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Fátima Teresa Lacerda Brito de Oliveira
Pós-graduanda Departamento de Saúde da Criança e do
Adolescente FMRP
Estagio PAE
DEPARTAMENTO DE CIENCIAS E SAUDE – TERAPIA OCUPACIONAL
FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Profa. Dra. Maria Paula Panúncio-Pinto
Coordenadora CoC Terapia Ocupacional
Departamento de Ciências da Saúde FMRP
entender o que é Terapia Ocupacional
Primeiros passos:
-o que é saúde?
-como podemos definir?
-quais são os fatores que interferem ou
determinam que tenhamos saúde?
-quais são os fatores que interferem ou
determinam para que estejamos doentes?
Durante séculos a humanidade buscou explicações
mágicas e religiosas para tudo, explicações que
eram dadas pelos mitos.
Gregos e Ciências Médicas
 Destino: “tudo que ia acontecer já
estava determinado previamente”
 600 aC surgiu na Grécia : a filosofia – uma
nova forma de pensar e buscar explicações
para os fenômenos naturais.
 Fatalistas
 “Conhece-te a ti mesmo”, famosa inscrição
no Oráculo de Delfos, pretendia lembrar aos
homens que eles não passavam de meros
mortais e que nenhum homem podia fugir de
seu destino.
 responsabilizavam os deuses pelas doenças.
 As doenças contagiosas eram freqüentemente
vistas como castigo dos deuses.
 Deuses podiam curar as pessoas, bastando para isso
que lhe fosse feito o sacrifício apropriado.
 Os primeiros filósofos foram os filósofos da
natureza: tentaram dar explicações lógicas aos
fenômenos naturais e transformações da
natureza.
-Para Hipócrates os meios mais
eficazes de prevenir as doenças
eram a moderação e um
modo de vida saudável.
-A Saúde seria o estado natural do
homem.
Quando a doença aparece, isso
significa que a natureza “saiu dos
trilhos”, devido a um desequilíbrio
corporal ou anímico.
-O caminho para a saúde do
homem está na moderação, na
harmonia, e “na mente sã em
corpo são”
Ciência médica grega foi fundada por Hipócrates, por volta de 460 aC,
tentou organizar explicações lógicas para o processo saúde-doença.
 A DOENÇA COMO RESULTADO DE MAGIA OU
RELIGIÃO
Vê a doença como feitiço. O homem é um receptáculo passivo de uma causa
externa
 O MODELO DA DETERMINAÇÃO SOCIAL
raízes no movimento revolucionário francês no final do século XVIII e ganha corpo à
partir de 1960 - social aparece como atributo do homem.
Esse modelo coloca o trabalho como categoria central da determinação do processo
saúde-doença e o fundamenta em sua dimensão coletiva, social e histórica
Entender a saúde-doença como expressão concreta do processo histórico e social
 O MODELO UNICAUSAL (século XVI)
- toda doença tem uma única causa e cada causa determina uma única doença
- A intervenção sobre ela deve ser feita com vacinas ou produtos químicos que
agem sobre a causa.
 O MODELO MULTICAUSAL (após II Gerra)
A doença é desequilíbrio entre três tipos de fatores: o agente, o hospedeiro e o
meio-ambiente.
Consiste em identificar um componente mais frágil à intervenção, sem alterar
todo o conjunto de fatores
Apesar de trazer importantes contribuições ao raciocínio etiológico e à prática
clínica junto ao paciente, é insuficiente para explicar os aspectos coletivos do
processo saúde-doença;
 Saúde e Trabalho: Condicionantes Básicos
 o trabalho ocupa posição central
 A tarefa fundamental da saúde é manter/elevar a força de trabalho
e a produção (Francisco 1988)
 as ações de saúde são voltadas à rápida reparação dos danos físicos
e mentais para recolocar o homem em condições de trabalho.
 A saúde é um meio propício à maior produtividade, ao
enriquecimento do país
“Ao produzir o mundo – através do trabalho
– o homem produz a si próprio”.Marx
Ao compreender a saúde e a doença como processos
socialmente determinados devemos assumir que a história
da doença de uma pessoa é inseparável de sua história de
vida.
 OMS 1997 – “Saúde é o completo bem-estar
físico, mental e social e não a simples ausência
da doença”
 Conceituando Saúde
 São Paulo, Código de Saúde – Políticas de Saúde
“à saúde deve “ser concebido como afirmação da
cidadania, como processo humanizador, de
libertação e de construção da democracia,
processo condicionado ao desenvolvimento social e
bem-estar coletivo, sendo parte integrante e
objetivo maior do desenvolvimento sustentável ”
Saúde e doença são conceitos complementares,
constituem uma dupla inseparável:
quando a saúde aumenta a doença diminui e vice-
versa.
O binômio saúde-doença constitui diferentes graus
Os fatores que interferem/definem a construção
da saúde podem ser agrupados em:
 meio biológico (o conjunto de seres vivos
com os quais convivemos);
 meio físico (todo o ambiente físico);
 meio social (a sociedade, a forma de
organização para a produção e apropriação
de bens e serviços – quem produz, quem
“leva”).
O nível de saúde de cada pessoa ou de cada
grupo social está diretamente ligado
 A posição que esta pessoa ou grupo social tem
no processo de produção
 e apropriação dos bens e serviços na
sociedade.
 A compreensão do processo saúde-doença como
histórica e socialmente determinado requer a
desconstrução da definição de saúde proposta
pela OMS como forma de ampliar a concepção
de saúde de forma coerente.
 Determinantes Sociais da Saúde (DSS – OMS, 2005).
 Com esse objetivo, estaremos apresentado a seguir
duas definições de saúde que pretendem oferecer
uma alternativa àquela proposta pela OMS. São dois
extratos de artigos
 OMS 1997 – “Saúde é o completo bem-estar
físico, mental e social e não a simples ausência
da doença”
 subjetividade implícita em “bem estar
 ausência de um sujeito ativo na conquista da saúde
 caráter aparentemente estático do conceito
 “o contínuo agir do homem frente ao universo
físico, mental e social em que vive, sem
regatear um só esforço para modificar,
transformar e recriar aquilo que deve ser
mudado.” - Ferrara 1976, apud Francisco, 1988
• coloca o homem agindo ativamente na construção de seu bem estar
• o agir, fazer humano, de forma intencional, direcionado a um objetivo
definido
A Construção de Um Novo Conceito de Saúde
Ferrara
“na própria organização corporal dos indivíduos está contida a
necessidade de entrar em uma relação ativa com o mundo
exterior;
...para existir os seres humanos devem atuar...
...ao influir sobre o mundo exterior o modificam, com isso se
modificam também a si mesmos. Por isso o que os homens são
está determinado por sua atividade.”
-> ressalta a natureza ativa do homem
A Construção de Um Novo Conceito de Saúde
Leontiev
O estado de bem estar (físico, social e psíquico)
não é um estado estável e o fato de ser atingido
num dado momento não significa que possa ser
mantido.
A Construção de Um Novo Conceito de Saúde
Dejous (1986)
 a saúde não vem do exterior, deve ser
conquistada ativamente;
 saúde se ganha, se enfrenta, se depende. O
papel de cada indivíduo é fundamental na
construção de sua saúde;
 saúde não é um estado de estabilidade, muda o
tempo todo;
 saúde é um compromisso com a realidade, ou
uma sucessão de compromissos com a realidade.
Envolve, portanto, mudanças, conquistas e
reconquistas, perdas e ganhos.
(1) Variabilidade
-Estamos em constante movimento
-vontade de dormir/repousar, vontade de agir/atuar
-comer quando tiver fome, dormir quando tiver sono...
(2) Psicossomática
-Estuda as relações entre o que se passam na cabeça e o funcionamento do
corpo.
-Toda atividade provoca algum tipo de angústia
-Saúde Mental
(3) Psicopatologia do Trabalho
O trabalho é elemento fundamental para a saúde
Quando as pessoas não trabalham, elas adoecem também
A Construção de Um Novo Conceito de Saúde
Dejous (1986)
A vida é uma sucessão de etapas e compromissos
entre a história passada e o ambiente. Um
conjunto de ações que buscam transformar o
ambiente em nosso favor, eliminar angústias,
alcançar objetivos. Os homens procuram
transformar-se ao longo da vida (saúde).
“Saúde, para cada homem, mulher ou criança,
é ter meios de traçar um caminho pessoal e
original em direção ao bem estar físico,
mental e social.”
Dejous
a realidade do
ambiente material
(física química,
biológica)
a realidade afetiva,
relacional e familiar
(psicológica)
a realidade social
(organização do
trabalho)
As duas definições de saúde apresentadas
trazem elementos fundamentais do ponto de
vista da terapia ocupacional:
 a saúde é algo dinâmico, social e
historicamente construída
 depende do homem colocar-se ativamente na
transformação daquilo que pode interferir
no seu bem estar e qualidade de vida.
• preocupam com o acesso e inserção de pessoas e populações às ocupações necessárias
a reprodução da vida material e simbólica no contexto da vida cotidiana.
• para o terapeuta ocupacional é constante o tema referente:
• ao acesso ao trabalho
• Renda
• Escola
• Habitação
• Lazer
• Cultura
• redes sociais de apoio
O acesso universal de pessoas aos bens, patrimônios e serviços disponíveis a
coletividade e que são necessários à qualidade de vida e dignidade humana, uma
noção complementar chamada de justiça ocupacional.
(TOWNSEND, MARVAL, 2013).
 PANÚNCIO-PINTO, Maria Paula. Introdução e história da Terapia
Ocupacional: apostila básica. Uberaba: UNIUBE, 2002, 84 páginas
(pp 14 – 24)
 PANÚNCIO-PINTO, Maria Paula et al. Relatório Final. Seminário
Regional DCNS para o Ensino de Terapia Ocupacional. Ribeirão
Preto, FMRP, 2017
 PANÚNCIO-PINTO, Maria Paula et al. Novos cenários de ensino.
Simpósio: Tópicos avançados para a formação e o
desenvolvimento docente para professores dos cursos da área da
saúde. Medicina (Ribeirão Preto). v. 48, n. 3, p. 257-264. 2015
Determinantes Sociais da Saúde_processo saúde-doença

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  • 1. Fátima Teresa Lacerda Brito de Oliveira Pós-graduanda Departamento de Saúde da Criança e do Adolescente FMRP Estagio PAE DEPARTAMENTO DE CIENCIAS E SAUDE – TERAPIA OCUPACIONAL FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Profa. Dra. Maria Paula Panúncio-Pinto Coordenadora CoC Terapia Ocupacional Departamento de Ciências da Saúde FMRP
  • 2. entender o que é Terapia Ocupacional Primeiros passos: -o que é saúde? -como podemos definir? -quais são os fatores que interferem ou determinam que tenhamos saúde? -quais são os fatores que interferem ou determinam para que estejamos doentes?
  • 3.
  • 4. Durante séculos a humanidade buscou explicações mágicas e religiosas para tudo, explicações que eram dadas pelos mitos.
  • 5. Gregos e Ciências Médicas  Destino: “tudo que ia acontecer já estava determinado previamente”  600 aC surgiu na Grécia : a filosofia – uma nova forma de pensar e buscar explicações para os fenômenos naturais.  Fatalistas  “Conhece-te a ti mesmo”, famosa inscrição no Oráculo de Delfos, pretendia lembrar aos homens que eles não passavam de meros mortais e que nenhum homem podia fugir de seu destino.  responsabilizavam os deuses pelas doenças.  As doenças contagiosas eram freqüentemente vistas como castigo dos deuses.  Deuses podiam curar as pessoas, bastando para isso que lhe fosse feito o sacrifício apropriado.  Os primeiros filósofos foram os filósofos da natureza: tentaram dar explicações lógicas aos fenômenos naturais e transformações da natureza.
  • 6. -Para Hipócrates os meios mais eficazes de prevenir as doenças eram a moderação e um modo de vida saudável. -A Saúde seria o estado natural do homem. Quando a doença aparece, isso significa que a natureza “saiu dos trilhos”, devido a um desequilíbrio corporal ou anímico. -O caminho para a saúde do homem está na moderação, na harmonia, e “na mente sã em corpo são” Ciência médica grega foi fundada por Hipócrates, por volta de 460 aC, tentou organizar explicações lógicas para o processo saúde-doença.
  • 7.  A DOENÇA COMO RESULTADO DE MAGIA OU RELIGIÃO Vê a doença como feitiço. O homem é um receptáculo passivo de uma causa externa  O MODELO DA DETERMINAÇÃO SOCIAL raízes no movimento revolucionário francês no final do século XVIII e ganha corpo à partir de 1960 - social aparece como atributo do homem. Esse modelo coloca o trabalho como categoria central da determinação do processo saúde-doença e o fundamenta em sua dimensão coletiva, social e histórica Entender a saúde-doença como expressão concreta do processo histórico e social  O MODELO UNICAUSAL (século XVI) - toda doença tem uma única causa e cada causa determina uma única doença - A intervenção sobre ela deve ser feita com vacinas ou produtos químicos que agem sobre a causa.  O MODELO MULTICAUSAL (após II Gerra) A doença é desequilíbrio entre três tipos de fatores: o agente, o hospedeiro e o meio-ambiente. Consiste em identificar um componente mais frágil à intervenção, sem alterar todo o conjunto de fatores
  • 8. Apesar de trazer importantes contribuições ao raciocínio etiológico e à prática clínica junto ao paciente, é insuficiente para explicar os aspectos coletivos do processo saúde-doença;
  • 9.
  • 10.  Saúde e Trabalho: Condicionantes Básicos  o trabalho ocupa posição central  A tarefa fundamental da saúde é manter/elevar a força de trabalho e a produção (Francisco 1988)  as ações de saúde são voltadas à rápida reparação dos danos físicos e mentais para recolocar o homem em condições de trabalho.  A saúde é um meio propício à maior produtividade, ao enriquecimento do país “Ao produzir o mundo – através do trabalho – o homem produz a si próprio”.Marx Ao compreender a saúde e a doença como processos socialmente determinados devemos assumir que a história da doença de uma pessoa é inseparável de sua história de vida.
  • 11.  OMS 1997 – “Saúde é o completo bem-estar físico, mental e social e não a simples ausência da doença”  Conceituando Saúde  São Paulo, Código de Saúde – Políticas de Saúde “à saúde deve “ser concebido como afirmação da cidadania, como processo humanizador, de libertação e de construção da democracia, processo condicionado ao desenvolvimento social e bem-estar coletivo, sendo parte integrante e objetivo maior do desenvolvimento sustentável ”
  • 12. Saúde e doença são conceitos complementares, constituem uma dupla inseparável: quando a saúde aumenta a doença diminui e vice- versa.
  • 13. O binômio saúde-doença constitui diferentes graus Os fatores que interferem/definem a construção da saúde podem ser agrupados em:  meio biológico (o conjunto de seres vivos com os quais convivemos);  meio físico (todo o ambiente físico);  meio social (a sociedade, a forma de organização para a produção e apropriação de bens e serviços – quem produz, quem “leva”).
  • 14. O nível de saúde de cada pessoa ou de cada grupo social está diretamente ligado  A posição que esta pessoa ou grupo social tem no processo de produção  e apropriação dos bens e serviços na sociedade.
  • 15.
  • 16.  A compreensão do processo saúde-doença como histórica e socialmente determinado requer a desconstrução da definição de saúde proposta pela OMS como forma de ampliar a concepção de saúde de forma coerente.  Determinantes Sociais da Saúde (DSS – OMS, 2005).  Com esse objetivo, estaremos apresentado a seguir duas definições de saúde que pretendem oferecer uma alternativa àquela proposta pela OMS. São dois extratos de artigos
  • 17.  OMS 1997 – “Saúde é o completo bem-estar físico, mental e social e não a simples ausência da doença”  subjetividade implícita em “bem estar  ausência de um sujeito ativo na conquista da saúde  caráter aparentemente estático do conceito
  • 18.  “o contínuo agir do homem frente ao universo físico, mental e social em que vive, sem regatear um só esforço para modificar, transformar e recriar aquilo que deve ser mudado.” - Ferrara 1976, apud Francisco, 1988 • coloca o homem agindo ativamente na construção de seu bem estar • o agir, fazer humano, de forma intencional, direcionado a um objetivo definido A Construção de Um Novo Conceito de Saúde Ferrara
  • 19. “na própria organização corporal dos indivíduos está contida a necessidade de entrar em uma relação ativa com o mundo exterior; ...para existir os seres humanos devem atuar... ...ao influir sobre o mundo exterior o modificam, com isso se modificam também a si mesmos. Por isso o que os homens são está determinado por sua atividade.” -> ressalta a natureza ativa do homem A Construção de Um Novo Conceito de Saúde Leontiev
  • 20. O estado de bem estar (físico, social e psíquico) não é um estado estável e o fato de ser atingido num dado momento não significa que possa ser mantido. A Construção de Um Novo Conceito de Saúde Dejous (1986)
  • 21.  a saúde não vem do exterior, deve ser conquistada ativamente;  saúde se ganha, se enfrenta, se depende. O papel de cada indivíduo é fundamental na construção de sua saúde;  saúde não é um estado de estabilidade, muda o tempo todo;  saúde é um compromisso com a realidade, ou uma sucessão de compromissos com a realidade. Envolve, portanto, mudanças, conquistas e reconquistas, perdas e ganhos.
  • 22. (1) Variabilidade -Estamos em constante movimento -vontade de dormir/repousar, vontade de agir/atuar -comer quando tiver fome, dormir quando tiver sono... (2) Psicossomática -Estuda as relações entre o que se passam na cabeça e o funcionamento do corpo. -Toda atividade provoca algum tipo de angústia -Saúde Mental (3) Psicopatologia do Trabalho O trabalho é elemento fundamental para a saúde Quando as pessoas não trabalham, elas adoecem também A Construção de Um Novo Conceito de Saúde Dejous (1986)
  • 23. A vida é uma sucessão de etapas e compromissos entre a história passada e o ambiente. Um conjunto de ações que buscam transformar o ambiente em nosso favor, eliminar angústias, alcançar objetivos. Os homens procuram transformar-se ao longo da vida (saúde).
  • 24. “Saúde, para cada homem, mulher ou criança, é ter meios de traçar um caminho pessoal e original em direção ao bem estar físico, mental e social.” Dejous a realidade do ambiente material (física química, biológica) a realidade afetiva, relacional e familiar (psicológica) a realidade social (organização do trabalho)
  • 25. As duas definições de saúde apresentadas trazem elementos fundamentais do ponto de vista da terapia ocupacional:  a saúde é algo dinâmico, social e historicamente construída  depende do homem colocar-se ativamente na transformação daquilo que pode interferir no seu bem estar e qualidade de vida.
  • 26. • preocupam com o acesso e inserção de pessoas e populações às ocupações necessárias a reprodução da vida material e simbólica no contexto da vida cotidiana. • para o terapeuta ocupacional é constante o tema referente: • ao acesso ao trabalho • Renda • Escola • Habitação • Lazer • Cultura • redes sociais de apoio O acesso universal de pessoas aos bens, patrimônios e serviços disponíveis a coletividade e que são necessários à qualidade de vida e dignidade humana, uma noção complementar chamada de justiça ocupacional. (TOWNSEND, MARVAL, 2013).
  • 27.  PANÚNCIO-PINTO, Maria Paula. Introdução e história da Terapia Ocupacional: apostila básica. Uberaba: UNIUBE, 2002, 84 páginas (pp 14 – 24)  PANÚNCIO-PINTO, Maria Paula et al. Relatório Final. Seminário Regional DCNS para o Ensino de Terapia Ocupacional. Ribeirão Preto, FMRP, 2017  PANÚNCIO-PINTO, Maria Paula et al. Novos cenários de ensino. Simpósio: Tópicos avançados para a formação e o desenvolvimento docente para professores dos cursos da área da saúde. Medicina (Ribeirão Preto). v. 48, n. 3, p. 257-264. 2015

Notas do Editor

  1. Busca-se a superação da compreensão do processo saúde-doença centrado no individual, no biológico e no hospital, em favor de uma concepção que considera que a forma como uma sociedade se organiza é fundamental para as condições de saúde de pessoas e populações. Os determinantes sociais da saúde são definidos como os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população.
  2. Tal definição
  3. Tal definição