O documento discute a importância do compartilhamento de conhecimento nas organizações para evitar a dependência excessiva de poucos funcionários e permitir que outros aprendam os processos. Ele sugere que as empresas devem enraizar a prática do treinamento mútuo entre funcionários e formalizar os papéis de multiplicadores internos para disseminar conhecimento.
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Artigo - O Partilhar do Conhecimento
1. O Partilhar do Conhecimento
Wellington Moreira afirma que é necessário conscientizar as pessoas de forma plena que sempre
há algo a aprender e a ensinar aos pares, superiores e subordinados.
O conhecimento não registrado em manuais nem descrito em
processos de trabalho é um dos principais e mais fugazes
recursos de uma companhia, mas infelizmente várias delas só
compreendem este fato inquestionável quando aquele
empregado com vários anos de casa sai e ninguém mais sabe
fazer as coisas daí em diante.
Este é o caso, por exemplo, de uma grande empresa que
confia seu principal projeto a três profissionais por considerá-
los totalmente capazes de cumprirem a empreitada. Num dia
qualquer, no entanto, de uma só vez estas mesmas pessoas
recebem uma proposta melhor da concorrência, pedem demissão simultaneamente e deixam a empresa
sem saber como cumprirá os novos contratos que foram fechados para os próximos doze meses, afinal até
aquele momento ninguém havia cogitado a hipótese de que estas pessoas-chave poderiam não estar por
ali para realizá-los.
Mas se engana quem acredita que este problema é comum apenas a companhias graúdas. Imagine a
situação de um médico que conta apenas com os serviços de uma secretária responsável por agendar as
consultas, recepcionar os pacientes, receber os pagamentos e manter o controle financeiro da clínica,
enquanto que ele fica responsável, é claro, pelo atendimento médico.
Ao mesmo tempo, considere que esta profissional secretária seja competente e tenha de se afastar do
trabalho de uma hora para a outra. Se ela não conservava as rotinas básicas de forma organizada até
então é bem provável que em alguns dias os problemas comecem a aparecer no consultório, não por
causa da incapacidade profissional da nova secretária que a substitui, mas simplesmente porque esta
ainda desconhece como funcionam as coisas naquele lugar.
As práticas de Gestão do Conhecimento existem exatamente para evitar tais situações e podem ser
aplicadas a qualquer tipo de negócio. Ao formalizar os principais processos e registrar o conhecimento
disponível – seja ele tácito ou explícito –, esta total dependência de algumas pessoas desaparece, já que
você possibilita aos outros profissionais da sua empresa saberem como as atividades precisam ser feitas.
Todavia, para isto é necessário enraizar na cultura organizacional a prática rotineira de todos treinarem a
todos, isto é, conscientizar as pessoas de forma plena que sempre há algo a aprender e a ensinar aos
pares, superiores e subordinados.
Se muitos profissionais da sua empresa ainda resistem ao compartilhamento de experiências é preciso
avaliar até que ponto esta atitude é resultante da crença de que serão descartadas a partir do momento
que outras pessoas souberem o mesmo que elas.
E saber que a empresa na qual trabalha pode transmitir algo bem diferente, inclusive por meio do layout
das salas. Ambientes amplos, sem portas e com pouquíssimas divisórias são convidativos à transmissão
do conhecimento, bem como quaisquer outras iniciativas que favoreçam o acesso mais fácil aos gestores
da organização.
Ao mesmo tempo, outra boa prática é formalizar o papel de multiplicador interno junto aqueles que detêm
um conhecimento técnico ligado ao negócio e muito têm a contribuir com os demais funcionários quando
relatam a experiência que obtiveram ao longo de suas carreiras.
E como se revela um potencial multiplicador? Além de gozar de credibilidade interna graças à cancha
acumulada na área, geralmente é alguém que cultiva bons relacionamentos nos quatro cantos da empresa
– caso contrário não encontraria ouvintes dispostos a escutar seus aprendizados – e possui o prazer de
2. transmitir aquilo que sabe às outras pessoas.
Quatro séculos atrás o filósofo e político inglês Francis Bacon asseverou a máxima: “Conhecimento é
poder”. Agora o mais certo seria afirmarmos que conhecimento é poder, desde que compartilhado.
Wellington Moreira
Palestrante e consultor empresarial
wellington@caputconsultoria.com.br