O documento descreve o Quinhentismo, a primeira manifestação literária no Brasil a partir de 1500 durante a colonização portuguesa. Consistiu principalmente em literatura de viagens e crônicas produzidas por viajantes e jesuítas com o objetivo de informar sobre o Brasil recém-descoberto e catequizar os indígenas. O Padre José de Anchieta foi um importante expoente da literatura jesuítica da época com seus autos religiosos e poemas.
2. O que é?
Quinhentismo é o nome dado às manifestações literárias
produzidas no Brasil, que se iniciaram no ano de 1.500,
época da colonização portuguesa.
3. Contexto histórico e cultural
• Século XVI;
•Descobrimento do Brasil (Terra de Vera Cruz);
•Domínio das terras;
•A carta de Pero Vaz de Caminha;
•Américo Vespúcio – Mundus Novus;
•Projeto colonial português e o impacto dos
descobrimentos;
10. Brasil – Oswald de Andrade
O Zé Pereira chegou de caravela
E preguntou pro guarani da mata virgem
– Sois cristão?
– Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
– Sim, pela graça de Deus
– Canhém Babá Canhem Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval
13. Literatura de viagens ou literatura de
informação:
Descrição, informação – crônicas históricas
Olhar estrangeiro – visão do paraíso;
Desafio da linguagem – descrever e comparar;
Obras:
- Tratado da terra do Brasil (1570) e História da Província de Santa Cruz a
que vulgarmente chamamos Brasil (1576) de Pero Magalhães de Gândavo;
- Diálogo das grandezas do Brasil (1618) de Ambrósio Fernandes Brandão;
- Carta de Lisboa (1502) de Américo Vespúcio.
15. Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas
vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos
sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos.
E eles os pousaram. Ali não pôde deles haver fala, nem entendimento
de proveito, por o mar quebrar na costa (...) Até agora, não pudemos
saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro;
nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e
temperados como os de Entre Douro e Minho, porque neste tempo de
agora os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infindas. E em
tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo,
por bem das águas que tem. Porém o melhor fruto, que nela se pode
fazer, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal
semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. (...)
17. Trecho: Tratado da terra do Brasil/História da Província
Santa Cruz – Pero de Magalhães Gândavo
Minha tenção não foi outra neste sumário (discreto e curioso leitor) senão denunciar em
breves palavras a fertilidade e abundância da terra do Brasil, para que esta fama venha à
notícia de muitas pessoas que nestes reinos vivem com pobreza, e não duvidem escolhê-la
para seu remédio por pobres e desamparados que sejam. E assim cada vez se vai fazendo
mais próspera, e depois que as terras viçosas se forem povoando (que agora estão desertas
por falta de gente) hão de se fazer nelas grossas fazendas como já são feitas nas que
possuem os moradores da terra, e também se espera desta província que por muito tempo
floresça tanto na riqueza como as Antilhas de Castela por que é certo ser em si a terra muito
rica e haver nela muitos metais, os quais até agora se não descobrem ou por não haver gente
na terra para cometer esta empresa, ou também por negligência dos moradores que se não
querem dispor a esse trabalho: qual seja a causa por que o deixam de fazer não sei. Mas
permitirá nosso Senhor que ainda em nossos dias se descubram nela grandes tesouros, assim
para serviço a aumento de S. A., como pelo proveito de seus vassalos que o desejam servir.
18. Algumas questões...
As primeiras manifestações literárias que se registram na Literatura Brasileira
referem-se a:
A) Literatura informativa sobre o Brasil (crônica) e literatura didática,
catequética (obra dos jesuítas).
B) Romances e contos dos primeiros colonizadores.
C) Poesia épica e prosa de ficção.
D) Obras de estilo clássico, renascentista.
E) Poemas românticos indianistas.
22. Qual das afirmações não corresponde à Carta de Caminha?
A) Observação do índio como um ser disposto à catequização.
B) Deslumbramento diante da exuberância da natureza tropical.
C) Mistura de ingenuidade e malícia na descrição dos índios e seus
costumes.
D) Composição sob forma de diário de bordo.
E) Lirismo nas descrições.
24. A importância das obras realizadas pelos cronistas portugueses do
século XVI e XVII é:
A) determinada exclusivamente pelo seu caráter literário;
B) sobretudo documental;
C) caracterizar a influência dos autores renascentistas europeus;
D) a de terem sido escritas no Brasil e para brasileiros;
26. (UF Viçosa) – Não houve desenvolvimento literário no Brasil-Colônia porque…
Assinale a incorreta:
A) o isolamento das capitanias e seu desenvolvimento irregular dificultou o
contato entre escritores.
B) inexistência, praticante, da vida urbana.
C) Portugal sempre manteve o Brasil afastado das influências culturais de
outros países.
D) a imitação estrangeira dificultou a imaginação de nossos escritores.
E) nenhuma das anteriores.
28. (Cescem) – “Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que,
querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem”.
No texto acima notamos:
A) que Pero Vaz Caminha assume a atitude de um observador frio.
B) que Caminha se empolga pelas coisas da terra.
C) que o escritor descobriu águas-marinhas.
D) Caminha apenas está atento ao que vê, desprezando o entusiasmo tão
comum da época.
30. Assinale a incorreta:
A) A literatura de viagens constitui valioso documento do Brasil-
Colônia.
B) Na literatura de viagens encontramos informações sobre a
natureza e o homem brasileiro.
C) Os primeiros escritos sobre o Brasil pertencem à categoria de
literatura, uma vez que notamos neles preocupações estéticas.
D) O mito ufanista é representado pelo louvor à terra fértil e a
natureza como algo exuberante.
34. Literatura de catequese ou literatura
jesuítica
Jesuítas – Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo;
Educação;
Língua tupi, cultura indígena;
Converter;
Padre José de Anchieta
- rebelião dos tamoios;
- poemas líricos, autos de cunho religioso e função pedagógica;
- A arte da gramática da língua mais usada na costa do Brasil de 1595.
35. Trecho: Auto representado na festa de
São Lourenço – José de Anchieta
Levantai os olhos ao céu, meus irmãos.
Vereis a Lourenço reinando com Deus,
por vós implorando junto ao rei dos céus
que louvais seu nome aqui neste chão!
Daqui por diante tende grande zelo,
que Deus seja sempre temido e amado,
e, mártir tão santo, de todos honrado.
Terei seus favores e doce desvelo.
Pois que celebrai com tal devoção
seu claro martírio, tomai meu conselho:
sua vida e virtudes tende por espelho,
chamando-o sempre com grande afeição.
Tereis, por seus rogos, o santo perdão,
e sobre o inimigo perfeita vitória.
E depois da morte vós vereis na glória
a cara divina, com clara visão (...)
36. (UNISA) A “literatura jesuíta”, nos primórdios de nossa história:
A) tem grande valor informativo;
B) marca nossa maturação clássica;
C) visa à catequese do índio, à instrução do colono e sua
assistência religiosa e moral;
D) está a serviço do poder real;
E) tem fortes doses nacionalistas.
38. Anchieta só não escreveu:
A) um dicionário ou gramática da língua tupi;
B) sonetos clássicos, à maneira de Camões, seu contemporâneo;
C) poesias em latim, portugueses, espanhol e tupi;
D) autos religiosos, à maneira do teatro medieval;
E) cartas, sermões, fragmentos históricos e informações.
40. São características da poesia do Padre José de Anchieta:
A) a temática, visando a ensinar os jovens jesuítas chegados ao
Brasil;
B) linguagem cômica, visando a divertir os índios; expressão em
versos decassílabos, como a dos poetas clássicos do século XVI;
C) temas vários, desenvolvidos sem qualquer preocupação
pedagógica ou catequética;
D) função pedagógica; temática religiosa; expressão em
redondilhas, o que permitia que fossem cantadas ou recitadas
facilmente.
41. (UFV) Leia a estrofe abaixo e faça o que se pede:
Dos vícios já desligados / nos pajés não crendo mais, / nem suas danças rituais, / nem seus
mágicos cuidados.
(ANCHIETA, José de. O auto de São Lourenço)
Assinale a afirmativa verdadeira, considerando a estrofe acima, pronunciada pelos meninos
índios em procissão:
A) Os meninos índios representam o processo de aculturação em sua concretude mais
visível, como produto final de todo um empreendimento do qual participaram com igual
empenho a Coroa Portuguesa e a Companhia de Jesus.
B) A presença dos meninos índios representa uma síntese perfeita e acabada daquilo que
se convencionou chamar de literatura informativa.
C) Os meninos índios estão afirmando os valores de sua própria cultura, ao mencionar as
danças rituais e as magias praticadas pelos pajés.
D) Os meninos índios são figuras alegóricas cuja construção como personagens atende a
todos os requintes da dramaturgia renascentista.
43. (Fuvest) – Assinale V (verdadeiro) ou F (falso),
após analisar as afirmações que se seguem sobre
o Quinhentismo:
( ) A literatura de informação ressalta a
importância do trabalho com o estilo, com a
forma.
( ) A atitude de Caminha em frente à terra
recém-descoberta é de decepção e de repulsa
pelo índio.
( ) A produção informativa do Quinhentismo
frente à terra tem maior valor histórico-
documental que literário.
( ) A exaltação ufanista das virtudes da terra
prestava-se, também, ao incentivo à imigração e
aos investimentos da Europa na Colônia.
( ) Autores românticos e modernistas valeram-
se de sugestões temáticas e formais das crônicas
de viagem.
( ) A literatura dos viajantes é ocorrência
exclusiva brasileira, não tendo nenhum similar
em nenhuma outra parte do mundo.
( ) A poesia de Anchieta está presa aos modelos
renascentistas e reflete, em seus sonetos, uma
transparente influência de Camões.
A sequência é:
A) F, F, V, V, V, F, F
B) F, F, F, V, V, V, F
C) F, F, F, F, F, V, V
D) V, V, V, V, V, V, V
E) V, V, V, V, V, F, F