4. A SAÚDE E A ODONTOLOGIA
Conceitos de Saúde
As divergências em torno do conceito de
saúde parecem existir já desde a Grécia
Antiga, onde o deus da medicina -
Asclépios -tinha duas filhas: Higéa, que
prevenia as doenças, e Panacéa, que
curava os doentes.
Hipócrates (460-377 a.C.), o “pai da
medicina”, afirmava que a saúde era
“uma natural conseqüência do
harmonioso equilíbrio entre
‘humores’, secreções ou líquidos-bile,
sangue, catarro e bile negra -,” que “
‘supunha existirem no corpo’ de cada
pessoa” (Moura, 1989, p.42).
6. A SAÚDE E A ODONTOLOGIA
Conceitos de Saúde
Entre os romanos, quem se destacou foi
Galeno (131-201 d.C.) que, na
dependência de Hipócrates também
definiu saúde como sendo “ ‘o equilíbrio
íntegro dos princípios da natureza, ou dos
humores em nós existentes, ou a atuação
sem nenhum obstáculo das forças
naturais. Ou, também: é a cômoda
harmonia dos elementos’ ”
(Moura, 1989, p.42)
É o próprio Galeno que acaba permitindo,
com seus estudos, o início do predomínio
do estudo de patologias em detrimento da
investigação da saúde propriamente dita.
Começou desse modo a tradição do
conhecimento da saúde através do
paradoxal estudo das doenças.
7.
8. A SAÚDE E A ODONTOLOGIA
Conceitos de Saúde
A identificação de um estado
considerado patológico, ou seja, de
que a identificação da doença é
dependente de quem considera e do
seu universo.
“ Estado daquele cujas funções
orgânicas, físicas e mentais se acham
em situação normal”
(Ferreira, 1993, p.495)
9. A SAÚDE E A ODONTOLOGIA
Conceitos de Saúde
“Estar em boa saúde é poder cair doente e se
recuperar; é um luxo biológico”
(Canguilhem, 1995, p.160)
Dessa maneira, é possível compreender que
as doenças, as patologias, são normais na
medida em que fazem parte da vida humana.
No entanto, esse normal doente não é igual a
um normal fisiológico, pois é regido por
normas diferentes. Assim, ter saúde pode ser
encarado, inclusive, como sobreviver à
doença, ultrapassar as infidelidades do meio.
10. A SAÚDE E A ODONTOLOGIA
Conceitos de Saúde
Em 7 de abril de 1948, a Organização Mundial da Saúde (O.M.S.) propôs o
conceito de que “‘saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e
social e não apenas a ausência de afecção ou doença.’ ”
Mas o que é o bem-estar? É o mesmo que o “estar bem”? Bem-estar tem sido
considerado como uma adaptação do homem ao ambiente e, pensando assim,
então, a doença seria a “desadaptação” a esse ambiente, o mal-estar.
Na verdade, considerar saúde como pura adaptação é bastante simplista diante
da relatividade e da dinamicidade de tal fenômeno.
Além disso, o conceito da O.M.S. acaba por ser utópico, tornando a saúde algo
difícil de ser atingido e de ser medido. E se for levado ao pé-da- letra, todos
podemos, então, considerar-nos doentes.
11. “ É a necessidade que faz o sapo pular”.
E digo: é a necessidade que faz o
homem pensar. Da nossa fraqueza
surgiu a nossa força, o pensamento.
Rubem Alves, 2003
12. A SAÚDE E A ODONTOLOGIA
Processo Saúde-Doença
A relação existente entre saúde e doença vai além de uma
relação de bom ou mau funcionamento do corpo, mas reside
numa interação muito maior entre o homem e os ambientes
físicos e sociais que estão à sua volta, na maneira de relacionar-se
com os outros, nas suas condições de trabalho, na forma
como é organizada a produção e distribuição de riquezas na
sociedade em que vive, nas possibilidades que ele tem de se
expressar e de se desenvolver como pessoa.
(Marques, 1999)
16. A SAÚDE E A ODONTOLOGIA
Processo Saúde-Doença
Assim, saúde no Brasil, considera as dimensões
sociais do processo saúde/doença na medida em que,
para que o brasileiro seja saudável, ele precisa ter
acesso a esses determinantes e condicionantes da
saúde, tendo a saúde, portanto, não apenas um
aspecto privado, individual, mas também um
aspecto público, coletivo; ambos os aspectos
diretamente afetados pelos níveis de desenvolvimento
socioeconômico da coletividade.
(Dallari,1987)
17. A SAÚDE E A ODONTOLOGIA
Processo Saúde-Doença
O olhar epidemiológico
O objeto da epidemiologia está subordinado à clínica
médica, que encara o sujeito com base no discurso
fisiopatológico. As dimensões subjetivas do indivíduo,
como a psicopatológica e psicossomática, não são
consideradas relevantes, por não disporem de precisão
diagnóstica, validade e confiabilidade que são
alcançadas pelos componentes clínico-laboratoriais.
Backes et al. (2009)
18. A SAÚDE E A ODONTOLOGIA
Processo Saúde-Doença
O olhar antropológico
A doença possui caráter histórico e social, sendo
que a natureza social se verifica no modo
característico de adoecer e morrer nos grupos
humanos, havendo diferenças nos perfis patológicos
ao longo dos tempos, resultantes das
transformações da sociedade e, também, dentro
de uma mesma sociedade, as classes que a
compõem mostrarão condições de saúde diversas,
de acordo com o momento histórico.
Backes et al. (2009)
19. A SAÚDE E A ODONTOLOGIA
Processo Saúde-Doença
X
Backes et al. (2009)
20. A SAÚDE E A ODONTOLOGIA
Processo Saúde-Doença
Estudos voltados para uma epidemiologia sensível aos aspectos
antropológicos, consideram o processo saúde-doença como um resultado
de forças biológicas, econômicas, sociais e políticas.
Backes et al. (2009)
Olhar
Antropológico
Olhar
epidemiológico
21. Por que ainda estamos tão atrelados ao modelo de atenção
tradicional, biologicista, biomédico, quando teoricamente já sabemos
que precisamos avançar, inovar, mudar as nossas práticas, investir na
promoção da saúde e não apenas continuarmos com os nossos belos
discursos e teorias que nos mantêm acomodados e distantes das reais
necessidades das populações mais vulneráveis?
Backes et al. (2009)
22.
23. A SAÚDE E A ODONTOLOGIA
Processo Saúde-Doença
Condições de saúde-doença estão
intimamente ligados à maneira pela qual
o homem produz seus meios de vida
através do trabalho, e satisfaz suas
necessidades, através do consumo:
moradia, alimentação, educação e
assistência à saúde.
45. A SAÚDE E A ODONTOLOGIA
A Odontologia e suas propostas
Silva; Senna e Faria, 2013
46. A SAÚDE E A ODONTOLOGIA
A Odontologia e suas propostas
Até o fim da Segunda Guerra
Mundial
Odontologia de mercado hegemônica;
Saúde Pública Atendimento de urgências
Santa Casa de Misericórdia (séc
XIX)
Cirurgião sangrador atuando
como dentista na corte ( séc XIX)
Clínicas dentárias escolares
47. A SAÚDE E A ODONTOLOGIA
A Odontologia e suas propostas
Os modelos de
assistência ao escolar
SESP- Serviço Especial de Saúde Pública (1942)- Acordo
de cooperação técnica entre Brasil e EUA para
atuação em áreas estratégicas- exploração da
borracha (AM), minérios (MG). A assistência a saúde
surgiu como forma de aliviar tensões sociais (conter o
avanço do comunismo);
Saúde Bucal- 1a. Prática programática:
Sistema Incremental
Odontologia Sanitária
“Prática residual (baixa cobertura e impacto
epidemiológico), secundária (alternativa
assistencial estatal para pobres e carentes
dos grupos prioritários) e complementar, que
foi incorporada e reproduzida como
adequada e socialmente útil” (Narvai ,1994)
48. A SAÚDE E A ODONTOLOGIA
A Odontologia e suas propostas
Assistência pública odontológica
Período 1950-1980
Pulverizada entre diversas instituições:
Sistema previdenciário (CAP´s, IAP´s, INPS);
Secretarias Estaduais de Saúde;
Entidades filantrópicas.
REFORMA SANITÁRIA BRASILEIRA SUS