O documento discute os remédios e a falta de remédios para o amor. Apresenta o tempo como o primeiro remédio, capaz de curar e fazer esquecer todas as coisas, incluindo os corações apaixonados. Também compara as afeições aos amores como linhas que partem do centro para a periferia, ficando menos unidas quanto mais longas.
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
Primeiras manifestações literárias no Brasil (séc. xvi xviii)
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PRIMEIRAS
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LITERÁRIAS NO
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2. QUINHENTISMO
Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
Literaturas de Informação
e Literatura de Catequese
3. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
Quinhentismo
Referência aos anos de 1500 – Séc. XVI
(classificação histórica);
Primeiros escritos da América Portuguesa
(Literatura de Informação & Literatura de Catequese)
Reflexões preliminares:
Literatura ou documentação histórica?
Literatura brasileira ou portuguesa?
Importância: Fonte de pesquisa
Romantismo (séc. XIX) - Identidade Nacional
Modernismo (séc. XX) - Antropofagia
4. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
Erro de português
Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena! Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português
(Oswald de Andrade, poeta modernista)
6. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
A respeito dessas aventuras marítimas e refletindo a grandeza do seu povo luso
escreve o poeta português Luís de Camões (1524?-1580) sua principal obra, Os
Lusíadas – poema épico composto de dez cantos, 1102 estrofes que são oitavas
decassílabas, sujeitas ao esquema rítmico fixo AB AB AB CC. A obra, que
provavelmente foi concluída em 1556, só foi publicada pela primeira vez em 1572, no
período literário do classicismo português, três anos após o autor voltar do Oriente.
As armas e os barões assinalados A
Que, da ocidental praia lusitana, B
Por mares nunca dantes navegados A
Passaram ainda além da Taprobana, B
Em perigos e guerras esforçados, A
Mais do que prometia a força humana, B
E entre gente remota edificaram C
Novo reino, que tanto sublimaram. C
(Os Lusíadas, primeira estrofe do canto I)
8. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
No século XX, Fernando Pessoa (1888-1935), considerado, ao lado de
Camões, um dos maiores nomes da poesia portuguesa, também dá a sua
versão a respeito das navegações, publicando Mensagem (1934):
X. Mar português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
(PESSOA, Fernando. “Mensagem”. In: Fernando Pessoa: obra poética. Rio de Janeiro: Nova
Aguilar, 1977, p.82)
9. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
“Não me peguem no braço! / Não gosto que me peguem no braço.”
Lisbon Revisited (1923)
15. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
A terra
(...) De ponta a ponta é toda praia... muito chã e muito
formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito
grande; porque a estender olhos, não podíamos ver senão
terra e arvoredos – terra que nos parecia muito extensa.
Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa
que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa
das águas que tem!
16. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
Os nativos
A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons
rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura
alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixa de encobrir
suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de
grande inocência. (...).
Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem novinhas e
gentis, com cabelos muito pretos e compridos pelas costas; e suas
vergonhas, tão altas e tão cerradinhas e tão limpas das
cabeleiras que, de as nós muito bem olharmos, não se
envergonhavam.
17. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
O choque cultural
Mas não pôde deles haver fala nem entendimento que aproveitasse, por
o mar quebrar na costa.(...)
E eles entraram. Mas nem sinal de cortesia fizeram, nem de falar ao
Capitão; nem a alguém.(...)
Os outros dois o Capitão teve nas naus, aos quais deu o que já ficou
dito, nunca mais aqui apareceram – fatos de que deduzo que é gente
bestial e de pouco saber, e por isso tão esquiva.(...)
Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua
fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem
entendem crença alguma, segundo as aparências.(...)
18. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
O desejo de riquezas
Todavia um deles fitou o colar do Capitão, e começou a fazer
acenos com a mão em direção à terra, e depois para o colar,
como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra. E também
olhou para um castiçal de prata e assim mesmo acenava para
a terra e novamente para o castiçal, como se lá também
houvesse prata! (...)
Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou
outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. (...)
19. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
Sinalizando a colonização
Contudo, o melhor fruto que
dela [daquela terra] se pode
tirar parece-me que será salvar
esta gente. E esta deve ser a
principal semente que Vossa
Alteza em ela deve lançar.
(...) Quanto mais, disposição
para se nela cumprir e fazer o
que Vossa Alteza tanto deseja,
a saber, acrescentamento da
nossa fé!
20. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
E
“jeitinho ta V ossa terra vi.
N asce o nta do que nes o
aV ossa Alteza co ue tinha de Vos tud
b r a sstla imo ”e?ira dou aqui
i e r an Por que o desejo q
E de ,E la me perdoe.
se a um pouco alonguei o.
pô r a ssim pelo miúd levo como em outra
dizer, mo fez ste cargo que
certo que tanto ne ser de mim muito
E pois qu e, Senhor, é ssa Alteza há de vir
osso serviço for, Vo me rcê, mande
coisa que de V zer singular q ue
qualquer que , por me fa genro – o
bem servid a, a Ela peço de Osório, meu
To mé a Jorge
da i lha de São .
e m muita mercê
d'Ela receberei
21. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
LITERATURA DE INFORMAÇÃO:
OLHAR DO EUROPEU / DESCRIÇÃO DO PITORESCO.
BRANDÔNIO: ... piranha é pescado pouco maior de palmo, mas de tão grande
ânimo que excedem em ser carniceiros aos tubarões, dos quais, com haver muitos
desta parte, não são tão arreceados como estas piranhas, que devem ter uma
inclinação leonina e não se acham senão em rios d’água doce; têm sete ordens de
dentes, tão agudos e cortadores que pode mui bem cada um deles fazer ofício de
navalha ou de lanceta. Tanto que estes peixes sentem qualquer pessoa dentro da
água se enviam a ela como fera brava, e a parte onde aferram levam na boca sem
resistência, com deixarem o osso descoberto de carne, e por onde mais freqüentam
de aferrar é pelos testículos, que logo se cortam e se levam juntamente como a
natura, e muitos índios se acham por este respeito faltos de semelhantes membros.
ALVIANO: Dou-vos a minha palavra que não haverá já cousa na vida que me
faça meter nos rios desta terra, porque ainda que não me tenham mais de um palmo
d’água imaginarei que já são essas piranhas comigo, e que me desarmam da cousa
que mais estimo.
(BRANDÃO, Ambrósio Fernandes. Diálogos das grandezas do Brasil, 1618)
22. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
“Voltando da guerra,
trouxeram prisioneiros.
Levaram-nos para sua
cabana: mas a muitos
feridos desembarcaram e
os mataram logo, cortaram-
nos em pedaços e assaram
a carne (...) Um era
português (...) O outro
chamava-se Hyeronimus;
este foi assado de noite.”
(Trecho de Duas viagens ao Brasil,
de Hans Staden)
Hans Staden (de barba, no fundo, ao centro) observa
indígenas no Brasil praticando antropofagia.
23. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
LITERATURA DE CATEQUESE
OU DOS JESUÍTAS
Objetivava a conversão dos nativos,
utilizando, para isso, principalmente,
representações teatrais.
25. A ARTE DO
Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
BARROCO
26. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
BARROCO
(Séc.XVII)
“Estremecimento Metafísico”
& Conflito existencial
Antro
mo poc
Teoc entris ) (Rena entrismo
dia sc
(Idade Mé o do Valori imento)
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Recon da pe mater tualida
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diante
27. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
Implorando de Cristo um pecador contrito
perdão de seus pecados
Pequei Senhor: mas não porque hei pecado,
Da vossa Alta Piedade me despido:
Antes, quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida, já cobrada,
Glória tal, e prazer repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História,
Eu sou, Senhor, ovelha desgarrada;
Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
28. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
TRAÇOS CARACTERÍSTICOS: DUALISMO
SÍNTESE DEMONSTRATIVA
FUSIONISMO
RELATIVISMO
LUDISMO
MISTICISMO /
RELIGIOSIDADE
CULTISMO CONCEPTISMO
33. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
Panorama Mundial
Mercantilismo
Ciência Moderna x Contra-Reforma
Portugal sob o domínio espanhol
Panorama Brasileiro
Invasões holandesas
Declínio da oligarquia açucareira
Grupo Baiano
Séc. XVII
Principais Nomes
Pe. Antônio Vieira
(sermões)
Gregório de Matos
(poesia lírica, religiosa e satírica)
34. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
Pe. Antônio Vieira, “O maior orador de nossa língua”
35. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
“Os remédios do amor e o amor sem remédio são as quatro coisas,
e uma só, de que prometi falar, porque, sendo a enfermidade do amor a que
tirou a vida ao Autor da vida, não se pode mostrar que foi amor sem
remédio, sem se dizer juntamente quais sejam os remédios do amor. (...)
O primeiro remédio que dizíamos é o tempo. Tudo cura o tempo,
tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo a
colunas de mármore, quanto mais a corações de cera! São as afeições
como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco, que
terem durado muito. São como as linhas que partem do centro para a
circunferência, que, quanto mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso
os antigos sabiamente pintaram o amor menino, porque não há amor tão
robusto, que chegue a ser velho. De todos os instrumentos com que o
armou a natureza o desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não
tira, embota-lhe as setas, com que já não fere, abre-lhe os olhos, com que vê
o que não via, e faz-lhe crescer as asas, com que voa e foge. A razão natural
de toda esta diferença, é porque o tempo tira a novidade às coisas,
descobre-lhes os defeitos, enfastia-lhes o gosto, e basta que sejam usadas
para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o
amor? O mesmo amar é causa de não amar, e o ter amado muito, de amar
menos.” (Sermão do Mandato, 1643.)
36. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
“Tão inteiramente conhecia Cristo a Judas, como a Pedro, e aos
demais; mas notou o Evangelista com especialidade a ciência do
Senhor, em respeito de Judas, porque em Judas, mais que em nenhum
dos outros, campeou a fineza do seu amor. Ora vede: Definindo S.
Bernardo o amor fino, diz assim: Amor non quaerit causam nec
fructum: “O amor fino não busca causa nem fruto”. Se amo, porque
me amam, tem o amor causa; se amo, para que me amem, tem fruto: e
o amor fino não há de ter por quê, nem para quê. Se amo porque me
amam, é obrigação, faço o que devo; se amo para que me amem, é
negociação, busco o que desejo. Pois como há de amar o amor para
ser fino? Amo, quia amo, amo, ut amem: amo, porque amo, e amo para
amar. Quem ama porque o amam, é agradecido; quem ama, para que o
amem, é interesseiro; quem ama, não porque o amam, nem para que o
amem, esse só é fino. E tal foi a fineza de Cristo, em respeito de Judas,
fundada na ciência que tinha dele e dos demais discípulos.”
37. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
A outra freira, que satirizando a
delgada fisionomia do poeta lhe
chamou pica-flor.
Se Pica-flor me chamais,
Pica-flor aceito ser,
mas resta agora saber,
se no nome, que me dais,
meteis a flor, que guardais
no passarinho melhor!
se me dais este favor,
sendo só de mim o Pica,
e o mais vosso, claro fica,
que fico então Pica-flor.
Gregório de Matos, “O Boca do Inferno”
38. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
Ao braço do Menino Jesus de Nossa Senhora
das Maravilhas, a quem infiéis despedaçaram
O todo sem a parte não é o todo;
A parte sem o todo não é a parte;
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo o todo.
Em todo o Sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda parte, (...) no ano de 1624 num gesto sacrílego, alguém
profanou e furtou a imagem, arrancando dos braços de
Em qualquer parte sempre fica o todo. Maria, o Menino Jesus e espalhando as partes por
diversas localidades da então pequena cidade de
O braço de Jesus não seja parte, Salvador , sendo que, aos poucos, as partes
destroçadas foram aparecendo, até que a última delas
Pois que feito Jesus em partes todo, – uma perna – foi encontrada por uma negra que
Assiste cada parte em sua parte. buscava lenha para o fogo: ao atiçar a peça junto a
outras no fogo, esta teria voltado. Ao descobrir do que
se tratava, a mulher teria levado a peça até a Igreja da
Não se sabendo parte desse todo, Sé, onde foi restituída e novamente “encarnada”,
Um braço que lhe acharam, sendo parte, voltando a fazer parte da imagem de Nossa Senhora.”
(SANTOS, José Eduardo Ferreira dos & MASSINI, Marina. Nossa
Nos diz as partes todas desse todo. Senhora das Maravilhas: corpo e alma de uma imagem.)
39. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
Contemplando nas cousas do mundo desde o seu
retiro, lhe atira com seu apage, como quem a nada
escapou da tormenta
Neste mundo é mais rico quem mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre o vil decepa:
O velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa:
Mais isento se mostra o que mais chupa.
Para a tropa de trapo vazo a tripa,
E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.
41. O NEOCLASSICISMO:
Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
A POESIA ÁRCADE
42. Introdução Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
Séc. XVIII
Iluminismo
RAZÃO = progresso da humanidade.
Não-intervenção divina = tudo se explica logicamente.
“O homem nasce bom, a sociedade o corrompe” (Rousseau)
Produção artística: nova visão de mundo
oposição ao Barroco;
retomada da arte greco-romana e do Renascimento,
buscando o equilíbrio, a simplicidade e o materialismo.
Brasil
Idéias iluministas = Inconfidência Mineira
(participação direta de poetas árcades)
48. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
“Aurea mediocritas”
(Áurea mediocridade)
“Locus amoenus”
(Lugar tranquilo)
“Fugere urbem”
(Fugir da cidade)
“Inutilia trucat”
(Eliminar as inutilidades)
“Carpe diem”
(Colha o dia)
49. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
Setecentismo ou Arcadismo
Panorama mundial
Iluminismo;
Revolução Industrial;
Revolução Francesa;
Independência dos EUA
Panorama nacional
Ciclo da mineração;
Inconfidência Mineira
Grupo Mineiro
1768
Principais autores
Cláudio Manuel da Costa (poesia)
Tomás Antônio Gonzaga (poesia)
“Marília de Dirceu” e “Cartas Chilenas”
50. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
Sistema Literário
(Antonio Candido)
AUTOR
OBRA LEITOR
60. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
Características da Literatura do Arcadismo
Bucolismo (vida campesina / simplicidade burguesa);
Pastoralismo;
Utilização de pseudônimos árcades / Fingimento poético;
Convencionalismo amoroso;
Predomínio da razão, do materialismo;
Presença de elementos da mitologia;
Estilo simples, natural (Inutilia truncat);
63. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
Destes penhascos fez a natureza
O berço em que nasci: oh! quem cuidara,
Que entre penhas tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza!
Amor, que vence os tigres, por empresa
Tomou logo render-me; ele declara
Contra o meu coração guerra tão rara,
Que não me foi bastante a fortaleza.
Por mais que eu mesmo conhecesse o dano,
A que dava ocasião minha brandura,
Nunca pude fugir ao cego engano:
Vós, que ostentais a condição mais dura,
Temei, penhas, temei; que amor tirano,
Onde há mais resistência mais se apura.
Cláudio Manuel da Costa
66. Literatura Brasileira Prof. Márcio Hilário
Tu Não Verás, Marília, Cem Cativos
Tu não verás, Marília, cem cativos Verás em cima da espaçosa mesa
tirarem o cascalho e a rica terra, altos volumes de enredados feitos;
ou dos cercos dos rios caudalosos, ver-me-ás folhear os grandes livros,
ou da mina serra. e decidir os pleitos.
Não verás separar ao hábil negro Enquanto revolver os meus Consultos,
do pesado esmeril a grossa areia; tu me farás gostosa companhia,
e já brilharem os granetes de ouro lendo os fastos da sábia, mestra História,
no fundo da bateia. e os cantos da Poesia.
Não verás derrubar os virgens matos, Lerás em alta voz, a imagem bela;
queimar as capoeiras inda novas, eu vendo que lhe dás o justo apreço,
servir de adubo à terra a fértil cinza, gostoso tornarei a ler de novo
lançar os grãos nas covas. o cansado processo.
Não verás enrolar negros pacotes Se encontrares louvada uma beleza,
das secas folhas do cheiroso fumo: Marília, não lhe invejes a ventura,
nem espremer entre as dentadas rodas que tens quem leve à mais remota idade
da doce cana o sumo. a tua formosura.
Tomás Antônio Gonzaga
Notas do Editor
Última Ceia, 1828.
Nossa Senhora cercada de anjos músicos, no teto da Igreja de São Francisco, Ouro Preto. 1801 e 1812