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Didática, currículo e cultura escolar

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Didática, currículo e cultura escolar

  1. 1. * Texto elaborado pela Profa. Dra. Juliana Z. Nutti para a disciplina Fundamentos de Didática do curso de Pedagogia da Faculdade de Araraquara – UNIESP Didática, currículo e cultura escolar* Em sentido amplo, o currículo escolar abrange todas as experiências de aprendizagem vivenciada pelos alunos na escola. Em sentido restrito, o currículo escolar é o conjunto de matérias a serem ministradas em um determinado grau ou modalidade de ensino: implica a idéia de se regular e controlar a distribuição do conhecimento pois, além de expressar os conteúdos do ensino, estabelece a ordem de sua disposição, através de planos de estudos e programas de ensino. O currículo é visto como um meio para a veiculação de pressupostos, concepções, valores e visões da realidade. Possui uma dimensão processual, pois as idéias que o fundamentam e os conteúdos culturais que são declarados vão se transformando gradativamente em práticas, a partir de um processo de mediação. Assim, a cultura do currículo é uma cultura mediatizada. O currículo possui várias dimensões:  Currículo prescrito: documentos curriculares oficiais como os Parâmetros Curriculares Nacionais;  Currículo a ser consumido: livros - texto, materiais didáticos;  Currículo restrito: programas ou planos feitos na escola;  Currículo em ação: tarefas e atividades dentro da sala de aula;  Currículo oculto: é o conteúdo implícito, geralmente inconsciente, que acompanha o ensino dos conteúdos escolares. As relações entre currículo e cultura escolar se dão na medida em que a cultura escolar supõe necessariamente uma seleção entre os materiais culturais disponíveis num determinado momento histórico e social. Ela realiza um trabalho de reorganização, reestruturação e “transposição didática” para tornar estes conteúdos assimiláveis pelos alunos. Outro elemento constitutivo da cultura escolar é a interiorização pois, segundo Forquin, a cultura escolar trata o saber de forma que este se incorpore ao indivíduo sob a forma de esquemas operatórios ou de habitus. Os problemas relativos à cultura escolar que têm estado presentes nas políticas educativas, na formação de professores, nas propostas curriculares e nas escolas são os relativos à seleção e organização dos conteúdos das diferentes áreas curriculares e seu tratamento didático - pedagógico. No entanto, as abordagens utilizadas em muitos casos tem se revestido de uma perspectiva acrítica, pretensamente técnica, sem que sejam trabalhados os pressupostos político - sociais e ideológicos do currículo. Dessa maneira, julga-se necessário compreender como o currículo oculto interfere no universo das práticas escolares e na vida dos alunos de uma escola, para que as relações entre didática, currículo e cultura escolar possam ser compreendidas de forma mais crítica. Se a cultura contida no currículo é uma cultura mediatizada, isto significa que a mediação torna-se fonte de distorção dos propósitos originais declarados externamente e de influências acrescentadas, procedentes dos contextos e das práticas que interferem nesse processo. Para os alunos, o contexto de mediação por excelência do qual recebem influências é o ambiente escolar. Para que se possa explicitar o currículo concreto que o aluno recebe é necessário considerar uma outra dimensão que não está evidente: o currículo oculto.
  2. 2. * Texto elaborado pela Profa. Dra. Juliana Z. Nutti para a disciplina Fundamentos de Didática do curso de Pedagogia da Faculdade de Araraquara – UNIESP O currículo oculto funciona de forma subterrânea ou inconsciente e está ao lado daquilo que se diz que se ensina, ou seja, do currículo manifesto. Para entender o currículo da perspectiva de quem aprende convêm entende-lo como o conteúdo de toda a experiência que o aluno tem no ambiente escolar. Na situação de escolarização, o aluno tem experiências diversas: aprende conhecimentos, habilidades, comportamentos diversos, a sentir, a se adaptar e a sobreviver, a pensar, a valorizar, a respeitar. As relações sociais, a distribuição do tempo e do espaço, as relações de autoridade, o uso de prêmios e castigos, o clima de avaliação, fazem parte do currículo oculto que o aluno deve superar se quiser avançar com sucesso pelo percurso escolar. Assim, ao lado do currículo “oficial”, há uma dimensão não evidente que se revela como muito importante quando o aluno não responde às exigências que colocam a ele, resistindo a se comportar como as situações escolares lhe pedem. Desta forma, o currículo oculto tem uma relação mais estreita com as dificuldades do aluno do que com os seus sucessos. As normas de comportamento escolar não são geradas como algo autônomo, ainda que a escola elabore seus próprios ritos, mas tem uma relação com valores sociais e com formas de entender o papel dos indivíduos nos processos sociais. O currículo oculto das práticas escolares tem uma dimensão sócio - política que se relaciona com as funções de socialização que a escola tem na sociedade. As análises mais objetivas sobre o currículo oculto provem do estudo social e político das experiências escolares. Hábitos de ordem, pontualidade, correção, respeito, competição - colaboração, docilidade e conformidade são, entre outros, aspectos inculcados consciente ou inconscientemente pela escola que denotam um modelo de cidadão. A socialização do cidadão nas escolas não se reduz à reprodução que se produz pela transmissão da cultura explicitamente declarada nos currículos aos conhecimentos e às disciplinas. No entanto, mesmo que as mensagens contidas no currículo oculto estejam à margem, coerentes ou em contradição com as intenções declaradas, não são alheias aos conflitos sociais mais amplos em um determinado momento histórico e político: a sexualidade, o exercício do poder, a distribuição da riqueza, a posição de grupos religiosos, políticos e sociais. As obrigações que o currículo oculto impõe aos alunos são tão importantes para o sucesso escolar quanto as do currículo manifesto. Os problemas de inadaptação e conduta escolar e o próprio abandono da escola podem ser provocados pela resistência dos alunos frente às mensagens e às exigência do currículo oculto. A diferenciação entre currículo manifesto e oculto pode explicar muitas contradições existentes nas práticas escolares, como por exemplo, apesar do currículo manifesto propor que o processo de aprendizagem seja significativo e prazeroso para o aluno o que realmente acontece na sala de aula é que os alunos são submetidos a exercícios tediosos e repetitivos. Na experiência escolar, o “oculto” é muito mais amplo e sutil do que o manifesto e sem essa compreensão, os professores não podem entender o que é realmente a prática que estão desenvolvendo. Com relação à didática, o entendimento acerca do currículo oculto é importante para: 1) auxiliar a reflexão sobre o que se pretende fazer daquilo que realmente está sendo feito: teoria x prática. Analisar as condições escolares, a partir da análise das condições do meio, a arquitetura, o
  3. 3. * Texto elaborado pela Profa. Dra. Juliana Z. Nutti para a disciplina Fundamentos de Didática do curso de Pedagogia da Faculdade de Araraquara – UNIESP mobiliário, a disposição do espaço e seu uso, a vida social da escola, as relações professor - aluno, os métodos, o tipo de comportamento que se exige no cumprimento das tarefas e de como essas mediatizam as pretensões explícitas do currículo que se pretende alcançar; 2) compreender a cultura como conteúdo do currículo mais em termos antropológicos, políticos e sociais do que em termos estritamente acadêmicos. A cultura, em uma abordagem antropológica, é concebida como muito mais do que conhecimentos sistematizados, e sim como um conjunto de significados, convenções, crenças, comportamentos, usos e formas de se relacionar nos grupos humanos. Assim, nas aulas e na escola, há muito mais do que uma “alta cultura”, pois ali se desenvolve todo um processo de socialização dos alunos. Referências Bibliográficas CANDAU, V. M. F. (Org.) A didática em questão. Petrópolis: Vozes, 2010. PILLETI, C. Didática Geral. Ática. 2010. PIMENTA, S. G. Didática e Formação de Professores. Cortez. 2011.

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