O documento discute a importância de se conduzir processos de demissão de forma responsável e com planejamento. Uma demissão mal conduzida pode ter impactos negativos como queda na produtividade e aumento no turnover. É essencial comunicar claramente os motivos da demissão e oferecer suporte ao demitido, como pacotes de benefícios e programas de recolocação.
1. [ Relações Trabalhistas ]
Demissão se faz com responsabilidade e
planejamento
Patrícia Bispo
Jornalista responsável pelo conteúdo da comunidade virtual RH.com.br.
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Quando um profissional é contratado, a organização espera que ele dê o máximo de si e para isso, muitas
vezes, investe em treinamentos para capacitá-lo ainda mais para atender suas expectativas e supri as
necessidades do negócio. No início, pode-se até se afirmar que é formada uma relação de conquista entre as
duas partes. Contudo, essa realidade pode mudar com o tempo e de um momento para o outro, o profissional
pode ser desligado da organização seja por vontade própria, justa causa ou ações estratégicas. Por uma
razão ou outra, a demissão nunca é algo agradável tanto para quem vai como para quem fica. Sem deixar de
mencionar, é claro, que quando um colaborador deixa uma organização ele leva consigo o conhecimento
adquirido.
Dentro desse contexto, muitos fazem a mesma pergunta: é possível tornar a demissão em um processo
impactante? A princípio, a resposta que pode ser dada a esse questionamento é que existem ações que a
empresa pode adotar para minimizar o desligamento individual ou de um número expressivo de funcionários.
Essa é a chamada "Demissão Responsável", onde as empresa planejam o afastamento do profissional sem,
contudo, deixá-lo "a ver navios" em um mercado altamente competitivo.
Para falar sobre o assunto, o RH.com.br entrevistou o consultor Gutemberg B. de Macedo, autor de livros
como, por exemplo: "Fui demitido. E agora? A demissão não é o fim"; "Outplacement - A arte e a ciência da
recolocação"; "Empregue seu talento - Carreira solo: a nova opção para o fim do emprego"; e "Carreira: que
rumo seguir?". Inclusive, em 1993, o título "Fui demitido. E agora? A demissão não é o fim" foi contemplado
com o Prêmio Jabuti de Cultura como melhor livro na categoria "Economia, Administração, Negócios e Direito".
"Muitas empresas levam até dois anos para seduzir, conquistar o profissional. No entanto, para demitir não
levam mais do que cinco minutos", afirma Gutemberg B. de Macedo, ao ser questionado se as organizações
estão realizando os processos de desligamento de forma responsável. A entrevista é uma oportunidade para
você avaliar as consequências que o desligamento pode gerar à organização, aos funcionários e até mesmo
à área de Recursos Humanos. Boa leitura!
RH.COM.BR - O processo de desligamento de um profissional nunca é fácil, seja para quem sai ou fica. As
empresas estão conduzindo o processo de desligamento com responsabilidade?
Gutemberg B. de Macedo - Eu diria que as organizações estão a anos luz de conduzirem os processos de
desligamento com responsabilidade. Digo com toda a certeza de que são poucas as empresas que tratam o
colaborador com respeito. O que quero dizer com isso? Significa que poucas são as organizações que ao
demitirem as pessoas dizem a verdadeira causa do desligamento e o que poderia ter sido feito, para que
aquele fato não ocorresse. Pergunto: como um indivíduo pode ser avaliado positivamente no mês de janeiro,
por exemplo, e pouco tempo depois, em março recebe a notícia de que já não mais atende às expectativas
da empresa? Estou cansado de ver casos, onde as pessoas entram em período de férias e o superior já sabe
que na volta aquele profissional será demitido. Nesse período em que o funcionário esteve de férias, ao invés
de fazer gastos, bem que poderia ter feito economias para aliviar o peso da demissão, ou então, realizado
algum curso de capacitação para melhorar as chances de empregabilidade. Infelizmente, o que constato hoje
é que várias barbaridades são cometidas contra o trabalhador e isso ocorre porque existe um despreparo de
muitos executivos que não estão aptos para conduzir um processo de demissão.
RH - Quais os principais cuidados que a empresa deve adotar, no momento de demitir um colaborador?
Gutemberg B. de Macedo - Temos que considerar dois momentos em que pode ocorrer o processo de
demissão. O primeiro ocorre quando o desligamento é individual. Nesse caso, o gestor que irá realizar a
demissão deverá, no mínimo, ter documentado em suas mãos todas as avaliações do funcionário ou, pelo
menos, as mais recentes. Nunca se deve cometer o erro de demitir alguém no dia em que a pessoa está
voltando das férias ou em datas marcantes como aniversário, Natal, enfim, algo que o profissional lembrará
todos os anos. Além disso, para se demitir com responsabilidade é indispensável que a empresa apresente o
plano de todos os benefícios de que o funcionário irá receber, para que ele possa se estruturar a partir
daquele momento. Um acompanhamento de outplacement sempre será válido, pois certamente aumentará as
chances do profissional encontrar uma outra colocação no mercado de trabalho. A razão do desligamento
também deve ficar clara para quem é demitido. O que observo são gestores que comunicam a demissão e em
cinco minutos batem em "retirada", deixando o profissional completamente desorientado.