1. O documento discute as teorias de Vigotski sobre a escrita como um sistema simbólico mediador entre o sujeito e o objeto e como uma ferramenta que estende a potencialidade humana.
2. Há consensos e diferenças entre as abordagens de Vigotski e Emilia Ferreiro sobre a escrita e o processo de alfabetização das crianças.
3. Para Vigotski, a intervenção do outro social é essencial para a aprendizagem, enquanto a mediação simbólica, especialmente
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Vygotsky e Piaget avaliaram as forças individuais e sociais em desenvolvimento. Ambos relacionam social-individual, mas é Vygotsky que focaliza mais o social, dando ao social um papel específico no desenvolvimento.
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Vygotsky e Piaget avaliaram as forças individuais e sociais em desenvolvimento. Ambos relacionam social-individual, mas é Vygotsky que focaliza mais o social, dando ao social um papel específico no desenvolvimento.
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que se torna Rei da Hungria e Imperador
de Constantinopla.
1. Vigotski
A contribuição de MARTA KOHL DE OLIVEIRA
Síntese elaborada pelo Professor André Augusto da Fonseca
UERR 2012. andreaugfonseca@gmail.com
2. ESCRITA: sistema simbólico MEDIADOR
entre sujeito e objeto.
Artefato cultural que amplia a capacidade
humana de registro, transmissão e
recuperação de ideias, conceitos,
informações.
Ferramenta externa que estende a
potencialidade humana
VIGOTSKI E A ESCRITA
3. Emília
Vigotski
Ferreiro
Ambos admitem que “a escrita não é um código de transcrição da realidade e [...]
que o processo de alfabetização é o domínio progressivo desse sistema, que começa
muito antes de a criança se alfabetizar” (OLIVEIRA, 2006, p. 64).
A criança em uma sociedade letrada “adquire noções sobre a língua escrita antes de
ingressar na escola; essas noções serão sistematizadas nas situações mais formais de
aprendizagem”.
Consensos
4. Emília
Vigotski
Ferreiro
Ferreiro está interessada na “natureza interna da escrita enquanto sistema”,
enquanto Vigotski e Luria centram-se “nas funções desse sistema para seus
usuários” (OLIVEIRA, 2006, p. 65).
FERREIRO: “processo pelo qual a criança adquire o domínio do sistema de
escrita”
Vigotski: “como a criança apreende as funções da escrita”
Diferenças
5. Para Vigotski, a INTERVENÇÃO do outro social é essencial para a
aprendizagem e para o desenvolvimento. Mas isso significa que um
indivíduo deve controlar o outro, eliminando a autonomia de quem
aprende? Isso seria um determinismo cultural?
Questões polêmicas
6. • A resposta está na compreensão do que significa “sócio-
histórico (p. 69-70). Vale a pena reler toda a citação.
• “O mundo cultural [...] apresenta-se ao sujeito como o
outro, a referência externa que permite ao ser humano
constituir-se como tal.”
• “Na ausência do outro, o homem não se constrói homem”
O processo Sócio-Histórico
7. A abordagem genética de Vigotski centra-se “no
papel das forças culturais na constituição do
universo psicológico do ser humano” (p. 71).
Isso deveria levar-nos a desconsiderar os
condicionamentos biológicos?
Qualquer desenvolvimento poderia ser promovido
em qualquer sujeito, em qualquer momento de
sua vida?
Questões polêmicas: a
maturação biológica
8. • Embora Vigotski reconheça o cérebro como a
base biológica e sede material do funcionamento
psicológico, condicionando os limites e
possibilidades do desenvolvimento, esse aspecto
permaneceu controverso e obscuro em sua obra.
Questões polêmicas: a
maturação biológica
9. Seria a própria essência da
relação entre desenvolvimento
Promoção do
e aprendizagem (toda
desenvolvimento
construção das funções
psicológicas é baseada em
processos de aprendizagem)
Pressupõe um percurso
previamente definido para o
desenvolvimento e o
Aceleração do diagnóstico de falhas ou
desenvolvimento atrasos de alguns indivíduos;
associa-se a programas de
educação compensatória
Questões polêmicas: a
maturação biológica
10. • Há ou não ruptura entre cultura letrada e iletrada?
• Entre conhecimento científico e não-científico?
• O desenvolvimento humano seria um percurso
contínuo e homogêneo ou haveria mudanças
bruscas, saltos, pontos de viragem?
Questões polêmicas: a
especificidade do
conhecimento escolar
14. • Mas atenção: esses diferentes patamares de
desenvolvimento, que não são etapas de um processo
contínuo, linear e homogêneo, não podem ser vistos
tampouco como simples sucessão ou momentos genéticos
estanques!
• Devem ser compreendidos dialeticamente: a ruptura é
síntese, geradora de nova condição.
Descontinuidades
15. Ligações
e relações
Formação
de
conceitos
Análise e
abstração
Descontinuidades (exemplo dialético)
17. • Os meios de comunicação de massa e a informática
poderiam substituir a escola?
• Esses meios produzem e transmitem de forma nova
informações e modos de pensar com que a escola já
trabalhava?
• Ou possibilitam novas modalidades de construção de
conhecimento?
Escola x novas mídias
18. • “[...] a postulação da plasticidade cerebral não supõe um
caos inicial, mas a presença de uma estrutura básica
estabelecida ao longo da história da espécie.”
• “Por outro lado, conduz à ideia de que a estrutura dos
processos mentais e as relações entre os sistemas
funcionais transformam-se ao longo do desenvolvimento
individual” (1992, p. 26).
Filogênese e ontogênese
19. • “As postulações de Vigotski sobre o substrato biológico
do funcionamento psicológico evidenciam a forte ligação
entre os processos psicológicos humanos e a inserção do
indivíduo num contexto sócio histórico específico.”
• “Instrumentos e símbolos construídos socialmente
definem quais das inúmeras possibilidades cerebral serão
efetivamente concretizadas ao longo do desenvolvimento
e mobilizadas na realização de diferentes tarefas” (1992,
p. 26).
Filogênese e ontogênese
20. Quais Os símbolos E instrumentos Socialmente construídos?
Filogênese e ontogênese
21. • “Enquanto sujeito de
conhecimento, o Para operar
homem não tem mentalmente sobre o
acesso direto aos mundo, é necessário um
conteúdo mental de
objetos, mas um natureza simbólica.
acesso mediado [...]
pelos sistemas
simbólicos de que Esse conteúdo simbólico
dispõe” (1992, p. 26). permite representar
objetos, situações e
eventos do mundo real
no universo psicológico
do indivíduo.
MEDIAÇÃO
23. • “Essa capacidade de lidar com
representações que substituem
o real é que possibilita que o
ser humano faça relações
mentais na ausência dos
referentes concretos, imagine
coisas jamais vivenciadas, faça
planos para um tempo futuro,
enfim, transcenda o espaço e o
tempo presentes, libertando-se
dos limites dados pelo mundo
fisicamente perceptível [...]”,
abrindo caminho para
desenvolver a abstração e a
generalização (p. 27).
MEDIAÇÃO SIMBÓLICA
24. OPERAÇÃO COM SISTEMAS
SIMBÓLICOS: define o salto para os
processos psicológicos superiores
LINGUAGEM: sistema simbólico básico de
todos os grupos humanos.
MEDIAÇÃO SIMBÓLICA
26. • “Além de servir ao propósito de comunicação
entre indivíduos, a linguagem simplifica e
generaliza a experiência, ordenando as instâncias
do mundo real em categorias conceituais cujo
significado é compartilhado pelos usuários dessa
linguagem.”
O processo de formação
de conceitos
27. • “Ao utilizar a linguagem para nomear
determinado objeto estamos, na verdade,
classificando esse objeto numa categoria numa
classe de objetos que tem em comum certos
atributos”.
• “A utilização da linguagem favorece, assim,
processos de abstração e generalização” (p. 27).
O processo de formação
de conceitos
28. • “Os atributos relevantes
tem de ser abstraídos da
totalidade da
experiência [...] e a
presença de um mesmo
conjunto de atributos
relevantes permite a
aplicação de um mesmo
nome a objetos
diversos”.
O processo de formação
de conceitos
29. • “Conceitos são construções culturais, internalizadas pelos
indivíduos ao longo de seu processo de
desenvolvimento.”
• “Os atributos necessários e suficientes para definir um
conceito são estabelecidos por características dos
elementos encontrados no mundo real, selecionados como
relevantes pelos diversos grupos culturais”.
• Portanto, é o grupo cultural que vai fornecer “o universo
de significados que ordena o real em categorias
(conceitos), nomeadas por palavras da língua desse
grupo” (p. 28).
O processo de formação
de conceitos
30. 2. Pensamento 3. O conceito
1. Conjuntos
concreto (por só existe no
sincréticos
complexos) estágio lógico
A formação dos
conceitos: resultados de
um experimento
31. • No primeiro estágio, a criança agrupa “objetos com base
em nexos vagos, subjetivos e baseados em fatores
perceptuais, como a proximidade espacial”.
• Em um segundo momento, as ligações são heterogêneas,
concretas e factuais, não abstratas e lógicas; permitem
incluir todo e qualquer contato ou relação (p. 29). É o
pensamento por complexos, marcado pelo excesso de
conexões e pela debilidade da abstração (p. 30).
A formação dos conceitos
32. • “No terceiro estágio, que levará à formação dos conceitos
propriamente ditos, a criança agrupa objetos com base
num único atributo, sendo capaz de abstrair
características isoladas da totalidade da experiência
concreta” (p. 29).
A formação dos
conceitos: resultados de
um experimento
33. O “pensamento por complexos” Mas o conceito desenvolvido
dá início à unificação das exige mais que unificação: é
impressões desordenadas, necessário abstrair, isolar
estabelece ligações e relações; elementos abstratos da
cria a base para generalizações experiência concreta e examiná-
posteriores: síntese. los: análise.
Duas linhas de
desenvolvimento convergentes
34. • Na formação de conceitos, o signo mediador que permite
dominar e dirigir o processo é a palavra.
• “A linguagem do grupo cultural onde a criança se
desenvolve dirige o processo de formação de conceitos: a
trajetória de desenvolvimento de um conceito já está
predeterminada pelo significado que a palavra que o
designa tem na linguagem dos adultos” (p. 30).
A formação de conceitos
35. Conceitos espontâneos (ex.: irmão) –
desenvolvidos nas atividades práticas
da criança. Mas a capacidade de
defini-los e operá-los só se desenvolve
bem depois.
Conceitos científicos (ex.: exploração)
– adquiridos pelo ensino. Ainda assim,
não são apreendidos de uma só vez em
sua forma final, mas passam por um
processo de desenvolvimento.
Geralmente começa-se com sua
definição verbal e com sua aplicação
em operações não-espontâneas.
A formação de conceitos
36. • “Um conceito cotidiano da criança, como por exemplo, „irmão‟,
é algo impregnado de experiência. No entanto, quando lhe
pedimos para resolver um problema abstrato sobre o irmão de
um irmão, como nos experimentos de Piaget, ela fica confusa.
Por outro lado, embora consiga responder corretamente a
questões sobre „escravidão‟, „exploração‟ ou „guerra civil‟, esses
conceitos são esquemáticos e carecem da riqueza de conteúdo
proveniente da experiência pessoal. Vão sendo gradualmente
expandidos no decorrer das leituras e dos trabalhos escolares
posteriores. Poder-se-ia dizer que o desenvolvimento dos
conceitos espontâneos da criança é ascendente, enquanto o
desenvolvimento dos seus conceitos científicos é descendente,
para um nível mais elementar e concreto” (Vigotski, apud
OLIVEIRA, 1992, p. 31).
A formação de conceitos
37. • Conceitos científicos e espontâneos desenvolvem-se em
direções opostas, mas estão intimamente relacionados.
• “É preciso que o desenvolvimento de um conceito
espontâneo tenha alcançado certo nível para que a criança
possa absorver um conceito científico correlato.”
• Por exemplo, conceitos históricos só podem ser
desenvolvidos quando a criança já diferencia
suficientemente o passado do presente; conceitos
geográficos e sociológicos desenvolvem-se a partir do
esquema simples “aqui e em outro lugar”.
A formação de conceitos
38. • “Os conceitos científicos, diferentemente dos cotidianos,
estão organizados em sistemas consistentes de inter-
relações.”
• “Por sua inclusão num sistema e por envolver uma atitude
mediada desde o início de sua construção, os conceitos
científicos implicam uma atitude metacognitiva, isto é, de
consciência e controle deliberado por parte do indivíduo,
que domina seu conteúdo no nível de sua definição e de sua
relação com outros conceitos” (p. 32).
A formação de conceitos
39. • CASTORINA, José Antonio. FERREIRO, Emilia.
LERNER, Delia. OLIVEIRA, Marta Kohl de. Piaget,
Vygotsky: novas contribuições para o debate. 6ª. Ed. São
Paulo: Ática, 2006.
• LA TAILLE, Yves de. OLIVEIRA, Marta Kohl de.
DANTAS, Heloysa. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias
psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992.
Referências