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espiral
                                            boletim da associação                FRATERNITAS MOVIMENTO
                                                     Nº 13/4 - Outubro de 2003 / Março de 2004




CONTRADIÇÕES
     N      uma dada paróquia da arquidiocese de Vie-
na, o pároco, muito considerado e estimado pelos paro-
                                                                  Uniões de facto a Igreja não as aprova, pois, para
                                                            os católicos, a actividade sexual só é lícita no âmbito
quianos, foi afastado porque manifestou a intenção de       dum casamento canónico. Fora dele a situação é
casar. Quando o ordinário do lugar anunciou o propósi-      eclesialmente irregular, os intervenientes estão impedi-
to de enviar um padre casado da Igreja greco-católica       dos de receber os sacramentos, não são considerados
para o substituir, desencadeou-se uma autêntica tem-        membros da Igreja de pleno direito. São, deste modo,
pestade, não contra o padre greco-católico, mas por cau-    incentivados a regularizar a situação canónica.
sa do contra-senso que é mandar embora um padre por-              No entanto, não é raro acontecer que vários ca-
que se vai casar e substituí-lo por um padre casado! Os     sais, que se davam bem na união de facto ou em casa-
paroquianos preferiam manter o seu pároco actual com        mento civil, após casarem pela Igreja, logo se divorci-
mulher e filhos. A celeuma foi tal que o arcebispo de                                               (continua na pág. 2)
Viena decidiu comparecer no local para discutir o as-
sunto.
      Dum relatório dessa discussão consta que o car-
                                                                                  Sumário:
deal justificou a posição intransigente da Igreja relati-      Nota do responsável / XI Encontro Nacional         3
vamente aos padres católicos romanos casados dizendo           Formação e Evangelização                           4
que eles faltaram a uma promessa “livremente” assu-
                                                               A Apostasia                                        5
mida. E comparou essa atitude à daqueles que rompem
o compromisso matrimonial — são uns “falhados” —               Casamento, os prós e os contras                    6
pelo que já não podem ser postos à frente duma comuni-         O P. Filipe de Figueiredo – esboço biográfico    8/9
dade ou da juventude.                                          Que vivas, Padre Filipe!                         11
     J  ulgamos que estas duas situações não são com-          Rumo à Eternidade / Breves                       12
paráveis (a indissolubilidade do matrimónio é de direi-
to divino e a obrigatoriedade do celibato para os padres       Bodas de Ouro Sacerdotais                        13
é de direito eclesiástico). Mais comparáveis são, isso         O P. Filipe recordado na imprensa                14
sim, as uniões de facto, tanto nos leigos como nos pa-         Faleceu o P. Filipe, homem de Deus               16
dres.


               Faleceu o Senhor Padre Filipe, nosso assistente
2                                                                                                               espiral

(continuação da pág. 1)                                          Se, ao invés, ele tivesse cumprido as leis e tivesse
am. Porquê? Talvez porque, nas uniões de facto, as pes-     casado canonicamente, então já não podia presidir a uma
soas, tendo consciência da precariedade da ligação, per-    comunidade porque era um “falhado”. Que estranha
manecem juntas porque assim o desejam, ao passo que,        mensagem a destes factos!
no casamento, os cônjuges, porque “pertencem” um ao
outro, já não precisam de exercitar a conquista mútua e,         Como aceitaria a comunidade eclesial a presen-
às vezes, exercem esse direito de pertença para se “con-    ça de padres casados?
trolarem” um ao outro. Não aguentando esse controlo               Uma sondagem de 1997, feita numa região da
inusitado, o casamento soçobra.                             Áustria, na província da Estíria, pelo Instituto de Son-
     Q    ue padres celibatários cultivam ligações, oca-    dagens “Fessel + GfK”, deu o seguinte resultado: 80%
                                                            dos Estírios são a favor do casamento dos padres, 6%
sionais e/ou permanentes, com mulheres, toda a gente
admite. Para quem tenha uma formação como a do pa-          são contra, 13% dizem que lhes é indiferente e apenas
dre, tais ‘uniões de facto’ criam, forçosamente, proble-    1% não sabem/não respondem. [Fonte: Fessel + GfK,
mas de consciência e originam responsabilidades para        731 entrevistas pessoais na Estíria].
com a outra parte e os eventuais filhos. Efectivamente,           Doutra sondagem, esta do Instituto “Gallup”, feita
se o padre for coerente com os ensinamentos que ele         na Áustria em 1998, resultou que 82% dos que frequen-
próprio tem de transmitir aos fiéis a respeito destas ma-   tam a Igreja desejam padres casados. Entre as pessoas
térias, deve ele mesmo viver angustiado, ou, então,         com menos de 30 anos a percentagem é de 98%. [Fon-
nortear-se por uma qualquer epiqueia adequada, tam-         te: Jornal “Presse” de 30/31-01-1998].
bém frequentemente utilizada na gestão dos dinheiros             Também num estudo recentemente publicado,
da sua paróquia. Mas se a consciência do padre não for
                                                            “Priester 2000”, o professor de Teologia Pastoral da
capaz de pactuar com situações de mentira, ele só tem
                                                            Universidade Viena, Paul M. Zulehner, mostra que a
um caminho — pedir a dispensa do voto de castidade.
                                                            forma de vida celibatária do padre não encontra apoio
Então poderá casar canonicamente, ficará numa situa-
                                                            nos fiéis. [Fonte: Jornal da diocese de Linz, de 9 de
ção eclesialmente legal, que lhe restitui a paz de cons-
                                                            Agosto de 2001, p. 17].
ciência. Só que, fazendo-o, passa a ser um “falhado” e
já não pode ser posto à frente duma comunidade ou da             Se é certo que o problema da falta de padres não
juventude!                                                  se resolve só pela abolição do celibato, não se esconde
      Se ele tivesse enveredado pelo caminho das rela-      que ele é um dos principais óbices.
ções ocultas, bastar-lhe-ia confessar-se.                         “Cerca de 98% dos padres que resolveram casar
      Se tivesse ido mais além, até ao casamento civil, o   fizeram-no, não porque não quisessem continuar a ser
código do direito canónico (CDC) tê-lo-ia afastado do       padres, nem por falta de fé, como muitas vezes se quer
exercício do ministério. No entanto, deixando a mulher      fazer crer, mas porque viram nessa atitude um grito con-
e “arrumando” os filhos, poderia ser reintegrado e colo-    tra uma injustiça de séculos que as chefias da Igreja
cado à frente duma comunidade.                              impuseram aos padres, suas mulheres e filhos”.
     Não estou a falar de casos hipotéticos, mas de         (www.priester-ohne-amt.org)
                                                                  Na verdade, a lei do celibato criou um estilo de
situações vividas. A título de exemplo vou citar da
                                                            vida, aliás não necessário para o exercício do ministé-
Internet um caso ocorrido numa diocese de língua ale-
                                                            rio, no qual o mundo de hoje não acredita. Segundo o
mã.
                                                            estudo de Zulehner, para os padres o problema central
      Trata-se de um padre que, ao fim dalguns anos de
                                                            não é o celibato em si, mas a falta de apoio e de compre-
exercício do ministério, se enamorou duma paroquiana,
                                                            ensão da sociedade e das comunidades por esta forma
casou civilmente, teve filhos. Como o tempo faz arrefe-
                                                            de vida.
cer as paixões, ele divorciou-se e deixou os filhos. Tem-
                                                                  De acordo com o questionário, o que os padres
pos depois, a solidão falou mais alto e ele voltou a ca-
                                                            apreciam no celibato (números da diocese de Linz) é a
sar, havendo prole novamente. Já na casa dos sessenta
                                                            “liberdade para uma realização pessoal” (64%); por
este homem resolve deixar também esta mulher e re-
                                                            outro lado, 62% concordam com a afirmação de que o
querer o regresso ao exercício do ministério, o que lhe
                                                            celibato “torna os padres muito solitários”; e 44% ad-
foi concedido sem grandes dificuldades. Recebido festi-
vamente, foi colocado à frente duma comunidade.                                                    (conclui na pág. 3)
espiral                                                                                                            3
(conclusão da pág. 2)

                                                            Nota do Responsável:
mitem “sentir a falta duma companhia”.
      Os bispos, que justamente nas perguntas sobre o       Este é um número especial, um número duplo,
celibato tinham contado com os piores (não publicáveis)     correspondendo a dois trimestres (o último de
resultados, podem estar descansados. Está tudo bem:         2003 e o primeiro de 2004).
há “culpados” para os problemas — a sociedade e as          Tal prende-se directamente com o inesperado
comunidades paroquiais. São estas que têm de mudar, a       passamento do nosso querido Padre Filipe.
“Igreja”, não.                                              É que, estando quasi pronto o nº 13, fomos
      Mas há neste “estudo” alguns pormenores, que          surpreendidos com a infausta notícia que
                                                            (pessoalmente o confessamos), nos deixou
Zulehner não gosta de reportar nas comunicações: mais       aturdidos, paralizados até. Que fazer? Sair o
de metade (56%) dos padres admitiu que “teve de assu-       espiral, com uma breve nota, e destaque devido
mir” o celibato para poder ordenar-se, 24% dizem que        no número seguinte? Esperar algum tempo e,
“provavelmente” ou “de certeza” casariam, se pudes-         desenvolvendo minimamente, apresentar um
sem continuar no exercício do ministério. Do estudo         trabalho mais perfeito, interrompendo, embora a
também se pode concluir que 24% dos padres “mantêm          regularidade do boletim?
uma ligação”! À pergunta sobre a “intimidade” 35%           Foi esta segunda via a que escolhemos, e que é da
respondem assim: “junto duma pessoa de confiança” e         nossa inteira e única responsabilidade.
muitos definem a sua forma de vida desta maneira: “en-      Julgamos prestar, assim, uma justa homenagem ao
contrei um caminho próprio pelo qual posso responder”.      Homem de Deus que visionariamente, entre nós,
Perguntas herméticas têm mesmo respostas herméticas.        também se lançou na “recuperação” dos
                                                            qualificados mas ostracizados baptizados que,
          O
          s esforços do cardeal arcebispo de Viena para
                                                            tendo recebido da Igreja, Mãe e Mestra, o
colmatar a falta de padres na sua diocese também pela       Sacramento da Ordem, mas que, por razões
nomeação de padres greco-católicos casados, vão cer-        diversas, tendo constituído família, ou não, haviam
tamente ser contrariados. É que há uma ordem de Roma        optado pelo seu não exercício directo e efectivo, aí
a proibir a colocação de novos clérigos casados, e, quan-   estavam... na praça e sem contrato (Mt 20,3),
do caducarem as licenças dos cinco que actualmente          alheios uns dos outros, que não do mundo nem da
estão ao serviço, não deverão ser feitas novas nomea-       Igreja a quem amam.
ções. Assim, aquele projecto, invulgar e corajoso, de       Não teremos nem a última, nem a melhor palavra,
utilizar padres greco-católicos casados para as paróquias   pois esta, certamente, já lha deu o Senhor a Quem
católicas romanas órfãs, verá em breve o seu fim. (KI,      ele, como bom servidor (Lc 17,10), devotada e
11/2003, p. 39).                                            denodadamente serviu: “Entra no gozo do teu
                                                            senhor” (Mt 25,21).
                                    Aveiro, 13-12-2003                                        Alberto Osório
                                          João Simão

                          XI ENCONTRO NACIONAL
                                        23,24,25 de Abril de 2004
                                                 Local:
                                     Casa de Nossa Senhora das Dores
                                                 Fátima
                                                 Orientadores:
               - Dr. Marinho Antunes                                    - Dra. Manuela Silva
                         Tema:                                                    Tema:
    Motivação da frequência na Missa Dominical                       O papel da mulher na Igreja
    e Leitura sociológica da frequência da Missa
                     Dominical

                Importante: Inscrições até 10 de Abril de 2004
4                                                                                                                                                   espiral




 FORMAÇÃO
     Os homens e mulheres do “FRA-                         Cristo aos outros, deverá falar mui-             evangelização e os seus acentos
 TERNITAS MOVIMENTO” — homens                              to dos outros a Cristo. O segredo está           tónicos mais fundamentais).
 que se desligaram do sacerdócio                           na oração, na identificação com                     Os quatro encontros foram
 ministerial, mas que nunca se desli-                      Cristo. Esta é grande causa de tan-          sempre seguidos de trocas de opini-
 garam do sacerdócio baptismal, re-                        tas comunidades baptizadas                   ões sobre os assuntos tratados e al-
 únem-se, pelo menos uma vez por                           paganizadas. Nunca saíram do pa-             gumas leituras pessoais. O orienta-
 ano, para um Curso de Actualiza-                          ganismo porque nenhum                        dor foi citando diversos números da
 ção Teológica — este ano foi o V.                         evangelizador os ajudou a encontra-          GS e também alusão à Ad Gentes.
 Na realidade, estes homens e suas                         rem-se com Cristo.                                  No sábado, todos recebemos a
 esposas nunca esquecem que pelo                                  Conscientes destas e de outras        triste notícia do falecimento do nos-
 baptismo são sacerdotes, profetas e                       considerações, esse grupo do FRA-            so tão querido Amigo e “pai”, Có-
 reis. Deixaram de exercer numa                            TERNITAS, embora muitos outros qui-          nego Filipe. Achou-se por bem ir só
                                                                                         sessem         uma representação ao funeral.
E EVANGELIZAÇÃO                                                                          estar
                                                                                         presen-
                                                                                                               No domingo, tivemos a visita
                                                                                                        do Sr. D. Serafim, bispo de Leiria-
 igreja comercializadora, mas não na                       tes, não fossem o seus afazeres, es-         Fátima. Entrou na sala, cumprimen-
 Igreja de Cristo, no dizer de um bis-                     tiveram, participaram e actuaram             tou, falou da “partida” do Sr. Cóne-
 po. Este sacerdócio baptismal exer-                       neste Curso de Actualização Teoló-           go Filipe e disse: «Vim aqui a uma
 cem-no e querem continuar sempre,                         gica, que teve lugar em Fátima, na           reunião, soube que estais aqui e não
 mais e melhor. Daí, estes cursos de                       Casa de Nossa Senhora do Carmo,              poderia passar sem vir cumprimen-
 actualização. Têm consciência que                         de 28 de Novembro a 1 de Dezem-              tar as minhas “cunhadas”. Sei que
 ninguém pode dar o que não teme                           bro.                                         estais debruçados sobre a Gaudium
 que todo o baptizado em Cristo deve                              Foi seu orientador o Pe. Dr.          et spes; continuai com Cristo».
 evangelizar. Cristo continua o mes-                       José Nunes, OP, professor na Uni-                   No último dia, o grupo teve
 mo de ontem e de hoje; o Seu Evan-                        versidade Católica.                          uma reflexão sobre o curso. No ge-
 gelho é o mesmo; porém, os méto-                                 O orador, pegando no tema —           ral, gostaram bastante do orador,
 dos de evangelizar, a linguagem,                          que lhe foi pedido a seu tempo, pela         competente e dialogante. Quanto ao
 conceitos, têm de ser adaptados às                        Direcção do “FRATERNITAS” — “A               tema todos acharam que é altura
 mentalidades, às carências e exigên-                      IGREJA NO MUNDO DESTE                        para ler, reflectir e aplicar na medi-
 cias de hoje.                                             TEMPO” — uma reflexão sobre a                da do possível e das actividades. O
       Mas é ao evangelizador, que                         Gaudium et spes, tratou-o em qua-            simples facto de o documento (GS)
 conhece o Evangelho, que compete                          tro encontros:                               só ter sido aprovado, pelo Concílio,
 encontrar estratégias adequadas,                          1º encontro: A Igreja no mundo (os           na sua décima terceira versão, mos-
 para que Cristo seja conhecido, se-                           modelos anteriores ao Concílio           tra como é controverso para toda a
 guido e vivido. Não basta aprender                            Vaticano II e a opção deste);            Igreja. Mas foi aprovado.
 umas coisas e ficar a orientar uma                        2º encontro: A Igreja, a cultura e as               Todos agradeceram à Direcção
 paróquia. Esse tempo já lá vai. Es-                           culturas (GS 57-62 e AG);                o esforço e dedicação para que a
 ses métodos não produzem efeitos                          3º encontro: A Igreja, o homem e al-         nossa formação esteja sempre mais
 positivos. A Igreja de Cristo não é                           guns problemas mais urgentes             actualizada.
 de “folclore”, de pompas. Não esta-                           (antropologia, família, realidades
 mos na Idade Média. O                                         económicas, política, paz);                                         Abílio
 evangelizador de hoje tem de saber                        4º encontro: A Igreja no Mundo des-                      e Maria Odete Antunes
 orar sem cessar. Antes de falar de                            te tempo: HOJE (o imperioso da

     página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento   ! fraternitas@iol.pt   página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento   ! fraterni
espiral                                                                                                                                                       5



                                                                     A A P O S TA S I A
                          Este último curso em Fátima,                              Da II Carta de Paulo aos Tessalonicenses, cap. 2:
                    supostamente concebido para nos                                 “No que respeita à vinda do Senhor e à nossa união com Ele, pedimo-vos,
                                                                                    irmãos, que não vos deixeis tão depressa e inconsideradamente abalar, nem
                    actualizarmos teologicamente, dei-                              alarmar (vs. 1-2). Que ninguém, de modo algum, vos engane, porque, antes,
                    xou-me, como todos os anteriores,                               há-de vir a apostasia e há-de manifestar-se o homem da iniquidade (v. 3). A
                                                                                    vinda do ímpio será acompanhada, graças ao poder de Satanás, de toda a
                    muito apreensivo. Igual coisa posso                             sorte de milagres, de sinais e de prodígios enganadores (v. 9)”.
                    dizer das meditações dos outros en-
                    contros, ou retiros, sempre orienta-                     como uma peçonha. De facto, hoje                cada uma do seu pedaço, definindo-
                    das por pessoas “de peso” no mun-                        tudo esperamos dos milagres da Ci-              O e protegendo-O com ritos e leis e
                    do da instituição e da ciência teoló-                    vilização, que tem conseguido, par-             normas levadas até ao dogma. Ora
                    gica: temo que as nossas reuniões                        ticularmente nos tempos mais recen-             toda esta tralha normativa é
                    nos vão progressivamente                                 tes, um poder avassalador e um es-              retintamente “mundana”, isto é, pró-
                    anestesiando, até adormecermos                           trondoso êxito. Ultrapassando o                 pria do mundo que Jesus afirmou ter
                    como uns abades ou abadessas, de                         mundo físico, está já invadindo o               por príncipe Satanás e portanto, ob-
                    barriga cheia de análises e ritos.                       mundo psíquico e espiritual, contro-            viamente, nada ter a ver com o Seu
                          “Vamos daqui mais ricos” —                         lando, aí, todo o movimento, atra-              Reino, onde tudo é comandado pelo
                    é a afirmação estafada que também                        vés de largas fornadas de psicólo-              Amor que, como nós bem sabemos,
                    nós estafamos ainda mais, regular-                       gos saindo das universidades, ape-              tudo harmoniza sem precisar de leis,
                    mente, no final dos nossos encontros.                    trechados sempre com as últimas                 e nada define, porque tudo perante
                    Ou então esta, mais coitadinha ain-                      pesquisas e soluções da ciência, e              ele é Mistério aberto fascinando
                    da: “Sempre se aprende alguma                            através de doses industriais de de-             sempre, sem nenhum limite.
                    coisa”. Às vezes lá nos atrevemos                        bates de ideias, de informações fil-                  É esta apetência para se apro-
                    a dizer: “Foi uma seca”. A única                         tradas pelos poderes constituídos, da           priar dos Carismas, esterilizando-os
                    luz que vejo brilhar, viva e límpida,                    banalização e canonização do Mal,               até os poder controlar segundo a sua
                    mesmo que algo frágil, é aquela que                      da imensa cataplasma de diversões               visão e a sua medida, que caracteri-
                    capto, invariavelmente, em gestos e                      para calar problemas e dores. Dores             za todas as instituições. Foi isto jus-
                    olhares e palavras, nos intervalos, às                   e problemas que surdamente, sub-                tamente que fizeram todas as igre-
                    refeições, nos encontros pessoais,                       tilmente, a mesma Civilização por               jas, subtilmente, mal Jesus Se ocul-
                    nos testemunhos individuais, e tam-                      outro lado multiplica, em avalanche,            tou aos nossos olhos carnais. Com
                    bém um pouco em reuniões de gru-                         enquanto, como gigantesca empre-                que culpa? Não pertence a ninguém
                    po.                                                      sa a caminho da falência, na mesma              julgá-lo. Pertence-me apenas a mim
                          Ora nós somos gente que já pre-                    proporção do avanço vertiginoso                 e a todos nós termos consciência de
                    gou muito, que já ouviu pregar mui-                      para a queda, se esparranha toda em             que somos carne deste corpo, soli-
                    to, que já catequizou muito, que já                      promessas de solução e de cura para             dariamente obrigando Deus a viver
                    foi milimetricamente catequizada,                        todas as chagas. A confirmar esta               assim retalhado e resfriado nos nos-
                    que já ganhou o vício das reuniões                       visão, vede, por exemplo, como o Pai            sos mecânicos esquemas mentais.
                    e dos encontros e das análises. Pre-                     Natal cilindrou literalmente o Mis-             Porque a Igreja é Jesus permanen-
                    cisamos desesperadamente de uma                          tério de Jesus que esta época deve-             temente incarnado e não temos ou-
                    Seiva nova: mais do mesmo só ser-                        ria revelar.                                    tra Igreja senão esta. Mas vede: que
                    ve para criar banhas.                                          E as igrejas? Todas elas são              faz a Igreja que as outras institui-
                          Na introdução a este curso ouvi                    instituições, isto é, edifícios pirami-         ções não façam? Não está ela hoje
                    dizer uma coisa que me fez afitar as                     dais talhados à imagem de todas a               na mesa da presidência, em cada
                    orelhas: o mundo de hoje está dis-                       outras instituições deste mundo.                inauguração de um novo milagre da
                    pensando Deus de forma alarmante.                        Distinguem-se destas apenas por                 Civilização, abençoando-o e confe-
                    Porque é exactamente isso que eu                         usarem o Nome de Jesus como ban-                rindo-lhe assim a respeitabilidade de
                    sinto no ar, no chão, à minha volta,                     deira. Mas de Jesus fizeram uma                 que ele necessita para se tornar um
                    entrando-me por todos os poros,                          Doutrina, de que se apropriaram,                                          (continua na pág. 7)
itas@iol.pt   página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento   ! fraternitas@iol.pt      página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento
6                                                                                                             espiral




CASAMENTO, OS PRÓS E OS CONTRAS
    A celebração eucarística na pa-
róquia de Stammersdorf mal se di-
ferencia das celebrações nas outras     O que é impossível segundo a lei católica romana do celibato, é realidade
aldeias em redor. À primeira vista      na paróquia de Stammersdorf em Viena: desde Setembro de 2002
nota-se, quando muito, um grande        é um sacerdote greco-católico casado, o padre Georg Papp, que tem
número de crianças. Mas uma ob-         a seu cargo a pastoral da comunidade de Stammersdorf. Na realidade,
servação mais atenta permite desco-     este padre, que não está sujeito à lei do celibato obrigatório, esteve
brir algo de interessante no sacer-     indicado para a vizinha paróquia de S. Cirilo e S. Metódio, cujo pároco
dote: ele usa uma aliança no dedo.      teve de deixar o ministério por causa duma relação com uma mulher.
                                        Foi graças à diplomacia do padre Harald Mally, encarregado das duas
O que não é permitido no mundo
                                        paróquias, que se evitou o escândalo total duma freguesia.
católico romano, acontece publica-
mente no 21º bairro de Viena. O car-
deal Schönborn nomeou o padre
Georg Papp, sacerdote greco-cató-
lico casado, para a paróquia de         fácil encontrar alguém”, concluía o     Padre, marido, pai
Stammersdorf.                           padre Harald Mally, já que das 660          Os paroquianos de Stam-
    Ao princípio o padre Georg Papp     paróquias da arquidiocese de Viena      mersdorf estão muito satisfeitos com
deveria ir para a vizinha paróquia      apenas 480 têm pároco próprio, es-      o pároco casado. “O primeiro encon-
de S. Cirilo e S. Metódio, para subs-   tando as restantes anexadas. Então      tro com a paróquia de Stammersdorf
tituir o padre Marcus Piringer, for-    o cardeal Schönborn decidiu nome-       foi para mim singular”, diz com ale-
çado a abandonar a paróquia por ter     ar para a paróquia de S. Cirilo e S.    gria o padre Papp, “senti-me com-
decidido casar.                         Metódio o padre casado Georg Papp.      preendido”.
    Segundo as palavras do pároco       Para o jovem paroquiano Klaus               Com base no trabalho de seu pai,
Harald Mally, responsável pelas pa-     Umschaden isso era “uma solução         que foi padre em várias comunida-
róquias de Stammersdorf e de S.         má. Então obrigam um padre a dei-       des rurais da Hungria oriental, ele
Cirilo e S. Metódio, “Piringer não      xar o ministério por causa da rela-     conhece muito bem o trabalho nas
se considerou vítima do sistema,        ção com uma mulher e o sucessor é       regiões rurais. A circunstância de o
apresentou a sua saída como uma         um homem casado!”. Por sua vez,         padre Papp ser também marido e pai
decisão pessoal e as pessoas apreci-    Hermine Pelikan diz: “Temos mui-        não perturba ninguém em Stam-
aram a sua honestidade”. Todavia,       ta dificuldade em entender porque é     mersdorf. A primeira prova
os paroquianos de S. Cirilo e S.        que “Piri” tem de ir embora pelo fac-   confirmativa passou-a ele muito bem
Metódio preferiam manter o seu          to de querer casar e, para o substi-    pela maneira como assistiu na do-
“Piri”, como afectuosamente lhe         tuir, vem um outro com a família. O     ença e na morte uma mulher impor-
chamavam, com mulher e filhos,          padre Mally terá sentido bem a enor-    tante para a comunidade. Diz Robert
acentua energicamente Hermine           me necessidade de esclarecer toda a     Nebel: “Nestas situações a família
Pelikan. Mas o padre Piringer co-       questão”. Consciente do ridículo        deve ficar em segundo plano, ele en-
nhecia as consequências do seu          duma tal situação, o padre Mally        tendeu isso”.
amor e, porque não queria viver em      pressionou o cardeal Schönborn a            Que a comunidade está primei-
mentira, teve de se despedir da co-     colocar o padre Papp exclusivamen-      ro, já ele aprendera de seu pai. Tem
munidade.                               te na paróquia de Stammersdorf. Ele     consciência da sua dupla responsa-
Problemas                               próprio assumiria também a              bilidade e conhece também a impor-
    Saindo, “Piri” deixou um vazio      paroquialidade de S. Cirilo e S.        tância da esposa: “No casamento do
que tinha de ser preenchido. “Por       Metódio, para o que contava com a       padre também a esposa se deve sen-
escassez de pessoal não era nada        ajuda dum padre aposentado.
espiral                                                                                                             7

A Apostasia                             habita, à espera de que O deixemos      concepção e fosse agora o tempo de
(continuação da pág. 5)                 comandar este nosso processo de         ela verdadeiramente nascer.
                                        morte. Sim, de morte, condição ab-            Pelo caminho específico que se-
                                        solutamente necessária para a nos-      guimos, já todos nós, os membros
                                        sa Ressurreição, já que ela não acon-   da “Fraternitas”, homens e mulhe-
verdadeiro Ídolo de espectacular efi-   teceu ainda e terá que acontecer,       res, tivemos a oportunidade de sen-
cácia justamente na sua função da       conforme Jesus nos quis mostrar         tir o peso da Instituição que ajudá-
afastar de Deus até O fazer esque-      com a Sua própria Ressurreição, que     mos a erguer. Estamos, por isso, em
cer por completo? Vede se não é des-    Ele chamou também Renascimento.         situação privilegiada para entender-
te modo a nossa Igreja a responsá-           Sinto este tempo muito próxi-      mos os sinais deste nosso tempo.
vel pela galopante Apostasia que        mo. Justamente por causa desta          Estou pedindo ao Espírito que nos
está tomando conta dos corações, no     indesmentível globalização da           coloque em estado de alerta e nos
nosso tempo!                            Apostasia que, segundo a Escritu-       conceda o dom do Discernimento,
      Do que precisamos, pois, não      ra, deverá preceder o regresso de       com a coragem parar agir em con-
é de mais cursos e análises, coisas     Jesus. Não, não é o Juízo final; é só   formidade.
que nos entretêm a cabeça, mas que      o nascimento da Igreja com que sem-                           Leça do Balio,
não nos atingem o coração, aquele       pre sonhámos. Como se a Igreja pri-             em 8 de Dezembro de 2003.
nosso núcleo íntimo onde o Espírito     mitiva não fosse mais do que a sua                      Salomão Morgado


tir vocacionada para a sua função de    bém o ordinário para a comunidade       Lachnit, traduzindo também o que
esposa do padre”. Os candidatos         dos fieis greco-católicos na Áustria,   sentem muitos daqueles que, mes-
greco-católicos ao sacerdócio só        colocou ao todo cinco padres casa-      mo hoje, ainda preferiam o padre
podem casar antes da ordenação. Se      dos na arquidiocese de Viena. Dado      Piringer. Também o seu vizinho de
um potencial candidato não quiser       que a diferença entre os dois ritos é   mesa, Robert Pelikan, está seguro de
viver celibatário, tem de adiar a or-   apenas de natureza formal, basta        que a autorização para casar impe-
denação até encontrar a esposa cer-     uma autorização da Congregação          diria a perda de padres tão bons
ta. O casamento dos padres greco-       para a Igreja Oriental para eles po-    como Piringer – que era padre de
católicos foi aprovado por Roma nos     derem exercer uma actividade bi-ri-     corpo e alma.
finais do séc. XVI. “A vida em fa-      tual. Consequentemente, o arcebis-          Por detrás da estratégia de colo-
mília sacerdotal tem assim uma lon-     po de Viena tem, com a aquiescên-       car padres casados da Igreja orien-
ga tradição”, diz Georg Papp, “é        cia de Roma, a possibilidade nome-      tal em comunidades católicas roma-
uma outra vida. Muitos dos filhos       ar sacerdotes greco-católicos para      nas, Paul Lachnit vislumbra aí a
destas famílias irão ser padres ou      comunidades católicas romanas.          desorganização do celibato. “Não se
esposas de padres”.                         O casamento oficial dos padres,     pode fazer isso directamente, pois
A falta de padres possibilita           que continua vedado aos fieis cató-     seria o caos perfeito em toda a par-
isso                                    licos romanos, é, assim, possível aos   te. É preciso primeiro infiltrar-se
     A prática do rito greco-católico   fiéis do rito greco-católico também     lentamente, a fim de criar a sensibi-
em Viena tem uma tradição de cer-       na Áustria. No entanto, fica em         lidade para tais situações”. Enquan-
ca de 200 anos. Já no séc. XVIII a      suspenso se a colocação de padres       to a Igreja latina estiver agarrada ao
imperatriz Maria Teresa, ao instituir   casados é no sentido da manutenção      celibato, temos de pensar que ela não
a Fundação de St.ª Bárbara no pri-      do celibato. Se uma lei aparentemen-    terá interesse em deixá-lo dissolver.
meiro bairro comunal de Viena,          te se degrada, há que ter em conta          O cardeal Schönborn não se
criou um centro para fieis greco-ca-    que uma moral dúplice pode criar        disponibilizou para falar à Kirche In
tólicos. Embora não seja habitual a     perturbação e revolta: “Porque é que    sobre esta questão.
colocação de padres da Igreja ori-      pode vir um padre casado e um qua-
ental em paróquias católicas, Georg     se casado tem de ir embora? É uma                       Verena Brandtner
Papp não foi o primeiro.                discussão sem fim. Como é que tudo                 in Kirche In (04/2003),
     O cardeal Schönborn, que é tam-    isto se conjuga?”, considera Paul                                pp. 12,13.
8                                                                                                                                                   espiral




                                                                     O Pa d r e F I L I P E d e F I G U
                                                                                          – breve                     esboço                          biográfic
                                                                                      Para exercer no ensino oficial fez o Estágio Pedagó-
                                                                                   gico do grupo 8A, na Escola Secundária Afonso
                                                                                   Domingues em Lisboa, que terminou em 1977, com a
                                                                                   excelente classificação de 16 valores. No ano de 1979
                                                                                   completou duas licenciaturas, uma em História pela Fa-
                                                                                   culdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa,
                                                                                   com a classificação de 15 valores, e outra em Ciências
                                                                                   Literárias, pela Universidade Nova de Lisboa, com a
                                                                                   classificação de 16 valores. Sempre com uma filosofia
       Filipe Marques de Figueiredo, filho de Domingos                             de vida em que “aprender não ocupa lugar”, para uma
    Marques de Figueiredo e de Rosa Marques da Silva,                              formação complementar frequentou um Curso intensi-
    nasceu no dia 24 de Agosto de 1926, em Beduído, con-                           vo de Linguística e um Curso de iniciação à Etnografia
    celho de Estarreja.                                                            Portuguesa, promovido pelo Centro de Estudos dos Po-
       Aluno sempre exemplar, fez os estudos de Humani-                            vos e Culturas de Expressão Portuguesa da Universida-
    dades nos Seminários do Porto (no Colégio dos Carva-                           de Católica, em 1984.
    lhos 1937-38 e seminário de Trancoso, Vila Nova de                                Leccionou em vários estabelecimentos de ensino em
    Gaia 1937-39), e de Aveiro (1939-42) e Filosofia e Te-                         Évora, na Escola de Regentes Agrícolas foi professor
    ologia no Seminário Maior de Évora, terminando em                              de Religião e Moral, na Escola do Magistério Primário
    1949, com 14 valores.                                                          onde foi professor vários anos, na Escola Preparatória
       Foi ordenado sacerdote a 26 de Junho de 1949 pelo                           da Santa Clara deu aulas de Religião e Moral e Portu-
    Arcebispo D. Manuel Mendes da Conceição Santos, em                             guês de 1972 a 1976, na Escola Secundária Gabriel Pe-
    Vendas Novas, num barracão de cortiça, celebrando                              reira em 1974 e 1975. Leccionou no Instituto Superior
    Missa Nova em Estarreja, a 24 de Julho.                                        de Teologia em Évora de 1990 a 95. Foi ainda professor
       Sendo um Homem, com uma larguíssima experiên-                               de Português na Escola Preparatória da Portela de
    cia, vivência e dinamismo, tem um vastíssimo e admi-                           Sacavém de 1977 a 79.
    rável curriculum.                                                                 Foi Capelão da Casa Pia de Évora nos anos de 1956
       Foi fundador do jornal Promoção; foi Pároco de                              e 57, Capelão do Lar Ramalho Barahona, em Évora,
    Cabeção (Mora) entre Agosto e Setembro de 1949. Nes-                           desde 1990. Pároco de S. Brás, Évora, de 1984 a 1999,
    se mesmo ano começou a leccionar no Seminário Mai-                             aí fundou o Centro Social e Paroquial de S. Brás. Por
    or, cargo que só deixaria em 1990. Foi também director                         duas vezes foi Delegado Diocesano nos Congressos
    espiritual no Seminário Maior. Foi fundador e director                         Eucarísticos Internacionais, 1990 e 1991. Foi nomeado
    de inúmeros movimentos como os Cursos de Cristanda-                            Cónego da Sé de Évora em 1989.
    de, que fundou na Arquidiocese com o padre Dr. Acácio                             Trabalhador incansável, publicou várias obras: "
    Marques; da Obra das Vocações Sacerdotais da                                   CIGANOS: I Jogos Florais Luso-Espanhóis, Évora, 1971;
    Arquidiocese de Évora, da qua1 foi director até 1963;                          Almanaque Cigano, Évora, 1972; Filhos da Estrada e
    da Pastoral e Promoção dos Ciganos, desde 1968 e da                            do Vento, Évora, 1973; " da COLECÇÃO “CRISTO NA TUA
    qual, desde 1970, foi Director Nacional. Dentro da                             VIDA”: Curso “A Igreja no Mundo de Hoje”, 1972; Os
    O.N.P.P.C. fundou em 1970 o jornal CARAVANA e do                               Santos não Morrem: D. Manuel Mendes da Concei-
    qual foi seu director; Director Diocesano do Apostola-                         ção Santos, 1981; " primeiro autor da COLECÇÃO “FI-
    do da Oração, desde 1972; foi Director Diocesano das                           LHOS DO CONCELHO DE ESTARREJA”: A Professora de
    Migrações entre 1973 e 1997; fundou o Igreja Eborense                          Santo Amaro: D. Maria Valente de Almeida, Estarreja,
    em 1983; em 1987 funda o Jornal de S. Brás; recente-                           1982; D. Francisco Nunes Teixeira: Bodas de Ouro
    mente havia igualmente fundado a Fundação Dom Ma-                              Sacerdotais (testemunhos e escritos), Estarreja, 1983;
    nuel Mendes da Conceição Santos.                                               Manuel Pedro Calado e sua Família: Alfobre de Ar-

    página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento   ! fraternitas@iol.pt   página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento   ! fraterni
espiral                                                                                                                                                    9



UEIREDO                                                                                               A Assembleia Municipal
co –
                  tistas, Estarreja, 1984; A Obra Literária do Padre
                                                                                                      de Évora publicou o
                  Donaciano de Abreu Freire: I O ESCRITOR, Estarreja,                                 seguinte Voto de Pesar
                  1985; A Obra Literária do Padre Donaciano de Abreu
                  Freire: II O ORADOR SAGRADO, Estarreja, 1988; A                                     pelo falecimento do
                  Obra Literária do Padre Donaciano de Abreu Freire:
                  III O ORADOR SAGRADO, Estarreja, 1989; O Padre
                                                                                                      Cónego Filipe de
                  Donaciano de Abreu Freire, o Homem e o Padre do                                     Figueiredo
                  seu Tempo: IV BIOGRAFIA, Estarreja, 1989; D. Ma-
                  nuel Mendes da Conceição Santos, Fundador das Ser-
                  vas da Santa Igreja, 1986; A Universidade de Évora e                                Subscritora:
                  as Alterações de 1637, Évora, 1988; Religiosidade Po-                               Deputada Municipal Luísa Baião (PS)
                  pular, Évora, 1990; Os Padres de Estarreja, Estarreja,
                  s.d..
                                                                                                            Deixou-nos sós o Padre Filipe de
                     Trabalhava ainda noutras obras para edição: D. Ma-
                  nuel Ferreira da Silva: O Bispo Missionário; Padre                                  Figueiredo. Aos 77 anos, apesar da obra
                  Donaciano de Abreu Freire: Conferencista; Subsídios                                 meritória na Paróquia de S. Brás, que era
                  para a História de Estarreja.                                                       sua, que era nossa, nunca tendo
                     É autor de várias traduções, das quais se destacam,                              considerado acabadas todas as
                  na colecção “Cristo na Tua Vida”, Nós, Os Ciganos, de                               superiores exigências do seu ministério
                  Juan de Dios Herédia, Vocação Sacerdotal, de                                        em prol do “Homem”.
                  Baldomero Jimenez, e A Paróquia, Comunidade                                               Emérito o seu trabalho enquanto
                  Evangelizadora, de Miguel Andres.                                                   Secretário Diocesano da Emigração,
                     Através do Centro Social de S. Brás, promoveu a pu-                              com especial relevo para a acção
                  blicação de livros de sonetos do vice-presidente da As-                             desenvolvida em defesa das minorias
                  sembleia Geral da LASE, Dr. José Augusto Pinho Neno,
                                                                                                      étnicas.
                  Drª Fernanda Seno e do filho.
                                                                                                            Como Sacerdote, dedicado à acção
                     Participou em inúmeros congressos, normalmente ver-
                  sando sobre Ciganos.                                                                de Deus na Terra, como homem, como
                        Em 1988 foi merecidamente homenageado com o                                   professor, como missionário e como
                  troféu “Jornal de Estarreja”, considerando-o a persona-                             pessoa, fez sempre suas as justas e
                  lidade que mais se distinguiu no campo das letras, pela                             mais nobres causas, e o exemplo que foi
                  publicação da Vida e Obra Literária do Padre Donaciano                              a sua vida, deverá guiar-nos a todos.
                  de Abreu Freire, em quatro volumes.                                                       Pela perda deste homem, exemplo
                     É em Estarreja, torrão natal, em tempo de Advento e                              de fraternidade, disponibilidade e
                  no seu posto (no final de mais um dia de trabalho inten-                            dedicação, de que é exemplo a sua
                  so que culminou numa longa reunião na Câmara Muni-                                  participação no Conselho Municipal de
                  cipal, em que acabara de assinar um acordo para a cons-                             Segurança, a Assembleia Municipal de
                  trução de mais um Lar Familiar da 3ª Idade – Casa de
                                                                                                      Évora apresenta publicamente à família
                  Oração que terá precisamente a designação de Lar de
                                                                                                      o seu sentido voto de pesar.
                  S. Filipe e Centro de Convívio, indo iniciar também,
                  nesse dia, a direcção de mais um retiro para jovens),
                  que o P. Filipe foi vítima de doença súbita e fatal. Era o                          Aprovado por Unanimidade.
                  dia 28 de Novembro de 2003.


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           Padre Filipe!
Que vivas, Padre Filipe!
                                           Nesta hora em que, para dialo-          E para terminar, meu caro P. Fi-
por uma sobrevivência que só a fé      gar contigo, só com antenas sintoni-    lipe, resta-me apenas recordar o que,
pode alimentar e fecundar até para     zadas para o sagrado “Além”, man-       e como, e quando, tudo começou; e
lá do tempo da nossa peregrinação.     da-me a alma que recorde tudo isto,     acrescentarem comentário o expres-
Para Unamuno, como já o fora para      e o reviva, como quando, discreta-      sivo verso de Fernando Pessoa em
César Cantú: “Os poetas são filhos     mente, me telefonavas a pedir cola-     “Mensagem”: “Todo o começo é
dos deuses”.                           boração ou opinião e parecer fosse      involuntário — Deus é o Agente”.
    E enviaste-me um exemplar do       sobre o que fosse, e não importa a          Ainda um abraço, meu caro Fi-
volume, e precisamente ao começar      que hora, a tua ausência sinto-a sau-   lipe.
o ano de 1997 — fez agora 7 anos       davelmente cheia das melhores
— mas com uma dedicatória exten-       vivências em que ambos discreta e              Manuel Ferreira da Silva
sa da melhor amizade e apreço que      com muito e mútuo apreço de alma                      in Voz das Misericórdias,
nunca se pode esquecer.                partilhávamos.                                         Janeiro de 2004, pg. 14.




O P. FILIPE recordado na imprensa

(continuação da pág. 15)               ONPC como um exemplo de dis-            A Defesa (2 Dez)
                                       ponibilidade que procurou sempre        Morreu o Padre Filipe de
do conhecimento de mais de 40          incutir nos ciganos o amor à Se-        Figueiredo
anos que teve deste sacerdote de       nhora da Nazaré.                        Noticia a morte do Cónego Filipe
quem aprendeu “bastante da             Na missa de sufrágio na Igreja          de Figueiredo, que durante 54 anos
vivência que se deve ter com a         Matriz de Beduído, presidida pelo       exerceu o ministério sacerdotal na
etnia cigana”. E refere como, há       Bispo Auxiliar de Évora, D.             Arquidiocese de Évora. Apresenta
40 anos, o P. Filipe se meteu a        Amândio Tomás, ficou bem patente        a sua biografia destacando o facto
caminho de Fátima com uma gran-        o quanto este sacerdote fez de bem      de o Pe. Filipe ter criado a Funda-
de caravana de Ciganos. “Por onde      pelos mais carenciados. Também          ção D. Manuel Mendes da Concei-
andei com a Irmã Zulmira e o Dr.       Monsenhor João Gaspar, Vigário          ção Santos e os Missionários de
Monteiro, Equipa Nacional da           Geral de Aveiro, que representou        Cristo Sacerdote, além das obras
Pastoral dos Ciganos, recebi teste-    D. António Marcelino, ainda inter-      sociais que ajudou a levantar,
munhos que me falam, a cada mo-        nado no Hospital de Aveiro, ratifi-     como é o caso do Lar de São Pau-
mento, que os ciganos são PESSO-       cou este carisma. “O Cón. Filipe        lo.
AS e, como tal, devem ser trata-       estará junto do cigano Zeferino a
dos”. “Recentemente, na Hungria,       interceder ao Pai por aqueles que       Adeus Pe. Filipe
pude constatar o grande amor (do       não têm eira nem beira. ...O Se-        José de Vasconcellos e Sá dá um
P. Filipe) a Nossa Senhora, aos        nhor da Messe mandará outros            testemunho sobre o Padre Filipe
ciganos. Apesar da sua débil saú-      operários para esta seara imensa”.      dizendo: “foste para a Família de
de, parecia que as energias lhe                                                uma utilidade e franqueza a roçar
vinham à tona quando se diziam         Ecclesia – internet (2 Dez)             o divino, foste um irmão, foste,
coisas lindas de ciganos e sentia-se   Faleceu o P. Filipe de                  principalmente, um excelente ami-
triste quando lhe apregoavam coi-      Figueiredo, homem de Deus               go”.
sas menos boas dos seus irmãos         Noticia a morte do P. Filipe de
ciganos”. E define o Director da       Figueiredo.                                in A CARAVANA (28/01/2004)
espiral                                                                                                               11



                 Que vivas, Padre Filipe!
                            Padre Filipe!
     Quem, como tu, morre sem pre-        - nas iniciativas que estimulaste, e    critas — crónica que, nas minhas
venir, e parte para outro lado da vida,     nas quais, sendo o interveniente de   andanças por lá com D. Sebastião
que é o mesmo que não morrer —              mais validade, sempre optaste por     de Resende, tinha publicado, e fo-
valha bem o paradoxo — fica sem-            ficar discretamente na sombra;        ram o seu “vade-mecum” na sua
pre vivo:                                 - e muito especialmente na “FRA-        pastoralidade generosa e muito pes-
- na vocação que viveste;                   TERNITAS” que com tão genero-         soal, como tão de perto vi, vivi,
- na missão que cumpriste;                  sa alma levaste por diante, esten-    apoiei e testemunhei.
- nas largas caminhadas que empre-          dendo a mão de salvador de voca-          Mestre de ambos nós, o Senhor
  endeste;                                  ções que nunca fracassou nos em-      Arcebispo de Cízico deixou em ti um
- nas boas obras que espalhaste a           preendimentos em que te envolves-     virtuoso “fac-símile”, o que permi-
  mãos cheias;                              te.                                   tiu que muitas vezes confidenciasses
- nas mensagens que subscreveste;             Aprendeste e herdaste, assim,       comigo os teus sonhos, os teus pro-
- nas causas pelas quais tão genero-      uma alma sacerdotalmente aberta e       blemas, os teus projectos, o teu pro-
  samente te bateste.                     num genuíno ecumenismo de acolhi-       jecto em prol de uma causa que so-
     E sem fazer barulho, nem preci-      mento, do teu e meu grande Amigo        nhavas: a recuperação eclesial de
sares de recorrer às trombetas de         — que tão generosamente me trata-       “Padres Casados”.
uma propaganda alienante.                 va por Irmão — o Senhor D. Manu-            Mobilizaste-me um dia para ir a
     O que fizeste fala por si:           el Maria Ferreira da Silva, Arcebis-    Évora apresentar o maravilhoso li-
- os seminaristas que ajudaste a de-      po de Cízico, e que foi um salvador     vro de poemas “Cântico vertical” da
  cidirem-se;                             de vocações e sobre o qual me pe-       tua grande colaboradora e escritora
- os cursos de Cristandade que ani-       diste um dia um testemunho que es-      da melhor pena e transparente ins-
  maste;                                  crevi longo e denso como mo exigia      piração e virtude, Drª Fernanda
- os ciganos a quem te deste como         a alma.                                 Seno, e de que foi testemunha o nos-
  um profeta da promoção em cida-             E dentre todos os que salvou e      so comum grande Amigo, General
  dãos de direito pleno;                  promoveu, lembro outro grande           Themudo Barata, no nobre Palácio
- os retiros em que meditaste com         Amigo, o 1º Bispo de Tete               D. Manuel, em Évora, em 1993.
  quem neles participou as mais vá-       (Moçambique), D. Félix Niza Ri-             Mais tarde, quando a Fernanda
  lidas verdades e mensagens;             beiro, a quem, ainda aluno diocesa-     partiu em 1996, subindo a sua cruz
- as peregrinações que empreendes-        no de Portalegre, mas no seminário      na verticalidade, para ir descansar
  te, mostrando que pelos caminhos        dos Olivais, o seu Prelado de então     antes de ti nos braços de quem a es-
  da terra se pode e deve chegar ao       ordenou que saísse do seminário.        perava no céu, coligiste, e com toda
  céu;                                        Sei, entretanto, que também tu      a enérgica devoção da tua alma —
- na paroquialidade que exerceste         estiveste à beira de ser mandado        feita então de saudade e gratidão —
  em que ninguém ficou de fora do         embora do seminário por “falta de       testemunhos vários sobre a Poetisa.
  alcance da virtude missionária que      bitola para o ofício de padre”, como    E não me dispensaste de um comen-
  em ti sempre transpareceu;              de ti disseram.                         tário a um pensamento de Unamuno:
- nas páginas que escreveste no teu           Deitou-lhe a mão o nosso amigo      “Quando alguém reaparece e mere-
  “Jornal de S. Brás”, e nos livros       — irmão D. Manuel que lhe meteu         ce ser lembrado, é porque não mor-
  cuja edição apoiaste com a melhor       na alma — como a mim o havia de         reu inteiramente”.
  técnica do centro Social e Cultural     fazer — um sonho de missão.                 Sublinho, agora e a teu respeito,
  que criaste em S. Brás, e para a            E foi — como eu iria mais tarde     este mesmo pensamento do grande
  qual me pediste conselho;               — para Moçambique, onde foi se-         pensador e mestre que em “Agonia
- nos escritos de que outros foram        cretário do cardeal D. Teodósio, e      do Cristianismo” e “Sentimento Trá-
  autores, e cuja edição tu apadri-       veio a ser o 1º bispo de Tete, e para   gico da Vida”, sublinha a “agonia”
  nhaste e estimulaste, e que foram       cuja tomada de posse partiu confi-      não como uma extinção, mas luta
  deleite para o público leitor;          ante, pedindo-me informações e es-                 (continua na pág. anterior)
12                                                                                                                                                     espiral




                                Rumo à eternidade
                                                                          Ao AMIGO DE DEUS, Pe. Filipe de Figueiredo
                                                                                  com um “Até breve!” da Teodolinda


Deus deu-te um coração à dimensão do Mundo:
Cordilheiras de Fé!... Himalaias de Amor!...
E a Esperança era, em ti, jardim fecundo,
Onde desabrochava uma Alegria em flor.

Amavas o Senhor, apaixonadamente,
E, por amor de Deus, amavas cada irmão!...
A todos ajudavas... desinteressadamente,
Desde os grandes do mundo, ao párias de exclusão.

Surpreendeu-te a morte em plena actividade,
Trabalhando na Vinha do Senhor
Servindo jovens, anciãos, a Santa Igreja.

Voou tua Alma, rumo à Eternidade!
E, p’ra recebê-la, com hinos de louvor,
Cantam Anjos no Céu, “Bendita seja!...”


                                                                          Évora, Festa da Imaculada Conceição do ano 2003.

                                                                                                                              Teodolinda Perdigão




     b r e v e s . . .
      ! Novo “filho”: O nosso Artur Oliveira continua o seu trabalho de lançamento
      da semente, de evangelização. E no gosto (e profundo saber e habilidade) de lançar
      para os baptizados instrumentos de reflexão, simples mas seguros, lançou há pou-
      co um novo livro: Lucas, o Evangelista do Ano C. A sua modéstia leva-o a subtitulá-
      lo com “algumas notas de introdução”. A clareza e segurança doutrinal são já
      sobejamente nossas conhecidas.
      Integra-se na sequência dos anteriores, sobre Mateus e Marcos. Possa ter a divul-
      gação que verdadeiramente merece. Também está lá a “mãozinha” da Antonieta.
      Parabéns!

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espiral                                                                                                                                                  13

                    Comemoração das Bodas de Ouro Sacerdotais
                    do Padre Filipe de Figueiredo,
                    durante o 6º Encontro Nacional do FRATERNITAS,
                    no dia 30 de Julho de 1999, em Fátima
                    Senhor Bispo.                                                                     Celebrava-se o 6º Encontro/Retiro Nacional do
                    Irmãos, Senhor Cónego Filipe, querido irmão e amigo.                              FRATERNITAS. Na Eucaristia de encerramento,
                                                                                                      presidida pelo Senhor D. Serafim, bispo de Leiria-
                    Como diria o Pe. António Vieira, o Sr. Cónego “é ho-                              -Fátima, louvávamos igualmente o Senhor pelas
                    mem de mais passos do que paço”.                                                  Bodas de Ouro Sacerdotais do Irmão Padre Filipe.
                    Amigo de tudo o que é plano, nasceu e cresceu numa                                Interpretando os sentimentos de todos, ergueu a voz
                    planura à beira-mar plantada — a ria de Aveiro.                                   o José Alves Carneiro e deixou falar o coração. Com
                    Como a Pedro e a André, o Mestre impôs-lhe o abando-                              o seu texto, apresentamos também duas imagens: a
                    no dos barcos, que trocou pelos tractores alentejanos.                            dessa Eucaristia, e a “foto de família”, no final da
                                                                                                      Assembleia Geral, ocupando o Pe. Filipe o centro,
                                                                                                      como que acolhendo e protegendo a todos...


                                                                                                   meira pedra.
                                                                                                   Hoje, como então, os acusadores retiram e em cena fica
                                                                                                   só o irmão Filipe e os irmãos ciganos, presos, pobres e
                                                                                                   padres casados.
                                                                                                   Os companheiros de Filipe, despronunciados pelos
                                                                                                   fariseus, também não são pronunciados pelo Filipe.
                                                                                                   A nós, padres casados, também ele pergunta: “irmãos,
                                                                                                   ninguém vos condenou?”
                                                                                                   Nós respondemos, irmão, junto de ti e contigo, ninguém
                    Nesta longa e generosa caminhada foi ao encontro de                            nos condena; repreende-nos tu, corrige-nos tu, mas leva-
                    todos, os que todos farisaicamente abandonaram e con-                          nos no teu tractor, porque a via é longa, a noite é fria, e
                    denaram.                                                                       só não vacilarão os nossos passos junto aos teus passos
                    Ao lado dos passos deste nosso irmão sem paço, há pe-                          mesmo que não tenham o perfume e o requinte do paço.
                    gadas de ciganos, de presos, de pobres, de padres que                                                                    José Alves Carneiro
                    casaram, de todos os
                    irmãos da mulher
                    adúltera, que as pe-
                    dras farisaicas ame-
                    açavam de morte e
                    condenaram          à
                    marginalização e ao
                    ostracismo. Como o
                    Mestre da Galileia, o
                    nosso mestre de
                    Aveiro desarma os
                    acusadores, convi-
                    dando os sem peca-
                    do a atirarem a pri-

itas@iol.pt   página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento   ! fraternitas@iol.pt     página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento
14                                                                                                        espiral



O P. FILIPE recordado na imprensa
A Defesa (14 Jan)                    director desde o início, refere que     neiro. D. Maurílio agradeceu a
Que vivas Padre Filipe!              “o seu exemplo de incansável            Deus Pai o dom da vida e do mi-
Publica o testemunho do Dr. Ma-      obreiro da messe do Senhor é um         nistério presbiteral do Cónego
nuel Ferreira da Silva, publicado    poema doce atirado à memória do         Filipe.
na ‘Voz das Misericórdias’ (texto    tempo e da história”.
incluído no nosso boletim).                                                  “— Ainda não sabes? Morreu
                                     Um coração de Apóstolo                  o nosso amigo!?!”
Voz das Misericórdias (Jan)          “O Senhor acaba de chamar a Si          O Dr. João Canha dá o seu teste-
Que vivas Padre Filipe!              mais um querido membro do nosso         munho sobre como acompanhou a
(texto incluído no nosso boletim).   presbitério, cónego desta Sé e ge-      notícia do falecimento do Pe. Fili-
                                     neroso pastor da nossa                  pe nos “locais do teu universo. Foi
Nevi Yag (Dez) (Fogo Novo, ór-       Arquidiocese: o Cónego Filipe           uma peregrinação de afectos”
gão do CCIT (Comité Católico         Marques de Figueiredo.” Estas           ...que testemunhou “que deixaste a
Internacional para os Ciganos)       foram palavras de D. Maurílio de        fé na ressurreição como herança
IN MEMORIAM                          Gouveia, Arcebispo de Évora,            maior, consolidada.”
Noticia o falecimento do Cónego      quando presidia à Missa de Sufrá-       O autor narra alguns dos muitos
Filipe de Figueiredo, um grande      gio pelo Cónego Filipe de               momentos que viveu com o Pe.
amigo dos Ciganos e do CCIT.         Figueiredo. O Cónego Filipe, fri-       Filipe e refere: “outras vezes cho-
“Tinha assistido , pela primeira     sou, deixou-nos “um exemplo ad-         rámos juntos a alegria do perdão.”
vez, ao Encontro internacional do    mirável de padre diocesano, um          Relata o testemunho da cigana
CCIT em Anvers, em 1983. ...”        ministério da maior importância,        Vera que “disse que enquanto pu-
“Nós guardamos, deste homem          embora nem sempre compreendido          deram contar contigo podiam con-
bom, a lembrança de um rosto com     não só por parte da sociedade,          tar com um pai, defensor
um sorriso discreto, com uma Fé      mas, às vezes, até em sectores da       devotadamente dedicado.” “Recor-
serena e inquebrantável e com uma    própria comunidade eclesial”.           do as preocupações que partilhaste
imensa vontade de serviço. ... O     D. Maurílio destacou algumas das        comigo, nos nossos dois últimos
que irradiava, porque era sereno,    múltiplas iniciativas e actividades     encontros.” “Deus em ti manifesta-
era profundo.”                       exercidas pelo Cónego Filipe, no-       rá, uma vez mais, a sua santidade.
O CCIT apresenta as suas condo-      meadamente, como “educador nos          ...Obrigado Filipe!”
lências comovidas à ONPC e aos       seminários, promotor do apostola-
seus amigos. “O Pe. Filipe está      do dos leigos, animador da pasto-       “Beati mortui qui in Domino
agora na plenitude da Fé de que      ral das vocações. Fundou institui-      moriuntur: Opera enim
enriqueceu a sua vida e também a     ções de carácter social, apostólico     illorum sequuntur illos!” (Ap.
de muitos!”                          e espiritual; foi jornalista e escri-   14, 13)
                                     tor.”                                   O Pe. José Augusto Pedroza da
                                     Definiu-o como um “padre profun-        Silva recorda “muitas páginas da
Jornal de S. Brás (Dez)              damente apostólico. Sentia-se nele
Páscoa do Cónego Filipe de                                                   minha vida onde o seu nome está
                                     um forte apelo interior a responder     gravado para sempre.” “Amigo
Figueiredo                           à urgência da evangelização e a
Noticia o falecimento inesperado                                             dos pobres, dos ciganos, dos sacer-
                                     dar um testemunho efectivo de           dotes em dificuldades, dos padres
do Padre Filipe de Figueiredo,       amor e serviço aos homens, em
dando especial destaque à fé in-                                             que deixaram o exercício do minis-
                                     particular, aos mais carenciados”.      tério, das crianças desfavorecidas,
quebrantável e à vasta experiência   E acrescenta que o Cónego Filipe
deste sacerdote da Arquidiocese de                                           dos jovens, nomeadamente do
                                     ficará conhecido como o “Padre          JAAI 2000, dos idosos mais aban-
Évora. O Jornal de S. Brás, de       dos Ciganos”, campo onde foi pio-
quem o Padre Filipe foi fundador e
espiral                                                                                                         15
Faleceu o P. Filipe de Figueiredo, homem de Deus

Instituto Superior de Teologia de          O P. Filipe tinha 77 anos quan-    Amândio e na Igreja Paroquial de
Évora. O P. Filipe foi ainda Profes-   do o Senhor, no seu Amor infinito,     S. Tiago de Beduído (Estarreja). No
sor do Magistério Primário, Prefei-    decidiu fazê-lo participante da sua    dia 5 de Dezembro foi celebrada
to e Professor da Escola de Regen-     glória.                                Missa pelo P. Filipe na Conferência
tes Agrícolas. Director de “Igreja         As Exéquias foram presididas       Episcopal Portuguesa (CEP), tendo
Eborense, Boletim de Cultura e         pelo Sr. D. Amândio José Tomás,        presidido o Sr. D. Januário Torgal
Vida da Arquidiocese de Évora”, o      Bispo Auxiliar de Évora. No dia 4      Ferreira, Presidente da Comissão
P. Filipe era autor de uma extensa     de Dezembro foram celebradas Mis-      Episcopal das Migrações e Turismo
bibliografia de que se destaca a co-   sas do 7º Dia, na Sé Catedral de       e concelebrado o Sr. D. Tomás da
lecção “Filhos do Concelho de          Évora, tendo presidido o Sr. D.        Silva Nunes, Secretário da CEP.
Estarreja” e a obra sobre o Pe.        Maurílio de Gouveia, Arcebispo de
Donaciano de Abreu Freire.             Évora e concelebrado o Sr. D.               Francisco Sousa Monteiro



                                       dirigido pelo Cónego Filipe de         nos
                                       Figueiredo, referindo que este sa-     “Um homem que esteve sempre no
donados.” “Amante da Eucaristia”
                                       cerdote era “uma pessoa com idei-      curso do sentido da Igreja “. Com
e “devoto insigne da Virgem Ma-
                                       as bem delineadas, valores bem         modéstia, o Cónego Filipe de
ria”, refere o autor sobre o Pe.
                                       definidos e, acima de tudo, com um     Figueiredo vivia atrás do palco.
Filipe e nomeia as comunidades
                                       grande coração e um profundo           “Escrevia e ensaiava as peças ...
paroquiais alentejanas em que o
                                       sentido de solidariedade”.             depois retirava-se”. “Amou mui-
Pe. Filipe é lembrado com sauda-
                                                                              tos... aqueles que publicamente
de. “Certamente, o Céu do Sr. Có-
                                       Missionários de Cristo Sacerdo-        não dava jeito amar”. Foi deste
nego Filipe não será um “eterno
                                       te - Suplemento especial do Jornal     modo que D. Januário Torgal Fer-
descanso”... O seu dinamismo e
                                       de S. Brás (Dez)                       reira se referiu ao Cónego Filipe
empenho... há-de avançar naqueles
                                       É um número especial todo dedica-      de Figueiredo quando presidia à
que aprenderam com ele tantas
                                       do ao Cónego Filipe onde são apre-     celebração da Eucaristia de 7º dia,
lições de ardor apostólico”... “Ele
                                       sentados alguns testemunhos de pes-    nas instalações da Conferência
próprio, do Céu, vai, seguramente,
                                       soas que conviveram com ele e tre-     Episcopal Portuguesa. Ao referir-
insistir na inspiração das obras
                                       chos de uma rubrica que escrevia no    se ao Director da Obra Nacional
que aqui deixou”. “Tenho-te sem-
                                       Jornal de S. Brás, intitulada “Carta   da Pastoral dos Ciganos (ONPC),
pre muito presente no altar e no
                                       Aberta – Mensagem de Esperança”.       o Prelado enalteceu o trabalho que
coração!” dizia o Pe. Filipe. “Que
                                       O Suplemento acentua que “a sere-      realizou junto dos ciganos e tam-
mais podemos esperar?”
                                       nidade e o bom acolhimento que,        bém na Associação Fraternitas,
                                       para com todos manifestava eram        onde revelou sempre proximidade
A Caravana                                                                    dos padres dispensados do exercí-
                                       sinal de que Cristo estava nele”.
Faleceu o P. Filipe de                                                        cio do seu ministério e suas espo-
                                       “Obrigado Senhor Cónego Filipe
Figueiredo, homem de Deus                                                     sas.
                                       pelo muito que tivemos a graça de
Texto do Francisco Sousa
                                       aprender, pelo testemunho de vida
Monteiro (em substância o da últi-
                                       que nos deu... Eternamente agrade-     Correio do Vouga (3 Dez)
ma página deste número).
                                       cidos ao SENHOR por o ter coloca-      Morreu o Cónego Filipe,
                                       do como Pastor das nossas almas”,      apóstolo dos ciganos há
Folha de São Paulo - Suplemen-         escreve M. F. F. A..                   meio século
to do Jornal de S. Brás (Dez)                                                 Daniel Rodrigues noticia a morte
Finou-se rapidamente                                                          do Cón. Filipe de Figueiredo e fala
                                       Ecclesia (9 Dez)
Apresenta o testemunho do Centro
                                       O homem que amou os ciga-
Social de São Paulo, fundado e                                                                (continua na pág. 10)
Faleceu o P. Filipe de Figueiredo, homem de Deus

     Ao princípio da noite de 28 de                                                      Conceição Santos (santo Arcebis-
Novembro de 2003 faleceu o Cóne-                                                         po de Évora que o havia ordenado)
go Dr. Filipe Marques de                                                                 e da Liga dos Amigos da mesma
Figueiredo, homem de Deus. No iní-                                                       Fundação. A Fundação dispõe ac-
cio do Advento, o Senhor que sem-                                                        tualmente de dois Lares e um Cen-
pre esteve no coração do P. Filipe,                                                      tro Infantil em Évora, de um Centro
quis chamá-lo a entrar “no gozo do                                                       para Acolhimento de Mulheres Mal-
seu senhor” (Mt 25,21). Agora, no                                                        tratadas e Mães Solteiras e de um
coração de Deus, a partilhar a sua                                                       Centro para formação de jovens,
glória para sempre, a grande obra                                                        ambos em fase de projecto, em
do P. Filipe passou a ser interceder              amigo, profundamente humano e de       Elvas, de uma Residência Familiar
por nós para que o imitemos a viver               uma espiritualidade genuína que se     e de um Lar (este projectado) em
de tal forma que, tal como ele, ter-              comunicava naturalmente.               Fátima e de um Lar Familiar —
minemos os nossos dias “de pé di-                      Desde 1994 o P. Filipe era o      Casa de Oração em Reguengos de
ante do Filho do Homem” (Lc 21,36;                Director da Obra Nacional da Pas-      Monsaraz.
Evangelho da Missa do 1º Domin-                   toral dos Ciganos, instituição da           O P. Filipe foi o Fundador e era
go do Advento que foi rezado na                   Conferência Episcopal Portuguesa,      o Assistente espiritual: dos Missio-
Missa das Exéquias do P. Filipe, na               de que fora o primeiro Director des-   nários de Cristo Sacerdote, Asso-
Igreja de S. Tiago de Beduído onde                de 1972 até 1978. Nesta qualidade      ciação dedicada à espiritualidade e
fora baptizado e paróquia onde nas-               e na de Responsável pelo Secretari-    à oração pelas vocações sacerdotais
cera).                                            ado Diocesano da Pastoral dos Ci-      e pelos sacerdotes; dos Missioná-
     O P. Filipe foi vítima de doença             ganos de Évora, o P. Filipe dedicou-   rios de Cristo Bom Pastor, Asso-
súbita, no final de mais um dia de                -se de alma e coração à evangeliza-    ciação com a mesma finalidade da
trabalho intenso que culminou numa                ção e ao desenvolvimento social da     anterior, composta por sacerdotes e
longa reunião na Câmara Municipal                 população de etnia cigana, merecen-    dos Jovens em Acção Apostólica
de Estarreja, sua terra natal, em que             do referência especial as peregrina-   da Imaculada em Ordem ao Ano
acabara de assinar um acordo para                 ções nacionais e internacionais de     2000 (JAAI 2000).
a construção de mais um Lar Fami-                 ciganos aos Santuários de Nossa             O P. Filipe foi o Fundador e era
liar da 3ª Idade — Casa de Oração                 Senhora em Fátima e em Vila Viço-      o Assistente espiritual da Associa-
que terá precisamente a designação                sa e também a Roma em 1997, por        ção FRATERNITAS Movimento,
de Lar de S. Filipe e Centro de Con-              ocasião da Beatificação do Beato       constituída por Padres dispensados
vívio. Iria iniciar também, nesse dia,            (cigano) Zeferino Giménez (El          do exercício do Ministério e pelas
a direcção de mais um retiro para                 Pelé) e do Jubileu do ano 2000 e a     suas esposas.
jovens, em Estarreja. Deixou duas                 conhecida Exposição Internacional           Além de Membro do Cabido da
irmãs e outros familiares, entre os               de Cultura Cigana (EXPOCIG), em        Arquidiocese de Évora, o P. Filipe
quais as sobrinhas Sofia e Rossana                Lisboa, em 1998. O P. Filipe era o     foi Pároco de São Brás, em Évora e
que já colaboravam com ele nas                    Director do jornal A CARAVANA.         era o Director do Centro Social de
múltiplas obras que criou, na sua                      O P. Filipe que há quatro anos    S. Paulo e do Jornal de S. Brás.
total dedicação à Igreja. Deixou                  completara 50 anos de sacerdócio,           Na Arquidiocese de Évora, o P.
igualmente numerosos amigos que                   era o Fundador e Presidente da Fun-    Filipe tinha sido Fundador e Direc-
o reconhecem como homem bom,                      dação D. Manuel Mendes da              tor da Obra das Vocações Sacerdo-
                                                 boletim da                              tais, Director dos Cursos de Cristan-
         espiral                                 associação fraternitas movimento        dade, Director espiritual do Semi-
Rua Lourinha, 429 - Hab 2 = 4435-310 RIO TINTO
                                                                                         nário Maior, Professor de Antropo-
                                                 Responsável: Alberto Osório de Castro
                                                                                         logia Cultural e Evangelização no
     e-mail: a-osorio-c@clix.pt
                                                  Nº 13/4 - Outº.2003 a Março.2004
                                                                                                          (continua na pág. 15)

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Espiral 13 14

  • 1. espiral boletim da associação FRATERNITAS MOVIMENTO Nº 13/4 - Outubro de 2003 / Março de 2004 CONTRADIÇÕES N uma dada paróquia da arquidiocese de Vie- na, o pároco, muito considerado e estimado pelos paro- Uniões de facto a Igreja não as aprova, pois, para os católicos, a actividade sexual só é lícita no âmbito quianos, foi afastado porque manifestou a intenção de dum casamento canónico. Fora dele a situação é casar. Quando o ordinário do lugar anunciou o propósi- eclesialmente irregular, os intervenientes estão impedi- to de enviar um padre casado da Igreja greco-católica dos de receber os sacramentos, não são considerados para o substituir, desencadeou-se uma autêntica tem- membros da Igreja de pleno direito. São, deste modo, pestade, não contra o padre greco-católico, mas por cau- incentivados a regularizar a situação canónica. sa do contra-senso que é mandar embora um padre por- No entanto, não é raro acontecer que vários ca- que se vai casar e substituí-lo por um padre casado! Os sais, que se davam bem na união de facto ou em casa- paroquianos preferiam manter o seu pároco actual com mento civil, após casarem pela Igreja, logo se divorci- mulher e filhos. A celeuma foi tal que o arcebispo de (continua na pág. 2) Viena decidiu comparecer no local para discutir o as- sunto. Dum relatório dessa discussão consta que o car- Sumário: deal justificou a posição intransigente da Igreja relati- Nota do responsável / XI Encontro Nacional 3 vamente aos padres católicos romanos casados dizendo Formação e Evangelização 4 que eles faltaram a uma promessa “livremente” assu- A Apostasia 5 mida. E comparou essa atitude à daqueles que rompem o compromisso matrimonial — são uns “falhados” — Casamento, os prós e os contras 6 pelo que já não podem ser postos à frente duma comuni- O P. Filipe de Figueiredo – esboço biográfico 8/9 dade ou da juventude. Que vivas, Padre Filipe! 11 J ulgamos que estas duas situações não são com- Rumo à Eternidade / Breves 12 paráveis (a indissolubilidade do matrimónio é de direi- to divino e a obrigatoriedade do celibato para os padres Bodas de Ouro Sacerdotais 13 é de direito eclesiástico). Mais comparáveis são, isso O P. Filipe recordado na imprensa 14 sim, as uniões de facto, tanto nos leigos como nos pa- Faleceu o P. Filipe, homem de Deus 16 dres. Faleceu o Senhor Padre Filipe, nosso assistente
  • 2. 2 espiral (continuação da pág. 1) Se, ao invés, ele tivesse cumprido as leis e tivesse am. Porquê? Talvez porque, nas uniões de facto, as pes- casado canonicamente, então já não podia presidir a uma soas, tendo consciência da precariedade da ligação, per- comunidade porque era um “falhado”. Que estranha manecem juntas porque assim o desejam, ao passo que, mensagem a destes factos! no casamento, os cônjuges, porque “pertencem” um ao outro, já não precisam de exercitar a conquista mútua e, Como aceitaria a comunidade eclesial a presen- às vezes, exercem esse direito de pertença para se “con- ça de padres casados? trolarem” um ao outro. Não aguentando esse controlo Uma sondagem de 1997, feita numa região da inusitado, o casamento soçobra. Áustria, na província da Estíria, pelo Instituto de Son- Q ue padres celibatários cultivam ligações, oca- dagens “Fessel + GfK”, deu o seguinte resultado: 80% dos Estírios são a favor do casamento dos padres, 6% sionais e/ou permanentes, com mulheres, toda a gente admite. Para quem tenha uma formação como a do pa- são contra, 13% dizem que lhes é indiferente e apenas dre, tais ‘uniões de facto’ criam, forçosamente, proble- 1% não sabem/não respondem. [Fonte: Fessel + GfK, mas de consciência e originam responsabilidades para 731 entrevistas pessoais na Estíria]. com a outra parte e os eventuais filhos. Efectivamente, Doutra sondagem, esta do Instituto “Gallup”, feita se o padre for coerente com os ensinamentos que ele na Áustria em 1998, resultou que 82% dos que frequen- próprio tem de transmitir aos fiéis a respeito destas ma- tam a Igreja desejam padres casados. Entre as pessoas térias, deve ele mesmo viver angustiado, ou, então, com menos de 30 anos a percentagem é de 98%. [Fon- nortear-se por uma qualquer epiqueia adequada, tam- te: Jornal “Presse” de 30/31-01-1998]. bém frequentemente utilizada na gestão dos dinheiros Também num estudo recentemente publicado, da sua paróquia. Mas se a consciência do padre não for “Priester 2000”, o professor de Teologia Pastoral da capaz de pactuar com situações de mentira, ele só tem Universidade Viena, Paul M. Zulehner, mostra que a um caminho — pedir a dispensa do voto de castidade. forma de vida celibatária do padre não encontra apoio Então poderá casar canonicamente, ficará numa situa- nos fiéis. [Fonte: Jornal da diocese de Linz, de 9 de ção eclesialmente legal, que lhe restitui a paz de cons- Agosto de 2001, p. 17]. ciência. Só que, fazendo-o, passa a ser um “falhado” e já não pode ser posto à frente duma comunidade ou da Se é certo que o problema da falta de padres não juventude! se resolve só pela abolição do celibato, não se esconde Se ele tivesse enveredado pelo caminho das rela- que ele é um dos principais óbices. ções ocultas, bastar-lhe-ia confessar-se. “Cerca de 98% dos padres que resolveram casar Se tivesse ido mais além, até ao casamento civil, o fizeram-no, não porque não quisessem continuar a ser código do direito canónico (CDC) tê-lo-ia afastado do padres, nem por falta de fé, como muitas vezes se quer exercício do ministério. No entanto, deixando a mulher fazer crer, mas porque viram nessa atitude um grito con- e “arrumando” os filhos, poderia ser reintegrado e colo- tra uma injustiça de séculos que as chefias da Igreja cado à frente duma comunidade. impuseram aos padres, suas mulheres e filhos”. Não estou a falar de casos hipotéticos, mas de (www.priester-ohne-amt.org) Na verdade, a lei do celibato criou um estilo de situações vividas. A título de exemplo vou citar da vida, aliás não necessário para o exercício do ministé- Internet um caso ocorrido numa diocese de língua ale- rio, no qual o mundo de hoje não acredita. Segundo o mã. estudo de Zulehner, para os padres o problema central Trata-se de um padre que, ao fim dalguns anos de não é o celibato em si, mas a falta de apoio e de compre- exercício do ministério, se enamorou duma paroquiana, ensão da sociedade e das comunidades por esta forma casou civilmente, teve filhos. Como o tempo faz arrefe- de vida. cer as paixões, ele divorciou-se e deixou os filhos. Tem- De acordo com o questionário, o que os padres pos depois, a solidão falou mais alto e ele voltou a ca- apreciam no celibato (números da diocese de Linz) é a sar, havendo prole novamente. Já na casa dos sessenta “liberdade para uma realização pessoal” (64%); por este homem resolve deixar também esta mulher e re- outro lado, 62% concordam com a afirmação de que o querer o regresso ao exercício do ministério, o que lhe celibato “torna os padres muito solitários”; e 44% ad- foi concedido sem grandes dificuldades. Recebido festi- vamente, foi colocado à frente duma comunidade. (conclui na pág. 3)
  • 3. espiral 3 (conclusão da pág. 2) Nota do Responsável: mitem “sentir a falta duma companhia”. Os bispos, que justamente nas perguntas sobre o Este é um número especial, um número duplo, celibato tinham contado com os piores (não publicáveis) correspondendo a dois trimestres (o último de resultados, podem estar descansados. Está tudo bem: 2003 e o primeiro de 2004). há “culpados” para os problemas — a sociedade e as Tal prende-se directamente com o inesperado comunidades paroquiais. São estas que têm de mudar, a passamento do nosso querido Padre Filipe. “Igreja”, não. É que, estando quasi pronto o nº 13, fomos Mas há neste “estudo” alguns pormenores, que surpreendidos com a infausta notícia que (pessoalmente o confessamos), nos deixou Zulehner não gosta de reportar nas comunicações: mais aturdidos, paralizados até. Que fazer? Sair o de metade (56%) dos padres admitiu que “teve de assu- espiral, com uma breve nota, e destaque devido mir” o celibato para poder ordenar-se, 24% dizem que no número seguinte? Esperar algum tempo e, “provavelmente” ou “de certeza” casariam, se pudes- desenvolvendo minimamente, apresentar um sem continuar no exercício do ministério. Do estudo trabalho mais perfeito, interrompendo, embora a também se pode concluir que 24% dos padres “mantêm regularidade do boletim? uma ligação”! À pergunta sobre a “intimidade” 35% Foi esta segunda via a que escolhemos, e que é da respondem assim: “junto duma pessoa de confiança” e nossa inteira e única responsabilidade. muitos definem a sua forma de vida desta maneira: “en- Julgamos prestar, assim, uma justa homenagem ao contrei um caminho próprio pelo qual posso responder”. Homem de Deus que visionariamente, entre nós, Perguntas herméticas têm mesmo respostas herméticas. também se lançou na “recuperação” dos qualificados mas ostracizados baptizados que, O s esforços do cardeal arcebispo de Viena para tendo recebido da Igreja, Mãe e Mestra, o colmatar a falta de padres na sua diocese também pela Sacramento da Ordem, mas que, por razões nomeação de padres greco-católicos casados, vão cer- diversas, tendo constituído família, ou não, haviam tamente ser contrariados. É que há uma ordem de Roma optado pelo seu não exercício directo e efectivo, aí a proibir a colocação de novos clérigos casados, e, quan- estavam... na praça e sem contrato (Mt 20,3), do caducarem as licenças dos cinco que actualmente alheios uns dos outros, que não do mundo nem da estão ao serviço, não deverão ser feitas novas nomea- Igreja a quem amam. ções. Assim, aquele projecto, invulgar e corajoso, de Não teremos nem a última, nem a melhor palavra, utilizar padres greco-católicos casados para as paróquias pois esta, certamente, já lha deu o Senhor a Quem católicas romanas órfãs, verá em breve o seu fim. (KI, ele, como bom servidor (Lc 17,10), devotada e 11/2003, p. 39). denodadamente serviu: “Entra no gozo do teu senhor” (Mt 25,21). Aveiro, 13-12-2003 Alberto Osório João Simão XI ENCONTRO NACIONAL 23,24,25 de Abril de 2004 Local: Casa de Nossa Senhora das Dores Fátima Orientadores: - Dr. Marinho Antunes - Dra. Manuela Silva Tema: Tema: Motivação da frequência na Missa Dominical O papel da mulher na Igreja e Leitura sociológica da frequência da Missa Dominical Importante: Inscrições até 10 de Abril de 2004
  • 4. 4 espiral FORMAÇÃO Os homens e mulheres do “FRA- Cristo aos outros, deverá falar mui- evangelização e os seus acentos TERNITAS MOVIMENTO” — homens to dos outros a Cristo. O segredo está tónicos mais fundamentais). que se desligaram do sacerdócio na oração, na identificação com Os quatro encontros foram ministerial, mas que nunca se desli- Cristo. Esta é grande causa de tan- sempre seguidos de trocas de opini- garam do sacerdócio baptismal, re- tas comunidades baptizadas ões sobre os assuntos tratados e al- únem-se, pelo menos uma vez por paganizadas. Nunca saíram do pa- gumas leituras pessoais. O orienta- ano, para um Curso de Actualiza- ganismo porque nenhum dor foi citando diversos números da ção Teológica — este ano foi o V. evangelizador os ajudou a encontra- GS e também alusão à Ad Gentes. Na realidade, estes homens e suas rem-se com Cristo. No sábado, todos recebemos a esposas nunca esquecem que pelo Conscientes destas e de outras triste notícia do falecimento do nos- baptismo são sacerdotes, profetas e considerações, esse grupo do FRA- so tão querido Amigo e “pai”, Có- reis. Deixaram de exercer numa TERNITAS, embora muitos outros qui- nego Filipe. Achou-se por bem ir só sessem uma representação ao funeral. E EVANGELIZAÇÃO estar presen- No domingo, tivemos a visita do Sr. D. Serafim, bispo de Leiria- igreja comercializadora, mas não na tes, não fossem o seus afazeres, es- Fátima. Entrou na sala, cumprimen- Igreja de Cristo, no dizer de um bis- tiveram, participaram e actuaram tou, falou da “partida” do Sr. Cóne- po. Este sacerdócio baptismal exer- neste Curso de Actualização Teoló- go Filipe e disse: «Vim aqui a uma cem-no e querem continuar sempre, gica, que teve lugar em Fátima, na reunião, soube que estais aqui e não mais e melhor. Daí, estes cursos de Casa de Nossa Senhora do Carmo, poderia passar sem vir cumprimen- actualização. Têm consciência que de 28 de Novembro a 1 de Dezem- tar as minhas “cunhadas”. Sei que ninguém pode dar o que não teme bro. estais debruçados sobre a Gaudium que todo o baptizado em Cristo deve Foi seu orientador o Pe. Dr. et spes; continuai com Cristo». evangelizar. Cristo continua o mes- José Nunes, OP, professor na Uni- No último dia, o grupo teve mo de ontem e de hoje; o Seu Evan- versidade Católica. uma reflexão sobre o curso. No ge- gelho é o mesmo; porém, os méto- O orador, pegando no tema — ral, gostaram bastante do orador, dos de evangelizar, a linguagem, que lhe foi pedido a seu tempo, pela competente e dialogante. Quanto ao conceitos, têm de ser adaptados às Direcção do “FRATERNITAS” — “A tema todos acharam que é altura mentalidades, às carências e exigên- IGREJA NO MUNDO DESTE para ler, reflectir e aplicar na medi- cias de hoje. TEMPO” — uma reflexão sobre a da do possível e das actividades. O Mas é ao evangelizador, que Gaudium et spes, tratou-o em qua- simples facto de o documento (GS) conhece o Evangelho, que compete tro encontros: só ter sido aprovado, pelo Concílio, encontrar estratégias adequadas, 1º encontro: A Igreja no mundo (os na sua décima terceira versão, mos- para que Cristo seja conhecido, se- modelos anteriores ao Concílio tra como é controverso para toda a guido e vivido. Não basta aprender Vaticano II e a opção deste); Igreja. Mas foi aprovado. umas coisas e ficar a orientar uma 2º encontro: A Igreja, a cultura e as Todos agradeceram à Direcção paróquia. Esse tempo já lá vai. Es- culturas (GS 57-62 e AG); o esforço e dedicação para que a ses métodos não produzem efeitos 3º encontro: A Igreja, o homem e al- nossa formação esteja sempre mais positivos. A Igreja de Cristo não é guns problemas mais urgentes actualizada. de “folclore”, de pompas. Não esta- (antropologia, família, realidades mos na Idade Média. O económicas, política, paz); Abílio evangelizador de hoje tem de saber 4º encontro: A Igreja no Mundo des- e Maria Odete Antunes orar sem cessar. Antes de falar de te tempo: HOJE (o imperioso da página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento ! fraternitas@iol.pt página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento ! fraterni
  • 5. espiral 5 A A P O S TA S I A Este último curso em Fátima, Da II Carta de Paulo aos Tessalonicenses, cap. 2: supostamente concebido para nos “No que respeita à vinda do Senhor e à nossa união com Ele, pedimo-vos, irmãos, que não vos deixeis tão depressa e inconsideradamente abalar, nem actualizarmos teologicamente, dei- alarmar (vs. 1-2). Que ninguém, de modo algum, vos engane, porque, antes, xou-me, como todos os anteriores, há-de vir a apostasia e há-de manifestar-se o homem da iniquidade (v. 3). A vinda do ímpio será acompanhada, graças ao poder de Satanás, de toda a muito apreensivo. Igual coisa posso sorte de milagres, de sinais e de prodígios enganadores (v. 9)”. dizer das meditações dos outros en- contros, ou retiros, sempre orienta- como uma peçonha. De facto, hoje cada uma do seu pedaço, definindo- das por pessoas “de peso” no mun- tudo esperamos dos milagres da Ci- O e protegendo-O com ritos e leis e do da instituição e da ciência teoló- vilização, que tem conseguido, par- normas levadas até ao dogma. Ora gica: temo que as nossas reuniões ticularmente nos tempos mais recen- toda esta tralha normativa é nos vão progressivamente tes, um poder avassalador e um es- retintamente “mundana”, isto é, pró- anestesiando, até adormecermos trondoso êxito. Ultrapassando o pria do mundo que Jesus afirmou ter como uns abades ou abadessas, de mundo físico, está já invadindo o por príncipe Satanás e portanto, ob- barriga cheia de análises e ritos. mundo psíquico e espiritual, contro- viamente, nada ter a ver com o Seu “Vamos daqui mais ricos” — lando, aí, todo o movimento, atra- Reino, onde tudo é comandado pelo é a afirmação estafada que também vés de largas fornadas de psicólo- Amor que, como nós bem sabemos, nós estafamos ainda mais, regular- gos saindo das universidades, ape- tudo harmoniza sem precisar de leis, mente, no final dos nossos encontros. trechados sempre com as últimas e nada define, porque tudo perante Ou então esta, mais coitadinha ain- pesquisas e soluções da ciência, e ele é Mistério aberto fascinando da: “Sempre se aprende alguma através de doses industriais de de- sempre, sem nenhum limite. coisa”. Às vezes lá nos atrevemos bates de ideias, de informações fil- É esta apetência para se apro- a dizer: “Foi uma seca”. A única tradas pelos poderes constituídos, da priar dos Carismas, esterilizando-os luz que vejo brilhar, viva e límpida, banalização e canonização do Mal, até os poder controlar segundo a sua mesmo que algo frágil, é aquela que da imensa cataplasma de diversões visão e a sua medida, que caracteri- capto, invariavelmente, em gestos e para calar problemas e dores. Dores za todas as instituições. Foi isto jus- olhares e palavras, nos intervalos, às e problemas que surdamente, sub- tamente que fizeram todas as igre- refeições, nos encontros pessoais, tilmente, a mesma Civilização por jas, subtilmente, mal Jesus Se ocul- nos testemunhos individuais, e tam- outro lado multiplica, em avalanche, tou aos nossos olhos carnais. Com bém um pouco em reuniões de gru- enquanto, como gigantesca empre- que culpa? Não pertence a ninguém po. sa a caminho da falência, na mesma julgá-lo. Pertence-me apenas a mim Ora nós somos gente que já pre- proporção do avanço vertiginoso e a todos nós termos consciência de gou muito, que já ouviu pregar mui- para a queda, se esparranha toda em que somos carne deste corpo, soli- to, que já catequizou muito, que já promessas de solução e de cura para dariamente obrigando Deus a viver foi milimetricamente catequizada, todas as chagas. A confirmar esta assim retalhado e resfriado nos nos- que já ganhou o vício das reuniões visão, vede, por exemplo, como o Pai sos mecânicos esquemas mentais. e dos encontros e das análises. Pre- Natal cilindrou literalmente o Mis- Porque a Igreja é Jesus permanen- cisamos desesperadamente de uma tério de Jesus que esta época deve- temente incarnado e não temos ou- Seiva nova: mais do mesmo só ser- ria revelar. tra Igreja senão esta. Mas vede: que ve para criar banhas. E as igrejas? Todas elas são faz a Igreja que as outras institui- Na introdução a este curso ouvi instituições, isto é, edifícios pirami- ções não façam? Não está ela hoje dizer uma coisa que me fez afitar as dais talhados à imagem de todas a na mesa da presidência, em cada orelhas: o mundo de hoje está dis- outras instituições deste mundo. inauguração de um novo milagre da pensando Deus de forma alarmante. Distinguem-se destas apenas por Civilização, abençoando-o e confe- Porque é exactamente isso que eu usarem o Nome de Jesus como ban- rindo-lhe assim a respeitabilidade de sinto no ar, no chão, à minha volta, deira. Mas de Jesus fizeram uma que ele necessita para se tornar um entrando-me por todos os poros, Doutrina, de que se apropriaram, (continua na pág. 7) itas@iol.pt página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento ! fraternitas@iol.pt página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento
  • 6. 6 espiral CASAMENTO, OS PRÓS E OS CONTRAS A celebração eucarística na pa- róquia de Stammersdorf mal se di- ferencia das celebrações nas outras O que é impossível segundo a lei católica romana do celibato, é realidade aldeias em redor. À primeira vista na paróquia de Stammersdorf em Viena: desde Setembro de 2002 nota-se, quando muito, um grande é um sacerdote greco-católico casado, o padre Georg Papp, que tem número de crianças. Mas uma ob- a seu cargo a pastoral da comunidade de Stammersdorf. Na realidade, servação mais atenta permite desco- este padre, que não está sujeito à lei do celibato obrigatório, esteve brir algo de interessante no sacer- indicado para a vizinha paróquia de S. Cirilo e S. Metódio, cujo pároco dote: ele usa uma aliança no dedo. teve de deixar o ministério por causa duma relação com uma mulher. Foi graças à diplomacia do padre Harald Mally, encarregado das duas O que não é permitido no mundo paróquias, que se evitou o escândalo total duma freguesia. católico romano, acontece publica- mente no 21º bairro de Viena. O car- deal Schönborn nomeou o padre Georg Papp, sacerdote greco-cató- lico casado, para a paróquia de fácil encontrar alguém”, concluía o Padre, marido, pai Stammersdorf. padre Harald Mally, já que das 660 Os paroquianos de Stam- Ao princípio o padre Georg Papp paróquias da arquidiocese de Viena mersdorf estão muito satisfeitos com deveria ir para a vizinha paróquia apenas 480 têm pároco próprio, es- o pároco casado. “O primeiro encon- de S. Cirilo e S. Metódio, para subs- tando as restantes anexadas. Então tro com a paróquia de Stammersdorf tituir o padre Marcus Piringer, for- o cardeal Schönborn decidiu nome- foi para mim singular”, diz com ale- çado a abandonar a paróquia por ter ar para a paróquia de S. Cirilo e S. gria o padre Papp, “senti-me com- decidido casar. Metódio o padre casado Georg Papp. preendido”. Segundo as palavras do pároco Para o jovem paroquiano Klaus Com base no trabalho de seu pai, Harald Mally, responsável pelas pa- Umschaden isso era “uma solução que foi padre em várias comunida- róquias de Stammersdorf e de S. má. Então obrigam um padre a dei- des rurais da Hungria oriental, ele Cirilo e S. Metódio, “Piringer não xar o ministério por causa da rela- conhece muito bem o trabalho nas se considerou vítima do sistema, ção com uma mulher e o sucessor é regiões rurais. A circunstância de o apresentou a sua saída como uma um homem casado!”. Por sua vez, padre Papp ser também marido e pai decisão pessoal e as pessoas apreci- Hermine Pelikan diz: “Temos mui- não perturba ninguém em Stam- aram a sua honestidade”. Todavia, ta dificuldade em entender porque é mersdorf. A primeira prova os paroquianos de S. Cirilo e S. que “Piri” tem de ir embora pelo fac- confirmativa passou-a ele muito bem Metódio preferiam manter o seu to de querer casar e, para o substi- pela maneira como assistiu na do- “Piri”, como afectuosamente lhe tuir, vem um outro com a família. O ença e na morte uma mulher impor- chamavam, com mulher e filhos, padre Mally terá sentido bem a enor- tante para a comunidade. Diz Robert acentua energicamente Hermine me necessidade de esclarecer toda a Nebel: “Nestas situações a família Pelikan. Mas o padre Piringer co- questão”. Consciente do ridículo deve ficar em segundo plano, ele en- nhecia as consequências do seu duma tal situação, o padre Mally tendeu isso”. amor e, porque não queria viver em pressionou o cardeal Schönborn a Que a comunidade está primei- mentira, teve de se despedir da co- colocar o padre Papp exclusivamen- ro, já ele aprendera de seu pai. Tem munidade. te na paróquia de Stammersdorf. Ele consciência da sua dupla responsa- Problemas próprio assumiria também a bilidade e conhece também a impor- Saindo, “Piri” deixou um vazio paroquialidade de S. Cirilo e S. tância da esposa: “No casamento do que tinha de ser preenchido. “Por Metódio, para o que contava com a padre também a esposa se deve sen- escassez de pessoal não era nada ajuda dum padre aposentado.
  • 7. espiral 7 A Apostasia habita, à espera de que O deixemos concepção e fosse agora o tempo de (continuação da pág. 5) comandar este nosso processo de ela verdadeiramente nascer. morte. Sim, de morte, condição ab- Pelo caminho específico que se- solutamente necessária para a nos- guimos, já todos nós, os membros sa Ressurreição, já que ela não acon- da “Fraternitas”, homens e mulhe- verdadeiro Ídolo de espectacular efi- teceu ainda e terá que acontecer, res, tivemos a oportunidade de sen- cácia justamente na sua função da conforme Jesus nos quis mostrar tir o peso da Instituição que ajudá- afastar de Deus até O fazer esque- com a Sua própria Ressurreição, que mos a erguer. Estamos, por isso, em cer por completo? Vede se não é des- Ele chamou também Renascimento. situação privilegiada para entender- te modo a nossa Igreja a responsá- Sinto este tempo muito próxi- mos os sinais deste nosso tempo. vel pela galopante Apostasia que mo. Justamente por causa desta Estou pedindo ao Espírito que nos está tomando conta dos corações, no indesmentível globalização da coloque em estado de alerta e nos nosso tempo! Apostasia que, segundo a Escritu- conceda o dom do Discernimento, Do que precisamos, pois, não ra, deverá preceder o regresso de com a coragem parar agir em con- é de mais cursos e análises, coisas Jesus. Não, não é o Juízo final; é só formidade. que nos entretêm a cabeça, mas que o nascimento da Igreja com que sem- Leça do Balio, não nos atingem o coração, aquele pre sonhámos. Como se a Igreja pri- em 8 de Dezembro de 2003. nosso núcleo íntimo onde o Espírito mitiva não fosse mais do que a sua Salomão Morgado tir vocacionada para a sua função de bém o ordinário para a comunidade Lachnit, traduzindo também o que esposa do padre”. Os candidatos dos fieis greco-católicos na Áustria, sentem muitos daqueles que, mes- greco-católicos ao sacerdócio só colocou ao todo cinco padres casa- mo hoje, ainda preferiam o padre podem casar antes da ordenação. Se dos na arquidiocese de Viena. Dado Piringer. Também o seu vizinho de um potencial candidato não quiser que a diferença entre os dois ritos é mesa, Robert Pelikan, está seguro de viver celibatário, tem de adiar a or- apenas de natureza formal, basta que a autorização para casar impe- denação até encontrar a esposa cer- uma autorização da Congregação diria a perda de padres tão bons ta. O casamento dos padres greco- para a Igreja Oriental para eles po- como Piringer – que era padre de católicos foi aprovado por Roma nos derem exercer uma actividade bi-ri- corpo e alma. finais do séc. XVI. “A vida em fa- tual. Consequentemente, o arcebis- Por detrás da estratégia de colo- mília sacerdotal tem assim uma lon- po de Viena tem, com a aquiescên- car padres casados da Igreja orien- ga tradição”, diz Georg Papp, “é cia de Roma, a possibilidade nome- tal em comunidades católicas roma- uma outra vida. Muitos dos filhos ar sacerdotes greco-católicos para nas, Paul Lachnit vislumbra aí a destas famílias irão ser padres ou comunidades católicas romanas. desorganização do celibato. “Não se esposas de padres”. O casamento oficial dos padres, pode fazer isso directamente, pois A falta de padres possibilita que continua vedado aos fieis cató- seria o caos perfeito em toda a par- isso licos romanos, é, assim, possível aos te. É preciso primeiro infiltrar-se A prática do rito greco-católico fiéis do rito greco-católico também lentamente, a fim de criar a sensibi- em Viena tem uma tradição de cer- na Áustria. No entanto, fica em lidade para tais situações”. Enquan- ca de 200 anos. Já no séc. XVIII a suspenso se a colocação de padres to a Igreja latina estiver agarrada ao imperatriz Maria Teresa, ao instituir casados é no sentido da manutenção celibato, temos de pensar que ela não a Fundação de St.ª Bárbara no pri- do celibato. Se uma lei aparentemen- terá interesse em deixá-lo dissolver. meiro bairro comunal de Viena, te se degrada, há que ter em conta O cardeal Schönborn não se criou um centro para fieis greco-ca- que uma moral dúplice pode criar disponibilizou para falar à Kirche In tólicos. Embora não seja habitual a perturbação e revolta: “Porque é que sobre esta questão. colocação de padres da Igreja ori- pode vir um padre casado e um qua- ental em paróquias católicas, Georg se casado tem de ir embora? É uma Verena Brandtner Papp não foi o primeiro. discussão sem fim. Como é que tudo in Kirche In (04/2003), O cardeal Schönborn, que é tam- isto se conjuga?”, considera Paul pp. 12,13.
  • 8. 8 espiral O Pa d r e F I L I P E d e F I G U – breve esboço biográfic Para exercer no ensino oficial fez o Estágio Pedagó- gico do grupo 8A, na Escola Secundária Afonso Domingues em Lisboa, que terminou em 1977, com a excelente classificação de 16 valores. No ano de 1979 completou duas licenciaturas, uma em História pela Fa- culdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, com a classificação de 15 valores, e outra em Ciências Literárias, pela Universidade Nova de Lisboa, com a classificação de 16 valores. Sempre com uma filosofia Filipe Marques de Figueiredo, filho de Domingos de vida em que “aprender não ocupa lugar”, para uma Marques de Figueiredo e de Rosa Marques da Silva, formação complementar frequentou um Curso intensi- nasceu no dia 24 de Agosto de 1926, em Beduído, con- vo de Linguística e um Curso de iniciação à Etnografia celho de Estarreja. Portuguesa, promovido pelo Centro de Estudos dos Po- Aluno sempre exemplar, fez os estudos de Humani- vos e Culturas de Expressão Portuguesa da Universida- dades nos Seminários do Porto (no Colégio dos Carva- de Católica, em 1984. lhos 1937-38 e seminário de Trancoso, Vila Nova de Leccionou em vários estabelecimentos de ensino em Gaia 1937-39), e de Aveiro (1939-42) e Filosofia e Te- Évora, na Escola de Regentes Agrícolas foi professor ologia no Seminário Maior de Évora, terminando em de Religião e Moral, na Escola do Magistério Primário 1949, com 14 valores. onde foi professor vários anos, na Escola Preparatória Foi ordenado sacerdote a 26 de Junho de 1949 pelo da Santa Clara deu aulas de Religião e Moral e Portu- Arcebispo D. Manuel Mendes da Conceição Santos, em guês de 1972 a 1976, na Escola Secundária Gabriel Pe- Vendas Novas, num barracão de cortiça, celebrando reira em 1974 e 1975. Leccionou no Instituto Superior Missa Nova em Estarreja, a 24 de Julho. de Teologia em Évora de 1990 a 95. Foi ainda professor Sendo um Homem, com uma larguíssima experiên- de Português na Escola Preparatória da Portela de cia, vivência e dinamismo, tem um vastíssimo e admi- Sacavém de 1977 a 79. rável curriculum. Foi Capelão da Casa Pia de Évora nos anos de 1956 Foi fundador do jornal Promoção; foi Pároco de e 57, Capelão do Lar Ramalho Barahona, em Évora, Cabeção (Mora) entre Agosto e Setembro de 1949. Nes- desde 1990. Pároco de S. Brás, Évora, de 1984 a 1999, se mesmo ano começou a leccionar no Seminário Mai- aí fundou o Centro Social e Paroquial de S. Brás. Por or, cargo que só deixaria em 1990. Foi também director duas vezes foi Delegado Diocesano nos Congressos espiritual no Seminário Maior. Foi fundador e director Eucarísticos Internacionais, 1990 e 1991. Foi nomeado de inúmeros movimentos como os Cursos de Cristanda- Cónego da Sé de Évora em 1989. de, que fundou na Arquidiocese com o padre Dr. Acácio Trabalhador incansável, publicou várias obras: " Marques; da Obra das Vocações Sacerdotais da CIGANOS: I Jogos Florais Luso-Espanhóis, Évora, 1971; Arquidiocese de Évora, da qua1 foi director até 1963; Almanaque Cigano, Évora, 1972; Filhos da Estrada e da Pastoral e Promoção dos Ciganos, desde 1968 e da do Vento, Évora, 1973; " da COLECÇÃO “CRISTO NA TUA qual, desde 1970, foi Director Nacional. Dentro da VIDA”: Curso “A Igreja no Mundo de Hoje”, 1972; Os O.N.P.P.C. fundou em 1970 o jornal CARAVANA e do Santos não Morrem: D. Manuel Mendes da Concei- qual foi seu director; Director Diocesano do Apostola- ção Santos, 1981; " primeiro autor da COLECÇÃO “FI- do da Oração, desde 1972; foi Director Diocesano das LHOS DO CONCELHO DE ESTARREJA”: A Professora de Migrações entre 1973 e 1997; fundou o Igreja Eborense Santo Amaro: D. Maria Valente de Almeida, Estarreja, em 1983; em 1987 funda o Jornal de S. Brás; recente- 1982; D. Francisco Nunes Teixeira: Bodas de Ouro mente havia igualmente fundado a Fundação Dom Ma- Sacerdotais (testemunhos e escritos), Estarreja, 1983; nuel Mendes da Conceição Santos. Manuel Pedro Calado e sua Família: Alfobre de Ar- página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento ! fraternitas@iol.pt página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento ! fraterni
  • 9. espiral 9 UEIREDO A Assembleia Municipal co – tistas, Estarreja, 1984; A Obra Literária do Padre de Évora publicou o Donaciano de Abreu Freire: I O ESCRITOR, Estarreja, seguinte Voto de Pesar 1985; A Obra Literária do Padre Donaciano de Abreu Freire: II O ORADOR SAGRADO, Estarreja, 1988; A pelo falecimento do Obra Literária do Padre Donaciano de Abreu Freire: III O ORADOR SAGRADO, Estarreja, 1989; O Padre Cónego Filipe de Donaciano de Abreu Freire, o Homem e o Padre do Figueiredo seu Tempo: IV BIOGRAFIA, Estarreja, 1989; D. Ma- nuel Mendes da Conceição Santos, Fundador das Ser- vas da Santa Igreja, 1986; A Universidade de Évora e Subscritora: as Alterações de 1637, Évora, 1988; Religiosidade Po- Deputada Municipal Luísa Baião (PS) pular, Évora, 1990; Os Padres de Estarreja, Estarreja, s.d.. Deixou-nos sós o Padre Filipe de Trabalhava ainda noutras obras para edição: D. Ma- nuel Ferreira da Silva: O Bispo Missionário; Padre Figueiredo. Aos 77 anos, apesar da obra Donaciano de Abreu Freire: Conferencista; Subsídios meritória na Paróquia de S. Brás, que era para a História de Estarreja. sua, que era nossa, nunca tendo É autor de várias traduções, das quais se destacam, considerado acabadas todas as na colecção “Cristo na Tua Vida”, Nós, Os Ciganos, de superiores exigências do seu ministério Juan de Dios Herédia, Vocação Sacerdotal, de em prol do “Homem”. Baldomero Jimenez, e A Paróquia, Comunidade Emérito o seu trabalho enquanto Evangelizadora, de Miguel Andres. Secretário Diocesano da Emigração, Através do Centro Social de S. Brás, promoveu a pu- com especial relevo para a acção blicação de livros de sonetos do vice-presidente da As- desenvolvida em defesa das minorias sembleia Geral da LASE, Dr. José Augusto Pinho Neno, étnicas. Drª Fernanda Seno e do filho. Como Sacerdote, dedicado à acção Participou em inúmeros congressos, normalmente ver- sando sobre Ciganos. de Deus na Terra, como homem, como Em 1988 foi merecidamente homenageado com o professor, como missionário e como troféu “Jornal de Estarreja”, considerando-o a persona- pessoa, fez sempre suas as justas e lidade que mais se distinguiu no campo das letras, pela mais nobres causas, e o exemplo que foi publicação da Vida e Obra Literária do Padre Donaciano a sua vida, deverá guiar-nos a todos. de Abreu Freire, em quatro volumes. Pela perda deste homem, exemplo É em Estarreja, torrão natal, em tempo de Advento e de fraternidade, disponibilidade e no seu posto (no final de mais um dia de trabalho inten- dedicação, de que é exemplo a sua so que culminou numa longa reunião na Câmara Muni- participação no Conselho Municipal de cipal, em que acabara de assinar um acordo para a cons- Segurança, a Assembleia Municipal de trução de mais um Lar Familiar da 3ª Idade – Casa de Évora apresenta publicamente à família Oração que terá precisamente a designação de Lar de o seu sentido voto de pesar. S. Filipe e Centro de Convívio, indo iniciar também, nesse dia, a direcção de mais um retiro para jovens), que o P. Filipe foi vítima de doença súbita e fatal. Era o Aprovado por Unanimidade. dia 28 de Novembro de 2003. itas@iol.pt página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento ! fraternitas@iol.pt página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento
  • 10. 10 espiral Padre Filipe! Que vivas, Padre Filipe! Nesta hora em que, para dialo- E para terminar, meu caro P. Fi- por uma sobrevivência que só a fé gar contigo, só com antenas sintoni- lipe, resta-me apenas recordar o que, pode alimentar e fecundar até para zadas para o sagrado “Além”, man- e como, e quando, tudo começou; e lá do tempo da nossa peregrinação. da-me a alma que recorde tudo isto, acrescentarem comentário o expres- Para Unamuno, como já o fora para e o reviva, como quando, discreta- sivo verso de Fernando Pessoa em César Cantú: “Os poetas são filhos mente, me telefonavas a pedir cola- “Mensagem”: “Todo o começo é dos deuses”. boração ou opinião e parecer fosse involuntário — Deus é o Agente”. E enviaste-me um exemplar do sobre o que fosse, e não importa a Ainda um abraço, meu caro Fi- volume, e precisamente ao começar que hora, a tua ausência sinto-a sau- lipe. o ano de 1997 — fez agora 7 anos davelmente cheia das melhores — mas com uma dedicatória exten- vivências em que ambos discreta e Manuel Ferreira da Silva sa da melhor amizade e apreço que com muito e mútuo apreço de alma in Voz das Misericórdias, nunca se pode esquecer. partilhávamos. Janeiro de 2004, pg. 14. O P. FILIPE recordado na imprensa (continuação da pág. 15) ONPC como um exemplo de dis- A Defesa (2 Dez) ponibilidade que procurou sempre Morreu o Padre Filipe de do conhecimento de mais de 40 incutir nos ciganos o amor à Se- Figueiredo anos que teve deste sacerdote de nhora da Nazaré. Noticia a morte do Cónego Filipe quem aprendeu “bastante da Na missa de sufrágio na Igreja de Figueiredo, que durante 54 anos vivência que se deve ter com a Matriz de Beduído, presidida pelo exerceu o ministério sacerdotal na etnia cigana”. E refere como, há Bispo Auxiliar de Évora, D. Arquidiocese de Évora. Apresenta 40 anos, o P. Filipe se meteu a Amândio Tomás, ficou bem patente a sua biografia destacando o facto caminho de Fátima com uma gran- o quanto este sacerdote fez de bem de o Pe. Filipe ter criado a Funda- de caravana de Ciganos. “Por onde pelos mais carenciados. Também ção D. Manuel Mendes da Concei- andei com a Irmã Zulmira e o Dr. Monsenhor João Gaspar, Vigário ção Santos e os Missionários de Monteiro, Equipa Nacional da Geral de Aveiro, que representou Cristo Sacerdote, além das obras Pastoral dos Ciganos, recebi teste- D. António Marcelino, ainda inter- sociais que ajudou a levantar, munhos que me falam, a cada mo- nado no Hospital de Aveiro, ratifi- como é o caso do Lar de São Pau- mento, que os ciganos são PESSO- cou este carisma. “O Cón. Filipe lo. AS e, como tal, devem ser trata- estará junto do cigano Zeferino a dos”. “Recentemente, na Hungria, interceder ao Pai por aqueles que Adeus Pe. Filipe pude constatar o grande amor (do não têm eira nem beira. ...O Se- José de Vasconcellos e Sá dá um P. Filipe) a Nossa Senhora, aos nhor da Messe mandará outros testemunho sobre o Padre Filipe ciganos. Apesar da sua débil saú- operários para esta seara imensa”. dizendo: “foste para a Família de de, parecia que as energias lhe uma utilidade e franqueza a roçar vinham à tona quando se diziam Ecclesia – internet (2 Dez) o divino, foste um irmão, foste, coisas lindas de ciganos e sentia-se Faleceu o P. Filipe de principalmente, um excelente ami- triste quando lhe apregoavam coi- Figueiredo, homem de Deus go”. sas menos boas dos seus irmãos Noticia a morte do P. Filipe de ciganos”. E define o Director da Figueiredo. in A CARAVANA (28/01/2004)
  • 11. espiral 11 Que vivas, Padre Filipe! Padre Filipe! Quem, como tu, morre sem pre- - nas iniciativas que estimulaste, e critas — crónica que, nas minhas venir, e parte para outro lado da vida, nas quais, sendo o interveniente de andanças por lá com D. Sebastião que é o mesmo que não morrer — mais validade, sempre optaste por de Resende, tinha publicado, e fo- valha bem o paradoxo — fica sem- ficar discretamente na sombra; ram o seu “vade-mecum” na sua pre vivo: - e muito especialmente na “FRA- pastoralidade generosa e muito pes- - na vocação que viveste; TERNITAS” que com tão genero- soal, como tão de perto vi, vivi, - na missão que cumpriste; sa alma levaste por diante, esten- apoiei e testemunhei. - nas largas caminhadas que empre- dendo a mão de salvador de voca- Mestre de ambos nós, o Senhor endeste; ções que nunca fracassou nos em- Arcebispo de Cízico deixou em ti um - nas boas obras que espalhaste a preendimentos em que te envolves- virtuoso “fac-símile”, o que permi- mãos cheias; te. tiu que muitas vezes confidenciasses - nas mensagens que subscreveste; Aprendeste e herdaste, assim, comigo os teus sonhos, os teus pro- - nas causas pelas quais tão genero- uma alma sacerdotalmente aberta e blemas, os teus projectos, o teu pro- samente te bateste. num genuíno ecumenismo de acolhi- jecto em prol de uma causa que so- E sem fazer barulho, nem preci- mento, do teu e meu grande Amigo nhavas: a recuperação eclesial de sares de recorrer às trombetas de — que tão generosamente me trata- “Padres Casados”. uma propaganda alienante. va por Irmão — o Senhor D. Manu- Mobilizaste-me um dia para ir a O que fizeste fala por si: el Maria Ferreira da Silva, Arcebis- Évora apresentar o maravilhoso li- - os seminaristas que ajudaste a de- po de Cízico, e que foi um salvador vro de poemas “Cântico vertical” da cidirem-se; de vocações e sobre o qual me pe- tua grande colaboradora e escritora - os cursos de Cristandade que ani- diste um dia um testemunho que es- da melhor pena e transparente ins- maste; crevi longo e denso como mo exigia piração e virtude, Drª Fernanda - os ciganos a quem te deste como a alma. Seno, e de que foi testemunha o nos- um profeta da promoção em cida- E dentre todos os que salvou e so comum grande Amigo, General dãos de direito pleno; promoveu, lembro outro grande Themudo Barata, no nobre Palácio - os retiros em que meditaste com Amigo, o 1º Bispo de Tete D. Manuel, em Évora, em 1993. quem neles participou as mais vá- (Moçambique), D. Félix Niza Ri- Mais tarde, quando a Fernanda lidas verdades e mensagens; beiro, a quem, ainda aluno diocesa- partiu em 1996, subindo a sua cruz - as peregrinações que empreendes- no de Portalegre, mas no seminário na verticalidade, para ir descansar te, mostrando que pelos caminhos dos Olivais, o seu Prelado de então antes de ti nos braços de quem a es- da terra se pode e deve chegar ao ordenou que saísse do seminário. perava no céu, coligiste, e com toda céu; Sei, entretanto, que também tu a enérgica devoção da tua alma — - na paroquialidade que exerceste estiveste à beira de ser mandado feita então de saudade e gratidão — em que ninguém ficou de fora do embora do seminário por “falta de testemunhos vários sobre a Poetisa. alcance da virtude missionária que bitola para o ofício de padre”, como E não me dispensaste de um comen- em ti sempre transpareceu; de ti disseram. tário a um pensamento de Unamuno: - nas páginas que escreveste no teu Deitou-lhe a mão o nosso amigo “Quando alguém reaparece e mere- “Jornal de S. Brás”, e nos livros — irmão D. Manuel que lhe meteu ce ser lembrado, é porque não mor- cuja edição apoiaste com a melhor na alma — como a mim o havia de reu inteiramente”. técnica do centro Social e Cultural fazer — um sonho de missão. Sublinho, agora e a teu respeito, que criaste em S. Brás, e para a E foi — como eu iria mais tarde este mesmo pensamento do grande qual me pediste conselho; — para Moçambique, onde foi se- pensador e mestre que em “Agonia - nos escritos de que outros foram cretário do cardeal D. Teodósio, e do Cristianismo” e “Sentimento Trá- autores, e cuja edição tu apadri- veio a ser o 1º bispo de Tete, e para gico da Vida”, sublinha a “agonia” nhaste e estimulaste, e que foram cuja tomada de posse partiu confi- não como uma extinção, mas luta deleite para o público leitor; ante, pedindo-me informações e es- (continua na pág. anterior)
  • 12. 12 espiral Rumo à eternidade Ao AMIGO DE DEUS, Pe. Filipe de Figueiredo com um “Até breve!” da Teodolinda Deus deu-te um coração à dimensão do Mundo: Cordilheiras de Fé!... Himalaias de Amor!... E a Esperança era, em ti, jardim fecundo, Onde desabrochava uma Alegria em flor. Amavas o Senhor, apaixonadamente, E, por amor de Deus, amavas cada irmão!... A todos ajudavas... desinteressadamente, Desde os grandes do mundo, ao párias de exclusão. Surpreendeu-te a morte em plena actividade, Trabalhando na Vinha do Senhor Servindo jovens, anciãos, a Santa Igreja. Voou tua Alma, rumo à Eternidade! E, p’ra recebê-la, com hinos de louvor, Cantam Anjos no Céu, “Bendita seja!...” Évora, Festa da Imaculada Conceição do ano 2003. Teodolinda Perdigão b r e v e s . . . ! Novo “filho”: O nosso Artur Oliveira continua o seu trabalho de lançamento da semente, de evangelização. E no gosto (e profundo saber e habilidade) de lançar para os baptizados instrumentos de reflexão, simples mas seguros, lançou há pou- co um novo livro: Lucas, o Evangelista do Ano C. A sua modéstia leva-o a subtitulá- lo com “algumas notas de introdução”. A clareza e segurança doutrinal são já sobejamente nossas conhecidas. Integra-se na sequência dos anteriores, sobre Mateus e Marcos. Possa ter a divul- gação que verdadeiramente merece. Também está lá a “mãozinha” da Antonieta. Parabéns! página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento ! fraternitas@iol.pt página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento ! fraterni
  • 13. espiral 13 Comemoração das Bodas de Ouro Sacerdotais do Padre Filipe de Figueiredo, durante o 6º Encontro Nacional do FRATERNITAS, no dia 30 de Julho de 1999, em Fátima Senhor Bispo. Celebrava-se o 6º Encontro/Retiro Nacional do Irmãos, Senhor Cónego Filipe, querido irmão e amigo. FRATERNITAS. Na Eucaristia de encerramento, presidida pelo Senhor D. Serafim, bispo de Leiria- Como diria o Pe. António Vieira, o Sr. Cónego “é ho- -Fátima, louvávamos igualmente o Senhor pelas mem de mais passos do que paço”. Bodas de Ouro Sacerdotais do Irmão Padre Filipe. Amigo de tudo o que é plano, nasceu e cresceu numa Interpretando os sentimentos de todos, ergueu a voz planura à beira-mar plantada — a ria de Aveiro. o José Alves Carneiro e deixou falar o coração. Com Como a Pedro e a André, o Mestre impôs-lhe o abando- o seu texto, apresentamos também duas imagens: a no dos barcos, que trocou pelos tractores alentejanos. dessa Eucaristia, e a “foto de família”, no final da Assembleia Geral, ocupando o Pe. Filipe o centro, como que acolhendo e protegendo a todos... meira pedra. Hoje, como então, os acusadores retiram e em cena fica só o irmão Filipe e os irmãos ciganos, presos, pobres e padres casados. Os companheiros de Filipe, despronunciados pelos fariseus, também não são pronunciados pelo Filipe. A nós, padres casados, também ele pergunta: “irmãos, ninguém vos condenou?” Nós respondemos, irmão, junto de ti e contigo, ninguém Nesta longa e generosa caminhada foi ao encontro de nos condena; repreende-nos tu, corrige-nos tu, mas leva- todos, os que todos farisaicamente abandonaram e con- nos no teu tractor, porque a via é longa, a noite é fria, e denaram. só não vacilarão os nossos passos junto aos teus passos Ao lado dos passos deste nosso irmão sem paço, há pe- mesmo que não tenham o perfume e o requinte do paço. gadas de ciganos, de presos, de pobres, de padres que José Alves Carneiro casaram, de todos os irmãos da mulher adúltera, que as pe- dras farisaicas ame- açavam de morte e condenaram à marginalização e ao ostracismo. Como o Mestre da Galileia, o nosso mestre de Aveiro desarma os acusadores, convi- dando os sem peca- do a atirarem a pri- itas@iol.pt página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento ! fraternitas@iol.pt página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento
  • 14. 14 espiral O P. FILIPE recordado na imprensa A Defesa (14 Jan) director desde o início, refere que neiro. D. Maurílio agradeceu a Que vivas Padre Filipe! “o seu exemplo de incansável Deus Pai o dom da vida e do mi- Publica o testemunho do Dr. Ma- obreiro da messe do Senhor é um nistério presbiteral do Cónego nuel Ferreira da Silva, publicado poema doce atirado à memória do Filipe. na ‘Voz das Misericórdias’ (texto tempo e da história”. incluído no nosso boletim). “— Ainda não sabes? Morreu Um coração de Apóstolo o nosso amigo!?!” Voz das Misericórdias (Jan) “O Senhor acaba de chamar a Si O Dr. João Canha dá o seu teste- Que vivas Padre Filipe! mais um querido membro do nosso munho sobre como acompanhou a (texto incluído no nosso boletim). presbitério, cónego desta Sé e ge- notícia do falecimento do Pe. Fili- neroso pastor da nossa pe nos “locais do teu universo. Foi Nevi Yag (Dez) (Fogo Novo, ór- Arquidiocese: o Cónego Filipe uma peregrinação de afectos” gão do CCIT (Comité Católico Marques de Figueiredo.” Estas ...que testemunhou “que deixaste a Internacional para os Ciganos) foram palavras de D. Maurílio de fé na ressurreição como herança IN MEMORIAM Gouveia, Arcebispo de Évora, maior, consolidada.” Noticia o falecimento do Cónego quando presidia à Missa de Sufrá- O autor narra alguns dos muitos Filipe de Figueiredo, um grande gio pelo Cónego Filipe de momentos que viveu com o Pe. amigo dos Ciganos e do CCIT. Figueiredo. O Cónego Filipe, fri- Filipe e refere: “outras vezes cho- “Tinha assistido , pela primeira sou, deixou-nos “um exemplo ad- rámos juntos a alegria do perdão.” vez, ao Encontro internacional do mirável de padre diocesano, um Relata o testemunho da cigana CCIT em Anvers, em 1983. ...” ministério da maior importância, Vera que “disse que enquanto pu- “Nós guardamos, deste homem embora nem sempre compreendido deram contar contigo podiam con- bom, a lembrança de um rosto com não só por parte da sociedade, tar com um pai, defensor um sorriso discreto, com uma Fé mas, às vezes, até em sectores da devotadamente dedicado.” “Recor- serena e inquebrantável e com uma própria comunidade eclesial”. do as preocupações que partilhaste imensa vontade de serviço. ... O D. Maurílio destacou algumas das comigo, nos nossos dois últimos que irradiava, porque era sereno, múltiplas iniciativas e actividades encontros.” “Deus em ti manifesta- era profundo.” exercidas pelo Cónego Filipe, no- rá, uma vez mais, a sua santidade. O CCIT apresenta as suas condo- meadamente, como “educador nos ...Obrigado Filipe!” lências comovidas à ONPC e aos seminários, promotor do apostola- seus amigos. “O Pe. Filipe está do dos leigos, animador da pasto- “Beati mortui qui in Domino agora na plenitude da Fé de que ral das vocações. Fundou institui- moriuntur: Opera enim enriqueceu a sua vida e também a ções de carácter social, apostólico illorum sequuntur illos!” (Ap. de muitos!” e espiritual; foi jornalista e escri- 14, 13) tor.” O Pe. José Augusto Pedroza da Definiu-o como um “padre profun- Silva recorda “muitas páginas da Jornal de S. Brás (Dez) damente apostólico. Sentia-se nele Páscoa do Cónego Filipe de minha vida onde o seu nome está um forte apelo interior a responder gravado para sempre.” “Amigo Figueiredo à urgência da evangelização e a Noticia o falecimento inesperado dos pobres, dos ciganos, dos sacer- dar um testemunho efectivo de dotes em dificuldades, dos padres do Padre Filipe de Figueiredo, amor e serviço aos homens, em dando especial destaque à fé in- que deixaram o exercício do minis- particular, aos mais carenciados”. tério, das crianças desfavorecidas, quebrantável e à vasta experiência E acrescenta que o Cónego Filipe deste sacerdote da Arquidiocese de dos jovens, nomeadamente do ficará conhecido como o “Padre JAAI 2000, dos idosos mais aban- Évora. O Jornal de S. Brás, de dos Ciganos”, campo onde foi pio- quem o Padre Filipe foi fundador e
  • 15. espiral 15 Faleceu o P. Filipe de Figueiredo, homem de Deus Instituto Superior de Teologia de O P. Filipe tinha 77 anos quan- Amândio e na Igreja Paroquial de Évora. O P. Filipe foi ainda Profes- do o Senhor, no seu Amor infinito, S. Tiago de Beduído (Estarreja). No sor do Magistério Primário, Prefei- decidiu fazê-lo participante da sua dia 5 de Dezembro foi celebrada to e Professor da Escola de Regen- glória. Missa pelo P. Filipe na Conferência tes Agrícolas. Director de “Igreja As Exéquias foram presididas Episcopal Portuguesa (CEP), tendo Eborense, Boletim de Cultura e pelo Sr. D. Amândio José Tomás, presidido o Sr. D. Januário Torgal Vida da Arquidiocese de Évora”, o Bispo Auxiliar de Évora. No dia 4 Ferreira, Presidente da Comissão P. Filipe era autor de uma extensa de Dezembro foram celebradas Mis- Episcopal das Migrações e Turismo bibliografia de que se destaca a co- sas do 7º Dia, na Sé Catedral de e concelebrado o Sr. D. Tomás da lecção “Filhos do Concelho de Évora, tendo presidido o Sr. D. Silva Nunes, Secretário da CEP. Estarreja” e a obra sobre o Pe. Maurílio de Gouveia, Arcebispo de Donaciano de Abreu Freire. Évora e concelebrado o Sr. D. Francisco Sousa Monteiro dirigido pelo Cónego Filipe de nos Figueiredo, referindo que este sa- “Um homem que esteve sempre no donados.” “Amante da Eucaristia” cerdote era “uma pessoa com idei- curso do sentido da Igreja “. Com e “devoto insigne da Virgem Ma- as bem delineadas, valores bem modéstia, o Cónego Filipe de ria”, refere o autor sobre o Pe. definidos e, acima de tudo, com um Figueiredo vivia atrás do palco. Filipe e nomeia as comunidades grande coração e um profundo “Escrevia e ensaiava as peças ... paroquiais alentejanas em que o sentido de solidariedade”. depois retirava-se”. “Amou mui- Pe. Filipe é lembrado com sauda- tos... aqueles que publicamente de. “Certamente, o Céu do Sr. Có- Missionários de Cristo Sacerdo- não dava jeito amar”. Foi deste nego Filipe não será um “eterno te - Suplemento especial do Jornal modo que D. Januário Torgal Fer- descanso”... O seu dinamismo e de S. Brás (Dez) reira se referiu ao Cónego Filipe empenho... há-de avançar naqueles É um número especial todo dedica- de Figueiredo quando presidia à que aprenderam com ele tantas do ao Cónego Filipe onde são apre- celebração da Eucaristia de 7º dia, lições de ardor apostólico”... “Ele sentados alguns testemunhos de pes- nas instalações da Conferência próprio, do Céu, vai, seguramente, soas que conviveram com ele e tre- Episcopal Portuguesa. Ao referir- insistir na inspiração das obras chos de uma rubrica que escrevia no se ao Director da Obra Nacional que aqui deixou”. “Tenho-te sem- Jornal de S. Brás, intitulada “Carta da Pastoral dos Ciganos (ONPC), pre muito presente no altar e no Aberta – Mensagem de Esperança”. o Prelado enalteceu o trabalho que coração!” dizia o Pe. Filipe. “Que O Suplemento acentua que “a sere- realizou junto dos ciganos e tam- mais podemos esperar?” nidade e o bom acolhimento que, bém na Associação Fraternitas, para com todos manifestava eram onde revelou sempre proximidade A Caravana dos padres dispensados do exercí- sinal de que Cristo estava nele”. Faleceu o P. Filipe de cio do seu ministério e suas espo- “Obrigado Senhor Cónego Filipe Figueiredo, homem de Deus sas. pelo muito que tivemos a graça de Texto do Francisco Sousa aprender, pelo testemunho de vida Monteiro (em substância o da últi- que nos deu... Eternamente agrade- Correio do Vouga (3 Dez) ma página deste número). cidos ao SENHOR por o ter coloca- Morreu o Cónego Filipe, do como Pastor das nossas almas”, apóstolo dos ciganos há Folha de São Paulo - Suplemen- escreve M. F. F. A.. meio século to do Jornal de S. Brás (Dez) Daniel Rodrigues noticia a morte Finou-se rapidamente do Cón. Filipe de Figueiredo e fala Ecclesia (9 Dez) Apresenta o testemunho do Centro O homem que amou os ciga- Social de São Paulo, fundado e (continua na pág. 10)
  • 16. Faleceu o P. Filipe de Figueiredo, homem de Deus Ao princípio da noite de 28 de Conceição Santos (santo Arcebis- Novembro de 2003 faleceu o Cóne- po de Évora que o havia ordenado) go Dr. Filipe Marques de e da Liga dos Amigos da mesma Figueiredo, homem de Deus. No iní- Fundação. A Fundação dispõe ac- cio do Advento, o Senhor que sem- tualmente de dois Lares e um Cen- pre esteve no coração do P. Filipe, tro Infantil em Évora, de um Centro quis chamá-lo a entrar “no gozo do para Acolhimento de Mulheres Mal- seu senhor” (Mt 25,21). Agora, no tratadas e Mães Solteiras e de um coração de Deus, a partilhar a sua Centro para formação de jovens, glória para sempre, a grande obra ambos em fase de projecto, em do P. Filipe passou a ser interceder amigo, profundamente humano e de Elvas, de uma Residência Familiar por nós para que o imitemos a viver uma espiritualidade genuína que se e de um Lar (este projectado) em de tal forma que, tal como ele, ter- comunicava naturalmente. Fátima e de um Lar Familiar — minemos os nossos dias “de pé di- Desde 1994 o P. Filipe era o Casa de Oração em Reguengos de ante do Filho do Homem” (Lc 21,36; Director da Obra Nacional da Pas- Monsaraz. Evangelho da Missa do 1º Domin- toral dos Ciganos, instituição da O P. Filipe foi o Fundador e era go do Advento que foi rezado na Conferência Episcopal Portuguesa, o Assistente espiritual: dos Missio- Missa das Exéquias do P. Filipe, na de que fora o primeiro Director des- nários de Cristo Sacerdote, Asso- Igreja de S. Tiago de Beduído onde de 1972 até 1978. Nesta qualidade ciação dedicada à espiritualidade e fora baptizado e paróquia onde nas- e na de Responsável pelo Secretari- à oração pelas vocações sacerdotais cera). ado Diocesano da Pastoral dos Ci- e pelos sacerdotes; dos Missioná- O P. Filipe foi vítima de doença ganos de Évora, o P. Filipe dedicou- rios de Cristo Bom Pastor, Asso- súbita, no final de mais um dia de -se de alma e coração à evangeliza- ciação com a mesma finalidade da trabalho intenso que culminou numa ção e ao desenvolvimento social da anterior, composta por sacerdotes e longa reunião na Câmara Municipal população de etnia cigana, merecen- dos Jovens em Acção Apostólica de Estarreja, sua terra natal, em que do referência especial as peregrina- da Imaculada em Ordem ao Ano acabara de assinar um acordo para ções nacionais e internacionais de 2000 (JAAI 2000). a construção de mais um Lar Fami- ciganos aos Santuários de Nossa O P. Filipe foi o Fundador e era liar da 3ª Idade — Casa de Oração Senhora em Fátima e em Vila Viço- o Assistente espiritual da Associa- que terá precisamente a designação sa e também a Roma em 1997, por ção FRATERNITAS Movimento, de Lar de S. Filipe e Centro de Con- ocasião da Beatificação do Beato constituída por Padres dispensados vívio. Iria iniciar também, nesse dia, (cigano) Zeferino Giménez (El do exercício do Ministério e pelas a direcção de mais um retiro para Pelé) e do Jubileu do ano 2000 e a suas esposas. jovens, em Estarreja. Deixou duas conhecida Exposição Internacional Além de Membro do Cabido da irmãs e outros familiares, entre os de Cultura Cigana (EXPOCIG), em Arquidiocese de Évora, o P. Filipe quais as sobrinhas Sofia e Rossana Lisboa, em 1998. O P. Filipe era o foi Pároco de São Brás, em Évora e que já colaboravam com ele nas Director do jornal A CARAVANA. era o Director do Centro Social de múltiplas obras que criou, na sua O P. Filipe que há quatro anos S. Paulo e do Jornal de S. Brás. total dedicação à Igreja. Deixou completara 50 anos de sacerdócio, Na Arquidiocese de Évora, o P. igualmente numerosos amigos que era o Fundador e Presidente da Fun- Filipe tinha sido Fundador e Direc- o reconhecem como homem bom, dação D. Manuel Mendes da tor da Obra das Vocações Sacerdo- boletim da tais, Director dos Cursos de Cristan- espiral associação fraternitas movimento dade, Director espiritual do Semi- Rua Lourinha, 429 - Hab 2 = 4435-310 RIO TINTO nário Maior, Professor de Antropo- Responsável: Alberto Osório de Castro logia Cultural e Evangelização no e-mail: a-osorio-c@clix.pt Nº 13/4 - Outº.2003 a Março.2004 (continua na pág. 15)