
PSICÓLOGO, 1988.
ROSE, NIKOLAS (UNIVERSITY OF LONDON, LONDON, UNITED KINGDOM)
PSICOLOGIA & SOCIEDADE “PSICOLOGIA COMO UMA CIÊNCIA SOCIAL” 20
(2): 155-164, 2008