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Arlindo Ugulino Netto – BIOQUÍMICA II – MEDICINA P2 – 2008.1


FAMENE
NETTO, Arlindo Ugulino.
BIOQUÍMICA

                                         METABOLISMO DO GLICOGÊNIO
                                              (Profª. Auxiliadora)

         Após 2h de ter sido ingerida, a glicose chega a 140mg/dl de sangue, sendo então absorvida pelas células para
só então ser armazenada, após a secreção de insulina.
         Para esse armazenamento, a glicose deve ser fosforilada pela enzima hexocinase, aprisionando-se dentro das
células. No formato de glicose-6-fosfato ela pode então dar início a 3 vias distintas: a glicogênese (armazenamento em
forma de glicogênio), a via glicolítica (uso de glicose para fornecimento de energia para todo o corpo) ou a via das
pentose fosfato.




OBS1: Quando há excesso de glicose no corpo, esse açúcar, por meio de enzimas e outros substratos, é convertido em
ácidos graxos, dando origem a gordura corporal.

GLICOGÊNESE
         É a formação de glicogênio a partir do
armazenamento de glicose pelo corpo.
         O glicogênio é uma molécula de
polissacarídeo com ligações α-(1;4), possuindo
inúmeras ramificações de ligação α-(1;6). Desse
polissacarídeo, apenas uma extremidade é
redutora e o restante, extremidades não
redutoras.
         É a partir dessas extremidades não
redutoras das ramificações que, dependendo da
necessidade do organismo, são liberadas as
moléculas de glicose simultaneamente.
         O glicogênio ao ser sintetizado é
armazenado no fígado ou músculos, sendo
utilizado como fonte de energia, entre uma
refeição e outra, quando os níveis glicêmicos
caem.




                                                                         Esse glicogênio pode ser formado a partir da
                                                                adição de glicose a uma cadeia de glicogênio pré-
                                                                existente ou através de uma proteína iniciadora
                                                                chamada glicogenina, necessária para a síntese de
                                                                glicogênio quando não há mais reserva deste.
                                                                         A glicogenina se autocatalisa, fazendo com
                                                                que resíduos de glicose se liguem à tirosina-194 de
                                                                sua cadeia, para que com auxílio da glicogênio-
                                                                sintetase haja a formação de uma nova cadeia de
                                                                glicogênio para armazenamento. A glicogênese a
                                                                partir de glicogenina ocorre com maior freqüência nos
                                                                músculos.


                                                                                                                           1
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OBS2: Para que ocorra a formação de glicogênio, a insulina deve estar sendo sintetizada e reconhecida pelas células de
maneira adequada.
   3
OBS : O tecido muscular armazena mais glicogênio que o fígado por ter maior massa.

ATIVAÇÃO DA GLICOSE E SUA ADIÇÃO À MOLÉCULA DE GLICOGÊNIO
        Para que a glicose seja incorporada ao glicogênio, ela deve estar na sua forma ativada, estando ligada a um
nucleotídeo de uracila, constituindo a uridina difosfato glicose (UDP-Glicose).




        Formação da UDP-glicose:
        Glicose + ATP → Glicose-6-fosfato + ADP
                   hexocinase

        Glicose-6-fosfato ↔ Glicose-1-fosfato
                   fosfoglicomutase

        Glicose-1-fosfato + UTP ↔ UDP-Glicose + PPi
                   UDP-glicose pirofosforilase



GLICOGENINA COMO ACEPTOR DE RESÍDUOS DE GLICOSE
     A glicogênio-sintase não pode iniciar a síntese das cadeias utilizando a glicose livre
como aceptor de uma molécula de glicose da UDP-glicose. A glicogenina funciona como
primer (iniciador), pois a enzima glicogênio sintase só pode adicionar glicosilas se a
cadeia contiver mais de quatro oses.
     O C-1 da primeira unidade dessa cadeia é ligado de modo covalente à hidroxila
fenólica de uma tirosina (194) específica da glicogênina.
     A glicogenina autocatalisa a adição de oito unidades de glicose provenientes da UDP-
glicose. Essa cadeia serve como aceptor dos resíduos de glicose.

FORMAÇÃO DE RAMIFICAÇÕES
    O glicogênio é um polímero ramificado. As ramificações são importantes porque
aumentam a solubilidade do glicogênio e a velocidade de síntese e de degradação da
molécula.
    As ramificações são formadas em um intervalo de oito a doze resíduos de glicosil. As
ramificações aumentam o número das extremidades não redutoras nas quais novos
resíduos de glicose podem ser adicionados ou removidos.
    A ramificação é catalisada pela enzima ramificadora. As ligações α-(1,6), encontradas
no ponto de ramificação são formadas pela enzima ramificadora do glicogênio: Amilo
(1,4)→(1,6) transglicosilase.


                              OBS4: Enquanto a glicogênio sintase adiciona cerca de 11 resíduos de glicose na formação
                              da cadeia de glicogênio, a enzima ramificadora transfere certos segmentos de glicose para a
                              ligação       α-(1;6),
                              tornando a cadeia de
                              glicogênio       mais
                              ramificada,      para
                              então haver uma
                              maior demanda de
                              glicose.




                                                                                                                              2
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GLICOGENÓLISE
        É a quebra de glicogênio pelo fígado (para os demais tecidos do corpo) ou pelo tecido muscular (para uso
próprio exclusivo) para a liberação de glicose e utilização desta para obter energia. Quando os níveis sanguíneos de
glicose diminuem, o glucagon é o hormônio liberado.
    5
OBS : O glicogênio armazenado pelo fígado pode ser utilizado como forma de energia para os diversos tecidos do corpo
devido a este órgão possuir a enzima glicose-6-fosfatase, que retira a glicose-6-fosfato da célula, podendo ser utilizada,
então, como fonte de energia. Diferentemente dos músculos, que não possuem essa enzima. A única maneira que o
músculo pode servir como tecido de reserva energética é por meio da via glicolítica anaeróbica, dando origem ao
lactato, que entra na gliconeogênese no próprio fígado.




        Para que haja a glicogenólise, o hormônio glucagon deve ser secretado na corrente sanguínea. Esse hormônio,
ao ser captado por seus respectivos receptores nas células, ele ativa a proteína G estimulante, que por sua vez ativa a
enzima adenilato (adenilil) ciclase no interior da membrana. Essa enzima transforma ATP em AMPCíclico, que por sua vez
ativa a proteína quinase dependente de AMPC (PKA, que só é ativada quando a concentração de AMPC está alta).
Essa PKA em atividade inibe a glicogênese, por ativar a fosforilação de algumas enzimas:
        A PKA fosforila (inativa) a glicogênio sintetase, a enzima produtora de glicogênio (glicogênese).
        A PKA fosforila (ativa) a fosforilase-quinase, enzima que tem como função fosforilar (ativar) a enzima glicogênio
        fosforilase, que promove, de fato, a glicogenólise.
        A PKA fosforila também a proteína inibidor-1 (ativa), a qual inibe a atividade da enzima fosfatase-protéica, que
        faria a desfosforilação da fosforilase quinase e, consequentemente, da fosforilase (enzima supra citada,
        responsável pela glicogenólise). Isso diminui a desfosforilação das enzimas responsáveis pela degradação do
        glicogênio.




        Então, com o aumento da PKA e a ativação da fosforilase, é possível que ocorra a glicogenólise:




                                                                                                                             3
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1. O glicogênio é uma molécula ramificada. A fosforilase libera os resíduos de glicose que
estão nas extremidades não redutoras simultaneamente, para que haja uma grande
demanda de glicose, justamente na ligação α-(1;4). Note que o glicogênio possui apenas
uma extremidade redutora (figura ao lado).




2. A fosforilase libera a glicose na forma de glicose-1-fosfato, sendo transformada em glicose-6-fosfato (não é
permeável à membrana plasmática) através da enzima fosfoglicomutase.
3. A glicose-6-fosfatase (do fígado) converte a glicose-6-P em glicose (permeável à membrana), que será transferida ao
sangue para ser usada pelos demais tecidos do corpo como fonte de energia.

OBS6: Acontece que o glicogênio é uma molécula ramificada, e a fosforilase
só atua até o 3º resíduo de glicose de uma ramificação. Como isso, entra
em ação a enzima α1-4-glicano transferase, que transfere esse trio de
glicoses para outra extremidade da molécula de glicogênio para, só então,
serem hidrolisadas novamente pela fosforilase. A glicose restante da
ramificação é hidrolisada pela enzima α1-6-glicosidase.
OBS7: A fosforilase muscular difere da fosforilase hepática pois aquela
pode ser ativada independentemente de AMPC, ativando-se pela liberação
      2+
de Ca no citoplasma das fibras musculares no momento da contração.

        A glicogenólise continua acontecendo até que o indivíduo se
alimente e restitua seus níveis normais de glicose no sangue.

IMPORTÂNCIA DA SÍNTESE E DA DEGRADAÇÃO DO GLICOGÊNIO
      A glicogênese e glicogenólise regulam o nível de glicose no sangue
      e fornecem uma reserva de glicose para a atividade muscular.
      Ambas ocorrem por vias diferentes de reações, com diferentes
      enzimas.
      A regulação da síntese e do metabolismo do glicogênio é efetuada
      por efetores alostéricos e por fosforilação.
          o Quando a insulina está elevada, aumenta-se a glicogênese,
              como forma de armazenamento de glicose para futuras
              necessidades.
          o Quando o glucagon está elevado, aumenta-se a
              glicogenólise, devido o aumento da concentração do AMPC
              (que é o efetor alostérico).

                                                      8
                                                 OBS : Efetor alostérico é uma enzima que possui um sítio ativo, um
                                                 sítio de ligação do substrato e um sítio alostérico (difere dos outros
                                                 sítios de ligação). Funciona estimulando (efetor alostérico +) ou
                                                 inativando (efetor alostérico -) outras enzimas. Ex: O AMPc é um
                                                 efetor alostérico positivo da fosforilase e efetor alostérico negativo para
                                                 a glicogênio sintase.




                                                                                                                             4
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DEGRADAÇÃO DO GLICOGÊNIO NO FÍGADO PELA EPINEFRINA
        A epinefrina é um hormônio hiperglicemianete (como o glucagon) para
situações de perigo ou fuga, em que o SNC necessita urgentemente de glicose
como fonte de energia.
        Ela se liga a receptores α ou β-adrenérgicos:
        Quando ela se liga a receptores β-adrenérgicos, realiza a mesma ação do
        glucagon: ativando a adenilil ciclase, aumentando as concentrações de
        AMPC, estimulando os processos de glicogenólise.
        Quando ela se liga a receptores α-adrenérgicos, ela estimula a fosfolipase
        C, enzima que forma inositol-1,4,5-trifosfato (IP3) e diacilglicerol a partir de
                                                                 2+
        fosfatidil-inositol-4,5-difosfato (PIP2). O IP3 libera Ca no citoplasma de
        células musculares, estimulando a glicogenólise. O diacilglicerol inibe a
        ação da glicogênese.

CONTROLE NEURAL DA DEGRADAÇÃO DE GLICOGÊNIO NO MÚSCULO
ESQUELÉTICO
          A fosforilase muscular, como foi dito previamente, é diferente da fosforilase
hepática. Ela possui 4 subunidades: α e β (onde ocorrerá a fosforilação), γ (gama,
sítio ativo) e δ (delta, a calmodulina, que será estimulado pelo cálcio).
          Durante o impulso nervoso, há despolarização da membrana plasmática e
liberação de cálcio pelo retículo endoplasmático liso. Quando ocorre a liberação de
cálcio na fibra muscular, ativa-se o sítio ativo da fosforilase muscular, iniciando a
glicogenólise.

                                         OBS8: Quando o glucagon não está em ação, a insulina, para manter a
                                         homeostase, estimula a síntese de glicogênio no músculo e no fígado. A insulina
                                         estimula a síntese de glicogênio no músculo e no fígado. Esse hormônio, ao se
                                         ligar com seus receptores, ativa a enzima fosfodiesterase que converte AMPC em
                                         AMP, diminuindo os níveis de AMPC, causando a inativação da PKA e da
                                         fosfatase quinase e a fosforilase, inibindo a glicogenólise. Isso ocorre logo após a
                                         alimentação, em que os níveis de glicose se elevam e a insulina é liberada para
                                         que ocorra a glicogênese por ação da glicogênio sintetase.




                              Músculo                                            Fígado

                                                                                                                                5
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GLICOGENOSES
        São defeitos enzimáticos da glicogenólise, causando o acúmulo gradativo de glicogênio, resultando em certas
patologias classificadas como glicogenoses.

       Glicogenose Tipo I (Doença de Von Gierke)
             É a glicogenose mais frequente.
             Doença hepática caracterizada pela deficiência da atividade da enzima glicose-6-fosfatase (enzima que
             quebra a glicose-6-fosfato do fígado para que ela seja utilizada pelos variados tecidos do corpo),
             resultando no acúmulo de glicose-6-fosfato.
              Esse defeito resulta em um quadro de hipoglicemia caso o indivíduo não se alimente regularmente.
           OBS: A glicogenólise ocorre normalmente (a quebra do glicogênio pela enzima fosforilase), o que não ocorre
           é a liberação dessa glicose para a demandar energética do corpo.
             A glicose-6-fosfato ativa a síntese do glicogênio, utilizada na via das pentosefosfato e na via glicolítica,
             ativando mais ainda essas vias metabólicas devido ao seu acúmulo. Desse modo, seu excesso gera
             NADPH e ribose (purinas), que tem como subproduto de sua degradação ácido úrico, podendo gerar
             gota (artrite úrica).
             A deficiência da glicose-6-fosfatase impede a formação da glicose a partir do glicogênio (glicogenólise), do
             lactato e de aminoácidos.
             A glicose-6-fosfato é degradada pela via glicolítica: o piruvato e o lactato sanguíneo apresentam-se
             elevados.
             A hipoglicemia estimula a lipólise (elevação dos ácidos graxos, dos triglicerídeos e do colesterol,
             desenvolvendo um fígado gorduroso e uma acidose metabólica) por não dispor da energia limpa da
             glicose.
             Síntese protéica reduzida.
             Sintomas clínicos: Hipoglicemia, hepatoesplenomegalia com aumento acentuado do volume abdominal.
              Tratamento: Anastomose da veia porta, desviando a circulação porta e fazendo o sangue circular
             diretamente do intestino para circulação sistêmica, para que a glicose seja utilizada.

       Glicogenose Tipo II (Doença de Pompe)
             Deficiência da enzima lisossomal (α-1,4-glicosidase), que degrada o glicogênio presente nos lisossomos,
            resultando no acúmulo de glicogênio nessas organelas das células de todo o organismo, impedindo os
            lisossomos de realizarem suas funções.
             Doença grave, fatal.
             Geralmente, não ultrapassa os dois anos de vida (falência múltipla dos órgãos em especial insuficiência
            cardíaca).

       Glicogenose Tipo III (Doença de Cori)
            Deficiência da enzima desramificadora (α-glicanotransferase e amilo-1,6-glicosidase).
            Acúmulo do glicogênio não degradado (pontos de ramificação α(1-6)).
            Hipoglicemia leve, pois ocorre a degradação do glicogênio (a fosforilase atua nas extremidades não-
            redutoras das ramificações, até o ponto de ramificação) até certa parte.
            Evolução benigna.

       Glicogenose Tipo IV (Doença de Anderson)
              Deficiência da enzima ramificadora (transferases) Amilo (1,4)→(1,6) transglicosilase. Como o glicogênio
              deve ser uma molécula muito ramificada, com o defeito dessa enzima, a molécula torna-se então linear,
              com pouca capacidade de fornecer glicose, por só possuir uma extremidade não redutora.
              Glicogênio formado é do tipo linear, apresentando ligações apenas α (1-4).
              Estrutura semelhante à amilopectina vegetal (amilopectinose).
              Hipoglicemia e hepatomegalia
              Doença hepática grave que envolve a destruição dos hepatócitos.
              Doença grave (crianças óbito nos primeiros anos de vida), pois o glicogênio é reconhecida como uma
              substância estranha.

       Glicogenose Tipo V (Doença de McArdle)
              Deficiência da enzima fosforilase muscular.
              Metabolismo do glicogênio hepático normal.
              Acúmulo do glicogênio muscular.
              Deficiência da produção de lactato.
              Aumento da gliconeogênese protéica.
              Diagnóstico: Paciente submetido a exercícios musculares extenuantes.


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Arlindo Ugulino Netto – BIOQUÍMICA II – MEDICINA P2 – 2008.1




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Bioquímica ii 01 metabolismo do glicogênio

  • 1. Arlindo Ugulino Netto – BIOQUÍMICA II – MEDICINA P2 – 2008.1 FAMENE NETTO, Arlindo Ugulino. BIOQUÍMICA METABOLISMO DO GLICOGÊNIO (Profª. Auxiliadora) Após 2h de ter sido ingerida, a glicose chega a 140mg/dl de sangue, sendo então absorvida pelas células para só então ser armazenada, após a secreção de insulina. Para esse armazenamento, a glicose deve ser fosforilada pela enzima hexocinase, aprisionando-se dentro das células. No formato de glicose-6-fosfato ela pode então dar início a 3 vias distintas: a glicogênese (armazenamento em forma de glicogênio), a via glicolítica (uso de glicose para fornecimento de energia para todo o corpo) ou a via das pentose fosfato. OBS1: Quando há excesso de glicose no corpo, esse açúcar, por meio de enzimas e outros substratos, é convertido em ácidos graxos, dando origem a gordura corporal. GLICOGÊNESE É a formação de glicogênio a partir do armazenamento de glicose pelo corpo. O glicogênio é uma molécula de polissacarídeo com ligações α-(1;4), possuindo inúmeras ramificações de ligação α-(1;6). Desse polissacarídeo, apenas uma extremidade é redutora e o restante, extremidades não redutoras. É a partir dessas extremidades não redutoras das ramificações que, dependendo da necessidade do organismo, são liberadas as moléculas de glicose simultaneamente. O glicogênio ao ser sintetizado é armazenado no fígado ou músculos, sendo utilizado como fonte de energia, entre uma refeição e outra, quando os níveis glicêmicos caem. Esse glicogênio pode ser formado a partir da adição de glicose a uma cadeia de glicogênio pré- existente ou através de uma proteína iniciadora chamada glicogenina, necessária para a síntese de glicogênio quando não há mais reserva deste. A glicogenina se autocatalisa, fazendo com que resíduos de glicose se liguem à tirosina-194 de sua cadeia, para que com auxílio da glicogênio- sintetase haja a formação de uma nova cadeia de glicogênio para armazenamento. A glicogênese a partir de glicogenina ocorre com maior freqüência nos músculos. 1
  • 2. Arlindo Ugulino Netto – BIOQUÍMICA II – MEDICINA P2 – 2008.1 OBS2: Para que ocorra a formação de glicogênio, a insulina deve estar sendo sintetizada e reconhecida pelas células de maneira adequada. 3 OBS : O tecido muscular armazena mais glicogênio que o fígado por ter maior massa. ATIVAÇÃO DA GLICOSE E SUA ADIÇÃO À MOLÉCULA DE GLICOGÊNIO Para que a glicose seja incorporada ao glicogênio, ela deve estar na sua forma ativada, estando ligada a um nucleotídeo de uracila, constituindo a uridina difosfato glicose (UDP-Glicose). Formação da UDP-glicose: Glicose + ATP → Glicose-6-fosfato + ADP hexocinase Glicose-6-fosfato ↔ Glicose-1-fosfato fosfoglicomutase Glicose-1-fosfato + UTP ↔ UDP-Glicose + PPi UDP-glicose pirofosforilase GLICOGENINA COMO ACEPTOR DE RESÍDUOS DE GLICOSE A glicogênio-sintase não pode iniciar a síntese das cadeias utilizando a glicose livre como aceptor de uma molécula de glicose da UDP-glicose. A glicogenina funciona como primer (iniciador), pois a enzima glicogênio sintase só pode adicionar glicosilas se a cadeia contiver mais de quatro oses. O C-1 da primeira unidade dessa cadeia é ligado de modo covalente à hidroxila fenólica de uma tirosina (194) específica da glicogênina. A glicogenina autocatalisa a adição de oito unidades de glicose provenientes da UDP- glicose. Essa cadeia serve como aceptor dos resíduos de glicose. FORMAÇÃO DE RAMIFICAÇÕES O glicogênio é um polímero ramificado. As ramificações são importantes porque aumentam a solubilidade do glicogênio e a velocidade de síntese e de degradação da molécula. As ramificações são formadas em um intervalo de oito a doze resíduos de glicosil. As ramificações aumentam o número das extremidades não redutoras nas quais novos resíduos de glicose podem ser adicionados ou removidos. A ramificação é catalisada pela enzima ramificadora. As ligações α-(1,6), encontradas no ponto de ramificação são formadas pela enzima ramificadora do glicogênio: Amilo (1,4)→(1,6) transglicosilase. OBS4: Enquanto a glicogênio sintase adiciona cerca de 11 resíduos de glicose na formação da cadeia de glicogênio, a enzima ramificadora transfere certos segmentos de glicose para a ligação α-(1;6), tornando a cadeia de glicogênio mais ramificada, para então haver uma maior demanda de glicose. 2
  • 3. Arlindo Ugulino Netto – BIOQUÍMICA II – MEDICINA P2 – 2008.1 GLICOGENÓLISE É a quebra de glicogênio pelo fígado (para os demais tecidos do corpo) ou pelo tecido muscular (para uso próprio exclusivo) para a liberação de glicose e utilização desta para obter energia. Quando os níveis sanguíneos de glicose diminuem, o glucagon é o hormônio liberado. 5 OBS : O glicogênio armazenado pelo fígado pode ser utilizado como forma de energia para os diversos tecidos do corpo devido a este órgão possuir a enzima glicose-6-fosfatase, que retira a glicose-6-fosfato da célula, podendo ser utilizada, então, como fonte de energia. Diferentemente dos músculos, que não possuem essa enzima. A única maneira que o músculo pode servir como tecido de reserva energética é por meio da via glicolítica anaeróbica, dando origem ao lactato, que entra na gliconeogênese no próprio fígado. Para que haja a glicogenólise, o hormônio glucagon deve ser secretado na corrente sanguínea. Esse hormônio, ao ser captado por seus respectivos receptores nas células, ele ativa a proteína G estimulante, que por sua vez ativa a enzima adenilato (adenilil) ciclase no interior da membrana. Essa enzima transforma ATP em AMPCíclico, que por sua vez ativa a proteína quinase dependente de AMPC (PKA, que só é ativada quando a concentração de AMPC está alta). Essa PKA em atividade inibe a glicogênese, por ativar a fosforilação de algumas enzimas: A PKA fosforila (inativa) a glicogênio sintetase, a enzima produtora de glicogênio (glicogênese). A PKA fosforila (ativa) a fosforilase-quinase, enzima que tem como função fosforilar (ativar) a enzima glicogênio fosforilase, que promove, de fato, a glicogenólise. A PKA fosforila também a proteína inibidor-1 (ativa), a qual inibe a atividade da enzima fosfatase-protéica, que faria a desfosforilação da fosforilase quinase e, consequentemente, da fosforilase (enzima supra citada, responsável pela glicogenólise). Isso diminui a desfosforilação das enzimas responsáveis pela degradação do glicogênio. Então, com o aumento da PKA e a ativação da fosforilase, é possível que ocorra a glicogenólise: 3
  • 4. Arlindo Ugulino Netto – BIOQUÍMICA II – MEDICINA P2 – 2008.1 1. O glicogênio é uma molécula ramificada. A fosforilase libera os resíduos de glicose que estão nas extremidades não redutoras simultaneamente, para que haja uma grande demanda de glicose, justamente na ligação α-(1;4). Note que o glicogênio possui apenas uma extremidade redutora (figura ao lado). 2. A fosforilase libera a glicose na forma de glicose-1-fosfato, sendo transformada em glicose-6-fosfato (não é permeável à membrana plasmática) através da enzima fosfoglicomutase. 3. A glicose-6-fosfatase (do fígado) converte a glicose-6-P em glicose (permeável à membrana), que será transferida ao sangue para ser usada pelos demais tecidos do corpo como fonte de energia. OBS6: Acontece que o glicogênio é uma molécula ramificada, e a fosforilase só atua até o 3º resíduo de glicose de uma ramificação. Como isso, entra em ação a enzima α1-4-glicano transferase, que transfere esse trio de glicoses para outra extremidade da molécula de glicogênio para, só então, serem hidrolisadas novamente pela fosforilase. A glicose restante da ramificação é hidrolisada pela enzima α1-6-glicosidase. OBS7: A fosforilase muscular difere da fosforilase hepática pois aquela pode ser ativada independentemente de AMPC, ativando-se pela liberação 2+ de Ca no citoplasma das fibras musculares no momento da contração. A glicogenólise continua acontecendo até que o indivíduo se alimente e restitua seus níveis normais de glicose no sangue. IMPORTÂNCIA DA SÍNTESE E DA DEGRADAÇÃO DO GLICOGÊNIO A glicogênese e glicogenólise regulam o nível de glicose no sangue e fornecem uma reserva de glicose para a atividade muscular. Ambas ocorrem por vias diferentes de reações, com diferentes enzimas. A regulação da síntese e do metabolismo do glicogênio é efetuada por efetores alostéricos e por fosforilação. o Quando a insulina está elevada, aumenta-se a glicogênese, como forma de armazenamento de glicose para futuras necessidades. o Quando o glucagon está elevado, aumenta-se a glicogenólise, devido o aumento da concentração do AMPC (que é o efetor alostérico). 8 OBS : Efetor alostérico é uma enzima que possui um sítio ativo, um sítio de ligação do substrato e um sítio alostérico (difere dos outros sítios de ligação). Funciona estimulando (efetor alostérico +) ou inativando (efetor alostérico -) outras enzimas. Ex: O AMPc é um efetor alostérico positivo da fosforilase e efetor alostérico negativo para a glicogênio sintase. 4
  • 5. Arlindo Ugulino Netto – BIOQUÍMICA II – MEDICINA P2 – 2008.1 DEGRADAÇÃO DO GLICOGÊNIO NO FÍGADO PELA EPINEFRINA A epinefrina é um hormônio hiperglicemianete (como o glucagon) para situações de perigo ou fuga, em que o SNC necessita urgentemente de glicose como fonte de energia. Ela se liga a receptores α ou β-adrenérgicos: Quando ela se liga a receptores β-adrenérgicos, realiza a mesma ação do glucagon: ativando a adenilil ciclase, aumentando as concentrações de AMPC, estimulando os processos de glicogenólise. Quando ela se liga a receptores α-adrenérgicos, ela estimula a fosfolipase C, enzima que forma inositol-1,4,5-trifosfato (IP3) e diacilglicerol a partir de 2+ fosfatidil-inositol-4,5-difosfato (PIP2). O IP3 libera Ca no citoplasma de células musculares, estimulando a glicogenólise. O diacilglicerol inibe a ação da glicogênese. CONTROLE NEURAL DA DEGRADAÇÃO DE GLICOGÊNIO NO MÚSCULO ESQUELÉTICO A fosforilase muscular, como foi dito previamente, é diferente da fosforilase hepática. Ela possui 4 subunidades: α e β (onde ocorrerá a fosforilação), γ (gama, sítio ativo) e δ (delta, a calmodulina, que será estimulado pelo cálcio). Durante o impulso nervoso, há despolarização da membrana plasmática e liberação de cálcio pelo retículo endoplasmático liso. Quando ocorre a liberação de cálcio na fibra muscular, ativa-se o sítio ativo da fosforilase muscular, iniciando a glicogenólise. OBS8: Quando o glucagon não está em ação, a insulina, para manter a homeostase, estimula a síntese de glicogênio no músculo e no fígado. A insulina estimula a síntese de glicogênio no músculo e no fígado. Esse hormônio, ao se ligar com seus receptores, ativa a enzima fosfodiesterase que converte AMPC em AMP, diminuindo os níveis de AMPC, causando a inativação da PKA e da fosfatase quinase e a fosforilase, inibindo a glicogenólise. Isso ocorre logo após a alimentação, em que os níveis de glicose se elevam e a insulina é liberada para que ocorra a glicogênese por ação da glicogênio sintetase. Músculo Fígado 5
  • 6. Arlindo Ugulino Netto – BIOQUÍMICA II – MEDICINA P2 – 2008.1 GLICOGENOSES São defeitos enzimáticos da glicogenólise, causando o acúmulo gradativo de glicogênio, resultando em certas patologias classificadas como glicogenoses. Glicogenose Tipo I (Doença de Von Gierke) É a glicogenose mais frequente. Doença hepática caracterizada pela deficiência da atividade da enzima glicose-6-fosfatase (enzima que quebra a glicose-6-fosfato do fígado para que ela seja utilizada pelos variados tecidos do corpo), resultando no acúmulo de glicose-6-fosfato. Esse defeito resulta em um quadro de hipoglicemia caso o indivíduo não se alimente regularmente. OBS: A glicogenólise ocorre normalmente (a quebra do glicogênio pela enzima fosforilase), o que não ocorre é a liberação dessa glicose para a demandar energética do corpo. A glicose-6-fosfato ativa a síntese do glicogênio, utilizada na via das pentosefosfato e na via glicolítica, ativando mais ainda essas vias metabólicas devido ao seu acúmulo. Desse modo, seu excesso gera NADPH e ribose (purinas), que tem como subproduto de sua degradação ácido úrico, podendo gerar gota (artrite úrica). A deficiência da glicose-6-fosfatase impede a formação da glicose a partir do glicogênio (glicogenólise), do lactato e de aminoácidos. A glicose-6-fosfato é degradada pela via glicolítica: o piruvato e o lactato sanguíneo apresentam-se elevados. A hipoglicemia estimula a lipólise (elevação dos ácidos graxos, dos triglicerídeos e do colesterol, desenvolvendo um fígado gorduroso e uma acidose metabólica) por não dispor da energia limpa da glicose. Síntese protéica reduzida. Sintomas clínicos: Hipoglicemia, hepatoesplenomegalia com aumento acentuado do volume abdominal. Tratamento: Anastomose da veia porta, desviando a circulação porta e fazendo o sangue circular diretamente do intestino para circulação sistêmica, para que a glicose seja utilizada. Glicogenose Tipo II (Doença de Pompe) Deficiência da enzima lisossomal (α-1,4-glicosidase), que degrada o glicogênio presente nos lisossomos, resultando no acúmulo de glicogênio nessas organelas das células de todo o organismo, impedindo os lisossomos de realizarem suas funções. Doença grave, fatal. Geralmente, não ultrapassa os dois anos de vida (falência múltipla dos órgãos em especial insuficiência cardíaca). Glicogenose Tipo III (Doença de Cori) Deficiência da enzima desramificadora (α-glicanotransferase e amilo-1,6-glicosidase). Acúmulo do glicogênio não degradado (pontos de ramificação α(1-6)). Hipoglicemia leve, pois ocorre a degradação do glicogênio (a fosforilase atua nas extremidades não- redutoras das ramificações, até o ponto de ramificação) até certa parte. Evolução benigna. Glicogenose Tipo IV (Doença de Anderson) Deficiência da enzima ramificadora (transferases) Amilo (1,4)→(1,6) transglicosilase. Como o glicogênio deve ser uma molécula muito ramificada, com o defeito dessa enzima, a molécula torna-se então linear, com pouca capacidade de fornecer glicose, por só possuir uma extremidade não redutora. Glicogênio formado é do tipo linear, apresentando ligações apenas α (1-4). Estrutura semelhante à amilopectina vegetal (amilopectinose). Hipoglicemia e hepatomegalia Doença hepática grave que envolve a destruição dos hepatócitos. Doença grave (crianças óbito nos primeiros anos de vida), pois o glicogênio é reconhecida como uma substância estranha. Glicogenose Tipo V (Doença de McArdle) Deficiência da enzima fosforilase muscular. Metabolismo do glicogênio hepático normal. Acúmulo do glicogênio muscular. Deficiência da produção de lactato. Aumento da gliconeogênese protéica. Diagnóstico: Paciente submetido a exercícios musculares extenuantes. 6
  • 7. Arlindo Ugulino Netto – BIOQUÍMICA II – MEDICINA P2 – 2008.1 7