O documento descreve um trabalho de conclusão de curso de especialização em psicopedagogia realizado por Valéria Cristina Fortuna Costa sob orientação da professora Juliana Zantut Nutti. O trabalho contém uma introdução à psicopedagogia, seu histórico, atuação dos psicopedagogos e bases teóricas, além de relatar uma entrevista com uma psicopedagoga sobre seu trabalho durante a pandemia de Covid-19.
1. Centro Universitário Central Paulista – UNICEP
Diretoria de Pós-Graduação e Cursos de Extensão Especialização em
Psicopedagogia
Valéria Cristina Fortuna Costa
São Carlos- SP
2021
2. Centro Universitário Central Paulista- UNICEP
Diretoria de Pós-Graduação e Cursos de Extensão Especialização em
Psicopedagogia
Autora: Valéria Cristina Fortuna Costa
Orientadora: Profª. Drª. Juliana Zantut Nutti
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Diretoria de
Pós-Graduação e cursos de Extensão da Unicep, como uma
das exigências para a obtenção do Título de Especialista em
Psicopedagogia Clínica, orientado e supervisionado pela
Profª. Drª. Juliana Zantut Nutti
São Carlos- SP
2021
3. “Dedico este trabalho primeiro a Deus, pois sem ele nada seria possível e aos
meus pais pelo apoio incondicional em todos os momentos da minha vida”.
4. Sumário
Introdução a Psicopedagogia......................................................................................................5
Breve Histórico da Psicopedagogia............................................................................................6
Atuação dos Psicopedagogos......................................................................................................6
Base Teórica Norteadora da Psicopedagogia..............................................................................8
Decreto de Isolamento..............................................................................................................10
Entrevista com a Psicopedagoga...............................................................................................11
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................13
5. 5
Introdução a Psicopedagogia
A psicopedagogia é o ramo da ciência que estuda o processo de aprendizagem. Busca
compreender as dificuldades que podem surgir durante este processo e desenvolve recursos e
estratégias para superar as dificuldades e potencializar o aprendizado.
Bossa defini a psicopedagogia da seguinte forma:
uma área que estuda e trabalha com o processo de
aprendizagem e os fatores que a favorecem, bem como com
aqueles que comprometem esse processo, gerando as
dificuldades de aprendizagem (Bossa, 2007, p.45).
A psicopedagogia é um campo de estudo que reúne diversas áreas de conhecimento
como por exemplo: a psicologia, a pedagogia e a psiquiatria.
De acordo com as diretrizes da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp):
O psicopedagogo é o profissional habilitado para atuar com os
processos de aprendizagem junto aos indivíduos, aos grupos, às
instituições e às comunidades. A formação em Psicopedagogia deve
propiciar o desenvolvimento de habilidades e competências compatíveis
com as demandas sociais, contemporâneas e/ou potenciais. A formação
do psicopedagogo ocorre em níveis de graduação e de pós-graduação
lato sensu (especialização) e stricto sensu (mestrado profissional).
A psicopedagogia não tem caráter reeducativo e sim terapêutico ( terapia centrada na
aprendizagem). Também não se restringe a uma determinada faixa etária, pois todos possuem
capacidade de aprender independente da idade.
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Breve Histórico da Psicopedagogia
Os primeiros centros psicopedagógico surgiram na Europa em 1946 para atender
crianças com aprendizagens mais lentas.
Janine Mery, psicopedagoga francesa, apresentou considerações sobre o termo
psicopedagogia e adotou este termo para caracterizar sua ação terapêutica. Depois dela, outros
estudiosos se dedicaram as crianças com dificuldades de aprendizagem, tais como: George
Mauco, Pestalozzi, Pereire, Itard e Seguin. (Bossa, 2007).
Em 1956 teve início a formação universitária em Psicopedagogia na Argentina com
Arminda Aberastury. E, na década de 70 surgiram os Centros de Saúde Mental onde
psicopedagogos realizavam diagnósticos e tratamentos. No início da década de 80 foi fundada
a Escola da Guatemala com um trabalho preventivo, pois acreditava que as dificuldades de
aprendizagens eram oriundas das desigualdades sociais.
Através da influência da Argentina a Psicopedagogia chega no Brasil, devido ao fácil
acesso à literatura. A partir de então são criados os cursos de psicopedagogia.
Existe um caráter diferente entre a psicopedagogia da Argentina e do Brasil. Na
Argentina são aplicados testes de correntes, os quais, não são permitidos no Brasil por serem
considerado de uso exclusivos dos psicólogos. “… os instrumentos empregados são mais
variados, recorrendo o psicopedagogo argentino, em geral, a provas de inteligência, provas de
nível de pensamento; avaliação do nível pedagógico; avaliação perceptomotora; testes
projetivos; testes psicomotores; hora do jogo psicopedagógico” (Id. Ibid., 2000, p. 42).
No Brasil existe a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) responsável em
nortear a profissão que até o momento não está legalizada.
Atuação dos Psicopedagogos
A psicopedagogia atua em dois âmbitos diferentes: a psicopedagogia institucional que
atua de forma preventiva e a psicopedagogia clínica que atua no tratamento individual.
O psicopedagogo institucional atua na escolas, empresas e instituições. De forma
coletiva trabalha em parceria com professores, gestores e alunos. A função dos
psicopedagogos nestas instituições é identificar o que pode dificultar o processo de
aprendizagem e propor ações que potencialize a aprendizagem dos alunos.
O psicopedagogo clínico realiza atendimentos individuais em consultórios ou
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clínicas hospitalares com o objetivo de conduzir a superação das dificuldades de
aprendizagens.
A psicopedagogia atua em um público diferente da Educação Especial. De acordo com
o Artigo 58 da Lei nº 12.796, de 2013:
Entende-se por educação especial, para os efeitos
desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida
preferencialmente na rede regular de ensino, para
educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação
(BRASIL, 2013).
Portanto, pode se dizer que a psicopedagogia atende sujeitos que necessitam de uma
atuação mais especializada no seu processo de aprendizagem com o objetivo de superar suas
dificuldades. Conforme a Lei nº 12.796, de 2013 a Educação Especial tem seu atendimento
direcionado para os sujeitos que apresentam necessidades educacionais especiais.
Para a psicopedagogia a aprendizagem é um processo complexo que ocorre mediante o
entrelaçamento e a manifestação dos processos cognitivos, emocionais, físicos, pedagógico e
das relações estabelecidas nos diversos contextos sociais.
Para solucionar o problema o psicopedagogo realiza um processo de investigação que
consiste nas seguintes etapas: entrevistas, anamnese, aplicação das provas piagetianas,
análise de dados e elaboração e aplicação de um plano de intervenção.
A intervenção psicopedagógica possibilita que o sujeito e as instituições desenvolvam seus
processos de aprendizagem de forma saudável, valorizando o prazer de aprender e se
percebendo como autores da própria aprendizagem.
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Base Teórica Norteadora da Psicopedagogia
Jean Piaget foi um renomado psicólogo que revolucionou a concepção de ensino –
aprendizagem. Nascido em Neuchâtel, na Suíça, no dia 09 de agosto de 1896. E faleceu em 16
de setembro de 1980.
Piaget foi considerado uma criança prodígio. Desde a infância demonstrou interesse
em observar seu entorno.
Considera – se que sua carreira acadêmica começou aos 11 anos de idade quando
publicou seu primeiro trabalho a respeito de sua observação sobre um pardal albino. Aos
sábados Piaget trabalhava como voluntário no Museu de História Natural.
Piaget iniciou seus estudos acadêmicos cursando Biologia e Filosofia na Universidade
de Neuchâtel onde aos 22 anos concluiu seu doutorado.
Em 1918 mudou – se para a cidade de Zurique, lá trabalhou em um laboratório de
psicologia e estagiou em uma clínica de psiquiatria. Também estudou psicopatologia na
Universidade de Sorbonne na França.
Jean Piaget desenvolveu a teoria da Epistemologia da Genética. De acordo com esta
teoria o conhecimento é produzido através da interação do indivíduo com o seu meio, de
acordo com as estruturas que fazem parte do próprio indivíduo.
Conforme Cunha (2002), Piaget considera que o processo de construção do
conhecimento inicia – se com o desequilíbrio entre o sujeito e o objeto. Para ele, a origem do
conhecimento por parte do sujeito envolve dois processos complementares e por vezes,
simultâneos. O primeiro é chamado de Assimilação e o segundo a Acomodação.
Em Mussen (1977), a assimilação é tomada com a capacidade de o sujeito incorporar
um novo objeto ou ideia a um esquema, ou seja, às estruturas já construídas ou já
consolidadas pela criança. Já a acomodação seria a tendência do organismo de ajustar – se a
um novo objeto e assim, alterar os esquemas de ação adquiridos, a fim de se adequar ao novo
objeto recém – assimilado.
A equilibração é a busca da criança pelo equilíbrio entre o que ela encontra em seu
ambiente e nas próprias capacidades cognitiva. A partir do momento em que a criança
consegue um equilíbrio entre a assimilação e acomodação ocorre a adaptação.
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O processo de adaptação ocorre quando o sujeito se transforma para se adequar ao
meio e quando esta transformação gera trocas favoráveis entre ambos.
Quando Piaget descreve a aprendizagem ele separa o processo cognitivo em
aprendizagem e desenvolvimento. Segundo o teórico o processo de aprendizagem ocorre a
partir de quadro estágios denominados por ele como fases de transição.
Essas fases são:
Sensório – motor ( 0 – 2 anos );
Pré – operatório ( 2 – 7,8 anos );
Operatório – concreto ( 8 – 11 anos );
Operatório – formal ( 8 – 14 anos ).
Estágio sensório – motor: Neste estágio ocorre aumentos no número e nas capacidades
sensoriais e motoras.
Estágio pré – operatório|: Durante este estágio a criança começa a desenvolver de
forma ativa as representações mentais internas. De acordo com Piaget, o aparecimento do
pensamento representativo leva ao desenvolvimento do pensamento lógico.
Estágio Operatório – formal: Neste estágio as crianças são capazes de fazer operações
mentais sobre abstrações e símbolos que podem não ter formas concretas ou físicas.
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Decreto de Isolamento
Em 2019 teve início na China uma doença infecciosa causada por um vírus chamado de Sars
cov-2 popularmente chamado de covid-19. Esta nova doença se espalhou pelo mundo
tornando-se uma pandemia. Com o objetivo de conter a propagação do vírus foi decretado o
isolamento social para não colapsar o sistema de saúde e proporcionar um tratamento
adequado à população. O decreto do Estado de São Paulo rege o seguinte: DECRETO Nº 121
DE 19 DE MARÇO DE 2020 – DECRETA SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA EM SAÚDE
PÚBLICA, NO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS, EM RAZÃO DE SURTO DE DOENÇA
RESPIRATÓRIA – CORONA VÍRUS (COVID-19) E DISPÕE SOBRE AS MEDIDAS
PARA FINS DE PREVENÇÃO E ENFRENTAMENTO.
De acordo com este decreto não foi possível realizar o estágio da forma convencional. Foi
realizado uma entrevista com uma psicopedagoga experiente que relatou em detalhes as suas
experiências nos aspectos físicos (organização da estrutura física da clínica), com as crianças,
com as famílias e com as instituições.
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Entrevista com a Psicopedagoga
A Mirela Nascimento é formada em Ciências Biológicas e Matemática. Tem o curso
de Magistério, especialização em Educação Infantil, Educação Especial e Neuropedagogia.
Para a Mirela o curso de Psicopedagogia foi excelente pois, ofereceu a formação
essencial para iniciar os atendimentos clínicos de forma adequada.
As etapas do curso que ela mais apreciou foram as aulas práticas, porque permitiu
melhor compreensão de como os processos ocorrem; E os estágios porque possibilitaram
que ela acompanhasse o avanço no desenvolvimento das crianças.
Enquanto organizava a clinica recebeu uma proposta de atendimento e resolveu aceitar
mesmo não tendo finalizado a montagem da clinica. Os primeiros jogos foram adquiridos
para realizar o atendimento desta primeira criança. À partir, deste atendimento foi se
estruturando e comprando os demais equipamentos.
O primeiro caso era um menino de nove anos com dislexia junto com outras
comorbidades. Mirela relatou que sentiu-se insegura e ansiosa mas estudou novamente as
apostilas do curso e conseguiu lidar com as necessidades que a criança demandava. Relatou
também que um grupo de estudo formado durante o curso de Psicopedagogia composto por
uma fonoaudióloga, uma terapeuta ocupacional e professoras experientes foi muito importante
para dar suporte.
De acordo com Mirela a maior dificuldade é a falta de conhecimento dos pais com
relação a função específica dos psicopedagogos. Ela superou esta dificuldade explicando em
detalhes como é realizado o trabalho.
Para ter um bom relacionamento com os pais é importante agir com empatia, pensar
com cuidado antes de responder ou fazer qualquer afirmação. A maioria dos pais são
participativos, alguns choram, tem receio de dar remédios, nestes momentos é importante ter
muito tato para lidar com as situações que surgem.
Mirela explicou detalhadamente como devem ser realizados os atendimentos:
A primeira consulta é uma reunião com os responsáveis. Este responsável geralmente
é a mãe, que chega á clinica muito apreensiva, por esta razão é realizado primeiro uma escuta
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para que a mãe expresse todas as suas angustias e depois inicia as perguntas comuns feitas em
uma annaminese.
Em seguida são realizadas de 5 a 8 sessões com duração de 50 minutos a 1 hora para
fazer a avaliação. Na primeira sessão com a criança o consultório é apresentado. Pergunta se a
criança sabe porque está lá. Como é a escola? Se ela gosta da professora, dos alunos e
funcionários? Faz-se os mesmos tipos de perguntas sobre a família.
Nas sessões seguintes são realizadas as provas piagetianas, histórias, desenhos e os
demais recursos de avaliação. Durante este período é feito contato com os professores da
escola que normalmente são receptivos.
No final das sessões é feito um relatório em duas vias. Uma das vias é enviada para a
escola e a outra entregue para a família. O relatório da escola é preferencialmente entregue
para a direção ou coordenação
Neste momento é feito outra reunião com os responsáveis. Através do relatório explica
como será feita a intervenção e faz os encaminhamentos para os demais profissionais
(fonoaudiólogos, psicólogos) se necessário.
Nas sessões de intervenção escolhe-se a atividade adequada a necessidade de
desenvolvimento da criança e depois nos últimos 15 minutos permite que a criança escolha
um jogo, um brinquedo ou livro de sua preferência.
Mirela concluí afirmando que para o trabalho do psicopedagogo ter um bom resultado
é fundamental estabelecer um bom relacionamento com a criança, com a família e parcerias
com os demais profissionais envolvidos.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
http://artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo_41741/artigo_sobre_aprendizagem-infantil---
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equilibracao.html . Acesso em: 29.dez. 2020
BOSSA, Nadia A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto
Alegre, Artes Médicas, 2000.
BOSSA, Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. RS, Artmed,
2007.
Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). Disponível em: http://www.abpp.com.br/.
Acesso em: 28.dez.2020
https://www.normasbrasil.com.br/norma/lei-12796-2013_253025.html . Acesso em:
28.dez.2020