SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 4
ESCOLA SUPERIOR DE COMUNICAÇÃO SOCIAL




Do conceito de reputação à gestão da
    comunicação organizacional
                                Working Paper

                             Antonio Marques Mendes
                                    01-11-2012




Documento de trabalho sobre a coerência interna do conceito de reputação e suas implicações
                   para a análise e gestão da comunicação de empresa
2




1. Introdução
Os últimos anos têm sido férteis em estudos académicos dedicados à interpretação e
conceptualização da reputação organizacional.

Os trabalhos de Lange et al (2011), Barnett et al (2006), Chun (2005), Rindova et al. (2005)
e Berens et al. (2004), entre outros, não só evidenciaram a riqueza da produção
académica sobre o tema como demonstraram as razões pelas quais tem sido tão difícil a
afirmação deste campo da gestão e da comunicação.

Cada um dos autores referidos, na tentativa de sistematizar as correntes de investigação,
operacionalização e conceptualização sobre a reputação organizacional, acabou por
proceder a categorizações diversas, assentes em diferentes variáveis organizadoras, das
propostas de abordagem ao conceito de reputação e processos conexos.

Tais tentativas estão relacionadas, como referem Lange et al (2011), com o facto do
conceito "reputação" ser simultaneamente simples e complexo: o constructo é dotado de
simplicidade, facilidade de compreensão e de um significado preciso, embora quem o
aborde, e procure sistematizar, seja confrontado com as suas múltiplas complexidades
internas, dimensões e dificuldades estruturais subjacentes. E esta questão acabou por se
tornar central ao tema, devido à crescente importância que a reputação organizacional
tem assumido para os investigadores da área da gestão empresarial.

2. Diferentes conceptualizações e categorizações da reputação
organizacional
 Berens e Van Riel (2004) concentraram-se na questão da medição da reputação
organizacional para efectuar uma revisão da literatura sobre reputação (como mais à
frente se verá, o problema da medição e avaliação da reputação é uma questão
importante e que é totalmente dependente do conceito de reputação que se assume e
adopta). Na perspectiva dos autores existem três correntes conceptuais dominantes na
literatura sobre reputação. Uma primeira baseada no conceito de expectativas sociais, as
expectativas que as pessoas têm sobre o comportamento das organizações. A segunda
baseada no conceito de personalidade corporativa ou organizacional, ou seja os traços de
personalidade que as pessoas atribuem a uma organização. A última centrada no conceito
de confiança, da percepção sobre a honestidade, "confiabilidade" e benevolência de uma
organização. Segundo Berens e Van Riel (2004) a maioria dos investigadores parece seguir
a linha das expectativas sociais, procurando perceber as razões e processos pelos quais se
desenvolvem percepções sobre os comportamentos socialmente desejados das
organizações numa perspectiva comparada.




                                António Marques Mendes©2012
3

Já Rindova et al (2005) tentaram categorizar as linhas de conceptualização sobre
reputação, partindo da ideia de causalidade, mais especificamente das consequências da
reputação. Nesta perspectiva segmentaram as abordagens em 2 grandes grupos: i)a
institucionalista, influenciada pela teoria dos stakeholders (Freeman 1984), na qual se
defende que a reputação organizacional depende de um reconhecimento generalizado
pelos stakeholders do seu ambiente e da sua saliência por comparação aos seus
concorrentes (Shapiro, 1983; Kreps and Wilson, 1982); esta perspectiva concentra-se na
dimensão proeminência/saliência, ou mesmo no reconhecimento em larga escala da
organização (Rindova et al, 2005); ii) a perspectiva socioeconómica em que a investigação
sobre reputação tende a centrar-se no grau em que os stakeholders avaliam as
organizações relativamente a um só atributo - a qualidade.


Estas duas visões não são opostas mas centram-se em objectos específicos de
representação individual. Com efeito a reputação é um fenómeno social associada a
impressões individuaus e que se forma como resultado de interacção social e trocas de
informação (Brown and Reingen, 1988; Bromley, 1993, 2000, 2002; Conte and Paolucci,
2002; Nardin, 2002). É precisamente esta complementaridade entre linhas de investigação
reconhecida por Rindova et al (2005:1044) que a leva a considerar que a reputação deve
conceptualmente levar em conta estas duas dimensões consideradas por muitos
separadamente (reputação enquanto reconhecimento/ proeminência e qualidade
percebida em contexto).

Chun (2005) reconheceu igualmente que o conceito de reputação organizacional tem
atraído uma enorme atenção também do campo das ciências organizacionais e dos meios
de comunicação social; embora seja um conceito relativamente novo, tem-se tornado um
paradigma por direito próprio, ou seja, uma forma coerente de olhar as organizações e o
desempenho empresarial, apesar do seu desenvolvimento não ser tão rápido devido às
suas origens multidisciplinares (Chun, 2005: 91). Na perspectiva desta autora é possível
identificar três escolas de pensamento actualmente activas no paradigma da reputação: i)
avaliativa ii) impressiva iii) relacional, sendo que as diferenças entre elas relacionam-se
mais com os stakeholders que são tomados como elemento central da análise. A avaliativa
toma a reputação como a avaliação do desempenho financeiro da organização; na
impressiva a reputação é a impressão geral da organização por parte de cada stakeholder;
a relacional encara a reputação como comparação entre as visões de diferentes
stakeholders.

Por seu turno Barnett et al (2006) identificaram três grupos de significado do conceito de
reputação: i) reputação enquanto atenção ou reconhecimento; ii) reputação como
avaliação, aferição ou julgamento por parte dos stakeholders da organização; iii)
reputação como activo ou seja algo com valor e significado material para a organização.
Acrescentaram que muito desta diversidade se devia à confusão conceptual entre


                               António Marques Mendes©2012
4

identidade, imagem e capital reputacional, propondo por isso uma definição mais focada
de reputação (a que voltaremos mais à frente).

Lange et al (2011) categorizam as abordagens ao conceito em 3 grupos coincidindo em
parte com aquilo que os restantes autores também defenderam. Na sua perspectiva a
reputação tem sido vista como: i) "ser conhecido", ou seja a reputação de uma
organização é mais forte quanto mais atenção existir sobre ela e quanto mais
distinta/diferenciada for esta impressão independentemente do facto de existir um
julgamento associado (visão próxima da "proeminência" de Rindova et al (2005) e da
"reputação como atenção ou reconhecimento" de Barnett et al (2006)): ii) "ser conhecido
por algo" em que englobam as abordagens que defendem a reputação como a avaliação
específica de um atributo de uma organização; iii) "admiração geral" em que se considera
a reputação como avaliação geral da organização quanto à admiração estima e confiança
que desperta, sem particularizar qualquer atributo, por parte dos stakeholders.


Todas estas tentativas de categorização aquilo que acabam por fazer sobressair é a falta
de consenso existente. Apesar de existirem definições de reputação mais consensuais que
outras, ainda nenhuma verdadeiramente definitiva apareceu (Barnett et al, 2006;Lange et
al., 2011), embora tenham sido muitas as tentativas ( Barnett, Jermier, & Lafferty, 2006;
Fischer & Reuber, 2007; Love & Kraatz, 2009; Rindova, Williamson, Petkova, & Sever,
2005) .

Na verdade a situação que enfrentamos presentemente, acaba quase por tornar
proféticas as palavras de Fombrum e Van Riel, redigidas no número inaugural da
Corporate Reputation Review. Disseram Fombrum e Van Riel ( 1997:5): "embora as
reputações corporativas sejam faladas em praticamente todo o lado, elas continuam a ser
mal estudadas. Isto dever-se-á em parte ao facto de elas só serem notadas quando
ameaçadas. Mas por outro lado é também um problema de definição".

Como se vê, não se pode afirmar que as reputações sejam mal estudadas, mas a falta de
consenso sobre o conceito continua a ser um facto marcante, atribuível quer à
complexidade como à diversidade de campos científicos a partir dos quais ela tem vindo a
ser estudada (Fombrum & Van Riel, 1997: pp.6-9).

Face a este panorama a questão fundamental continua a ser "o que é reputação?",
pergunta a que recentemente vários autores voltaram, recriando a pergunta original de
Fombrum e Van Riel (Gotsi & Wilson, 2001; Caruana, 2001; Fombrun, 2001; Davies, Chun
& de Silva, 2001; Wei, 2002; Lewellyn, 2002; Whetton & Mackey, 2002; Mahon, 2002;
Wartick, 2002).




                               António Marques Mendes©2012

Mais conteúdo relacionado

Destaque

Antônio Marcos
Antônio MarcosAntônio Marcos
Antônio MarcosMima Badan
 
Sugestão de exercícios
Sugestão de exercíciosSugestão de exercícios
Sugestão de exercíciosMarcelo Ipiau
 
Sugestão de atividades para próxima prova
Sugestão de atividades para próxima provaSugestão de atividades para próxima prova
Sugestão de atividades para próxima provaMarcelo Ipiau
 
Mendel pdfAula de ondas do turbo enem
Mendel pdfAula de ondas do turbo enemMendel pdfAula de ondas do turbo enem
Mendel pdfAula de ondas do turbo enemMarcelo Ipiau
 
Introdução à eletricidade
Introdução à eletricidadeIntrodução à eletricidade
Introdução à eletricidadeMarcelo Ipiau
 
AULA DICA SARTRECOC 2013
AULA DICA SARTRECOC 2013AULA DICA SARTRECOC 2013
AULA DICA SARTRECOC 2013emanuel
 
Aula 4 a geomorfologia e as diferentes feições do relevo
Aula 4 a geomorfologia e as diferentes feições do relevoAula 4 a geomorfologia e as diferentes feições do relevo
Aula 4 a geomorfologia e as diferentes feições do relevogeopedrote
 
Geologia E Geomorfologia
Geologia E GeomorfologiaGeologia E Geomorfologia
Geologia E Geomorfologiaguestd20fb9
 
Histórico da interferência humana nos ecossistemas e Conferências sobre o mei...
Histórico da interferência humana nos ecossistemas e Conferências sobre o mei...Histórico da interferência humana nos ecossistemas e Conferências sobre o mei...
Histórico da interferência humana nos ecossistemas e Conferências sobre o mei...Rogério Bartilotti
 
Roteiro básico - Domínio Amazônico
Roteiro básico - Domínio AmazônicoRoteiro básico - Domínio Amazônico
Roteiro básico - Domínio AmazônicoRogério Bartilotti
 
Problemas Atmosféricos e Geopolítica da Água
Problemas Atmosféricos e Geopolítica da ÁguaProblemas Atmosféricos e Geopolítica da Água
Problemas Atmosféricos e Geopolítica da ÁguaRogério Bartilotti
 

Destaque (20)

Antônio Marcos
Antônio MarcosAntônio Marcos
Antônio Marcos
 
Physics Introduction
Physics IntroductionPhysics Introduction
Physics Introduction
 
Sugestão de exercícios
Sugestão de exercíciosSugestão de exercícios
Sugestão de exercícios
 
Sugestão de atividades para próxima prova
Sugestão de atividades para próxima provaSugestão de atividades para próxima prova
Sugestão de atividades para próxima prova
 
Mendel pdfAula de ondas do turbo enem
Mendel pdfAula de ondas do turbo enemMendel pdfAula de ondas do turbo enem
Mendel pdfAula de ondas do turbo enem
 
Vetores 2016
Vetores 2016Vetores 2016
Vetores 2016
 
Treinamento - Demografia
Treinamento - DemografiaTreinamento - Demografia
Treinamento - Demografia
 
Focos de tensão na Áfrcia
Focos de tensão na ÁfrciaFocos de tensão na Áfrcia
Focos de tensão na Áfrcia
 
Introdução à eletricidade
Introdução à eletricidadeIntrodução à eletricidade
Introdução à eletricidade
 
Divisão Regional Brasileira
Divisão Regional BrasileiraDivisão Regional Brasileira
Divisão Regional Brasileira
 
AULA DICA SARTRECOC 2013
AULA DICA SARTRECOC 2013AULA DICA SARTRECOC 2013
AULA DICA SARTRECOC 2013
 
Como analisar um climograma
Como analisar um climogramaComo analisar um climograma
Como analisar um climograma
 
Aula 4 a geomorfologia e as diferentes feições do relevo
Aula 4 a geomorfologia e as diferentes feições do relevoAula 4 a geomorfologia e as diferentes feições do relevo
Aula 4 a geomorfologia e as diferentes feições do relevo
 
Bacia do São Francisco
Bacia do São FranciscoBacia do São Francisco
Bacia do São Francisco
 
Geologia E Geomorfologia
Geologia E GeomorfologiaGeologia E Geomorfologia
Geologia E Geomorfologia
 
Treinamento - Meio Ambiente
Treinamento - Meio AmbienteTreinamento - Meio Ambiente
Treinamento - Meio Ambiente
 
Histórico da interferência humana nos ecossistemas e Conferências sobre o mei...
Histórico da interferência humana nos ecossistemas e Conferências sobre o mei...Histórico da interferência humana nos ecossistemas e Conferências sobre o mei...
Histórico da interferência humana nos ecossistemas e Conferências sobre o mei...
 
Roteiro básico - Domínio Amazônico
Roteiro básico - Domínio AmazônicoRoteiro básico - Domínio Amazônico
Roteiro básico - Domínio Amazônico
 
Problemas Atmosféricos e Geopolítica da Água
Problemas Atmosféricos e Geopolítica da ÁguaProblemas Atmosféricos e Geopolítica da Água
Problemas Atmosféricos e Geopolítica da Água
 
Porradão do Bartinho
Porradão do BartinhoPorradão do Bartinho
Porradão do Bartinho
 

Semelhante a wp amm reputação

Artigo estratégia mariana alves_oficial_pdf
Artigo estratégia mariana alves_oficial_pdfArtigo estratégia mariana alves_oficial_pdf
Artigo estratégia mariana alves_oficial_pdfMariana Alves
 
Apostila cultura e clima.pdf
Apostila cultura e clima.pdfApostila cultura e clima.pdf
Apostila cultura e clima.pdfmiguelmirandar13
 
The SAGE Handbook of Organizational Institutionalism
The SAGE Handbook of Organizational InstitutionalismThe SAGE Handbook of Organizational Institutionalism
The SAGE Handbook of Organizational InstitutionalismGivanildo Silva
 
Resumo aula 06
Resumo aula 06Resumo aula 06
Resumo aula 06R D
 
6 2 comemorando teoria da organização
6 2 comemorando teoria da organização6 2 comemorando teoria da organização
6 2 comemorando teoria da organizaçãoR D
 
Aula 4 - Liderança e comunicação.pptx psicologia organizacional
Aula 4 - Liderança e comunicação.pptx psicologia organizacionalAula 4 - Liderança e comunicação.pptx psicologia organizacional
Aula 4 - Liderança e comunicação.pptx psicologia organizacionalJulya Oliveira
 
SO Parte III As Diversas Escolas Teóricas
SO Parte III As Diversas Escolas TeóricasSO Parte III As Diversas Escolas Teóricas
SO Parte III As Diversas Escolas TeóricasAna Maria Santos
 
Apresentação sem título.pptx
Apresentação sem título.pptxApresentação sem título.pptx
Apresentação sem título.pptxDanNamise
 
25 08-1022-56-47 adm-teleaula3_apresentacao
25 08-1022-56-47 adm-teleaula3_apresentacao25 08-1022-56-47 adm-teleaula3_apresentacao
25 08-1022-56-47 adm-teleaula3_apresentacaodigosdigos
 
Apostila gestão estratégica de rh
 Apostila gestão estratégica de rh Apostila gestão estratégica de rh
Apostila gestão estratégica de rhRizia Santos
 
Configurações contemporâneas da carreira
Configurações contemporâneas da carreiraConfigurações contemporâneas da carreira
Configurações contemporâneas da carreiraFelizardo Costa
 
As dimensões Culturais da Qualidade: Um Estudo em Empresas Ganhadoras do Prê...
As dimensões Culturais da Qualidade: Um Estudo em Empresas Ganhadoras do  Prê...As dimensões Culturais da Qualidade: Um Estudo em Empresas Ganhadoras do  Prê...
As dimensões Culturais da Qualidade: Um Estudo em Empresas Ganhadoras do Prê...Daniel Negrini
 
Tga abordagem estruturalista
Tga   abordagem estruturalistaTga   abordagem estruturalista
Tga abordagem estruturalistaAmandaDias58
 
1430 diagnostico aprendizagem_situada
1430 diagnostico aprendizagem_situada1430 diagnostico aprendizagem_situada
1430 diagnostico aprendizagem_situadaMilena Caneja
 

Semelhante a wp amm reputação (20)

Artigo estratégia mariana alves_oficial_pdf
Artigo estratégia mariana alves_oficial_pdfArtigo estratégia mariana alves_oficial_pdf
Artigo estratégia mariana alves_oficial_pdf
 
Apostila cultura e clima.pdf
Apostila cultura e clima.pdfApostila cultura e clima.pdf
Apostila cultura e clima.pdf
 
Fidelidade aos Gestores de Conta ou à Empresa?
Fidelidade aos Gestores de Conta ou à Empresa?Fidelidade aos Gestores de Conta ou à Empresa?
Fidelidade aos Gestores de Conta ou à Empresa?
 
The SAGE Handbook of Organizational Institutionalism
The SAGE Handbook of Organizational InstitutionalismThe SAGE Handbook of Organizational Institutionalism
The SAGE Handbook of Organizational Institutionalism
 
Resumo aula 06
Resumo aula 06Resumo aula 06
Resumo aula 06
 
Tcc projeto de pesquisa
Tcc projeto de pesquisaTcc projeto de pesquisa
Tcc projeto de pesquisa
 
6 2 comemorando teoria da organização
6 2 comemorando teoria da organização6 2 comemorando teoria da organização
6 2 comemorando teoria da organização
 
Aula 4 - Liderança e comunicação.pptx psicologia organizacional
Aula 4 - Liderança e comunicação.pptx psicologia organizacionalAula 4 - Liderança e comunicação.pptx psicologia organizacional
Aula 4 - Liderança e comunicação.pptx psicologia organizacional
 
Conflito
ConflitoConflito
Conflito
 
SO Parte III As Diversas Escolas Teóricas
SO Parte III As Diversas Escolas TeóricasSO Parte III As Diversas Escolas Teóricas
SO Parte III As Diversas Escolas Teóricas
 
Apresentação sem título.pptx
Apresentação sem título.pptxApresentação sem título.pptx
Apresentação sem título.pptx
 
25 08-1022-56-47 adm-teleaula3_apresentacao
25 08-1022-56-47 adm-teleaula3_apresentacao25 08-1022-56-47 adm-teleaula3_apresentacao
25 08-1022-56-47 adm-teleaula3_apresentacao
 
Apostila gestão estratégica de rh
 Apostila gestão estratégica de rh Apostila gestão estratégica de rh
Apostila gestão estratégica de rh
 
Apostila rev 2010
Apostila rev 2010 Apostila rev 2010
Apostila rev 2010
 
Configurações contemporâneas da carreira
Configurações contemporâneas da carreiraConfigurações contemporâneas da carreira
Configurações contemporâneas da carreira
 
As dimensões Culturais da Qualidade: Um Estudo em Empresas Ganhadoras do Prê...
As dimensões Culturais da Qualidade: Um Estudo em Empresas Ganhadoras do  Prê...As dimensões Culturais da Qualidade: Um Estudo em Empresas Ganhadoras do  Prê...
As dimensões Culturais da Qualidade: Um Estudo em Empresas Ganhadoras do Prê...
 
Tga abordagem estruturalista
Tga   abordagem estruturalistaTga   abordagem estruturalista
Tga abordagem estruturalista
 
1430 diagnostico aprendizagem_situada
1430 diagnostico aprendizagem_situada1430 diagnostico aprendizagem_situada
1430 diagnostico aprendizagem_situada
 
Gestão de Pessoas - Aula 1
Gestão de Pessoas - Aula 1Gestão de Pessoas - Aula 1
Gestão de Pessoas - Aula 1
 
Aula 01 recursos humano
Aula 01 recursos humanoAula 01 recursos humano
Aula 01 recursos humano
 

Último

Questionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
QuestionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnQuestionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
QuestionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnGustavo144776
 
Ética NO AMBIENTE DE TRABALHO, fundamentosdas relações.pdf
Ética NO AMBIENTE DE TRABALHO,  fundamentosdas relações.pdfÉtica NO AMBIENTE DE TRABALHO,  fundamentosdas relações.pdf
Ética NO AMBIENTE DE TRABALHO, fundamentosdas relações.pdfInsttLcioEvangelista
 
Conferência SC 2024 | De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendas
Conferência SC 2024 |  De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendasConferência SC 2024 |  De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendas
Conferência SC 2024 | De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendasE-Commerce Brasil
 
66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx
66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx
66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptxLEANDROSPANHOL1
 
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...E-Commerce Brasil
 
Introdução à Multimídia e seus aspectos.pdf
Introdução à Multimídia e seus aspectos.pdfIntrodução à Multimídia e seus aspectos.pdf
Introdução à Multimídia e seus aspectos.pdfVivianeVivicka
 
Conferência SC 24 | O custo real de uma operação
Conferência SC 24 | O custo real de uma operaçãoConferência SC 24 | O custo real de uma operação
Conferência SC 24 | O custo real de uma operaçãoE-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelizaçãoConferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelizaçãoE-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de venda
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de vendaConferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de venda
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de vendaE-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplace
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplaceConferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplace
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplaceE-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...
Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...
Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...E-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?E-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Data Analytics e IA: o futuro do e-commerce?
Conferência SC 24 | Data Analytics e IA: o futuro do e-commerce?Conferência SC 24 | Data Analytics e IA: o futuro do e-commerce?
Conferência SC 24 | Data Analytics e IA: o futuro do e-commerce?E-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Social commerce e recursos interativos: como aplicar no s...
Conferência SC 24 | Social commerce e recursos interativos: como aplicar no s...Conferência SC 24 | Social commerce e recursos interativos: como aplicar no s...
Conferência SC 24 | Social commerce e recursos interativos: como aplicar no s...E-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...E-Commerce Brasil
 
Desenvolvendo uma Abordagem Estratégica para a Gestão de Portfólio.pptx
Desenvolvendo uma Abordagem Estratégica para a Gestão de Portfólio.pptxDesenvolvendo uma Abordagem Estratégica para a Gestão de Portfólio.pptx
Desenvolvendo uma Abordagem Estratégica para a Gestão de Portfólio.pptxCoca Pitzer
 
A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?
A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?
A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?Michael Rada
 
Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)
Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)
Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)E-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...E-Commerce Brasil
 
EP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagens
EP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagensEP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagens
EP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagensLuizPauloFerreira11
 

Último (20)

Questionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
QuestionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnQuestionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
Questionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
 
Ética NO AMBIENTE DE TRABALHO, fundamentosdas relações.pdf
Ética NO AMBIENTE DE TRABALHO,  fundamentosdas relações.pdfÉtica NO AMBIENTE DE TRABALHO,  fundamentosdas relações.pdf
Ética NO AMBIENTE DE TRABALHO, fundamentosdas relações.pdf
 
Conferência SC 2024 | De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendas
Conferência SC 2024 |  De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendasConferência SC 2024 |  De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendas
Conferência SC 2024 | De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendas
 
66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx
66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx
66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx
 
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...
 
Introdução à Multimídia e seus aspectos.pdf
Introdução à Multimídia e seus aspectos.pdfIntrodução à Multimídia e seus aspectos.pdf
Introdução à Multimídia e seus aspectos.pdf
 
Conferência SC 24 | O custo real de uma operação
Conferência SC 24 | O custo real de uma operaçãoConferência SC 24 | O custo real de uma operação
Conferência SC 24 | O custo real de uma operação
 
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelizaçãoConferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
 
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de venda
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de vendaConferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de venda
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de venda
 
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplace
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplaceConferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplace
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplace
 
Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...
Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...
Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...
 
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?
 
Conferência SC 24 | Data Analytics e IA: o futuro do e-commerce?
Conferência SC 24 | Data Analytics e IA: o futuro do e-commerce?Conferência SC 24 | Data Analytics e IA: o futuro do e-commerce?
Conferência SC 24 | Data Analytics e IA: o futuro do e-commerce?
 
Conferência SC 24 | Social commerce e recursos interativos: como aplicar no s...
Conferência SC 24 | Social commerce e recursos interativos: como aplicar no s...Conferência SC 24 | Social commerce e recursos interativos: como aplicar no s...
Conferência SC 24 | Social commerce e recursos interativos: como aplicar no s...
 
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...
 
Desenvolvendo uma Abordagem Estratégica para a Gestão de Portfólio.pptx
Desenvolvendo uma Abordagem Estratégica para a Gestão de Portfólio.pptxDesenvolvendo uma Abordagem Estratégica para a Gestão de Portfólio.pptx
Desenvolvendo uma Abordagem Estratégica para a Gestão de Portfólio.pptx
 
A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?
A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?
A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?
 
Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)
Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)
Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)
 
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...
 
EP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagens
EP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagensEP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagens
EP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagens
 

wp amm reputação

  • 1. ESCOLA SUPERIOR DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Do conceito de reputação à gestão da comunicação organizacional Working Paper Antonio Marques Mendes 01-11-2012 Documento de trabalho sobre a coerência interna do conceito de reputação e suas implicações para a análise e gestão da comunicação de empresa
  • 2. 2 1. Introdução Os últimos anos têm sido férteis em estudos académicos dedicados à interpretação e conceptualização da reputação organizacional. Os trabalhos de Lange et al (2011), Barnett et al (2006), Chun (2005), Rindova et al. (2005) e Berens et al. (2004), entre outros, não só evidenciaram a riqueza da produção académica sobre o tema como demonstraram as razões pelas quais tem sido tão difícil a afirmação deste campo da gestão e da comunicação. Cada um dos autores referidos, na tentativa de sistematizar as correntes de investigação, operacionalização e conceptualização sobre a reputação organizacional, acabou por proceder a categorizações diversas, assentes em diferentes variáveis organizadoras, das propostas de abordagem ao conceito de reputação e processos conexos. Tais tentativas estão relacionadas, como referem Lange et al (2011), com o facto do conceito "reputação" ser simultaneamente simples e complexo: o constructo é dotado de simplicidade, facilidade de compreensão e de um significado preciso, embora quem o aborde, e procure sistematizar, seja confrontado com as suas múltiplas complexidades internas, dimensões e dificuldades estruturais subjacentes. E esta questão acabou por se tornar central ao tema, devido à crescente importância que a reputação organizacional tem assumido para os investigadores da área da gestão empresarial. 2. Diferentes conceptualizações e categorizações da reputação organizacional Berens e Van Riel (2004) concentraram-se na questão da medição da reputação organizacional para efectuar uma revisão da literatura sobre reputação (como mais à frente se verá, o problema da medição e avaliação da reputação é uma questão importante e que é totalmente dependente do conceito de reputação que se assume e adopta). Na perspectiva dos autores existem três correntes conceptuais dominantes na literatura sobre reputação. Uma primeira baseada no conceito de expectativas sociais, as expectativas que as pessoas têm sobre o comportamento das organizações. A segunda baseada no conceito de personalidade corporativa ou organizacional, ou seja os traços de personalidade que as pessoas atribuem a uma organização. A última centrada no conceito de confiança, da percepção sobre a honestidade, "confiabilidade" e benevolência de uma organização. Segundo Berens e Van Riel (2004) a maioria dos investigadores parece seguir a linha das expectativas sociais, procurando perceber as razões e processos pelos quais se desenvolvem percepções sobre os comportamentos socialmente desejados das organizações numa perspectiva comparada. António Marques Mendes©2012
  • 3. 3 Já Rindova et al (2005) tentaram categorizar as linhas de conceptualização sobre reputação, partindo da ideia de causalidade, mais especificamente das consequências da reputação. Nesta perspectiva segmentaram as abordagens em 2 grandes grupos: i)a institucionalista, influenciada pela teoria dos stakeholders (Freeman 1984), na qual se defende que a reputação organizacional depende de um reconhecimento generalizado pelos stakeholders do seu ambiente e da sua saliência por comparação aos seus concorrentes (Shapiro, 1983; Kreps and Wilson, 1982); esta perspectiva concentra-se na dimensão proeminência/saliência, ou mesmo no reconhecimento em larga escala da organização (Rindova et al, 2005); ii) a perspectiva socioeconómica em que a investigação sobre reputação tende a centrar-se no grau em que os stakeholders avaliam as organizações relativamente a um só atributo - a qualidade. Estas duas visões não são opostas mas centram-se em objectos específicos de representação individual. Com efeito a reputação é um fenómeno social associada a impressões individuaus e que se forma como resultado de interacção social e trocas de informação (Brown and Reingen, 1988; Bromley, 1993, 2000, 2002; Conte and Paolucci, 2002; Nardin, 2002). É precisamente esta complementaridade entre linhas de investigação reconhecida por Rindova et al (2005:1044) que a leva a considerar que a reputação deve conceptualmente levar em conta estas duas dimensões consideradas por muitos separadamente (reputação enquanto reconhecimento/ proeminência e qualidade percebida em contexto). Chun (2005) reconheceu igualmente que o conceito de reputação organizacional tem atraído uma enorme atenção também do campo das ciências organizacionais e dos meios de comunicação social; embora seja um conceito relativamente novo, tem-se tornado um paradigma por direito próprio, ou seja, uma forma coerente de olhar as organizações e o desempenho empresarial, apesar do seu desenvolvimento não ser tão rápido devido às suas origens multidisciplinares (Chun, 2005: 91). Na perspectiva desta autora é possível identificar três escolas de pensamento actualmente activas no paradigma da reputação: i) avaliativa ii) impressiva iii) relacional, sendo que as diferenças entre elas relacionam-se mais com os stakeholders que são tomados como elemento central da análise. A avaliativa toma a reputação como a avaliação do desempenho financeiro da organização; na impressiva a reputação é a impressão geral da organização por parte de cada stakeholder; a relacional encara a reputação como comparação entre as visões de diferentes stakeholders. Por seu turno Barnett et al (2006) identificaram três grupos de significado do conceito de reputação: i) reputação enquanto atenção ou reconhecimento; ii) reputação como avaliação, aferição ou julgamento por parte dos stakeholders da organização; iii) reputação como activo ou seja algo com valor e significado material para a organização. Acrescentaram que muito desta diversidade se devia à confusão conceptual entre António Marques Mendes©2012
  • 4. 4 identidade, imagem e capital reputacional, propondo por isso uma definição mais focada de reputação (a que voltaremos mais à frente). Lange et al (2011) categorizam as abordagens ao conceito em 3 grupos coincidindo em parte com aquilo que os restantes autores também defenderam. Na sua perspectiva a reputação tem sido vista como: i) "ser conhecido", ou seja a reputação de uma organização é mais forte quanto mais atenção existir sobre ela e quanto mais distinta/diferenciada for esta impressão independentemente do facto de existir um julgamento associado (visão próxima da "proeminência" de Rindova et al (2005) e da "reputação como atenção ou reconhecimento" de Barnett et al (2006)): ii) "ser conhecido por algo" em que englobam as abordagens que defendem a reputação como a avaliação específica de um atributo de uma organização; iii) "admiração geral" em que se considera a reputação como avaliação geral da organização quanto à admiração estima e confiança que desperta, sem particularizar qualquer atributo, por parte dos stakeholders. Todas estas tentativas de categorização aquilo que acabam por fazer sobressair é a falta de consenso existente. Apesar de existirem definições de reputação mais consensuais que outras, ainda nenhuma verdadeiramente definitiva apareceu (Barnett et al, 2006;Lange et al., 2011), embora tenham sido muitas as tentativas ( Barnett, Jermier, & Lafferty, 2006; Fischer & Reuber, 2007; Love & Kraatz, 2009; Rindova, Williamson, Petkova, & Sever, 2005) . Na verdade a situação que enfrentamos presentemente, acaba quase por tornar proféticas as palavras de Fombrum e Van Riel, redigidas no número inaugural da Corporate Reputation Review. Disseram Fombrum e Van Riel ( 1997:5): "embora as reputações corporativas sejam faladas em praticamente todo o lado, elas continuam a ser mal estudadas. Isto dever-se-á em parte ao facto de elas só serem notadas quando ameaçadas. Mas por outro lado é também um problema de definição". Como se vê, não se pode afirmar que as reputações sejam mal estudadas, mas a falta de consenso sobre o conceito continua a ser um facto marcante, atribuível quer à complexidade como à diversidade de campos científicos a partir dos quais ela tem vindo a ser estudada (Fombrum & Van Riel, 1997: pp.6-9). Face a este panorama a questão fundamental continua a ser "o que é reputação?", pergunta a que recentemente vários autores voltaram, recriando a pergunta original de Fombrum e Van Riel (Gotsi & Wilson, 2001; Caruana, 2001; Fombrun, 2001; Davies, Chun & de Silva, 2001; Wei, 2002; Lewellyn, 2002; Whetton & Mackey, 2002; Mahon, 2002; Wartick, 2002). António Marques Mendes©2012