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Gregório de Mattos
• Na arte barroca, a imagem do Cristo sofredor ou martirizado é muito
mais frequente do que a do Cristo vitorioso. Representa-se mais sua
dimensão humana, mas marcas de seu sofrimento como homem.
Essa imagem do sofrimento físico causa um impacto emocional muito
forte, que impressiona o espectador.
FERNÁNDEZ, Gregorio. Cristo morto. 1625-1630.
Barroco
• Barroco é caracterizado pelo exagero, rebuscamento e excessiva
ornamentação. Como corrente estética e cultural, o Barroco persistiu
do século XVI ao século XVIII e denomina, genericamente, todas
manifestações artísticas dessa época.
• O Barroco representou a fusão entre a perspectiva renascentista
antropocêntrica e a retomada de valores marcadamente ligados à fé
católica, estimulados pela Contrarreforma.
Igreja e Convento de São Francisco em Salvador
Características
1) Pessimismo – desvalorização da vida e visão depressiva da existência. As pinturas revelam
tristeza; os textos têm caráter melancólico.
2) Contraste – tendência de aproximação entre valores antagônicos, como o velho e o novo, o claro
e o escuro, o céu e a terra, o espiritual e o terreno.
3) Conflito - fé e razão.
4) Fusionismo – Como sugere o nome, trata-se da fusão entre as perspectivas renascentista e
medieval. Na pintura, expressava-se, principalmente, pelo contraste entre a luz a sombra. Na
literatura, buscava-se associar o racional e o irracional, a fé e a razão, o místico e o lógico.
5) Feísmo – exploração da miséria humana, abandonando o culto renascentista ao belo, ao
esteticamente agradável ao olhar ou à audição; às vezes, chegava a desviar-se para o feio e o
repugnante.
6) Rebuscamento – Arte excessivamente trabalhada, trejeitosa. Os textos – como que
reproduzindo os excessos da pintura e da arquitetura – excediam-se nas antíteses (contradições)
e nas inversões (que tornavam o fraseado rebuscado e difícil). Isso foi o Barroco, uma arte que
traduziu o conflito, o jogo dos contrários, aliada ao requinte e à dramática exuberância das
formas.
Sagrada Família (1664), de Josefa de Óbidos
A Ceia de Emaús (1601), de Caravaggio
CULTISMO
• O cultismo significa “jogo de
palavras”. Também é chamado
de Gongorismo, pois foi
inspirado nos textos do poeta
espanhol Luis de Góngora (1561-
1627).
• Esse estilo utiliza a descrição,
termos cultos (preciosismo
vocabular), linguagem
rebuscada e ornamental para
expressar as ideias.
CONCEPTISMO
• O conceptismo significa “jogo de
ideias”. Também é chamado
de Quevedismo, pois foi inspirado
na poesia do poeta espanhol
Francisco de Quevedo (1580-1645).
• Nessa vertente literária, a retórica
aprimorada bem como a imposição
de conceitos é notória, a qual se
produz através da apresentação de
diversas ideias.
• Sendo assim, o conceptismo é
definido pelo uso de argumentos
racionais, ou seja, do pensamento
lógico, valorizando sempre o
conteúdo textual.
Linguagem Literária
Antítese
Oposição entre duas ideias,
termos ou palavras, sem que,
entretanto, haja um
constrassenso, ou seja, algo que
vá contra a lógica, a razão.
“Nasce o Sol e não dura mais que
um dia” (Gregório de Matos)
Paradoxo
Oposição de ideias que leva a um
contrassenso, um absurdo.
“Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente”.
(Camões)
Como há dor naquilo que não nos
apercebemos?
Metáfora
• Comparação de ordem subjetiva
em que um termo adquire o
sentido de outro por afinidade de
caracaterística(s).
• “Eu sou, Senhor, a ovelha
desgarrada”
(Gregório de Matos)
• Metáfora presente: ovelha
desgarrada = pecador
Hipérbole
• Expressão gerada de uma ideia.
“Romperam-se enfim as cataratas
do céu”
(Padre Antônio Vieira)
Gregório de Matos
• Gregório de Matos (1633?-1696) é o maior poeta barroco brasileiro e um
dos fundadores da poesia lírica e satírica em nosso país. Nasceu em
Salvador, estudou no Colégio dos Jesuítas e depois se dirigiu a Coimbra,
onde estudou Direito, tornou-se juiz e ensaiou seus primeiros poemas
satíricos. Retornando ao Brasil, exerceu os cargos de vigário-geral e
tesoureiro-mor, sem usar roupagens eclesiásticas, como era obrigado.
Devido às suas sátiras, foi perseguido pelo governador baiano Antônio de
Souza Menezes, o Braço de Prata. Depois de se casar com Maria dos Povos
e exercer função de advogado, abandou tudo e saiu pelo Recôncavo baiano
como cantador itinerante, dedicando-se às sátiras e aos poemas erótico-
irônicos, o que lhe custou alguns anos de exílio em Angola. Voltou ao Brasil
doente, e, impedido de entrar na Bahia, morreu em Recife.
Gregório de Matos - Irreverência
Irreverente
como: Pessoa: chocar valores
Poeta: seguia e rompia modelos barrocos
Poeta satírico: palavras de baixo calão para
denunciar contradições e falsidades da sociedade
Obra
Lírica
Amorosa
carne x espírito
Filosófica
desconcerto do mundo
Religiosa
amor a Deus
Satírica
Não poupou palavrões em sua linguagem
nem críticas a todas as classes da
sociedade baiana
A lírica Amorosa
• Gregório de Matos cultivou a poesia lírica religiosa, amorosa e
filosófica. Como poeta lírico, adequou-se aos temas e aos
procedimentos de linguagem frequentes no Barroco Europeu.
• A lírica amorosa, por exemplo, é fortemente marcada pelo dualismo
amoroso carne/espírito, que leva normalmente a um sentimento de
culpa no plano espiritual. A mulher, muitas vezes, é a personificação
do próprio pecado, da perdição espiritual.
Pondera agora com mais atenção a formosura de D. Ãngela
Não vira em minha vida a formosura,
Ouvia falar nela cada dia,
E ouvida me incitava, e me movia
A querer ver tão bela arquitetura:
Ontem a vi por minha desventura
Na cara, no bom ar, na galhardia
De uma mulher, que um Anjo se mentia;
De um Sol, que se trajava em criatura:
Matem-me, disse eu vendo abrasar-me
Se esta a cousa não é, que encarecer-me
Sabia o mundo, e tanto exagerar-me:
Olhos meus, disse então por defender-me,
Se a beleza heis de ver para matar-me,
Antes olhos cegueis, do que perder-me.
`Perceba que a mulher – inicialmente
identificada com a figura de um “Anjo” (que
remete À pureza angelical e contida no
próprio nome Ângela) e depois com uma
grande maior, o Sol – é vista como ser
superior, dotado de grandezas absolutas e
inalcançáveis.
Porém, o que se percebe nos tercetos é
que, em vez de proteger (papel que caberia
ao anjo), a mulher, com sua beleza, leva ao
desejo e, consequentemente, ao pecado.
Por isso o eu lírico, num apelo dramático
aos próprios olhos (centro da percepção
visual e origem do desejo), pede a eles que
se ceguem. Do contrário ele será levado à
morte, isto é, à perdição espiritual.
Eis o drama amoroso do Barroco: o apelo
sensorial do corpo se contrapõe ao ideal
religioso, gerando um sentimento de culpa.
Lírica filosófica
• Destacam-se os textos de referência ao desconcerto do mundo (que
lembram diretamente Camões) e às frustrações humanas diante da
realidade. Também há os poemas em que predomina a consciência da
transitoriedade da vida e do tempo, marcados pelo carpe diem.
Desenganos da vida humana metaforicamente
É vaidade, Fábio, nesta vida,
Rosa, que da manhã lisonjeada,
Púrpuras mil, com ambição dourada,
Airosa rompe, arrasta presumida.
É planta, que de abril favorecida,
Por mares de soberba desatada,
Florida galeota empavesada,
Sulca ufana, navega destemida.
É nau enfim, que em breve ligeireza
Com presunção de Fênix generosa,
Galhardias apresta, alentos preza:
Mas ser planta, ser rosa, nau vistosa
De que importa, se aguarda sem defesa
Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?
Tema: Vaidade.
Metaforicamente, vaidade é comparada à
rosa, à planta, à nau.
1º mostra-se as qualidades desses elementos
metafóricos. Como a rosa, a vaidade “rompe
airosa” (elegante); como planta favorecida
pelo mês de abril (primavera na Europa), ela
segue rapidamente, feito uma “galeota
empavesada” (embarcação enfeitada); como
uma nau ligeira, preza alentos e galhardias
(elogios e elegâncias).
No último terceto, o poeta retoma todos os
elementos comparativos, dispostos agora na
ordem decrescente, inversa: a penha (pedra)
destrói a nau, assim como o ferro
(instrumento de corte) destrói a planta, e a
tarde (o tempo que passa) destrói a rosa.
A vaidade é, portanto, frágil e efêmera.
Fundo religioso: cuidar do corpo nada vale, o
melhor é cuidar das coisas do espírito, da
salvação.
Lírica Religiosa
• A lírica religiosa de Gregório de Matos obedece aos princípios
fundamentais do Barroco europeu, fazendo uso de temas como o
amor a Deus, a culpa, o arrependimento, o pecado e o perdão, além
de constantes referências bíblicas. A língua empregada é culta e
apresenta inversões e figuras de linguagem abundantes.
Buscando a Cristo
1 A vós correndo vou, braços sagrados,
2 Nessa cruz sacrossanta descobertos,
3 Que, para receber-me, estais abertos,
4 E, por não castigar-me, estais cravados.
5 A vós, divinos olhos, eclipsados
6 De tanto sangue e lágrimas abertos,
7 Pois, para perdoar-me, estais despertos,
8 E, por não condenar-me, estais fechados.
9 A vós, pregados pés, por não deixar-me,
10 A vós, sangue vertido, para ungir-me,
11 A vós, cabeça baixa p‘ra chamar-me.
12 A vós, lado patente, quero unir-me,
13 A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
14 Para ficar unido, atado e firme.
O soneto é construído a partir de um sistema de
metonímias que vão relacionando as partes de Cristo
(“braços”, “olhos”, “pés”, “sangue”, “cabeça”, “cravos”),
substituindo todo o Cristo crucificado.
Os versos 5, 9, 10, 11, 12 e 13 constroem-se com a omissão
do verbo, que aparecera no 1º verso – “correndo vou”. Em
todos eles ocorre o procedimento estilístico denominado
zeugma (= elipse de uma palavra ou expressão próxima no
contexto). Assim, nos versos -mencionados, deve-se ler:
“A vós (correndo vou), divinos olhos (…)”
“A vós (correndo vou), pregados pés (… )” etc.
Outro recurso empregado são as anáforas (repetição de
palavra(s) no início de dois ou mais versos). Observe a
repetição de “a vós” (v. 5, 9, 10, 11, 12, 13), e de “e por
não” (v. 4 e 8).
Predomina neste texto o trabalho com as palavras, por
meio das figuras de linguagem (aspecto cultista).
A Sátira
• Conhecido como o “Boca do Inferno”, devido a suas sátiras, Gregório
de Matos representa uma das veias mais ricas e ferinas de toda a
literatura satírica em língua portuguesa. A exemplo de certos
trovadores da Idade Média, o poeta não poupou palavrões em sua
linguagem nem críticas a todas as classes da sociedade baiana de seu
tempo. Criticava o governador, o clero, os comerciantes. (CEREJA;
MAGALHÃES, 1995).
Descreve o que era realmente naquele tempo a cidade da Bahia de mais
enredada por menos confusa
A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um bem freqüente olheiro,
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Para o levar à praça e ao terreiro.
Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos sob os pés os homens nobres,
Posta nas palmas toda a picardia,
Estupendas usuras nos mercados,
Todos os que não furtam muito pobres:
E eis aqui a cidade da Bahia.
Este soneto satírico é composto por versos decassílabos
em esquema de rimas ABBA, ABBA, CDE, CDE.A Bahia
de outrora aparece com um tom nostálgico, e o poeta
critica a degradação moral e econômico, no entanto os
trabalhadores honestos encontram-se na pobreza. Esse
tom nostálgico e de lamentação aparece também no
famoso soneto “À cidade da Bahia”, em que vemos a
decadência dos engenhos de açúcar de açúcar e a
ascensão de uma burguesia oportunista segundo o
poeta.
Questão 1 - UFPR
• Soneto
Carregado de mim ando no mundo,
E o grande peso embarga-me as passadas,
Que como ando por vias desusadas,
Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.
O remédio será seguir o imundo
Caminho, onde dos mais vejo as pisadas,
Que as bestas andam juntas mais ousadas,
Do que anda o engenho mais profundo.
Não é fácil viver entre os insanos,
Erra, quem presumir que sabe tudo,
Se o atalho não soube dos seus danos.
O prudente varão há de ser mudo,
Que é melhor neste mundo, mar de enganos,
Ser louco c’os demais, que só, sisudo.
A poesia satírica de Gregório de Matos emprega
modelos e procedimentos variados. José Miguel Wisnik
indica que ela pode ser entendida como “uma luta
cômica entre duas sociedades, uma normal e outra
absurda”. (WISNIK, J. M. “Prefácio”. Poemas escolhidos
de Gregório de Matos. São Paulo: Companhia das Letras,
2012, p.23). Com base nisso, é correto dizer que este
soneto:
a) Apresenta a imagem de um “mundo às avessas”, em
que a maioria aceita a sociedade absurda como se fosse
a ideal.
b) Desenha a sociedade ideal e utópica, que deverá ser
alcançada no futuro.
c) Explora a dualidade conflituosa entre corpo e espírito
e associa a vertente satírica à sacro-religiosa.
d) Apresenta um sujeito poético “sisudo e só”, o que
retira do soneto o tom cômico que caracteriza a sátira.
e) Apresenta a crítica aberta e racional como solução
para o estado insano do mundo .
Questão 1 - UFPR
• Soneto
Carregado de mim ando no mundo,
E o grande peso embarga-me as passadas,
Que como ando por vias desusadas,
Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.
O remédio será seguir o imundo
Caminho, onde dos mais vejo as pisadas,
Que as bestas andam juntas mais ousadas,
Do que anda o engenho mais profundo.
Não é fácil viver entre os insanos,
Erra, quem presumir que sabe tudo,
Se o atalho não soube dos seus danos.
O prudente varão há de ser mudo,
Que é melhor neste mundo, mar de enganos,
Ser louco c’os demais, que só, sisudo.
A poesia satírica de Gregório de Matos emprega
modelos e procedimentos variados. José Miguel Wisnik
indica que ela pode ser entendida como “uma luta
cômica entre duas sociedades, uma normal e outra
absurda”. (WISNIK, J. M. “Prefácio”. Poemas escolhidos
de Gregório de Matos. São Paulo: Companhia das Letras,
2012, p.23). Com base nisso, é correto dizer que este
soneto:
a) Apresenta a imagem de um “mundo às avessas”, em
que a maioria aceita a sociedade absurda como se
fosse a ideal.
b) Desenha a sociedade ideal e utópica, que deverá ser
alcançada no futuro.
c) Explora a dualidade conflituosa entre corpo e espírito
e associa a vertente satírica à sacro-religiosa.
d) Apresenta um sujeito poético “sisudo e só”, o que
retira do soneto o tom cômico que caracteriza a sátira.
e) Apresenta a crítica aberta e racional como solução
para o estado insano do mundo .
Questão 2 – PAC - Unicentro
Leia o poema a seguir.
Corrente, que do peito destilada
Sois por dois belos olhos despedida;
E por carmim correndo dividida
Deixais o ser, levais a cor mudada
Não sei quando caís precipitada,
Às flores que regais tão parecida,
Se sois neve por rosa derretida,
Ou se rosa por neve desfolhada.
Essa enchente gentil de prata fina,
Que de rubi por conchas se dilata,
Faz troca tão diversa e peregrina,
Que no objeto, que mostra, ou que retrata,
Mesclando a cor purpúrea, à cristalina,
Não sei quando é rubi, ou quando é prata.
(WISNIK, José Miguel (ORG). Poemas escolhidos de Gregório
de Matos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 220.)
Com base no poema e nos conhecimentos sobre
o Barroco, considere as afirmativas a seguir.
I. Assim como o poema acima, a obra de
Gregório de Matos é marcada por composições
com muitas inversões sintáticas e figuras de
linguagem.
II. O eu lírico satiriza o amor romântico que
afetava a visão crítica dos poetas, o que fica claro
no verso “Essa enchente gentil de prata fina”.
III. O eu lírico se dirige à torrente de lágrimas, o
que fica evidente nos versos “Sois por dois belos
olhos despedida” e “Não sei quando caís
precipitada”.
IV. Os versos “Mesclando a cor purpúrea, à
cristalina” e “Não sei quando é rubi, ou quando é
prata” abordam a dificuldade do eu lírico em lidar
com os valores materiais.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e III são corretas.
c) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
Questão 2 – PAC - Unicentro
Leia o poema a seguir.
Corrente, que do peito destilada
Sois por dois belos olhos despedida;
E por carmim correndo dividida
Deixais o ser, levais a cor mudada
Não sei quando caís precipitada,
Às flores que regais tão parecida,
Se sois neve por rosa derretida,
Ou se rosa por neve desfolhada.
Essa enchente gentil de prata fina,
Que de rubi por conchas se dilata,
Faz troca tão diversa e peregrina,
Que no objeto, que mostra, ou que retrata,
Mesclando a cor purpúrea, à cristalina,
Não sei quando é rubi, ou quando é prata.
(WISNIK, José Miguel (ORG). Poemas escolhidos de Gregório
de Matos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 220.)
Com base no poema e nos conhecimentos sobre
o Barroco, considere as afirmativas a seguir.
I. Assim como o poema acima, a obra de
Gregório de Matos é marcada por composições
com muitas inversões sintáticas e figuras de
linguagem.
II. O eu lírico satiriza o amor romântico que
afetava a visão crítica dos poetas, o que fica claro
no verso “Essa enchente gentil de prata fina”.
III. O eu lírico se dirige à torrente de lágrimas, o
que fica evidente nos versos “Sois por dois belos
olhos despedida” e “Não sei quando caís
precipitada”.
IV. Os versos “Mesclando a cor purpúrea, à
cristalina” e “Não sei quando é rubi, ou quando é
prata” abordam a dificuldade do eu lírico em lidar
com os valores materiais.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e III são corretas.
c) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

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  • 2. • Na arte barroca, a imagem do Cristo sofredor ou martirizado é muito mais frequente do que a do Cristo vitorioso. Representa-se mais sua dimensão humana, mas marcas de seu sofrimento como homem. Essa imagem do sofrimento físico causa um impacto emocional muito forte, que impressiona o espectador. FERNÁNDEZ, Gregorio. Cristo morto. 1625-1630.
  • 3. Barroco • Barroco é caracterizado pelo exagero, rebuscamento e excessiva ornamentação. Como corrente estética e cultural, o Barroco persistiu do século XVI ao século XVIII e denomina, genericamente, todas manifestações artísticas dessa época. • O Barroco representou a fusão entre a perspectiva renascentista antropocêntrica e a retomada de valores marcadamente ligados à fé católica, estimulados pela Contrarreforma.
  • 4. Igreja e Convento de São Francisco em Salvador
  • 5. Características 1) Pessimismo – desvalorização da vida e visão depressiva da existência. As pinturas revelam tristeza; os textos têm caráter melancólico. 2) Contraste – tendência de aproximação entre valores antagônicos, como o velho e o novo, o claro e o escuro, o céu e a terra, o espiritual e o terreno. 3) Conflito - fé e razão. 4) Fusionismo – Como sugere o nome, trata-se da fusão entre as perspectivas renascentista e medieval. Na pintura, expressava-se, principalmente, pelo contraste entre a luz a sombra. Na literatura, buscava-se associar o racional e o irracional, a fé e a razão, o místico e o lógico. 5) Feísmo – exploração da miséria humana, abandonando o culto renascentista ao belo, ao esteticamente agradável ao olhar ou à audição; às vezes, chegava a desviar-se para o feio e o repugnante. 6) Rebuscamento – Arte excessivamente trabalhada, trejeitosa. Os textos – como que reproduzindo os excessos da pintura e da arquitetura – excediam-se nas antíteses (contradições) e nas inversões (que tornavam o fraseado rebuscado e difícil). Isso foi o Barroco, uma arte que traduziu o conflito, o jogo dos contrários, aliada ao requinte e à dramática exuberância das formas.
  • 6. Sagrada Família (1664), de Josefa de Óbidos A Ceia de Emaús (1601), de Caravaggio
  • 7. CULTISMO • O cultismo significa “jogo de palavras”. Também é chamado de Gongorismo, pois foi inspirado nos textos do poeta espanhol Luis de Góngora (1561- 1627). • Esse estilo utiliza a descrição, termos cultos (preciosismo vocabular), linguagem rebuscada e ornamental para expressar as ideias. CONCEPTISMO • O conceptismo significa “jogo de ideias”. Também é chamado de Quevedismo, pois foi inspirado na poesia do poeta espanhol Francisco de Quevedo (1580-1645). • Nessa vertente literária, a retórica aprimorada bem como a imposição de conceitos é notória, a qual se produz através da apresentação de diversas ideias. • Sendo assim, o conceptismo é definido pelo uso de argumentos racionais, ou seja, do pensamento lógico, valorizando sempre o conteúdo textual.
  • 8. Linguagem Literária Antítese Oposição entre duas ideias, termos ou palavras, sem que, entretanto, haja um constrassenso, ou seja, algo que vá contra a lógica, a razão. “Nasce o Sol e não dura mais que um dia” (Gregório de Matos) Paradoxo Oposição de ideias que leva a um contrassenso, um absurdo. “Amor é fogo que arde sem se ver É ferida que dói e não se sente”. (Camões) Como há dor naquilo que não nos apercebemos?
  • 9. Metáfora • Comparação de ordem subjetiva em que um termo adquire o sentido de outro por afinidade de caracaterística(s). • “Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada” (Gregório de Matos) • Metáfora presente: ovelha desgarrada = pecador Hipérbole • Expressão gerada de uma ideia. “Romperam-se enfim as cataratas do céu” (Padre Antônio Vieira)
  • 10. Gregório de Matos • Gregório de Matos (1633?-1696) é o maior poeta barroco brasileiro e um dos fundadores da poesia lírica e satírica em nosso país. Nasceu em Salvador, estudou no Colégio dos Jesuítas e depois se dirigiu a Coimbra, onde estudou Direito, tornou-se juiz e ensaiou seus primeiros poemas satíricos. Retornando ao Brasil, exerceu os cargos de vigário-geral e tesoureiro-mor, sem usar roupagens eclesiásticas, como era obrigado. Devido às suas sátiras, foi perseguido pelo governador baiano Antônio de Souza Menezes, o Braço de Prata. Depois de se casar com Maria dos Povos e exercer função de advogado, abandou tudo e saiu pelo Recôncavo baiano como cantador itinerante, dedicando-se às sátiras e aos poemas erótico- irônicos, o que lhe custou alguns anos de exílio em Angola. Voltou ao Brasil doente, e, impedido de entrar na Bahia, morreu em Recife.
  • 11. Gregório de Matos - Irreverência Irreverente como: Pessoa: chocar valores Poeta: seguia e rompia modelos barrocos Poeta satírico: palavras de baixo calão para denunciar contradições e falsidades da sociedade
  • 12. Obra Lírica Amorosa carne x espírito Filosófica desconcerto do mundo Religiosa amor a Deus Satírica Não poupou palavrões em sua linguagem nem críticas a todas as classes da sociedade baiana
  • 13. A lírica Amorosa • Gregório de Matos cultivou a poesia lírica religiosa, amorosa e filosófica. Como poeta lírico, adequou-se aos temas e aos procedimentos de linguagem frequentes no Barroco Europeu. • A lírica amorosa, por exemplo, é fortemente marcada pelo dualismo amoroso carne/espírito, que leva normalmente a um sentimento de culpa no plano espiritual. A mulher, muitas vezes, é a personificação do próprio pecado, da perdição espiritual.
  • 14. Pondera agora com mais atenção a formosura de D. Ãngela Não vira em minha vida a formosura, Ouvia falar nela cada dia, E ouvida me incitava, e me movia A querer ver tão bela arquitetura: Ontem a vi por minha desventura Na cara, no bom ar, na galhardia De uma mulher, que um Anjo se mentia; De um Sol, que se trajava em criatura: Matem-me, disse eu vendo abrasar-me Se esta a cousa não é, que encarecer-me Sabia o mundo, e tanto exagerar-me: Olhos meus, disse então por defender-me, Se a beleza heis de ver para matar-me, Antes olhos cegueis, do que perder-me. `Perceba que a mulher – inicialmente identificada com a figura de um “Anjo” (que remete À pureza angelical e contida no próprio nome Ângela) e depois com uma grande maior, o Sol – é vista como ser superior, dotado de grandezas absolutas e inalcançáveis. Porém, o que se percebe nos tercetos é que, em vez de proteger (papel que caberia ao anjo), a mulher, com sua beleza, leva ao desejo e, consequentemente, ao pecado. Por isso o eu lírico, num apelo dramático aos próprios olhos (centro da percepção visual e origem do desejo), pede a eles que se ceguem. Do contrário ele será levado à morte, isto é, à perdição espiritual. Eis o drama amoroso do Barroco: o apelo sensorial do corpo se contrapõe ao ideal religioso, gerando um sentimento de culpa.
  • 15. Lírica filosófica • Destacam-se os textos de referência ao desconcerto do mundo (que lembram diretamente Camões) e às frustrações humanas diante da realidade. Também há os poemas em que predomina a consciência da transitoriedade da vida e do tempo, marcados pelo carpe diem.
  • 16. Desenganos da vida humana metaforicamente É vaidade, Fábio, nesta vida, Rosa, que da manhã lisonjeada, Púrpuras mil, com ambição dourada, Airosa rompe, arrasta presumida. É planta, que de abril favorecida, Por mares de soberba desatada, Florida galeota empavesada, Sulca ufana, navega destemida. É nau enfim, que em breve ligeireza Com presunção de Fênix generosa, Galhardias apresta, alentos preza: Mas ser planta, ser rosa, nau vistosa De que importa, se aguarda sem defesa Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa? Tema: Vaidade. Metaforicamente, vaidade é comparada à rosa, à planta, à nau. 1º mostra-se as qualidades desses elementos metafóricos. Como a rosa, a vaidade “rompe airosa” (elegante); como planta favorecida pelo mês de abril (primavera na Europa), ela segue rapidamente, feito uma “galeota empavesada” (embarcação enfeitada); como uma nau ligeira, preza alentos e galhardias (elogios e elegâncias). No último terceto, o poeta retoma todos os elementos comparativos, dispostos agora na ordem decrescente, inversa: a penha (pedra) destrói a nau, assim como o ferro (instrumento de corte) destrói a planta, e a tarde (o tempo que passa) destrói a rosa. A vaidade é, portanto, frágil e efêmera. Fundo religioso: cuidar do corpo nada vale, o melhor é cuidar das coisas do espírito, da salvação.
  • 17. Lírica Religiosa • A lírica religiosa de Gregório de Matos obedece aos princípios fundamentais do Barroco europeu, fazendo uso de temas como o amor a Deus, a culpa, o arrependimento, o pecado e o perdão, além de constantes referências bíblicas. A língua empregada é culta e apresenta inversões e figuras de linguagem abundantes.
  • 18. Buscando a Cristo 1 A vós correndo vou, braços sagrados, 2 Nessa cruz sacrossanta descobertos, 3 Que, para receber-me, estais abertos, 4 E, por não castigar-me, estais cravados. 5 A vós, divinos olhos, eclipsados 6 De tanto sangue e lágrimas abertos, 7 Pois, para perdoar-me, estais despertos, 8 E, por não condenar-me, estais fechados. 9 A vós, pregados pés, por não deixar-me, 10 A vós, sangue vertido, para ungir-me, 11 A vós, cabeça baixa p‘ra chamar-me. 12 A vós, lado patente, quero unir-me, 13 A vós, cravos preciosos, quero atar-me, 14 Para ficar unido, atado e firme. O soneto é construído a partir de um sistema de metonímias que vão relacionando as partes de Cristo (“braços”, “olhos”, “pés”, “sangue”, “cabeça”, “cravos”), substituindo todo o Cristo crucificado. Os versos 5, 9, 10, 11, 12 e 13 constroem-se com a omissão do verbo, que aparecera no 1º verso – “correndo vou”. Em todos eles ocorre o procedimento estilístico denominado zeugma (= elipse de uma palavra ou expressão próxima no contexto). Assim, nos versos -mencionados, deve-se ler: “A vós (correndo vou), divinos olhos (…)” “A vós (correndo vou), pregados pés (… )” etc. Outro recurso empregado são as anáforas (repetição de palavra(s) no início de dois ou mais versos). Observe a repetição de “a vós” (v. 5, 9, 10, 11, 12, 13), e de “e por não” (v. 4 e 8). Predomina neste texto o trabalho com as palavras, por meio das figuras de linguagem (aspecto cultista).
  • 19. A Sátira • Conhecido como o “Boca do Inferno”, devido a suas sátiras, Gregório de Matos representa uma das veias mais ricas e ferinas de toda a literatura satírica em língua portuguesa. A exemplo de certos trovadores da Idade Média, o poeta não poupou palavrões em sua linguagem nem críticas a todas as classes da sociedade baiana de seu tempo. Criticava o governador, o clero, os comerciantes. (CEREJA; MAGALHÃES, 1995).
  • 20. Descreve o que era realmente naquele tempo a cidade da Bahia de mais enredada por menos confusa A cada canto um grande conselheiro, Que nos quer governar cabana e vinha; Não sabem governar sua cozinha, E podem governar o mundo inteiro. Em cada porta um bem freqüente olheiro, Que a vida do vizinho e da vizinha Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha, Para o levar à praça e ao terreiro. Muitos mulatos desavergonhados, Trazidos sob os pés os homens nobres, Posta nas palmas toda a picardia, Estupendas usuras nos mercados, Todos os que não furtam muito pobres: E eis aqui a cidade da Bahia. Este soneto satírico é composto por versos decassílabos em esquema de rimas ABBA, ABBA, CDE, CDE.A Bahia de outrora aparece com um tom nostálgico, e o poeta critica a degradação moral e econômico, no entanto os trabalhadores honestos encontram-se na pobreza. Esse tom nostálgico e de lamentação aparece também no famoso soneto “À cidade da Bahia”, em que vemos a decadência dos engenhos de açúcar de açúcar e a ascensão de uma burguesia oportunista segundo o poeta.
  • 21. Questão 1 - UFPR • Soneto Carregado de mim ando no mundo, E o grande peso embarga-me as passadas, Que como ando por vias desusadas, Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo. O remédio será seguir o imundo Caminho, onde dos mais vejo as pisadas, Que as bestas andam juntas mais ousadas, Do que anda o engenho mais profundo. Não é fácil viver entre os insanos, Erra, quem presumir que sabe tudo, Se o atalho não soube dos seus danos. O prudente varão há de ser mudo, Que é melhor neste mundo, mar de enganos, Ser louco c’os demais, que só, sisudo. A poesia satírica de Gregório de Matos emprega modelos e procedimentos variados. José Miguel Wisnik indica que ela pode ser entendida como “uma luta cômica entre duas sociedades, uma normal e outra absurda”. (WISNIK, J. M. “Prefácio”. Poemas escolhidos de Gregório de Matos. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p.23). Com base nisso, é correto dizer que este soneto: a) Apresenta a imagem de um “mundo às avessas”, em que a maioria aceita a sociedade absurda como se fosse a ideal. b) Desenha a sociedade ideal e utópica, que deverá ser alcançada no futuro. c) Explora a dualidade conflituosa entre corpo e espírito e associa a vertente satírica à sacro-religiosa. d) Apresenta um sujeito poético “sisudo e só”, o que retira do soneto o tom cômico que caracteriza a sátira. e) Apresenta a crítica aberta e racional como solução para o estado insano do mundo .
  • 22. Questão 1 - UFPR • Soneto Carregado de mim ando no mundo, E o grande peso embarga-me as passadas, Que como ando por vias desusadas, Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo. O remédio será seguir o imundo Caminho, onde dos mais vejo as pisadas, Que as bestas andam juntas mais ousadas, Do que anda o engenho mais profundo. Não é fácil viver entre os insanos, Erra, quem presumir que sabe tudo, Se o atalho não soube dos seus danos. O prudente varão há de ser mudo, Que é melhor neste mundo, mar de enganos, Ser louco c’os demais, que só, sisudo. A poesia satírica de Gregório de Matos emprega modelos e procedimentos variados. José Miguel Wisnik indica que ela pode ser entendida como “uma luta cômica entre duas sociedades, uma normal e outra absurda”. (WISNIK, J. M. “Prefácio”. Poemas escolhidos de Gregório de Matos. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p.23). Com base nisso, é correto dizer que este soneto: a) Apresenta a imagem de um “mundo às avessas”, em que a maioria aceita a sociedade absurda como se fosse a ideal. b) Desenha a sociedade ideal e utópica, que deverá ser alcançada no futuro. c) Explora a dualidade conflituosa entre corpo e espírito e associa a vertente satírica à sacro-religiosa. d) Apresenta um sujeito poético “sisudo e só”, o que retira do soneto o tom cômico que caracteriza a sátira. e) Apresenta a crítica aberta e racional como solução para o estado insano do mundo .
  • 23. Questão 2 – PAC - Unicentro Leia o poema a seguir. Corrente, que do peito destilada Sois por dois belos olhos despedida; E por carmim correndo dividida Deixais o ser, levais a cor mudada Não sei quando caís precipitada, Às flores que regais tão parecida, Se sois neve por rosa derretida, Ou se rosa por neve desfolhada. Essa enchente gentil de prata fina, Que de rubi por conchas se dilata, Faz troca tão diversa e peregrina, Que no objeto, que mostra, ou que retrata, Mesclando a cor purpúrea, à cristalina, Não sei quando é rubi, ou quando é prata. (WISNIK, José Miguel (ORG). Poemas escolhidos de Gregório de Matos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 220.) Com base no poema e nos conhecimentos sobre o Barroco, considere as afirmativas a seguir. I. Assim como o poema acima, a obra de Gregório de Matos é marcada por composições com muitas inversões sintáticas e figuras de linguagem. II. O eu lírico satiriza o amor romântico que afetava a visão crítica dos poetas, o que fica claro no verso “Essa enchente gentil de prata fina”. III. O eu lírico se dirige à torrente de lágrimas, o que fica evidente nos versos “Sois por dois belos olhos despedida” e “Não sei quando caís precipitada”. IV. Os versos “Mesclando a cor purpúrea, à cristalina” e “Não sei quando é rubi, ou quando é prata” abordam a dificuldade do eu lírico em lidar com os valores materiais. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e III são corretas. c) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
  • 24. Questão 2 – PAC - Unicentro Leia o poema a seguir. Corrente, que do peito destilada Sois por dois belos olhos despedida; E por carmim correndo dividida Deixais o ser, levais a cor mudada Não sei quando caís precipitada, Às flores que regais tão parecida, Se sois neve por rosa derretida, Ou se rosa por neve desfolhada. Essa enchente gentil de prata fina, Que de rubi por conchas se dilata, Faz troca tão diversa e peregrina, Que no objeto, que mostra, ou que retrata, Mesclando a cor purpúrea, à cristalina, Não sei quando é rubi, ou quando é prata. (WISNIK, José Miguel (ORG). Poemas escolhidos de Gregório de Matos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 220.) Com base no poema e nos conhecimentos sobre o Barroco, considere as afirmativas a seguir. I. Assim como o poema acima, a obra de Gregório de Matos é marcada por composições com muitas inversões sintáticas e figuras de linguagem. II. O eu lírico satiriza o amor romântico que afetava a visão crítica dos poetas, o que fica claro no verso “Essa enchente gentil de prata fina”. III. O eu lírico se dirige à torrente de lágrimas, o que fica evidente nos versos “Sois por dois belos olhos despedida” e “Não sei quando caís precipitada”. IV. Os versos “Mesclando a cor purpúrea, à cristalina” e “Não sei quando é rubi, ou quando é prata” abordam a dificuldade do eu lírico em lidar com os valores materiais. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e III são corretas. c) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.