2. Linguística textual
Intertextualidade
Um texto contém sempre referências de diferentes tipos (e com
diferentes propósitos retóricos ou estilísticos) a outros textos.
Um texto contém sempre referências de diferentes tipos (e com
diferentes propósitos retóricos ou estilísticos) a outros textos.
Texto que
contém
referências
a outros
textos
Texto que
contém
referências
a outros
textos
Textos
referidos
no
hipertexto
Textos
referidos
no
hipertexto
hipertextohipertexto hipotextoshipotextos
3. O hipotexto de
um texto
literário pode
ser:
O hipotexto de
um texto
literário pode
ser:
Exemplo:
um texto pictórico ou um
texto musical.
um texto literárioum texto literário
um texto não-literário ou
um texto não-verbal
um texto não-literário ou
um texto não-verbal
Linguística textual
Intertextualidade
4. Linguística textual
Intertextualidade
Em Memorial do Convento, as referências a Os Lusíadas são permanentes,
estabelecendo-se, desta forma, um paralelismo entre a grandeza e heroicidade
do povo português em circunstâncias muito distintas, dando, simultaneamente,
uma nova interpretação, mais humana e realista, aos acontecimentos
históricos; mas muitos mais textos e escritores portugueses se encontram ali
representados, criando-se uma teia de referências à nossa literatura e cultura,
num “diálogo irónico e provocador com a tradição literária”.
Em Memorial do Convento, as referências a Os Lusíadas são permanentes,
estabelecendo-se, desta forma, um paralelismo entre a grandeza e heroicidade
do povo português em circunstâncias muito distintas, dando, simultaneamente,
uma nova interpretação, mais humana e realista, aos acontecimentos
históricos; mas muitos mais textos e escritores portugueses se encontram ali
representados, criando-se uma teia de referências à nossa literatura e cultura,
num “diálogo irónico e provocador com a tradição literária”.
7. CitaçãoCitação Reprodução, devidamente identificada, de um excerto textual, no interior
de um texto, com o objetivo de ilustrar ou sustentar uma ideia.
Reprodução, devidamente identificada, de um excerto textual, no interior
de um texto, com o objetivo de ilustrar ou sustentar uma ideia.
Linguística textual
Intertextualidade
José Saramago cita Fernando Pessoa, Mensagem:
«Em seu trono entre o brilho das estrelas, com seu manto de noite e
solidão, tem aos seus pés o mar novo e as mortas eras, o único
imperador que tem, deveras, o globo mundo em sua mão, este tal foi o
infante D. Henrique […].»
José Saramago, Memorial do Convento, Alfragide, Editorial Caminho, 2013, p. 307.
José Saramago cita Fernando Pessoa, Mensagem:
«Em seu trono entre o brilho das estrelas, com seu manto de noite e
solidão, tem aos seus pés o mar novo e as mortas eras, o único
imperador que tem, deveras, o globo mundo em sua mão, este tal foi o
infante D. Henrique […].»
José Saramago, Memorial do Convento, Alfragide, Editorial Caminho, 2013, p. 307.
Exemplo:
8. EpígrafeEpígrafe
Fragmento de texto célebre, devidamente identificado, reproduzido no
início de um texto, de um capítulo ou de uma secção, que relaciona o
conteúdo do texto que se segue com o conteúdo da obra referida,
integrando o hipertexto num domínio de pensamento específico.
Fragmento de texto célebre, devidamente identificado, reproduzido no
início de um texto, de um capítulo ou de uma secção, que relaciona o
conteúdo do texto que se segue com o conteúdo da obra referida,
integrando o hipertexto num domínio de pensamento específico.
Linguística textual
Intertextualidade
Em O Ano da Morte de Ricardo Reis:
«Sábio é o que se contenta com o espetáculo do mundo.»
(Ricardo Reis)
«Escolher modos de não agir foi sempre a atenção e o escrúpulo da
minha vida.»
(Bernardo Soares)
«Se me disserem que é absurdo falar assim de quem nunca existiu,
respondo que também não tenho provas de que Lisboa tenha alguma
vez existido, ou eu que escrevo, ou qualquer coisa onde quer que seja.»
(Fernando Pessoa)
Em O Ano da Morte de Ricardo Reis:
«Sábio é o que se contenta com o espetáculo do mundo.»
(Ricardo Reis)
«Escolher modos de não agir foi sempre a atenção e o escrúpulo da
minha vida.»
(Bernardo Soares)
«Se me disserem que é absurdo falar assim de quem nunca existiu,
respondo que também não tenho provas de que Lisboa tenha alguma
vez existido, ou eu que escrevo, ou qualquer coisa onde quer que seja.»
(Fernando Pessoa)
Exemplos:
9. AlusãoAlusão Referência mais ou menos indireta a outro texto (ou situação) que deixa
ao leitor ou ouvinte a tarefa de o identificar.
Referência mais ou menos indireta a outro texto (ou situação) que deixa
ao leitor ou ouvinte a tarefa de o identificar.
Linguística textual
Intertextualidade
«Da sua gaiola de madeira pregou o celebrante ao mar de gente, se
fosse o mar de peixes, que formoso sermão se teria podido repetir
aqui, com a sua doutrina muito clara, muito sã, mas, peixes não sendo,
foi a pregação como a mereciam homens e só a ouviram os fiéis que
mais ao perto estavam […].»
José Saramago, Memorial do Convento, pp. 225 e 313.
Referência de «[…] Bradam os demónios no inferno, e dessa maneira
julgas escapar à condenação, mas aquele que tudo vê, não este cego
Tobias, o outro a quem […]».
(Padre António Vieira, Sermão de Santo António aos Peixes)
«Da sua gaiola de madeira pregou o celebrante ao mar de gente, se
fosse o mar de peixes, que formoso sermão se teria podido repetir
aqui, com a sua doutrina muito clara, muito sã, mas, peixes não sendo,
foi a pregação como a mereciam homens e só a ouviram os fiéis que
mais ao perto estavam […].»
José Saramago, Memorial do Convento, pp. 225 e 313.
Referência de «[…] Bradam os demónios no inferno, e dessa maneira
julgas escapar à condenação, mas aquele que tudo vê, não este cego
Tobias, o outro a quem […]».
(Padre António Vieira, Sermão de Santo António aos Peixes)
Exemplos:
10. ParáfraseParáfrase Sequência que reformula um fragmento de texto, explicitando e
desenvolvendo o seu sentido.
Sequência que reformula um fragmento de texto, explicitando e
desenvolvendo o seu sentido.
Linguística textual
Intertextualidade
Destas [mulheres], duas serão relaxadas ao braço secular, em carne, por
relapsas, e isto quer dizer reincidentes na heresia, por convictas e
negativas, e isto quer dizer teimosas apesar de todos os testemunhos,
por contumazes, e isto quer dizer persistentes nos erros que são suas
verdades, só desacertadas no tempo e no lugar.
José Saramago, Memorial do Convento, p. 65.
Destas [mulheres], duas serão relaxadas ao braço secular, em carne, por
relapsas, e isto quer dizer reincidentes na heresia, por convictas e
negativas, e isto quer dizer teimosas apesar de todos os testemunhos,
por contumazes, e isto quer dizer persistentes nos erros que são suas
verdades, só desacertadas no tempo e no lugar.
José Saramago, Memorial do Convento, p. 65.
Exemplo:
11. ParódiaParódia Imitação de um texto, deformando-o, com o propósito de ridicularizar ou
criticar.
Imitação de um texto, deformando-o, com o propósito de ridicularizar ou
criticar.
Linguística textual
Intertextualidade
Imitação de José Saramago, em Memorial do Convento, a partir de Os
Lusíadas:
«[…] e então uma grande voz se levanta, é um labrego de tanta idade já
que o não quiseram, e grita subindo a um valado que é púlpito de
rústicos, Ó glória de mandar, ó vã cobiça, ó rei infame, ó pátria sem
justiça […].»
José Saramago, Memorial do Convento, pp. 402.
Imitação de José Saramago, em Memorial do Convento, a partir de Os
Lusíadas:
«[…] e então uma grande voz se levanta, é um labrego de tanta idade já
que o não quiseram, e grita subindo a um valado que é púlpito de
rústicos, Ó glória de mandar, ó vã cobiça, ó rei infame, ó pátria sem
justiça […].»
José Saramago, Memorial do Convento, pp. 402.
Exemplo:
12. Linguística textual
Intertextualidade
«Mas um velho d'aspeito venerando,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,
C'um saber só de experiências feito,
Tais palavras tirou do experto peito:
Luís de Camões, Os Lusíadas (leitura, prefácio e notas Costa Pimpão), IV, ests. 94-95, Lisboa, Instituto
Camões, 2000, p. 190.
«Mas um velho d'aspeito venerando,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,
C'um saber só de experiências feito,
Tais palavras tirou do experto peito:
Luís de Camões, Os Lusíadas (leitura, prefácio e notas Costa Pimpão), IV, ests. 94-95, Lisboa, Instituto
Camões, 2000, p. 190.
—"Ó glória de mandar! Ó vã cobiça
Desta vaidade, a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
C'uma aura popular, que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!”»
13. Imitação
criativa
Imitação
criativa
Recriação a partir de um texto, sem o ridicularizar ou criticar.Recriação a partir de um texto, sem o ridicularizar ou criticar.
Linguística textual
Intertextualidade
Recriação de José Saramago, em Memorial do Convento, a partir de Os
Lusíadas:
«Já vai andando a récua dos homens de Arganil, acompanham-nos até
fora da vila as infelizes, que vão clamando, qual em cabelo, Ó doce e
amado esposo, e outra protestando, Ó filho, a quem eu tinha só para
refrigério e doce amparo desta cansada já velhice minha […]»
José Saramago, Memorial do Convento, p. 402.
Recriação de José Saramago, em Memorial do Convento, a partir de Os
Lusíadas:
«Já vai andando a récua dos homens de Arganil, acompanham-nos até
fora da vila as infelizes, que vão clamando, qual em cabelo, Ó doce e
amado esposo, e outra protestando, Ó filho, a quem eu tinha só para
refrigério e doce amparo desta cansada já velhice minha […]»
José Saramago, Memorial do Convento, p. 402.
Exemplo:
14. Linguística textual
Intertextualidade
«Qual vai dizendo: − “Ó filho, a quem eu tinha
Só pera refrigério e doce emparo
Desta cansada já velhice minha,
Que em choro acabará, penoso e amaro,
Porque me deixas, mísera e mesquinha?
Porque de mi te vás, ó filho caro,
A fazer o funéreo enterramento
Onde sejas de pexes mantimento?”
Luís de Camões, Os Lusíadas (leitura, prefácio e notas Costa Pimpão), IV, ests. 90-95, Lisboa, Instituto
Camões, 2000, p. 189.
«Qual vai dizendo: − “Ó filho, a quem eu tinha
Só pera refrigério e doce emparo
Desta cansada já velhice minha,
Que em choro acabará, penoso e amaro,
Porque me deixas, mísera e mesquinha?
Porque de mi te vás, ó filho caro,
A fazer o funéreo enterramento
Onde sejas de pexes mantimento?”
Luís de Camões, Os Lusíadas (leitura, prefácio e notas Costa Pimpão), IV, ests. 90-95, Lisboa, Instituto
Camões, 2000, p. 189.
Qual em cabelo: − “Ó doce e amado esposo,
Sem quem não quis Amor que viver possa,
Porque is aventurar ao mar iroso
Essa vida que é minha e não é vossa?
Como, por um caminho duvidoso,
Vos esquece a afeição tão doce nossa?
Nosso amor, nosso vão contentamento,
Quereis que com as velas leve o vento?”»